sexta-feira, novembro 03, 2023

E que ninguém diga que o Ilya não avisou...

 

Quem por aqui me acompanha saberá como há anos venho reflectindo sobre os riscos enormes que a Inteligência Artificial comporta para a Humanidade. Ao contrário do que tem acontecido com outras revoluções que sempre foram vistas por muitos como perigosas, esta tem a particularidade de estar ao alcance de qualquer um.

As anteriores eram privilégio de uns quantos que poderiam fazer melhor ou pior uso mas que era sempre um uso relativamente contido e que dava para ser regulado, enquadrado.

Neste caso, não. Todo o mundo pode usar, com e sem preparação, para o bem e para o mal. A Inteligência Artificial já aí está e é usada por quem calha sendo que nós, que já a usamos, muitas vezes sem o sabermos, estamos na realidade a ser usadas. Mas o pior é que a Inteligência Artificial está, agora mesmo, por todo o lado, a ser aperfeiçoada: para aprender a decidir por si própria, para ter emoções, para gerar, por si própria, novas linguagens, para se superar, para ser mais rápida, mais perfeita. E para fazer tudo o que os humanos fazem e para ser melhor do que os humanos.

E isto não é ficção. Nem é futuro. Isto é um caminho que está a ser percorrido.

Imparável.

O vídeo abaixo trata disso e, digo-vos, perturbou-me bastante. o que Ilya Sutskever, um dos mais relevantes cientistas de Inteligência Artificial, responsável pelo ChatGPT, fala com meridiana clareza dos objectivos a curto prazo e refere, também de forma clara e inequívoca, como a humanidade corre sérios riscos de ser subalterna em relação à Inteligência Artificial.

Penso que, de uma vez por todas, todos os Governos deveriam encarar isto como um dos mais sérios riscos com que nos debatemos. Ouço que o risco já é equiparado ao risco nuclear ou ao climático. Quando os seus principais intervenientes (na Google, no Facebook, na Microsoft, no ChatGPT, etc) alertam para os reais riscos para o futuro da Humanidade, acho que o mínimo que meio mundo deveria fazer seria ouvir, prestar atenção, levar a sério.

Mas, por exemplo, na discussão do Orçamento de Estado, não tenho ideia de ter ouvido alguém perguntar por isto. Nem tenho informação de que, em concreto, em qualquer país se estejam a fazer coisas em concreto para nos acautelarmos contra os riscos imensos que estão à espreita.

Ilya: the AI scientist shaping the world

Ilya Sutskever, one of the leading AI scientists behind ChatGPT, reflects on his founding vision and values. In conversations with the film-maker Tonje Hessen Schei as he was developing the chat language model between 2016 and 2019, he describes his personal philosophy and makes startling predictions for a technology already shaping our world. Reflecting on his ideas today, amid a global debate over safety and regulation, we consider the opportunities as well as the consequences of AI technology. Ilya discusses his ultimate goal of artificial general intelligence (AGI), ‘a computer system that can do any job or task that a human does, but better’, and questions whether the AGI arms race will be good or bad for humanity.  

These filmed interviews with Ilya Sutskever are part of a feature-length documentary on artificial intelligence, called iHuman


Desejo-vos uma boa sexta-feira

Saúde. Atenção aos riscos. Paz. 

2 comentários:

ccastanho disse...

Cara UJM

Talvez seja prudente, alguém próximo do Presidente Marcelo, utilizar a Inteligência Artificial ao que parece, de grande utilidade, para recomendar mais diplomacia ao Presidente, na maneira como abordou a guerra Israelo-palestiniana com o "chefe da missão diplomática da Palestina, Nabil Abuznaid". Segundo os relatos, "ainda que filtrados da imprensa", parece que a cena!, foi bastante triste na abordagem da guerra, levando a parada e resposta de ambos, até o PR, começar a perceber o buraco em que se tinha metido e virando costas, para mais tarde percebendo o erro, se justificar aos jornalistas do que tinha acontecido da merdice que fez.

Quando a incontinência verbal sai dos carris, e a sofreguidão pelo microfone, alimenta a solidão de um politico, quem paga é a diplomacia, sobretudo num momento de enormíssima sensibilidade humana, politica e ética, na abordagem do tema guerra "Israelo-palestiniana".

O País, precisa de um PR que o respeite, e não um politico sonso, ainda que , com plena legitimidade democrática como resultado eleitoral para o cargo.

João Lisboa disse...

Por exemplo: https://lishbuna.blogspot.com/2023/11/tudo-muito-correcto-e-verdadeiro-mas.html