domingo, julho 16, 2023

Sobre notícias, jornalistas, esquilos, pinhas -- e jardins como almas

 

Continuo a eremitar e não me peçam para me deixar disto. Estou bem demais. 

Vi, de raspão, algumas notícias mas, logo à primeira que vi, a Ana Lourenço, ao dar a notícia, fez um esgar de desprezo pelo que dizia, como se não acreditasse no que dizia. Quando a Informação chega a este ponto, eu não aguento a agonia e fujo a sete pés. 

Noutro canal, tinham noticiado qualquer coisa pois estavam a dar entrada aos comentadores. Os pseudo jornalistas torpedeiam ou deturpam as notícias que dão e, de seguida, como se fossemos incapazes de processar o que eles ajavardadamente noticiaram, aparece uma chusma de gente que vem mastigar para que os espectadores comam a comida já mastigada por aquela gente.

Claro que não são todos os comentadores que são uns zés-ninguéns, uns palermas encartados ou uns chico-espertos. No meio da avalancha, um ou outro são credíveis. O problema é o que é preciso gramar muita porcaria para chegar aos que interessam. E eu não tenho essa paciência.

Estivemos, isso sim, a ver e ouvir na RTP 2, os concertos Ao Largo. Tirando isso, nada.

Em contrapartida, de tarde, nova aparição. Descia o muro, na maior, até que se deteve sobre um murinho. Não se pôs sobre a azinheira mas sob, mas isso, em minha opinião, não desmerece o sagrado da aparição.

Não percebi o que estava a comer mas, sendo ali, presumo que fosse uma bolota. Aliás, vendo a fotografia, concluo que devia mesmo ser uma bolota pois parece que estava a tirar-lhe o chapelinho. Coisa mais fofa.

O que tinha à mão era o telemóvel. Aproximei-me, fotografei-o.

Olhou para mim e rapidamente abalou azinheira acima e já não consegui vê-lo mais.

Voltei a pôr bocadinhos de amêndoa na pedra que está aqui junto à porta da sala. Fiquei de tocaia. Nada. 

Fui caminhar. Depois de uma ou duas voltas fui espreitar a pedra. As amêndoas tinham desaparecido. Mais esperto que eu.

E já vos contei: há pinhas roídas por todo o lado. Ficam como as espinhas de peixe que eu como, roídas até ao tutano.

Presumo que graças a eles e aos pinhões que devem sobrar das pinhas que roem, agora rebentam pinheiros por todo o lado. Não se dá conta. 

Não sei o que pensarão, vocês que me lêem, talvez pensem que exagero, mas eu, perante estas aparições sinto-me verdadeiramente abençoada. Não se admirem, pois, se me acharem cada vez mais beatificada.

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Não tenho alma de jardineira, falta-me a persistência e a minúcia. O ambiente de floresta, ver como crescem as árvores, ver os musgos e os líquenes, os cogumelos, as florzinhas selvagens, tudo isso atrai-me muito mais. E os cheiros, a aragem fresca e perfumada, os caminhos, os rumores, tudo me enche de alegria.

Talvez por isso, me apeteça hoje partilhar o vídeo seguinte que tem a vantagem de ter legendagem em português.

The Constant Gardener

Os humanos são óptimos a fugir da verdade, mas no jardim ninguém não pode esconder-se. Vida e morte, vitalidade e decadência – tudo acontece diante dos nossos olhos.

O jardim é um espaço definido não pela sua fisicalidade, mas pelas emoções que evoca e pelas ligações que provoca. E o acto de jardinagem pode mudar para melhor a maneira como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor, dando-nos perspectiva e ensinando-nos lições sobre a vida.

Escolhemos plantar sementes de medo ou amor? Nós fertilizamos a raiva ou a harmonia? Regamos as conexões que temos ou deixamos que morram de sede?

As nossas almas são jardins. Os nossos corações são flores. Eles precisam de ser regados, cuidados, fertilizados e amados. 

Jardinagem feliz!

Filmado em Riebeek West, África do Sul.

Com Corné Pretorius. 


Desejo-vos um belo dia de domingo
Saúde. Alegrias e boa disposição. Paz.

4 comentários:

Maria Oliveira disse...

Acho maravilhoso a sua maneira de ser com a vida

Anónimo disse...

Um esquilo todo descontraído, a julgar pela postura da cauda, e certamente à procura da data de validade das amêndoas ..

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Oliveira,

Quem sabe sou apenas uma pessoa simples...

Muito obrigada pelas suas palavras.

Dias felizes.

Um Jeito Manso disse...

Olá, Anónim@ do Esquilo,

Não é mesmo uma fofura? Não dá vontade brincar com ele, ver se o pêlo é macio...? Será que um dia ainda virão para o pé de mim, deixando-me fazer-lhes uma festa?

Não sei...

Obrigada.

Dias felizes!