sábado, outubro 01, 2022

Olha, afinal se calhar foi da cabeçada...

 

O que está a passar-se com a Rússia ameaça a paz, ameaça os princípios mais básicos da civilização e da humanidade, ameaça o futuro de todos nós. E é tão grave, tão assustador que, para minha defesa, de vez em quando forço-me a desviar o pensamento de tamanha desgraça. Além do mais, não sei porquê, olho para o Putin e vejo uma alma penada, alguém que está de pé como se assim fosse estar para sempre, alguém a quem muitos milhões de pessoas por todo o mundo desejam que passe rapidamente à história, à história de sarjeta, que vá juntar-se à montureira onde se acumula a pior escória que o mundo produz.

Mas, para mim, hoje não é dia de dar palco a dead men walking, a zombies (corados como pêros saloios -- mas zombies), a assassinos bêbados do seu próprio veneno, a bandidos. 

Hoje não consigo, hoje preciso de abrir espaço para me rir.

E um dos que sempre me faz rir, e que gosto de ver com os meus netos, rio que me farto, sempre, é o Mr. Bean. Se calhar é porque, em parte, me revejo um bocado nas atrapalhações dele, nos stresses agudos que ele sente antes dos grandes momentos.

Chegada a casa depois de termos ficado com os meninos enquanto os pais foram a uma cena, fomos dar uma volta nocturna com o dog de guarda que tinha ficado em casa. É bom andar a passear de noite. Zero pessoas na rua, claro. Os cães, em várias moradias, completamente desestabilizados e o nosso, feliz da vida, nem aí, a andar a saltitar e a correr todo contente pelo inesperado passeio com os donos regressados. Como à noite já está mais frio, tinha levado calças e, claro, os meninos andaram encostados ou por cima de mim. E devem ter deixado o seu cheirinho bom pois, uma vez regressada e a passear, a fera cabeluda andou o tempo todo a cheirar-me as pernas e a dar-me beijinhos e a cheirar e a dar saltinhos e todo ele estava radiante com o cheiro que eu trazia nas calças.

Quando, aqui chegada à sala e francamente com algum sono, abri o youtube. Claro, bingo, Putin e a sua última e macabra filha-de-putice. Não dá para acreditar no pesadelo que o mundo está a viver. Parece uma ficção estuporada, daquelas tão parvas e excessivas que chegam a ser cómicas. 

Fechei. 

Pus-me a ver o Pantanal e, quando dei por mim, percebi que tinha estado a dormir. Voltei a abrir a arca dos mil tesouros e escrevi Mr. Bean. O algoritmo percebeu a mensagem: a minha onda hoje não está para bandidagem, está para gente inofensiva cuja única arma é o sentido de humor. 

O primeiro vídeo que me apareceu foi este fantástico que abaixo partilho convosco.

Mr Bean Goes to a Premiere


Um bom sábado
Saúde. Boa disposição. Paz.

6 comentários:

Anónimo disse...

A ver se entendo a tese, não é muito difícil porque desde o dia 1 que a tese aqui é a mesma: primeiro, o putin é o demónio descido à terra, o zélito é um santo, o povo ucraniano mártires, violados pelo demónio. Soluções para isto? Também desde o dia 1, há coisa de sete meses, a “solução” aqui bolsada foi e é sempre a mesma: vai haver uma revolta na Rússia, russos justos e bons e nossos amigos vão correr com o putin, de preferência de forma violenta, aparece um líder caridoso e bom que de imediato manda as suas tropas abandonar as posições, retira em toda a linha e ainda se oferece para pagar a reconstrução, faz a paz e troca brindes com o zélito e com o senil do biden e assunto resolvido, entra gás a rodos e de borla, mais petróleo, fertilizantes, cereais, madeiras exóticas, the works e todos somos felizes para sempre. Mas, até lá, guerra sem quartel ao demónio, pouco importa que uma vasta maioria das nações (China, Índia, África do Sul, Brasil, Paquistão e tantos outros apoeiem, ainda que tacitamente, o demónio) até ao último ucraniano, eles que morram e que se lixe também a Europa, que se lixem os europeus, mais a viragem à extrema direita, que aguentem, inflações com dois dígitos, pobreza, frio, miséria, porque pela paz tem de se fazer a guerra sem quartel ao demónio. Não dá conta do paradoxo? Pois é, minha querida, para quem diz que deseja a paz, a sua posição é indefensável, porque é irracional, destituída de qualquer compreensão séria do que se está a passar. Tenha um excelente fim de semana, de preferência com uma ida ao supermercado e com contas para pagar no correio.

Um Jeito Manso disse...

Anónim@

O seu estilo é inconfundível, reconhece-se a milhas. Tem, pois, isso de bom. Tem estilo. Mais qualidades, lamento, não lhe encontro.

Em vez de vir aqui desfiar esse estafado chorrilho de pseudo-argumentação, não quer ir direito ao ponto e dizer aquilo que defende? Diga, em sua opinião, como é que isto se resolve. Os ucranianos devem render-se aos pés de Putin e o mundo deve ficar calado perante os seus crimes? É isso, não é? Então diga-o explicitamente.

Janita disse...

Quem será a anónim@ que com tanta veemência defende o abominável criminoso Putin e as suas hostes? Disfarça a escrita mas pelos vistos a UJM já a topou. Fiquei a magicar se não será
a mesma criatura que foi insultar-me no meu espaço, tomando as dores de alguém que pelos vistos lhe é chegado e temia a concorrência. Até parece que descobriu a 'pólvora em tempo de guerra'. Cobardes! Ao menos nós, para dizermos o que pensamos, damos a cara.
Ofender a coberto do anonimato é tão execrável como atirar a pedra e esconder a mão. Bem ao jeito do carniceiro que ataca e depois nega tudo e ainda acusa quem atacou.
Admiro a sua calma, UJM.

Um abraço e um bom Domingo.

Um Jeito Manso disse...

Olá Janita,

Há pessoas que usam palavras ou expressões que as denunciam. Podem inventar nomes para se disfarçarem ou podem aparecer sem nome: a sua marca está lá.

Mas não interessa. É grave haver pessoas que apoiam os assassinos mas geralmente é gente que se limita a poluir o ambiente com a sua cobardia e com a sua manipulação e desinformação. Chateiam, incomodam mas geralmente não passa disso.

Mais grave são os verdadeiros assassinos ou violadores ou bandidos que não reconhecem nem lei nem sentem compaixão pelas suas vítimas.

O mundo anda um lugar perigoso, Janita.

Mas se o Planeta não derreter antes, nuns lugares em secura extrema, noutros em medonhos dilúvios, esta fase terrível que atravessamos haverá de ser ultrapassada. Acredito que haveremos de entrar num novo período de paz e esperança. Acredito.

Um bom domingo! Um abraço.

Janita disse...

Penso que a UJM deve ser um bom bocado mais jovem do que eu, mas é uma pessoa tão coerente, tão lúcida, que sempre que venho aqui e me responde sinto-me muito mais animada e com coragem para enfrentar certas vicissitudes que me rodeiam.
Muito Obrigada!

Tenha uma boa semana. :)
Um abraço.

Um Jeito Manso disse...

Janita,

Tenho dois filhos, cinco netos -- tenho que acreditar no futuro, tenho que ser capaz de acreditar no lado bom das coisas.

Tenho aquela idade em que já deixámos muitas pessoas queridas para trás. Quando a minha avó materna morreu (a última dos meus avós a morrer), e morreu não assim há tanto tempo, umas amigas da minha mãe abraçaram-na e disseram-lhe: 'Agora somos nós que estamos na linha da frente'. Fez-me aquilo bastante impressão. A minha mãe vai a caminho dos 90 e ainda é ela que está na linha da frente. Desde que a minha avó morreu já morreu o filho mais novo, irmão da minha mãe, morreu a mulher dele, morreu o meu pai.

O tempo vai levando uns, trazendo outros. E seria bom que todo este devir se passasse em paz, todos felizes, ajudando-nos uns aos outros.

Mas querer isso é uma utopia. Há sempre os perversos, os maus, os bandidos. E há os que os apoiam ou encobrem.

E haverá os que nunca conseguirão voltar a ver a paz e a viver em harmonia porque a guerra ou doenças ou a pouca sorte os leva. Mas os que cá estão, enquanto estão, devem fazer o esforço de acreditar em melhores dias.

Eu acredito. Há sempre alguém que nos apoia, que nos quer bem. E enquanto houver esse alguém, haverá força para se ir adiante, para se acreditar.

Um abraço, Janita. Tudo de bom para si e para a sua família.