sexta-feira, outubro 07, 2022

Annie Ernaux - Nobel de Literatura 2022

 

Não faço apostas, nem sobre os Nobel nem sobre o que quer que seja. Acho que nunca fiz uma única. Creio que, tal como não gosto de jogos -- nem de cartas nem de damas nem de máquinas nem de roleta -- também não gosto de apostar. Não estou interessada em perder em coisas para as quais tanto se me dá.

Nisto do Nobel nunca me deito a adivinhar. Tenho como certo que sempre haverei de ser surpreendida. Geralmente não conheço.

Este ano voltou a acontecer. Não conheço Annie Ernaux. Não faço ideia de quem seja, nunca tinha ouvido falar. 

A minha ignorância é infinita e isso é tranquilizante para mim pois, sabendo-a infinita, sei, de antemão, que jamais poderei derrubá-la e, portanto, sou condescendente para comigo quando tenho evidências da sua imensa amplitude.

Mas já vi uma fotografia dela e hei-de ler alguma coisa dela para tentar perceber a razão de ser do Nobel. Devo dizer que muitas vezes não percebo mas, na minha humildade, admito sempre que o problema é capaz de ser meu. Mas, seja ou não seja, também tanto faz.

Para já, vou ver uns vídeos só para ganhar algum contacto.

Annie Ernaux - Página Dos | La2

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá UJM,
Leia sim, aposto que vai gostar. Eu identifico muito a sua escrita, que aqui leio diariamente, com a da Annie Ernaux. Se é ou não merecedora do Nobel, não sei. E os outros anteriores laureados?!
Deixo aqui um extrato dum artigo da Anabela Mota Ribeiro, para lhe abrir o apetite:
"Foi a minha amiga Susana Moreira Marques, que considero uma das melhores escritoras de língua portuguesa, que me deu o meu primeiro livro da Annie Ernaux. As duas escrevem num tom e num estilo que agora se denomina: auto-ficção. O substracto biográfico está em cada página, na experiência do quotidiano, que é a do sujeito, a da banalidade. É uma pulsão difícil de resumir numa palavra, mas que não é seguramente narcísica ou essencialmente narcísica. Tem que ver com a escrita como uma dobra, uma faculdade de nos vermos de fora, tornarmo-nos personagem de ficção, fingirmos uma dor que deveras sentimos. Estarmos no palco e na plateia, sermos singulares e universais".
Um ótimo fim‑de‑semana
Filo

Um Jeito Manso disse...

Olá Filo,

Comecei a ler ao fim da tarde. Só li uma meia dúzia de páginas. Mas gostei. Aquela descrição simples das coisas que, sabe-se lá como, nos prende.

Fico lisonjeada com o que disse e vou lembrar-me disso quando me puser a escrever um livro. A sério. Mas escrever um livro é difícil, sabe...? Comecei a escrever no outro dia e agora não sei como prosseguir pois arranjei uma personagem tão misteriosa que não sei como avançar porque eu própria ainda não desvendei o mistério... (e estou a falar a sério...)

Obrigada pela simpatia e pela companhia.

Um bom sábado, Filo.