Na sexta-feira à tarde juntaram-se cá no jardim. A tarde foi boa. Os meninos alegres, como sempre. Quanto aos adultos, uns a trabalhar, outros de férias.
A tarde começou com brincadeiras no jardim e acabou em guerrilha, na horta.
Depois, os meninos brincaram, arreliaram-se uns aos outros, disputaram as mais insignificantes coisas como os irmão sempre fazem. O do meio é com a irmã, que é mais velha, como o pai dele foi com a irmã: sempre a pregar-lhes partidas, sempre a picarem, sempre à beira de as levarem ao desespero. Just for the fun of it. Iguais. Quando grito pelo nome dele para ver se pára de atazanar a mana, é como se o tempo não tivesse passado e estivesse a gritar o nome do pai dele (é que, ainda por cima, têm o mesmo nome -- que é também o nome de um dos primos e, claro, do avô --; e este é um daqueles casos em que não tem que enganar, o nome não engana, são danados para a brincadeira e com uma energia e persistência que facilmente levam os outros ao tapete. What's in a name...).
E, quando quis desinfectar-lhe as mãos com álcool-gel, numa embalagem nova, e não conseguia que aquilo deitasse, carreguei no manípulo, tentei que se desprendesse e voltei a carregar... e nada..., diz ele: 'Porque é que não tentas à moda antiga?'. Desatei a rir. Como é que ele, com quatro anos, me fala na moda antiga? Perguntei-lhe o que era a moda antiga. Fez o gesto, com a mão, de desenroscar a tampa.
Maravilho-me com eles. Com todos. Ele, o mais novo, um espertalhão e um querido. O mais crescido já com a voz quase grossa, já com coisas de quem não tarda é um teenager a sério. O irmão sempre meigo, sempre atencioso, uma força da natureza. Surpreendem-me todos os dias. A menina, enquanto caminhávamos, sempre conversando. Que, para ir jantar na véspera, tinha posto sombra nos olhos. E que tinha posto também batom e que tinha sujado a máscara. E eu: 'Sua vaidosa... Porque puseste...?' E ela, com aquela sua malícia indiferente, 'Então... teve que ser...'
Depois do rápido almoço fomos buscar a minha mãe. Antes de virmos para casa, fomos ao supermercado. Estava sem fruta em casa, sem tomate, sem alface, com poucos ovos, sem massa, sem bolachas, com pouco pão. Aproveitei para trazer mais uma esteira espessa e larga. No outro dia tinha trazido uma e tinha sido apreciada. Para se estar ao sol sem que a caruma pique (como a minha nora referiu ao deitar-se nela) ou para se fazerem picnics na relva, à sombra, é uma opção interessante. Trouxe também um conjunto de caixas de plástico para guardar comida no frigorífico. O meu marido não achou graça, diz que já temos caixas que sobrem. Mas não é verdade. Desaparecem. A minha mãe trouxe também um conjunto dessas caixas e um dicionário francês-português e português-francês pois diz que o dela é só francês-português e que já está muito gasto.
Quando chegámos, já cá estava a minha filha com os miúdos, eles, como sempre, na maior brincadeira.
E esteve-se ao sol, os incansáveis meninos nas suas lutas, saltos, risotas, a minha mãe sempre espantada com a energia deles.
E lancharam, sempre com aquele bom apetite de dar gosto.
Com eles, todos, a conversa dos pais vai sempre no sentido de que parem de comer pois parece que o que neles cai vai para um poço sem fundo. Quando se lhes pergunta 'queres isto ou aquilo?' respondem 'tudo, manda vir'. Lancham que se fartam e, pouco tempo depois, estão prontos para almoçar ou para jantar. Ainda no outro dia, quando cá passaram a manhã, por volta das dez e tal ou onze, não sei, ao perguntar-lhes se queriam um lanchinho disseram logo que sim e, quando lhes perguntei o que queriam, o mais novo exclamou: 'Comida!'. E eu: 'Claro que é comida... mas o quê? Que comida queres?'. E ele, como se nem percebesse qual a dúvida: 'O almoço...'
Ao fim do dia fomos levar a minha mãe. Quando regressámos, obviamente noite bem feita, a roupa já estava seca. Depois, fizemos a cama de lavado. Arrumámos umas coisas.
E aqui, na sala, pus-me a ver o vídeo abaixo. É um vídeo bonito. Os vídeos da Green Renaissance são sempre bonitos. As pessoas falam devagar, dizem o que lhes vai na alma. Isso é bonito. Geralmente não o fazemos.
Depois pus-me a ver na 1 o Stone - ninguém é inocente. Deixei que o tempo passasse enquanto ia vendo e escrevendo isto.
Ao fim da tarde reparei que o sol dourava os pinheiros e que o outono começa a aproximar-se. Algumas folhas começam a cair. Mas está ainda um calorzinho tão bom que vou agarrar-me a ele, esperando que o verão e os dias grandes perdurem.
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Seek Silence
What does silence mean to you? Is it something you fear and fill up with distractions? Or is it something you actively seek as an antidote to a stressful life?
Visiting silence can be an adventure, a life changing journey into peace and quiet. In silence we can hear our own thoughts. Silence speaks for the part of life that is beyond words. There is space, inner freedom and creativity. We find a place within us that is centered, a place of trust.
As the noisy demands of daily life make us shrink inside, in silence we expand. Don't underestimate the power of silence.
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