quinta-feira, abril 01, 2021

Suzana Garcia, a putativa candidata laranja with the big boobies, Melania e Donald Trump disponíveis para animar aniversários e casamentos e, para acabar em beleza, rotinas diárias de tratamento da pele e maquilhagem.
E, em PS, o tiro no pé com que Marcelo se auto-infligiu

 



Já passa e bem da uma da manhã e não tenho assunto que se veja. Assim de repente, só se for isto de que vos vou falar, e é mesmo por desfastio, se é que me entendem.

O tema é que, vá lá saber porquê, o youtube agora deu em propor-me vídeos sobre a rotina diária de maquilhagem de algumas pessoas. Como fico curiosa, vou ver. Na verdade tenho esperança que apareça alguém com um truque mágico. 

Eu, de manhã, depois de me lavar, ponho um hidratante anti-rugas próprio para o contorno dos olhos e outro que tal, mas sem essa especificidade ocular, no resto da cara. Produtos do supermercado, coisa para cinco euros cada embalagem. Se não tenho reunião, fico-me por aí. Se tenho, faço por caprichar no visual: faço um risco com eyeliner macio em tom de cinzento esverdeado na pálpebra superior e esbato. Ponho também um baton macio em tom framboesa soft e se, ao ver-me no ecrã do computador, me acho branca demais, levanto-me e ponho um bocado de baton sob as maçãs do rosto. Depois esbato com convicção e algum arrependimento não vá, do lado de lá, aparecer ridícula, com umas rosetas infantis. Portanto, verdade seja dita, capricho mas não muito...

Ou seja, fico sempre a pensar que deveria esmerar-me mais. Então, para ver se aprendo, vou ver os vídeos que o algoritmo me sugere. Começam sempre por dizer que têm uma rotina muito simples. Mas depois são dez ou mais minutos de vídeo em que começam com sérum, depois com outro sérum, depois uma base, depois um protector solar, depois um pó iluminador, depois um pó colorante, depois um creme nos olhos, depois mais outro, depois uma sombra, depois mais outra, depois um iluminador, depois um risco, depois uma sombra, depois um rímel, depois um hidratante nos lábios, depois uma base labial, depois um baton, depois um contornador, depois outra cor, depois um brilho. E eu chego ao fim e penso que tanto trabalho não é para mim. Mas gostava. Sobretudo gostava de me sentar numa cadeira, de preferência daquelas que dão massagens, e que me maquilhassem. Isso, sim, é que era.

Também há a rotina de desmaquilhar. Mas aí já não tenho sequer paciência para ver os vídeos. Eu o que faço é lavar a cara com água fria. Às vezes prendo o cabelo com uma mola e passo um creme de noite. Mas nem sempre. Se me lembrasse a tempo e horas, fazia isso bem antes de ir para a cama para dar tempo a absorver bem. Como geralmente não me lembro, não estou para ir para a cama com creme fresco, não vá sujar a almofada. 

Por vezes, quando faço anos ou no natal, oferecem-me produtos bons. Acho que lhes faz impressão isto de eu usar cremes baratos, do supermercado. Fico contente, claro. Gosto de receber presentes, em especial se são coisas úteis e boas. Mas, para dizer a verdade, acho que os efeitos práticos são os mesmos. Penso que, essencialmente, o aspecto que a nossa pele tem resulta dos nossos genes e da vida que levamos. Acredito que quem bebe muito ou fuma muito tem isso reflectido na pele do rosto. Ou quem passa a vida ao sol ou em solários, parece que fica com a pele curtida. Mas quem tem uma vida relativamente saudável e tem genes normais terá, naturalmente, uma pele razoável. Nem boa nem má: normal. E, nesse capítulo, a normalidade não é necessariamente uma coisa má.

Conheço pessoas de cinquenta e poucos anos a quem não falta dinheiro para porem cremes de centenas de euros e que têm daquelas peles engelhadinhas que mais parecem uma renda. E conheço uma que, com cinquenta e tal anos e também dinheiro para se revestir a ouro todos os dias, o usa para se esticar para além do inimaginável. Penso que já o contei. Um amigo, algum tempo antes da pandemia, mostrava-me fotografias de um evento a que tinha ido. 'Olhe a mulher deste', 'Olhe bem como este está', 'Olhe como é simpática a mulher daquele'. Gostava deste género de fofoca, ele, e eu gosto de me rir. E, então, estando nisto, surpreende-me: 'Olhe a sua amiga...'. E eu, a olhar para a fotografia, sem reconhecer. 'Quem é?', eu, intrigada. E ele, a rir, 'Não me diga que não sabe quem é? Olhe bem... Não está a reconhecer...?'. Não, não estava. Então, com ar de gozo, disse-me quem era. Olhei e reolhei, aproximei-me da fotografia. Não reconhecia. Esticada, esticada, quase sem feições. Não sei quantas vezes já se esticou. Se não tivesse tanto dinheiro não estava sempre a caminho do Brasil para fazer aquele lindo serviço à cara. E fará os cremes e as bases e os betumes que ainda põe... Nem se percebe onde acabam os olhos e começa o nariz. 

Bem. Sobre o tema das rotinas diárias e etc., é o que tenho a dizer.

Tenho ainda a dizer que também fiquei de boca aberta quando vi que Suzana Garcia, a comentadora  with the big boobies, é a provável candidata do PSD à Câmara da Amadora. Não sei que competências a dita senhora tem para a função a não ser ser comentadeira televisiva, usar cabelos compridos pintados de louro e ter uns seios que farão qualquer interlocutor ter que fazer um grande esforço para não se pôr a olhar fixamente para aquele pornográfico exagero. Se se candidatar é capaz de ganhar porque o povão gosta mesmo é de votar em pessoas conhecidas da televisão; e, ademais, aquelas mamas prometem. Eu, se aqui me aparecesse o Fagundão a candidatar-se ao município onde voto, a ver se também não votava nele, ai não que não. Até ia distribuir canetas e sacos de plástico na caravana pedestre só para o ver mais de perto. Mas, claro, o Fagundão é brasileiro e vive no Brasil, não há como votar nele. Dos que aparecem agora por cá, não estou a ver nenhum que me levasse a fazer uma loucura. Só se fosse o Pedro Simas... Ah, sim, é ele candidatar-se por estas bandas a ver se não tem o meu voto garantido, ai não que não. Com sorte ainda me aplica uma vacina das boas, coisa state-of-the-art. Aplica-me a mim na qualidade de munícipe, claro; a mim e a todas as mulheres de bom gosto que se mudem para cá.

E é isto. Sobre o tema das municipais, a ver que mais mamalhudas o mangas-de-alpaca tem para tirar da cartola. 

E, para terminar, a notícia mais estapafúrdia de todos os tempos. Lê-se e não se acredita. O mundo está a ficar quadrado? Em vez dos movimentos de rotação e translação, o planeta deu em andar aos saltos e às arrecuas? Só pode. 

Há pessoas que, mais burras e estúpidas que os calhaus mais acéfalos, fazem coisas que nem no mais burlesco e satírico dos guiões. Melania e Donald Trump estão a oferecer os seus serviços para fazerem presenças em eventos de qualquer espécie. Chegam ao absurdo de também se oferecerem para enviarem cartões. 

Donald Trump unveils new website that lets you book him or Melania to speak at events

The former President of the United States, Donald Trump is now listed on 45office.com for people to book him or his wife, Melania Trump for personal appearances and greetings (...)

É a degradação da espécie levada ao limite do absurdo. Só falta mesmo o Cavaco e a sua Maria Cavaca passarem a oferecer os seus serviços para encomendarem as almas dos mortos (não sei se é assim que se diz) ou o Passos Coelho oferecer-se para montar cataventos ou exorcizar o diabo dos corpos dos possuídos. 

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Quanto ao Marcelo e ao seu tiro no pé (ou melhor, na Constituição) nada quero dizer. No melhor pano cai a nódoa. Toda a gente erra. Portanto, não vou chover no molhado. Mais do que arrependido já ele deve estar, certamente a ver como há-de sair desta argolada com um mínimo de dignidade. Portanto, nada mais vou acrescentar. 

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As pinturas de Kristian Zahrtmann estão aqui apenas porque sim, ao som de Eat Pierogi por  Mee And The Band que também não tem explicações a dar

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Uma boa quinta-feira

1 comentário:

Estevão disse...

E por falar em grandes, grandes e descaídas, descaídas a caminho do chão … já se lhes sente o perfume? … já se lhes ouve o zumbido, o zumbido das abelhinhas? … ou seja, sabedes novas das glicínias, das glicínias entregues à sua sorte na parede do jardim, cara UJM?