segunda-feira, janeiro 27, 2020

E assim foi este meu fds





Não tenho conseguido responder a comentários e tenho sido um bocado menos prolixa que o costume porque tive um fim de semana digamos que um pouco atarefado.

Conto.

Na sexta-feira saí um pouco mais cedo do que o habitual pois ia ter jantar cá em casa. Muitos. E a freguesia deu para tarde e foi uma festa e a costumeira confusão pois, sempre que os meninos se juntam, é o que é.

A seguir ao jantar, a minha filha lembrou-se de pôr a 'Música no coração'. Os meninos não conheciam mas os crescidos, sim. Uma alegria, claro está.

Parte da turma ficou cá em casa. 


Na manhã de sábado houve compras para fazer, nomeadamente mantimentos. Fomos todos e encontrámo-nos com os que não tinham dormido. Depois fiz o almoço, pus a adiantar o jantar e almoçámos à pressa pois, de tarde, parte da turma tinha um baptizado. 

No meio de tudo, ao início da tarde, ainda consegui ir ao cinema. Assim que estávamos para entrar para a sala, lembrei-me. Um sobressalto. Perguntei ao meu marido: 'Desligaste o fogão?'. Ele: 'Não. Está-se a ver que tu também não.'. E o enervante nisto é que ele, mal acabámos de arrumar a cozinha, tinha querido desligar o fogão pois dizia que eu iria esquecer-me. Afiancei que não, que a carne precisava de mais tempo de cozedura e que não iria esquecer-me, desligaria antes de sair. Está bem, está. Uma data de gente a sair de casa à pressa, lembrei-me lá eu da panela ao lume. Com ar desalentado, disse-me que ia a casa. Não tentei ir eu em vez dele pois sei que é mais ágil na condução do que eu. A minha filha lamentou: 'O chato disto é que sobra sempre para o pai...'. E é, tem razão. A minha filha observou ainda: 'E é que é perigoso...'. Mas que querem que eu faça? Desculpei-me: 'Mas lembrei-me. Já viste se não me lembrava...?'. Pois, pois.

Estava a primeira parte a acabar quando ele reapareceu. Tinha apanhado um engarrafamento, ainda por cima.


Depois fomos para o resto do programa. 

Quando o menino mais crescido, já vindos do baptizado, entrou no carro, disse: 'Pensava que a água benta era uma água especial. Mas afinal é água normal, podia ser água do luso, mas na qual se incorporaram uns espíritos'. Desatei a rir. Já, à ida, ele ia a comentar com o irmão: 'Acho que, basicamente, o que vai acontecer é que vão despejar água na cabeça da bebé'. Acrescentei que também fariam uma cruz na testa com óleo. Não ligaram, deve ter-lhes parecido uma informação inútil. 

E lá regressámos a casa. Acabei o jantar, a carninha estava mais cozidinha que só visto. O resto da turma juntou-se-nos. Mesa cheia, de novo, e a alegria do costume.


A seguir ao jantar, a minha filha voltou ao ponto em que tínhamos ficado na Música no Coração. A sala cheia, os sofás poucos para tanta gente, alguns meninos no chão. Por vezes, o público fazia coro com o filme. Lembrei-me que era eu pequena quando vi pela primeira vez este filme. A minha filha disse que não se lembra de, quando era pequena, vermos muitas vezes. Expliquei que nessa altura não havia televisão por cabo ou box para haver esta faculdade de se ver o que se quer quando se quer. O mundo era outro. A tecnologia tem coisas boas.

Até o meu filho que não liga muito a este género de filmes, e estava entretido com outras coisas, acabou por prestar alguma atenção. O meu marido é que nem por isso. Aproveitou para se encostar a descansar, num sofá mais afastado. Pelo meio, nos momentos mais chatos do filme, mormente quando as freiras cantavam, os rapazinhos resolveram fazer moche ao avô. E dançaram, lutaram, um pôs-se a compor uma canção no iPad, depois mostrou-a e os outros desataram a dançar como se tivessem levado uma injecção de saltos. Uma animação pegada.

Lá para o fim da noite, parte do pessoal foi para sua casa e outra ficou de pernoita.


O domingo amanheceu branco. Tínhamos a ideia de ir para a praia mas com um nevoeiro tão cerrado pensámos que era melhor não. Mas depois viu-se que na praia não havia névoa e lá fomos. Passeámos, apanhámos sol, os meninos brincaram. Depois viémos para casa, fizemos o almoço, almoçámos. De tarde, quem ia à sua vida arrumou pertences, recolheu haveres. Preparei a marmita com parte do que tinha sobrado. E lá foram.

Entretanto, já só os dois em casa, fizeram-se máquinas de roupa, arrumou-se o que era de se arrumar e, como geralmente acontece depois destas lidas, deitámo-nos, cada um em seu sofá, e, claro, foi tiro e queda. Nem consegui ir a casa dos meus pais; mas a minha mãe até se zanga de eu, em fins de semana assim, querer ir, diz que não me estafe, que não é preciso porque eles estão bem, que não ande sempre a correr para conseguir fazer tudo, que descanse. Por isso, segui o conselho, não fui e descansei. Mas acordei com frio e dor de cabeça. Fiz uma infusão de erva-príncipe e fiquei bem, devia estar a precisar de uma bebida quente.


E já arrumei roupas, já preparei a indumentária de amanhã, já passei um brilhozinho nas unhas, já vi as fotografias que fiz nestes dias, e, por acaso, já tentei ler mas pouco consegui. Perco-me, distraio-me, desconcentro-me. Acho que a minha cabeça, a esta altura do campeonato, não está para assimilar literatura, nem tão pouco voar sobre ela.

Salva-me o Habitualmente:

Há pedras habitadas. Pássaros que não migram
só para não sofrerem a partida

Esperam um ano a fio pelo regresso dos companheiros.


Bonito. Um bálsamo para os neurónios.


E assim foi o meu fim-de-semana. Muito bom. Uma alegria.

Está a começar nova semana, já estamos a caminhar para o fim de Janeiro. É impressionante como o tempo anda depressa. Razão para agarrarmos bem cada instante.

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As imagens representam fragmentos da obra de William Morris e vêm ao som de Lavinia Meijer a interpretar Koyaanisqatsi ('Life out of Balance') de Philip Glass. O poema chama-se Pedras e pertence ao livro 'Um dia tudo isto será meu' de João Habitualmente.

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Uma boa semana a começar já nesta segunda-feira

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