domingo, julho 28, 2019

Receita de cozido a modos que, crónica de um dia que meteu voltinhas de carrossel, casinhas de passarinhos azuis e mais algumas coisas e tal





Hoje houve voltinhas no carrossel, mais uma voltinha mais uma viagem, os meninos chamando uns pelos outros, felizes da vida, e isto a seguir ao passeio à beira mar onde respirarámos todos o ar fresco, pintado de maresia. E isto, por sua vez, depois da visita semanal aos meus pais. 

E à noite houve brincadeira e pijama party com um DJ que só lhe deu para escolher a Marisa e, quando os outros protestaram, disse que amanhã logo punha a Ana Moura. E quando alguém protestou, disse que ele próprio, gostava de cantar o fado. E cantou. Seis anos de alma fadista.

E depois de quererem ouvir uma história, coisa que desta vez não esteve a meu cargo mas da menina grande, acabaram por cair no sono. E depois fiz uma trança no cabelo grande e pesado da menina grande, para que aquela manta não lhe dê calor ao dormir. 

Agora as meninas dormem numa sala, os rapazes nesta em que estou. As camas das meninas são daquelas desdobráveis, os meninos dormem em colchões aqui no chão. Por uma razão ou por outra, nenhum dormiu no quarto. Dois quartos sem freguesia e as duas salas à pinha. A dormir no quarto, como se não fosse nada com ele, só o sortudo do avô. E à larga porque eu vou ficar a dormir aqui, num sofá. Prefiro assim, não vá o bebé levantar-se e pôr-se por aí a cirandar de noite, e eu, no quarto a dormir, não dar por nada.


Para o jantar fiz um cozido meio marroquino, meio à portuguesa. Assim:
Num tacho grande com bastante água, coloquei sal, meio chouriço de carne, duas cebolas e uns bocados de pá de porco com osso. Depois de já ter aberto, mais de meia hora, juntei frango do campo, em especial pernas e coxas mas também miúdos. No fim juntei uma farinheira e deixei que cozesse um pouco mais.
Às tantas, para um outro tacho, retirei um bocado do caldo do tacho das carnes. Juntei feijão verde aberto ao meio, bocados de abóbora e courgette. Cozinhou.
A seguir, num tabuleiro grande, coloquei couscous, meia chávena por pessoa, reguei com azeite, coloquei um pouco de manteiga, pouco e, cobri com sensivelmente a mesma quantidade de caldo das cozeduras. Talvez um pouco mais do que a quantidade dos couscous. A olho. Depois dos grãos piquinininhos incharem, mexi com um garfo. Depois alisei. Coloquei por cima, a meio, os pedaços das carnes. Em volta coloquei num lado o feijão verde, noutro a abóbora, noutro a courgette e no outro o chouriço às rodelinhas e a farinheira. Por cima, para dar graça, um fiozinho de azeite.
Comeram que se regalaram.

Depois morangos e, para rematar, o resto da tarte das framboesas de ontem e um magnum pequenino para os mais comilões.

Amanhã para o pequeno almoço haverá ovo cozido e ovo mexido, queijo fresco de cabra, cheddar, limiano, papas de aveia, leite, pão, fruta, iogurte, frutos secos. Toda a gente tem apetite e gosta de variedade e, assim, com um buffet à maneira, saber-lhes-á a férias num hotel. Se calhar os que agora ainda estão num casório e que devem de vir de lá a belas horas ainda se nos juntam para o breakfast.


E, por hoje, nada mais de relevante que faça sentido aqui colocar. Se é que o que aqui coloco faz algum sentido. Mas enfim.

O que sei é que, por tudo isto, estou a milhas do que este sábado se passou no mundo. Provavelmente continua a onda de calor mais a onda de palermice e, ainda, a onda de coisas sem nome e sem história. E eu dar ou não por isso não alterna em nada o rumo das coisas pelo que diga eu alguma coisa ou coisa alguma vai dar no mesmo.

Fiz algumas fotografias mas foram às danças, às brincadeiras e aos afectos e isso não é coisa que eu aqui possa publicar. Por exemplo, agora fui espreitar os rapazes que aqui dormem e é uma ternura. Até estou com vontade de ir fotografá-los outra vez. O mano do meio está abraçado ao bebé. Lindos. Claro que não vou depois aqui publicar tal. Portanto, vou à procura de fotografias de passarinhos azuis.

É que, à falta de melhor, com vossa licença, deixo-vos com um vídeo muito bonito. Al Larson, um senhor agora com 97 anos, faz ninhos para passarinhos. Calcula que cerca de 50.000 bluebirds tenham tido habitação feita por si. centenas de casinhas para passarinhos azuis. Um feito que o mantém vivo e motivado. Um feito que me enternece.


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Como d'habitude estou a escrever completamente a dormir e tenho cá para mim que o texto está polvilhadinho de gralhosas de toda a espécie e feitio. Tremo de pensar nas vírgulas que, só para me atentarem o juízo, pousam onde calha ou nas letras que, também para me amofinar, voam das palavras para fora ou trocam as pernas, baralhando o tino das palavras. Mas não posso fazer nada, tenho que me ir estender no sofá senão daqui a nada está o galo a cantar e o quartel a levantar-se rebentando de fome.

Portanto, até já e tenham um belo dia de domingo.

5 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

AI UJM esse cozido, que gula!!

Bela semana.

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

Sabe o que é? Acho que é aquilo de se cozinhar com amor. É como tratar das árvores com amor. Parece que as ideias surgem, que a coisa corre bem.

E dito assim até parece aquelas coisas de auto-ajuda, teorias de meia tigela... Mas é o que acho.

Uma bela semana, Francisco! Um abraço.

AV disse...

Gosto da ideia de um cozido meio português, meio marroquino. Também gosto de um bom e saudável pequeno almoço, como descreve, a que muitas vezes também junto salada e umas inspirações levantinas. É a melhor maneira de começar o dia.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

E tem razão.

Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá AV

E o que eu gostei de ler o seu comentário?

E o que eu gostei de ler aquilo das 'inspirações levantinas'? Bom, muito bom.

Não sabe como é geralmente o meu pequeno almoço? Alface e rúcula, beterraba, ovo cozido, banana, laranja, orégãos, mel e azeite. Boa disposição garantida para o dia todo.

Saúde e bom apetite!