Love me... love me... love me
Say you do
Let me fly away
with you
For my love is like
the wind
And wild is the wind
Escuta. Encosta o teu coração ao meu. Sente o vento suave, a doce aragem. Como uma seiva amorosa por entre o vento, eu ouço a tua voz silenciosa, tão minha, uma voz que só eu ouço. São as tuas palavras que alimentam o ar que respiro.
Da parede em azul ergue-se um pássaro, um bluebird, um secreto bird que acaricio entre as mãos -- meu passarinho, meu passarinho louco que queres acolher-te no seio de quem não sabe como guardar-te. Conto-lhe segredos, espero que adivinhe os meus mistérios. Ouves? Adivinhas?
Recolho-me a um silêncio só meu. Se as palavras não sabem dizer o que o coração grita, então que fique o silêncio, um silêncio impossível, um silêncio nu, sem disfarces. Com ele pinto o céu de azul, nele deixo voar o meu bluebird, com ele encho de luz as manhãs claras e com ele recolho palavras nos céus. E, sabes?, com elas construo um mundo só meu. E teu.
Deram-me o silêncio para eu guardar dentro de mim
a vida que não se troca por palavras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
as vozes que só em mim são verdadeiras.
Deram-mo para eu guardar dentro de mim
a impossível palavra da verdade.
Deram-me o silêncio como uma palavra impossível,
nua e clara como o fulgor duma lâmina invencível,
para eu guardar dentro de mim,
para eu ignorar dentro de mim
a única palavra sem disfarce –
a palavra que nunca se profere.
Adolfo Casais Monteiro
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Fotografias feitas no Ginjal
Nina Simone interpreta Wild is the wind
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E queiram descer até ao olhar do tigre azul também no Ginjal
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