terça-feira, setembro 19, 2017

Casais improváveis
[Com um número extra em pós post: o casal maravilha cuja missão seria, nada mais, nada menos, que a procriação]


(diz-se ter fixação em ou fixação com? -- volta e meia tenho destas ocorrências, fico sem saber; e é que a gente a falar é mais ou menos na base do 'olha, já foi' e bola para a frente, a asneira fica para trás. Aqui não, aqui, se a gente diz um disparate, fica escrito saecula saeculorum, uma responsabilidade), 
lembrei-me, dizia eu, que, se tivesse um meio televisivo à minha disposição, inventava um programa daqueles em que se colocam pessoas em situações que induzem o romance. Podia ser daqueles em que fazem perguntinhas pessoais, e eles tête a tête, e às tantas a coisa já começa a ficar morninha, depois quentinha, e a gente a ver que a intimidade já se abeira e que, a bem dizer, já estão capazes de sair dali e ir fazer um cafuné um no outro, beijinho aqui, beijinho acolá e, pumba, truca-truca, coisinha mai boa.


E até aí tudo bem. Déjà-vu. A net cheia disso. O picante da coisa estaria nos parzinhos que eu ia arranjar. 

E é aí que entra a conversa do Valupi. 

Dois que eu poria numa de a ver se rola seriam o Sócrates e a Helena Matos. Haveriam de começar numa de arrogância para aqui, arrogância para acolá, chispas a tordo e a direito, desprezo, cada um mil vezes superior ao outro, cada um a cuspir para o chão, ódio e mais ódio. Mas depois, não sei cá porquê, a ver se não saíam de lá os dois com sorrisinhos cúmplices, tímidos e malandros e a gente a ver onde é que aquilo ia dar. Até um livro a meias haveriam de publicar. E a ver se ele não fazia um restyling naquele ar pingão dela. Haveria de ficar uma giraça, toda bué produzida, toda ela chameguinhos bons no Zé.



Outro casalinho: o Láparo e a Catarina Martins. Ele armado em superior, sensaborão, boca retorcida, a fazer perguntas parvas. Ela, ao princípio, sem ter jeito, furiosa, incapaz de se articular com aquele coiso. Depois, lembrando-se do objectivo do programa, artista, olhinho sorridente, boquinha marota, a dar-lhe a volta. Daqueles apanha-os ela à mão. No fim, quando ele estivesse a piar fininho e a vir , de facto, já comer-lhe à mão, aposto que ela desatava a rir pela ratoeira que lhe tinha armado. Querias, não querias, ó láparo...? Pois é, querias... Mas não vais ter. E a ver se desta não vais, no futuro, aparecer a gabares-te de que, se quisesses, tinhas feito e acontecido... Tinhas uma ova, ó láparo. Como diz a Constança Cunha e Sá, 'se cá nevasse, fazia-se cá ski'. Ahahahaha. Ganda asinino, este láparo. Haveria até de chamar as manas Mortágua para, as três, rebolarem a rir da partida que ela tinha pregado ao láparo.

Mais um: o Centeno e a Pinóquia Albuquerka. 

Ela a começar feita cagona e ele todo pacholas, com uma paciência danada, ela toda peixeira e ele professor, ela a dizer cavaladas e ele, didáctico, a explicar-lhe que não, nada disso, ora pense lá melhor. E, no fim, ela já toda derretida, já até esquecida do sarrafeiro que lá tem em casa. E o Centeno, apesar de tímido e com aquela carinha de anjolas, a lembrar-se da macaca que é ela -- e a mandá-la bugiar. Olhe, Drª, porque não vai antes dar banho ao cão do Schäuble?


Mais um casaleco: João Miguel Tavares e Fernanda Câncio. Bem. O que haveria de ser. Faíscas, raios e coriscos. Cá para mim, aqui não havia química possível, a coisa haveria de acabar ao estalo. Ela nele, claro. E ele, feito parvo, a tentar fazer trocadilhos. Trocadilhos pirosos, de mau gosto, a ver se se fazia engraçado. E ela, furibunda, a começar por lhe atirar água a cara para acabar a tentar agredi-lo, a produção do programa a agarrá-la, a chamá-la à razão. E o outro, todo totó, cheio de medo, a inventar desculpas, todo tantã, o tatibitate do costume.


E ainda mais um: o Mexia, Pedro Mexia, com a Cristina Ferreira. Ela a querer pô-lo a dançar, ele a querer falar de literatura, ela a rir escaganifada e ele, atrapalhado, sem saber se rir, se chorar, ela a fazer-lhe perguntas inconvenientes e ele sem saber como limpar tal nódoa do seu exemplar cv sem ser rude, e ela a piscar-lhe o olho, depois a descalçar-se e a enviar o pé pela perna das calças e ele, a fazer de conta que não estava a dar por nada, e a perguntar-lhe qual o autor preferido. No fim...? Pois, neste caso, não arrisco palpites.


E, para terminar, o casal que se impõe: Valter Hugo Mãe e Cátia Palhinha. Sabido é que o Valtinho tem um problema: não consegue ter um filho. Presumo que tenha tentado. Contudo, como penso que o seu clube de fãs seja constituído maioritariamente por senhoras menopáusicas, a coisa não lhe tem corrido de feição. Vai daí, mandaria vir uma fogosa mulher, e até a poria vestida de agente da Cruz Vermelha que o tema é de cariz quase social tantos os lancinantes apelos que o nosso bardo tem lançado. Diria mesmo que aconselharia a que a célebre Palhinha fizesse uso do seu golpe de magia que, como se sabe, se traduz em, do nada, mostrar uma passarinha. Penso também que é o tipo de mulher que deixaria o Valtinho inspirado em todos os sentidos, incluindo no bíblico. Cá para mim nem seriam precisas as trinta e tal perguntinhas da praxe nem os olhos nos olhos do costume. Capaz até da coisa pintar e rolar logo ali. Um pico de audiências nesse dia.



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Podia continuar. Bloggers. Também arranjava uns casalinhos improváveis. Estou aqui danadinha para lançar uns quantos à liça. Mas pronto, fico-me por aqui. Um dia que me reforme e que crie um canal de youtube logo ponho as minhas ideias em prática.


A imagem de abertura do programa -- que se chamaria Love is the air -- poderia ser, por exemplo, qualquer coisa romântica deste género:


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