[O mal de uma pessoa andar nisto já vai quase em seis anos é que se torna repetitiva. Mas, também, não se pode, todos os dias, dizer coisas nunca vistas, não é...? E a verdade dos factos é o que é, não vou estar a inventar para ser original, não acham?
Portanto, com vossa licença, vamos lá.]
Até aos meus vinte e tais pesava cerca de 50 kg. Vestia o 36. Depois de ter os meus filhos e de os ter longamente amamentado, apesar de me desdobrar em mil, de trabalhar imenso e de, apesar disso, conseguir ter tempo para os ir levar e buscar à escola e de, à noite, estar disponível para eles (e para mim), não emagreci. Pelo contrário. Passei a vestir o 38. E o 38 foi o meu número durante anos e anos. Andaria, então, pelos 54 ou 55 kg.
Contudo, à medida que os anos avançaram, o meu corpo parece ter adquirido o hábito de transformar em peso a mais pequena insignificância que ingira, mesmo que se trate de uma gota de água ou de uma folha de alface. Não tenho explicação para isto. É da idade, disse-me um dia um médico junto de quem me pus a carpir. Pimba. Já levaste. E é capaz de ser mesmo isso. Posso esfalfar-me a trabalhar, à noite ainda caminhar em ruas íngremes durante quase uma hora, posso alimentar-me ajuizadamente, que não perco peso.
Quer dizer: se conseguir, durante uns meses de seguida, comer sempre no intervalo das principais refeições, se me privar de hidratos de carbono, etc, etc, talvez perca uns quilitos. Mas não só nem sempre tenho oportunidade para comer uma coiseca a meio da manhã ou da tarde como, com tanta gente a fazer anos ou com tantas situações em que até pareceria mal se não provasse a sobremesa, as transgressões, ainda que moderadas, são relativamente frequentes.
Não sei dizer quanto peso: evito aborrecer-me e já sei que se olhasse para a balança me sentiria maçada. Por isso, faço de conta que não tenho balança em casa. Para me alienar da realidade não há como eu. Visto agora o 42 (ou o L) e, confesso, tremo de pensar que já me instalei comodamente acima dos 60 kg.
Não visto já aquelas blusas bem justinhas que antes vestia com despreocupação. Adquiri volume e se isso, aos olhos de quem gosta do género, não será mau de todo, a mim condiciona-me um bocado. Evito roupa que me faça parecer provocante ou que me iniba pois nada me inibe mais do que usar peças de vestuário que pareçam desajustadas para o meu corpo.
No entanto, se me comparar com tantas mulheres, (acho que) estou longe de ser uma gorda badocha. E, devo dizer, faz-me uma certa impressão ver como tantas jovens adquiriram já tantos quilos a mais, tanta celulite. Mas faz-me impressão, sobretudo, porque acho que não é saudável nem confortável. Andar à pressa ou subir escadas deve ser muito cansativo para pessoas cujo corpo está revestido de muitos quilos de banha e encontrar roupa confortável e feminina para números tão grandes deve ser um calvário.
Agora, dito isto, acho um perfeito disparate que, por um idiota desejo de emulação em relação a mulheres esculpidas à faca ou a photoshop, algumas se privem do prazer de comer capazmente, passem o dia a falar de dietas ou de receitas saudáveis, andem no ginásio a estafarem-se até quase caírem para o lado-se e falem do PT (Personal Trainer) como se fosse um insubstituível guru espiritual.
Se a pessoa não tem um corpo estrelicadinho e umas medidas de top model, paciência. A pessoa sentir-se bem e segura no seu corpo (e segura também em relação à sua maneira de ser) é imprescindível para uma vida feliz. Por isso, se tenho três ou quatro ou cinco quilos a mais, vou continuar a tentar perdê-los mas não vou sacrificar nada a troco disso, muito menos vou chorar ou sentir-me infeliz. Era o que me faltava.
Mas há quem o faça, sofra, chore, faça toda a espécie de sacrifícios.
O vídeo abaixo mostra a consciencialização que é necessária para que as mulheres aceitem o corpo que têm. O documentário Embrace da autoria da fotógrafa e realizadora australiana Taryn Brumfitt fala disso. Mostrando corpos de mulheres normais, faz com que outras mulheres normais vejam que não são mal jeitosas, não senhora, e, portanto, não são indignas de que o seu corpo seja amado. Não. Somos mulheres normais. Felizmente imperfeitas.
« Pourquoi est-ce que tant de femmes détestent leur corps ? » Taryn Brumfitt, mère de trois enfants, est partie à la rencontre de femmes à travers le monde pour leur poser cette unique question. Parmi les personnes interviewées : une femme à barbe, un mannequin australien, une présentatrice de télévision ou une championne sportive dont le corps a été brûlé à 60%... (ler o artigo completo)
Embrace
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As fotografias que usei no texto fazem parte de uma edição da Vogue Itália dedicada à sensualidade e graça de mulheres big size (XL ou mais)
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E desçam, por favor, até ao post abaixo caso queiram conhecer o meu comentário desportivo em relação à nossa vitória sobre a Polónia. Então, com meio Portugal transformado em comentador, eu ia ficar de fora...? É o ias!
(E adianto já a minha opinião: Até os comemos, carago!
- pardon my french)
...
1 comentário:
Um sorriso.
Anos e anos nos 53Kg. depois avançou para os 57Kg. hoje - não tenho balança (eheh) deve estar acima dos 60Kg (palpita-me)
beijinho solidário!
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