Uma vez que as políticas nacionais são altamente influenciadas pelo que se decide nas instâncias europeias, eu não olho com negligência as próximas eleições. Nem sou daquelas pessoas que, acham que, se um político é mau, então que se chute com ele para Bruxelas. Não. O efeito de termos políticos de meia-tigela à frente de organismos tão relevantes como a Comissão Europeia, temos nós andado a pagar com a presença de Durão Barroso durante todos estes anos em que o ideal europeu tem sido posto em causa e em que, de facto, fruto de uma liderança inexistente, soçobrou, pondo-se de gatas aos pés de Merkel.
Contudo, não tem havido campanha, não tem havido esclarecimento, não tem havido nada. Pelo menos que eu tenha visto (e, confesso, não tenho sido espectadora televisiva assídua - mas, do que vejo, ouço e leio, tem sido uma vergonha). Depois do que tem acontecido a Portugal, que estes políticos de trazer por casa não tenham conseguido arranjar um modelo de campanha eleitoral em que, com elevação e respeito pelos eleitores, consigam explicar ao que vão, o que propõem para a Europa, parece-me imperdoável.
Por isso, não me sendo prestado esclarecimento, vou eu, pelos meus dedos, à procura de alguma informação.
Nas eleições europeias anteriores havia um teste que colava as nossas respostas a questões transversais e críticas às respostas dos diferentes candidatos e às posições dos partidos concorrentes, indicando depois qual o partido que melhor correspondia às nossas ideias.
Contudo, não tem havido campanha, não tem havido esclarecimento, não tem havido nada. Pelo menos que eu tenha visto (e, confesso, não tenho sido espectadora televisiva assídua - mas, do que vejo, ouço e leio, tem sido uma vergonha). Depois do que tem acontecido a Portugal, que estes políticos de trazer por casa não tenham conseguido arranjar um modelo de campanha eleitoral em que, com elevação e respeito pelos eleitores, consigam explicar ao que vão, o que propõem para a Europa, parece-me imperdoável.
Por isso, não me sendo prestado esclarecimento, vou eu, pelos meus dedos, à procura de alguma informação.
Nas eleições europeias anteriores havia um teste que colava as nossas respostas a questões transversais e críticas às respostas dos diferentes candidatos e às posições dos partidos concorrentes, indicando depois qual o partido que melhor correspondia às nossas ideias.
Fui à procura do equivalente para 2014 e encontrei um ligeiramente diferente mas que, no fundo, vai dar ao mesmo. A plataforma ELECTIO2014 foi desenvolvida pela VoteWatch Europe, uma organização independente que monitoriza e analisa as atividades de tomada de decisões do PE e do Conselho de Ministros da UE.
O que podem ver aqui abaixo é a lista de perguntas e as estatísticas obtidas, contando com as respostas obtidas até à data. Não sei se graficamente vai resultar. Se não resultar, se calhar retiro do ar.
O veredicto no meu caso?
Surpreendente. Então não é que os partidos dos quais as minhas respostas mais se aproximam são o Livre (Rui Tavares), MPT (Marinho Pinto) e, vá lá, estava a ver que não, o PS...?
Não sei qual o rigor, fiabilidade e isenção desta ferramenta, mas, caso queiram também experimentar, entrem aqui.
Este quadro mostra o resultado das votações efectivas por parte dos actuais eurodeputados e as estatísticas das votações nesta ferramenta informática.
Este quadro mostra o resultado das votações efectivas por parte dos actuais eurodeputados e as estatísticas das votações nesta ferramenta informática.
Estas estatísticas são baseadas em 43411 testes concluídos.
Tópico | Votos de Eurodeputados/as | Como votaram os utilizadores |
---|---|---|
1. Deveria haver um aumento no orçamento plurianual da UE para o período 2014-2020?
| 73.33% 3.33% 23.33% | 37.32% 22.41% 40.26% |
2. A Política Agrícola Comum deve continuar a ser uma prioridade política para a UE?
| 72.78% 1.46% 25.76% | 42.05% 14.96% 42.99% |
3. A UE deve continuar a apoiar financeiramente o desenvolvimento de regiões e cidades mais pobres da União Europeia?
| 77.25% 15.42% 7.33% | 73.51% 8.13% 18.36% |
4. A UE deve continuar a gastar dinheiro em ajuda ao desenvolvimento dos países pobres?
| 84.24% 10.14% 5.62% | 68.31% 10.14% 21.55% |
5. A Comissão Europeia deveria ter poderes mais alargados para impor disciplina orçamental nos países da zona euro?
| 77.58% 9.73% 12.68% | 53.41% 14.58% 32.01% |
6. Os países da zona euro deveriam agrupar as suas dívidas públicas através da criação de Eurobonds?
| 74.42% 7.51% 18.06% | 31.31% 18.12% 50.57% |
7. Deveria existir um novo imposto sobre as transações financeiras na UE?
| 71.09% 6.72% 22.19% | 43.81% 12.43% 43.76% |
8. A UE deve reforçar e ampliar o seu mercado interno no que concerne aos serviços?A UE deve reforçar e ampliar o seu mercado interno no que concerne aos serviços?
| 54.46% 2.08% 43.45% | 63.32% 18.54% 18.14% |
9. A UE deveria negociar um acordo de comércio livre com os Estados Unidos?
| 77.57% 4.72% 17.71% | 52.96% 13.13% 33.91% |
10. O Acordo de Comércio Anti-Contrafação (ACTA) deveria ser adotado?
| 5.72% 24.19% 70.09% | 37.40% 20.17% 42.43% |
11. Os pescadores deveriam ser obrigados a pescar menos, a fim de proteger as unidades populacionais de peixes?
| 75.38% 4.05% 20.57% | 72.65% 13.91% 13.45% |
12. Devem ser conferidos direitos adicionais as Estados-membros para restringirem o cultivo de Organismos Geneticamente Modificados (OGM)?
| 63.86% 1.36% 34.79% | 60.69% 14.08% 25.23% |
13. Os Estados-membros da UE deveriam ser instados a não autorizarem quaisquer novos projetos de gás de xisto?
| 37.97% 5.36% 56.67% | 51.84% 20.98% 27.18% |
14. A energia nuclear deveria ser gradualmente eliminada na UE?
| 35.29% 4.87% 59.83% | 45.67% 11.99% 42.34% |
15. A licença de maternidade com remuneração integral deveria ser prorrogada de 14 para 20 semanas em toda a UE?
| 48.30% 4.43% 47.27% | 59.67% 15.60% 24.73% |
16. A UE deve promover medidas para combater a homofobia?
| 72.39% 9.93% 17.68% | 72.12% 10.60% 17.28% |
17. Os Estados-membros da UE devem garantir o direito ao aborto seguro?
| 64.15% 5.75% 30.11% | 78.81% 8.98% 12.21% |
18. Deve ser permitido aos países da área Schengen reintroduzirem controlos fronteiriços de forma temporária?
| 74.19% 8.06% 17.74% | 40.49% 15.25% 44.26% |
19. A UE deve ter o seu próprio serviço diplomático?
| 85.25% 2.64% 12.11% | 51.34% 18.42% 30.24% |
20. O Parlamento Europeu deve ter o direito de decidir onde se reúne?
| 73.40% 5.17% 21.43% | 57.49% 22.10% 20.41% |
7 comentários:
Mas que coisa curiosa, deu-me PS entre os 61% e os 56%, o Marinho Pinto 60% e o Livre 60%. Extraordinário!
Vá lá que não caio no PSD/CDS.
P.Rufino
72% edite estrela, mas vou votar verdes.Vale o que vale.
e depois a mãozinha com o polegar para cima está em frente á questão, pode enviezar as respostas.
é como as guloseimas junto ás caixas registadoras, muitas questões assim é por impulso
P. Rufino,
Então é praticamente o que me deu a mim. Nem fazia ideia que o MPT andava por estas bandas. E acho o Marinho um tipo populista, um bocado dado ao verbo excessivamente fácil. Mas, de facto, ouvi o Pedro Magalhães dizer que se o MPT tiver um voto, o rouba ao PS.
E o Livre nem sei bem o que é e acho um disparate andarem a dividir a esquerda. Mas quem sabe se não é bom que haja mesmo um sobressalto para ver se os aparelhistas percebem que já eram.
Vamos ver.
Bob, não sei se quem se dá ao trabalho de votar é gente que facilmente se influencie.
Se as estatísticas que se vêem neste site fossem uma amostra significativa, o Parlamento levava uma reviravolta. Mas não é significativa pelo que não vale a pena estar optimista.
UJM,
Tem razão. Não me irá passar na cabeça votar quer no Marinho, quer no Rui Tavares do Livre (bom tipo, mas não chega. Divide, como diz). Já o PS, ultimamente (com algumas personalidades a juntarem-se a eles, podem fazer-me repensar. Simpatizo com a Joana Amaral, que ainda há não muito tempo almoçava num conhecido restaurante em Lisboa com o Medeiros Ferreira, já então, coitado, muito debelitado. Ora duas pessoas que respeito)tem vindo a distanciar-se da imagem tola que vinha dando. Felizmente. Vejo agora um PS mais "preparado" (mas, sincero? Não sei!) Quanto ao Marinho Pinto, que respeito e fez um bom trabalho na Ordem, genericamente falando, estou em total desacordo com as suas ideias no que respeita à eleição de magistrados, ligados a partidos políticos, como nos EUA, que ele cita como exemplo (um péssimo exemplo!), embora não todos os magistrados, conforme expôs na entrevista que deu à Revista da Ordem dos Advogados no início deste ano, o que, sobretudo num país como o nosso (mas mesmo nos EUA) teríamos uma Justiça ainda pior do que a actual e completamente nas mãos do poder político. Marinho parece desconhecer que o Conselho da Europa, de que somos membros, condena este tipo de propostas, que põe em causa a independência da Justiça. Enfim!
Vamos pois aguardar por Domingo, com o meu coração entre o ... e o ... é fácil de adivinhar.
P.Rufino
fanado do der - https://www.youtube.com/watch?v=KicA_0LNrsw
Partindo dos 20 tópicos deste Quadro - mas deixando cair 3 deles que registaram votações muito consensuais - e analisando as VOTAÇÕES de cada um dos sete Grupos do P.E. (2009-2014) perante estas matérias, constata-se o seguinte (N.B.: os deputados dentro de cada Grupo não estão sujeitos a disciplina de voto):
1) A maioria dos deputados dos 3 Grupos que constituem a chamada “Grande Coalisão” (Socialistas, Liberais, Populares), a qual tem DOMINADO A VIDA POLÍTICA DO P.E. desde o início, convergiu na aprovação de 9 destes 17 tópicos. A maioria dos Socialistas só uma vez expressou um voto contrário à proposta que viria a ser aprovada (tópico 8). A maioria dos Liberais expressou um voto contrário duas vezes (tópicos 7 e 15). E com a maioria dos Populares essa situação ocorreu três vezes (tópicos 12, 15 e 17). É portanto verdade que as votações do P.E. têm sido maioritariamente o resultado da convergência destes três Grupos pró-europeus (ou, pelo menos da convergência de dois deles). Em apenas um caso (tópico 15) as maiorias do EPP e do ALDE votaram contra uma proposta que seria aprovada por uma unha negra. Ou seja, a clivagem Direita-Esquerda não tem pesado na lógica de decisão do P.E.
2) Os Verdes/EFA (centro-esquerda) viram a maioria dos seus deputados ser vencida 4 vezes na votação final. A maioria dos deputados da GUE/NGL (extrema-esquerda) encontrou-se nessa situação 6 vezes. A maioria dos ECR (direita conservadora eurocéptica) outras 6 vezes. Já a maioria da EFD foi vencida 9 vezes na votação dos 17 tópicos considerados, fazendo jus a ser o Grupo da direita radical mais eurocéptica. Como os Não-Inscritos não formam um Grupo, não existem muitos estudos sobre os seus comportamentos. Mas é aí que se encontram alguns dos mais importantes partidos de extrema-direita dos Estados-membros, como a Frente Nacional (França), o Jobbik (Hungria), o Partido da Liberdade ou a Aliança para o Futuro (ambos da Áustria).
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