Cheguei a casa há pouco. Mais uma noite de laré. Enquanto os dias ainda estão granditos e as noites amenas há que aproveitar. Tirei umas fotografias e agora poderia falar no que andei a fazer e mostrar-vos em que param as modas - mas o facto é cheguei a casa tão cansada e tão perdida de sono (isto vai-se acumulando, sabem; a ver se este fim de semana consigo recarregar as baterias) que agora não tenho energia para as passar para o computador, escolhê-las, reformatar as que quiser colocar no blogue, etc, não tenho mesmo (e não faço outra coisa senão bocejar, credo). Fica para amanhã ou depois.
Além disso, já estou como ontem. Por um lado acho que deveria falar de coisas sérias mas, por outro, apetece-me é pairar com ligeireza sobre coisas que não interessam para nada.
E assuntos sérios é o que não falta. Um autêntico massacre:
E assuntos sérios é o que não falta. Um autêntico massacre:
- O Governo, se facultou dados que espelhavam uma realidade incompleta e que percebia que, com isso, ia induzir o FMI em erro, dando-lhes a ideia de que ainda existe margem para mais cortes de ordenados, fez mal. Mas, se o fez (e é óbvio que o fez), não consigo ficar espantada. Acho que esta gente que nos governa é, no seu conjunto, um bando de feios, porcos e maus. Seja porque gostam de fazer sofrer a populaça, seja porque são desmazelados, seja porque a sua incompetência não dá para mais, o que se passa é que dali só espero mesmo que façam porcaria. Por isso já nem me apetece falar deles. É gente que lá não devia estar e ponto final. Por cada dia a mais que lá estão, de mais disparates se vai sabendo. Se o dono de um restaurante contratar um cão como empregado de mesa, alguém se pode espantar se o cão meter as patas dentro dos pratos? Estranho será o contrário. É como com estes: a gente espantar-se-á é no primeiro dia em que façam alguma obra asseada.
- É como o iminente ataque à Síria. Sentimos que estamos em counting down e sabemos que muitas vidas se vão perder. Cirúrgica ou não, a intervenção vai sair cara em recursos de toda a espécie, incluindo os humanos. As consequências indirectas, neste caso, não serão inferiores às directas. Um perigo, esta brincadeira. E nem percebo quem é que vai financiar isto com os cofres americanos e europeus quase vazios. Tal como ontem referi, se houvesse alguma lógica nisto, dever-se-ia perceber em nome de quê e para quê se vai intervir militarmente num país - ainda por cima sabendo que isso vai perturbar o já de si instável equilíbrio de forças entre blocos de interesses económicos e geo-estratégicos antagónicos. Ninguém quer que se massacrem civis mas também ninguém quer que, sem provas (verídicas) e sem alternativas políticas conhecidas a priori, se avance à maluca. Mas parece que é isso que vai acontecer. Entretanto o governo sírio parece que entregou provas na ONU que demonstram que foram os rebeldes e não eles que usaram armas químicas. E, perante, divergências tão agudas e as inconsistências do costume por parte dos americanos, continua a assistir-se ao avanço, que quase parece irreversível, para uma guerra de consequências imprevisíveis. Não há dúvidas: o lobby do armamento e tudo o que tenha a ver com a indústria da guerra são vergonhosa e assustadoramente poderosos. É para isto que lhes dá jeito (a eles e ao sector financeiro) que nos governos dos países estejam zés-ninguéns sem miolos, joguetes fáceis, paus mandados sem moral.
- Também podia falar de uma notícia que me chocou (e devo mesmo ser muito parva para ainda me chocar com coisas destas). Transcrevo uma parte:
O presidente da Federação da Indústria Alemã (BDI), Ulrich Grillo, propõe como alternativa na resolução da crise grega que Atenas transfira parte do seu vasto património nacional para o fundo de resgate europeu, que poderá vendê-lo para se financiar.
Acho isto asqueroso. Primeiro, para ter excedentes na balança de transacções, a Alemanha exporta ou força a que os outros países importem (por exemplo impondo regulamentos cujo cumprimento só é possível com recurso a equipamentos fabricados na Alemanha, como aconteceu, por exemplo, com os equipamentos de climatização obrigatórios para efeito de restauro escolar), depois, para que tenham dinheiro para o fazerem, emprestam dinheiro; a seguir, quando as contas dos outros começam a mostrar sérios desequilíbrios, fecham os olhos à maquilhagem das contas; a seguir fecham a torneira e exigem o pagamento da dívida; como não têm como pagar, impõem-lhes juros agiotas e, quando os pobres estão exauridos e na mais indigente míngua, pretendem sacar-lhes o património. É certo que isto é um déjà-vu mas o que é chocante é como décadas (ou séculos!) de história em cima de episódios vergonhosos como o que se volta a pretender levar a cabo não serviram para os povos se precaverem. É mesmo a lei do mais forte - porque, de facto, deixemo-nos de fantasias, isto é uma selva e o resto é conversa.
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Por isso, porque tudo isto me parece mau demais, previsível demais, inevitável demais, é compreensível que só me sinta bem com os pés na rebentação, naquele sítio em que não é água nem deixa de ser: uma espuma que vai e vem, não deixando rasto.
Ou seja, só me apetece falar de coisa nenhuma.
No outro dia, quando estava in heaven e meia a dormir, vi na RTP 2 a repetição do Lado B do Bruno Nogueira. Estava lá a Manuela Moura Guedes.
O meu marido também estava entre o sono e a difícil vigília. Tenho ideia que quando fez zapping e foi ali parar, disse qualquer coisa como ‘coitada, olha para ela…’. Tenho ideia que levantei os olhos do Expresso que estava a tentar ler a todo o custo e que também fiquei impressionada. Fico sempre quando a vejo mas desta vez fiquei mais. Deixo aqui a parte inicial da entrevista, que tenho ideia que nem é a mais significativa daquilo que estou a dizer mas agora não consigo estar a ver tudo para escolher a parte mais obnóxia.
Mas não foi apenas pelo rosto insuflado – lá está: maçãs do rosto enxertadas, subidas, redondas, boca a transbordar de botox, arrebitada, esbardalhada, a disformidade do costume que, vá lá saber-se porquê, atrai tantas mulheres -, foi sobretudo pelos trejeitos dengosos, pelas boquinhas, parece que se estava a armar em boa, volta e meia toda ela parecia esponjar-se no braço do sofá, toda ela revirava olhos, boca, língua. Um disparate. E dizia coisinhas, parecia uma adolescente palerma – olhem nem sei.
Por mais do que uma vez o meu marido tentou tirá-la do ar, dizia que não conseguia ver aquilo. Mas as alternativas deviam ser piores, ou então era o nosso sono que nos deixava sem acção, pelo que por ali foi ficando.
Cheia de requebros, meneios, sacudidelas de cabelo, olhares lânguidos, queixava-se que estava sem trabalho, em casa, que gostava de voltar à televisão (e tudo isto, claro, à mistura com mostrar que se acha uma fantástica jornalista, acutilante, incisiva, brava, do melhor que há – quando era, sobretudo, mal educada, exagerada, incomodativa; as entrevistas conduzidas por ela eram um stress que não acrescentava nada à qualidade do que as pessoas diziam, pelo contrário, tinha vezes de quase nem as deixar falar).
Se eu fosse responsável por um canal de televisão também não a contratava. É conflituosa, cria atritos com os próprios convidados. Não é isso que a gente quer ver. Eu, pelo menos, chego à noite e quero é calma. Quero ser informada, sim, ouvir opiniões, sim, mas com bons modos, nem gritos, nem vozes sobrepostas, nem gente com modos arrogantes ou intempestivos.
... ou, continuando apenas nas mulheres:
Pense-se, por exemplo, na diferença para uma impávida mas incisiva Ana Lourenço, para uma serena e atenta Carla Moita
para uma tranquila mas certeira Clara de Sousa, e ainda para uma suave mas intransigente Paula Costa Simões.
Mas eis que vejo agora que a RTP a repescou mas, ó vã glória de mandar, ó tristes rasteiras do destino, já não para nenhum cargo de chefia, já não sequer para jornalista mas, tão só, para entertainer. Em vez do Malato, a Bocas Moura Guedes a apresentar um concurso, o Quem quer ser milionário.
Fico sem saber bem o que dizer. Não posso esconder que sinto uma certa pena. A vida dá voltas…
Percebo que ela se aborreça de estar em casa, diz que jardinava, que fazia ginástica, que tinha um personal trainer que a ajudava a manter a forma, coisas assim: de facto muito pouca adrenalina para quem se alimentava dela. Acredito que a ânsia por sair de casa e voltar à pica de ter as câmaras à frente devia ser muita. Talvez isso justifique a decisão de ir apresentar um concurso na RTP.
Mas será que justifica mesmo? Não será isso uma forma triste demais de nos voltar a aparecer pela casa dentro? Não sei. Não sei mesmo.
Mas será que justifica mesmo? Não será isso uma forma triste demais de nos voltar a aparecer pela casa dentro? Não sei. Não sei mesmo.
Às tantas perdeu-se mas foi uma artista da rádio, TV, disco e da cassete pirata.
Ou foram rosas e agora são cardos? É isso, não é...? Agora é chegado o tempo dos campos de cardos.
Foram cardos, foram prosas.
Ou foram rosas e agora são cardos? É isso, não é...? Agora é chegado o tempo dos campos de cardos.
***
A ver se amanhã escrevo sobre a nossa Avenue, nomeadamente sobre o que se pode ver por lá.
Hoje fico-me por aqui e a ver se consigo ir a pé até à cama.
Resta-me desejar-vos, meus Queridos Leitores, uma bela quinta-feira!!!!!
3 comentários:
Mesmo em "serviços mínimos" não posso deixar de comentar este poste.
Se eu soubesse tinha comprado uma televisão "LED" com um ecrã de maiores dimensões, para poder ver o "sorriso" da apresentadora em toda a sua largura...
:)))
A RTP parece que anda aos saldos com o nosso dinheiro. Era melhor terem ido à ribeira contratar um peixeira honesta!
Beijinho
Estou com algum sono, mas só para dizer que concordo e apreciei o que aqui nos diz, designadamente quanto ao assunto Alemanha / Grécia. Esta Europa está a ficar asquerosa. Nas mãos de uma extrema-direita ultra-liberal, sangussuga, miserável. Mas, eles estão lá, chegaram lá, porquê? Como? Porque estes estúpidos eleitores neles votaram. E assim têm o que merecem. No caso da Grécia, acreditaram no que a Direita, hoje no poder, lhes prometeu. Que negoceia com os credores cheia de medos e tibiezas. Por cá é o que sabemos e bem conhecemos. E mete-me algum asco esta nossa fraquíssima Oposição. Ninguém os tem no sítio, quer para redigir um programa credivel, quer para saber o que dizer á Troika. Este país tem uma porcaria de gente (políticos e eleitores), já nos dizia, a propósito de outros tempos, um dos nossos avós.
Quanto à Síria, Obama, depois de ter tido o servo da gleba, R.U, a fazer o trabalho sujo por eles (EUA), não me surpreenderia que atacassem aquele país árabe. Sem um mandato das N.U, ou seja, do CSNU, e nesse caso poderemos estar a abrir a caixa de Pandora da confusão no Médio Oriente. E nestas coisas ganham sempre os mesmos: a influente e poderosa indústria de armamento e as petrolíferas. Ambas, neste tipo de conflitos, sempre articuladas. Indústrias que vivem umas das outras, interligadas, a despeito de disfarçarem quanto podem. E amanhã porque não a China invadir e ocupar Taiwan? E a Rússia, outro qualquer país, invocando as mesmas razões e sem recurso ao CSNU/ONU? E Portugal, a UE inteira embarca nisto? A Nato já foi dando seu aval discreto, pela voz do seu, subserviente, SG (um tonto de um ex-político dinamarquês conservador). Um dia, o Ocidente, Europa/EUA, ainda vão morrer, politicamente, por aquilo que acordaram e deixaram fazer!
Quanto à Guedes das bochechas com botox, um raio que a partisse. Patético!
Tenha uma bela noite! Por aqui tivemos mais um incêndio de proporções consideráveis (que foi noticiado), vieram bombeiros em catadupa, abnegados como sempre e depois a GNR para investigar (no ano passado veio a PJ). Um vizinho, mais abaixo, por pouco não ficou sem a sua casa. Uma chatice!
P.Rufino
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