Hoje, depois dos compromissos, fomos fazer turismo para um dos sítios mais bonitos e turísticos de Lisboa (e do país). Já há algum tempo que não passeávamos por ali. À Champalimaud temos ido, gostamos daquele espaço. Mas da Torre de Belém ou do Padrão das Descobertas temos estado mais distanciados, tememos as multidões. Mas hoje fomos. Estava com saudades.
Muita gente, como seria de esperar, e agora também, em frente ao Museu de Arte Popular, com barraquinhas turísticas, barraquinhas de recuerdos insignificantes e banais, barraquinhas de comes, música. Não é nada de mais, não se pode dizer que seja uma tragédia. Em qualquer lugar turístico isto é normal. Dito isto, não quer dizer que goste. Não gosto. Mas compreendo que, havendo procura, é natural que surja a oferta.
Tirando isso, é aquilo de sempre: muitas pessoas, muitas nacionalidades, muitas línguas, diferentes idades. Heterogeneidade a todos os níveis. Disso eu gosto muito. Gosto de andar no meio da diferença, no meio de desconhecidos. Aliás é onde me sinto melhor, no meio de gente que não conheço e que transporta em si outras culturas, outros hábitos.
Fiz fotografias (e a ver se arranjo disposição para as passar para o computador), comi um gelado, senti-me livre, descontraída, turista.
E gosto imenso da Torre de Belém, acho uma obra de arquitectura fantástica e com um sentido histórico de que me orgulho. E, ao contrário de muita gente, também gosto do Padrão das Descobertas.
Todo aquele espaço, em cima do rio que se faz ao mar, é uma maravilha.
Claro que, mal o carro arrancou, qual bebé, comecei logo a pegar no sono. Micro-instantes de sono intercalados com o receio que o meu marido também adormecesse. Vim nessa luta até chegarmos ao supermercado onde fui comprar ervilhas, entrecosto e bacon para fazer tudo isso guisado com ovos. Afinal esqueci-me do bacon. Mas, não desfazendo, ficou bom na mesma.
Entretanto, há pouco caiu-me a ficha: recebi uma mensagem com as alterações no funcionamento da piscina nestes dias de páscoa. Com estes problemas todos, covides, doença da minha mãe, hospitais e quejandos, parece que ando meio desfasada do calendário. É certo que tenho conversado sobre as férias dos miúdos, sobre as suas notas, etc. Mas não estava a relacionar que, no fim desta semana, vai estar a páscoa à nossa espera.
Nunca foi data a que eu ligasse. Lembro-me de um colega muito dado a práticas religiosas que, escandalizado, me dizia que a páscoa é 'só' a data mais importante para os católicos.
Sempre me senti distante das práticas católicas e à páscoa, então, nunca liguei mesmo nada. Se puxar pela cabeça e quiser invocar uma lembrança familiar relacionada com a páscoa, a única coisa de que me lembro é do ninho de páscoa ou do bolo em forma de ouriço que a minha tia fazia, óptimo, uma massa de chocolate e bolacha, com lascas de amêndoas ou pinhões espetados, ambos com uma palha de ovos que ela também fazia, húmida, deliciosa.
O meu marido há bocado perguntou-me: então e como vai ser a páscoa?
Respondi: sei lá. E ia acrescentar: até lá não me doa a mim a cabeça. E então lembrei-me da mensagem da piscina e de que já nem meia dúzia de dias falta. Ou seja, já não tenho muito tempo para me organizar.
Quanto a práticas religiosas penso que, neste período pascal, seria uma boa atitude por parte dos católicos que, como forma de se distanciarem das práticas pedófilas dos padres e do encobrimento por parte dos bispos e demais hierarquia, não pusessem os pés nas igrejas. Isso é que era ser um bom cristão.
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O céu é dos ateus
(petisco apetitoso servido pela Porta dos Fundos)
Você acreditou nos sete princípios herméticos quânticos, na Bíblia dos espíritos, no Seicho-no-ie do pentateuco, no papa babalorixá, no rabino com bota de couro de python, na umbandista coach, na bruxa Wicca da Shopee, no Xamã de Sepetiba. Botou ayahuasca na hóstia ao som de atabaque em plena mesquita. Bom, ao menos você se divertiu?
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