quinta-feira, abril 06, 2023

Aconteceu aquilo que, até aqui, só tinha acontecido nos meus piores pesadelos

 

Já o confessei: parece que ando meio aluada. Muita mudança em simultâneo, alguma perturbação na rotina, algumas preocupações, alguma falta de energia. Tudo junto dá este cocktail em que parece que não ando completamente com os pés na terra. E é que, em simultâneo com isto, tenho sempre muita coisa para tratar -- as que andaram a acumular-se durante tanto tempo à espera destes dias mais as que, de repente, me caíram em cima.

Levanto-me (e, por incrível que possa parecer, sempre cheia de sono e a sentir-me a modos que meio desorientada), tentando organizar-me face ao programa de festas do dia e do que lá terei que encaixar.

Claro que, depois das abluções matinais e antes do pequeno almoço, costumo vestir-me normalmente.

E, nos dias em que tenho a hidroginástica, logicamente antes de ir, visto o fato de banho e preparo o saco, guardando a roupa interior, a toalha, a touca, os chinelos, a bolsa onde guardo o telemóvel e as chaves. 

Pois bem. 

Neste último dia, vendo que estava bom tempo resolvi vestir logo o fato de banho e ir assim tomar o pequeno almoço lá fora, ao sol. E não é pelo bronze, é mais pela vitamina D. 

E até aqui, tudo tranquilo.

Antes de ir para a piscina, arrumei o saco, verifiquei se tinha o cartão de acesso. Menina organizada.

Lá chegada, despi a roupa de fora, calças brancas e túnica fininha, guardei tudo no cacifo, coloquei a touca, calcei as chinelitas e ala moça, piscina com ela. Tudo jóia.

A aula voltou a ser puxada. Ora trabalham os abdominais, ora os ombros, ora se fortalecem os braços, ora as pernas ou, o pior de tudo, a coordenação e a concentração. A última que me deixa de cabeça à nora é saltar a abrir e fechar as pernas em tesoura, para o lado e juntar, abre para o lado, fecha e junta, e, ao mesmo tempo, os braços, não a acompanharem esse movimento mas, para a frente e para trás, desencontrados. Uma coisa terrível. E se estão para aí a rir, experimentem. Vão ver como é difícil... Mal dou por mim, estou com os braços a fazer o mesmo que com as pernas. E quando finalmente consigo atinar, lá vem o 'E troca!', ou seja, os braços a abrir e fechar ao lado do corpo e as pernas uma para a frente e outra para trás, e salta e salta e salta. E troca. Caraças.

Bem. 

No fim, para fazer o gostinho ao meu lado nadador, fui dar umas braçadas. Já aguento um pouco mais.

Portanto, quando saí da piscina já os meus companheiros e companheiras estavam nos respectivos balneários.

Quando lá cheguei para o meu duche só de água com o fato de banho vestido, já as minhas parceiras estavam quase no fim do seu duche, naked way, com gel e shampoo ou, outras, a vestirem-se. Cada um é como cada qual e eu sou pudica. Fazer o quê?

Dirigi-me, então, para a zona dos cacifos para me vestir.

Tirei o saco, a roupa, coloquei tudo no banco. Retirei a touca, abanei a cabeça para soltar bem o cabelo, e, com a toalha pelas costas, discreta e pudica, retirei o fato de banho. Só que, quando fui à procura do saco de plástico que costumo levar para pôr o fato de banho encharcado, a touca e os chinelos, onde estava ele...? Vi que me tinha esquecido. Portanto, tudo encharcado para dentro do saco.

Mas o pior... muito pior... estava para vir. 

Quando fui à procura das cuecas e do soutien... que é deles...? Espreitei. Nada.

Por um instante, nua debaixo da toalha, fiquei paralisada. Percebi que me tinha esquecido.

O que fazer? 

Para vestir, só as calças brancas, por sinal com o fecho meio estragado. Fecho-o mas, ao mínimo movimento, abre-se. Com uma blusa mais comprida ou uma túnica, não há problema, não se vê.

Mas sem cuecas...? Ui...

E por vezes não visto soutien mas, nesse caso, visto um top para evitar o efeito das transparências das blusas. Mas que é também do top...?

Sem soutien e só uma túnica fininha...?

Palavra...

Ainda hesitei, seria de voltar a vestir o fato de banho encharcado...? 

Não. Não ia passar pelo incompreensível vexame de voltar a vestir um fato de banho ensopado. E não me ia vestir por cima de um fato de banho carregado de água.

Então, foi o que teve que ser. 

Ali, ao pé das minhas parceiras desinibidas, eu, a pudica da turma, vesti as calças sem cuecas por baixo, e a túnica também sem soutien por baixo. 

Calcei os ténis, desejei boa páscoa e zarpei a todo o gás dali para fora. Na volta ficaram a comentar que, no fim de contas, o que sou é um espírito livre, nem cuecas uso...

Quando cheguei ao pé do meu marido vinha a rir à gargalhada. Quando lhe contei, ele nem queria acreditar. 'Ao fim de duas semanas de piscina já de lá vens sem cuecas...'

Expliquei-me: foi aquilo de ter vestido logo o fato de banho. Nos outros dias, quando visto o fato de banho, dispo as cuecas e o top e guardo-os. Assim... varreu-se-me... Ele, gozão: 'Sim, sim. Desculpa-te.'

Ainda por cima as calças com o fecho aberto. 

Espectácuuulo....!

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Levitating - Dua Lipa (1920s Style Cover) ft. Sweet Megg


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Um dia bom
Saúde. Espírito livre. Paz.

6 comentários:

ccastanho disse...

UJM

Um bom borrego ,e bem regado, para si e família.

https://www.youtube.com/watch?v=89EFCejfm2Y&list=RDAFpSJ2ozB2Q&index=3

Pôr do Sol disse...

Tudo está bem quando acaba bem. Nada melhor que uma boa gargalhada para arrumar um pesadelo.

Beijinho.Bom fim de semana

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho,

Muito obrigada.

Peço desculpa por não ter respondido aos comentários anteriores (em especial àquele em que falou do aperto em que se tem visto e que me deixou preocupada). Tenho andado meio incapacitada...

Um belo cabrito (ou borrego) pascal também para si!

Abraço.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Haja boa disposição, não é? E não nos levarmos a sério. Levarmo-nos sério é uma sensaboria. É bom a gente rir-se, sobretudo de nós próprios.

Beijinho, Sol Nascente.



ccastanho disse...

UJM
São águas passadas. Agora compro tudo feito, e que bom não ter responsabilidades com ninguém a não ser com a família. Até já tenho subsidio de férias e décimo terceiro mês, coisa, que levei
a vida inteira, sem saber o que era.

Se eu fosse católico, em vez de ateu, desejava-lhe uma santa Páscoa, assim, suponho que estamos do mesmo lado espiritual... olhe, um bom fim de semana.

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho

É preciso é saúde e boa disposição para ir enfrentando um dia e depois outro e depois outro. E conseguir sentir a alegria e o prazer de estar vivo.

E tem razão, também não sou dada a grandes santidades...

Um bom fim de semana!