Ora bem. No post a seguir a este mostrei a boa relação que Cavaco estabelece com os animais. Já o tínhamos visto derretido com as vacas, com as cagarras e, mais recentemente, com os cavalos. Faltava-lhe um peixe. Foi esta terça feira: condecorou um cherne.
Mais abaixo ainda falei de outra que se dá melhor com animais do que com gente: a ex-jornalista Eva Cabral que agora ganha a vida a assessorar o Passos Coelho e a destratar quem ganha a vida a trabalhar honestamente. Mostrei ainda o que é aquilo lá pelo Gabinete do láparo: gente que nunca mais acaba, uma coisa completamente gordurosa.
Mas tudo isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Outra, muito outra. Não podia acabar o meu dia com aquela bicharada mal escamada ou cagarreante agarrada aos dedos.
Por isso, abro a janela, deixo que entre o ar fresco e molhado da noite. E vou partilhar convosco dois momentos especiais.
E preservar o planeta para que as pessoas o conheçam, geração após geração, limpo e belo, e investigar para melhor usar os recursos, e apostar na investigação e no saber, ensinar, curar, entreter.
Pela felicidade das pessoas em geral deveremos deixar de parte pequenas ambições pessoais, ressentimentos, atitudes mesquinhas.
É isso que penso, é assim que ajo.
Mas colocando as pessoas em primeiro lugar, não descuro o amor pelo planeta no qual me foi dada a graça de viver. Respeito e amo a natureza como alguns veneram um deus.
Uma árvore, um rio, uma rocha, um animal, a chuva, a luz, a sombra, o vento, um céu que se ilumina, um solo que se cobre de musgos, uma flor que aparece e desaparece, o tempo que passa. Comovo-me perante a natureza.
Por isso, respeito também os animais. Respeito a sua dignidade. Sei que são inteligentes. Convivi, dentro de casa, durante treze anos, com um animal inteligentíssimo, meigo, amigo.
Observo os animais na natureza e admiro a sua auto-suficiência, a sua liberdade, a forma inteligente como vivem.
Não consigo, portanto, aceitar que haja animais maltratados, tratados de forma indigna, não suporto que se ignore a sua dor.
Não consigo ver filmes que mostram as quintas em que os animais vivem de forma ultrajante, sujeitos a total desconforto e mortos com terrível sofrimento.
Mas, em contrapartida, foi com gosto e emoção que vi um vídeo que a Margarida, grande defensora dos direitos dos animais, me enviou. Galinhas retiradas de aviários infernais são colocadas pela primeira vez no campo, num chão com erva, sentem a frescura da natureza. A surpresa e hesitação das galinhas é comovente.
Igualmente comovente é o outro vídeo que descobri. Queria fazer um paralelo, encontrar imagens de alguma criança que visse pela primeira vez. E encontrei. É emocionante. Tomara que haja cada vez mais consciência cívica e mais condições para tratar todos quantos precisam.
A alegria das duas irmãs quando conseguem ver pela primeira vez é uma alegria também para quem as vê.
Sonia e Anita, duas irmãs que vivem na Índia, eram cegas desde o nascimento mas uma simples operação tornou possível que vissem a sua mãe pela primeira vez. A organização não lucrativa 20/20/20 providenciou operações gratuitas a estas irmãs - assim como a milhares de outras pessoas em países em desenvolvimento. Isto dá às pessoas de comunidades pobres a possibilidade de construírem um futuro melhor. Neste pequeno filme, a Blue Chalk Media mostra a tocante história das duas irmãs e revela a sua reacção quando lhes retiram as compressas dos olhos.
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E então agora, depois das crianças, os animais. Ao ver o filme abaixo, lembrei-me de quando eu era pequena e ficava com uma das minhas avós. Isso era antes de eu ir para a escola infantil ou, depois dos 4 anos, quando saía da escola e até a minha mãe me ir buscar.
Essa minha avó vivia numa casa com muito campo à volta, uma largueza, uma vista até ao mar. E tinha patos. Mas os patos andavam à solta. Passavam em grupos e iam à sua vida. Nem eles se condicionavam pela nossa presença nem nós achávamos fantástico que os grupos de patos passassem por nós, saracoteando-se. Era normal. Depois, por volta das 5 da tarde, antes da minha mãe vir e, no tempo frio, antes que escurecesse, a minha avó dizia que fossemos procurar os ovos. Ia eu e o Tó, meu grande, grande amigo, um ano mais velho que eu, rapazinho muito atilado e inteligente de cuja companhia eu não prescindia.
Espreitávamos debaixo dos arbustos, percorríamos os caminhos que os tínhamos visto a percorrer, já conhecíamos os esconderijos onde costumavam depositar os seus tesouros. A minha avó dava-me uma cestinha onde nós depositávamos os ovos com mil cuidados. Às vezes, logo ali, quando chegávamos com os ovos, preparava-nos uma gemada, ovo batido com açúcar. Por vezes, fazia só com a gema, ficava mais macia mas não rendia, ia-se num instante. Geralmente fazia com o ovo inteiro.
Éramos muito felizes, eu, o Tó e os patos. Nunca nos passaria pela cabeça tratar os patos com desrespeito. Eles habitavam aquele espaço tal como nós. E davam-nos o melhor de si pelo que era de elementar justiça que nos sentíssemos agradecidos.
56 galinhas resgatadas de um aviário foram trazidas para uma quinta para aí viverem à solta, à vontade, vêem um campo a sério pela primeira vez.
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As fotografias foram feitas in heaven. Claro. A terra dos meus mil amores.
A música lá em cima é: Romance para piano e violino, Op.11 de Dvorak
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Relembro: continuando por aí abaixo encontrarão mais dois posts, qualquer deles relativo a gente que parece que está no seu melhor quando está a lidar com animais. Mas atenção com as extrapolações: há animais e animais (coisa que Orwell tão bem demonstrou).
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Desejo-vos, meus Caros leitores, uma boa quarta-feira.
Saúde, sorte e boa disposição são os meus votos.
(em vez de 'são os meus votos' ia dizer 'é o que vos desejo' mas lembrei-me a tempo: duas vezes desejo é exagero)
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5 comentários:
uma dica para a malta do escritório - http://www.youtube.com/watch?v=LT_dFRnmdGs
bob marley
http://www.youtube.com/watch?v=dsf_z4urc4s#t
bob marley
por isso é que desprezo todo aquele, ou religião ou outra merda qualquer que maltrata uma mulher. basta ter a mãe no pensamento para perceber isso
são chatas ás vezes, mas ninguém é perfeito-))
Mais um post fantástico, que revela grande sensibilidade. Se me permite, subscrevo inteiramente o seu texto.
"Many blessings to you for loving and respecting Mother Nature!"
Conceição Teixeira
Este seu video sobre as raparigas cegas que recuperaram a vista, ou visão, é absolutamente incrível. E comovente até. Um maravilha da Ciência Médica.
Ainda bem que em certos países – “curiosamente” economicamente subdesenvolvidos – ainda se consegue ter em atenção a situação médica dos mais pobres.
Este seu Post é excepcional. E você, UJM, para colocar uma coisa destas neste seu Post, tem de ser um pessoa excepcional também.
Grato pelo que me proporcionou. Emocionante!
P.Rufino
(PS: em relação ao outro das galinhas é terrível como as pessoas tratam os animais, que não têm defesa perante os homens. Qualquer que seja o animal tem os seus direitos. Até na forma de morrer – com dignidade e sem sofrimento (a Margarida compreende-me, pois eu concordo inteiramente com as suas posições quanto a esta questão).
Ainda outro dia quase me passei com um imbecil que estava a tratar mal o seu leal, obediente e pobre cachorro.)
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