terça-feira, junho 11, 2013

Edward Snowden, o espião que não gostava do que fazia. O que é o PRISM? Quantas pessoas das muitas que trabalham na Dell, na HP, na Google, no Facebook, no Twitter, na Microsoft, na Apple, etc, estão ao serviço dos Serviços de Informações? E são espiões ao serviço de quem exactamente? De Serviços de Informações de Segurança Nacional? Ou Comerciais? Ou o quê? Com que propósitos? E quem é que regula isto? É, afinal, este o Admirável Mundo Novo com que sonhávamos?


No post abaixo respondo à Leitora Cristina Honório Silva que me questionou sobre o meu apoio ao programa Parque Escolar. Explico qual, em minha opinião, é a grande vantagem de programas deste tipo e porque acho que devem ser apoiados. Ou melhor: exigidos - pelos alunos, pelos professores, pelas comunidades locais, por todos. E mostro fotografias relativas a algumas escolas onde ocorreram melhoramentos e que, apesar de algumas coisas que nelas tenham corrido menos bem, devem, em minha opinião, ser objecto de orgulho.

Mas isso é no post abaixo. Aqui a conversa é outra. Big Brother is Watching Us.




Hoje volto, ainda que brevemente (já é tarde...), a este assunto pois o tema da invasão da nossa privacidade informática volta a estar na ordem do dia.

LeioEx-colaborador da NSA assume fuga de informação sobre espionagem na internet.

O The Guardian, que publicou uma entrevista em vídeo de Snowden na qual mostrava a sua cara, indica que revelou a identidade do homem a pedido deste. Snowden foi ex-assistente técnico da agência de informações CIA, trabalhou quatro anos na Agência de Segurança Nacional (NSA) como um empregado de vários fornecedores externos, incluindo a Dell e a Booz Allen Hamilton, o seu atual empregador.

Leio ainda: o jornal Washington Post ter revelado que o FBI e a Agência Nacional de Segurança (NSA) utilizam portas de entrada escondidas no "software" fabricado pelas principais empresas informáticas norte-americanas para vigiar os utilizadores, um programa secreto designado como PRISM.




Não é novidade: usamos meios que desconhecemos. Os computadores que usamos, a internet que usamos, os programas que usamos, todos eles escondem mecanismos que não controlamos. 

Muitos são usados para nosso benefício. Quando automaticamente são instaladas actualizações de software (windows ou anti-vírus) no nosso computador, isso é bom e supostamente aumenta a segurança dos nossos computadores. Mas isso significa que algures na rede há programas que sabem quais as versões que temos instaladas e que nos enviam outras. Não sabemos nunca o que vem dentro dessas actualizações. Não sabemos que mais sabem sobre nós. Não sabemos também o que vem no computador que compramos.



The whistlblower
Edward Snowden:
I can't allow the US governement to destroy privacy and basic liberties
(The guardian)



Edward Snowden, ex-espião da CIA, trabalhou a seguir na DELL, empresa que fabrica computadores, mas isso era uma capa. De facto, trabalhava para a NSA. Trabalhava agora para a Booz Allen, das maiores empresas mundiais de consultoria, insuspeita, independente, especialista na cloud, em cybersecurity, e em mil coisas mais. Mas, enquanto trabalhava lá, estava de facto a actuar também ao serviço da NSA.

Espionagem a sério, pois.

E, ouvindo isto, é impossível não nos interrogarmos: quantos não trabalharão ainda na Google, no Facebook, no Twitter, no LinkdIn, na Microsoft, ...?

Quantos não sei, mas antevejo que serão muitos.

E, do que se ouve, não são apenas os Estados Unidos que estão envolvidos. É também sabido que o governo inglês está a ser questionado. E que o mal estar alastra por vários países.

Como expliquei no meu post que acima mencionei, estes softwares que estão na nuvem, correndo em potentes computadores algures no mundo, usam algoritmos que 'varrem' toda a informação que lá entra.

A utilização desses softwares (= programas de computador) como os que referi e que estão na base das redes sociais é gratuita para os utilizadores.




Eu, por exemplo, estou a usar o Blogger da Google e não pago nada. Não uso Facebook mas, se usasse, também não pagaria nada. Uso o Gmail e também não pago nada.

Mas alguém paga.

Os custos de manter aquelas infraestruturas sofisticadas são imensos: alguém tem que os pagar. Pagam os anunciantes e pagam as empresas que efectuam transacções através destas 'plataformas' (como se costuma chamar a isto). A torto e a direito recebemos publicidade. Alguma é genérica (medicamentos, por exemplo) mas outra é bem dirigida. Se falamos de fisioterapia nos mails, aparecem anúncios de clínicas de fisioterapia, se falamos de perfumes, aparecem anúncios de marcas de perfumaria. Não aparecem por acaso. Há programas que varrem tudo o que é escrito e que cruzam os anunciantes com os potenciais clientes.

Mas que mais fazem esses programas?




Se calhar, se falarmos do islão, somos catalogados e observados com cuidado. Sabe-se que isso acontece. E que mais?

Não sabemos. 

O que sabemos é que tudo isto é desregulado e intangível. Quando você que me está a ler começou a usar o correio gratuito ou o facebook, leu atentamente as condições a que estava a dar o seu acordo? E sabe se estão a ser cumpridas? E sabe se algures no mundo não há alguém a ler indevidamente a sua caixa de correio?

Não sabe.

Mas, de facto, não vale a pena vivermos atormentados com coisas que não controlamos... até porque há mais, há sempre mais do que aquilo que julgamos saber.




No outro dia, um Leitor enviou-me um mail com um link onde se pode ver como, de uma fotografia de rua, genérica, se pode reconhecer, uma a uma, todas as pessoas que lá estavam. São câmaras instaladas na rua que têm software que reconhece rostos. O texto que acompanhava o link era o seguinte:

And then we thought we could hide in a crowd! 

And this in combination with face recognition software! You can no longer hide... from this camera!!!

This picture was taken with a camera 70,000 x 30,000 pixels(2100 MegaPixels). It can identify a face in a multitude.

The cameras are not sold to the public and are beinginstalled in strategic locations. (This one is in Canada).

Place the cursor in the multitude of people and double click. It will continue to show the people closer. Double click as many times as you want.  Amazing!!

There were thousands of people and yet one can spot and recognize any face.

Clique aqui e depois vá efectuando duplos clicks e olhando. Incomoda, não é?


1984  não era para ser um manual de instruções



Big brother is watching you - lá dizia o outro. 

E, caraças!, está por todo o lado e nós sem sabermos onde....


*

Recordo que no post abaixo respondo à Leitora - a quem agradeço - que me interpelou num comentário sobre o Parque Escolar.

E, se me permitem, gostava ainda de vos convidar a lerem a minha história secreta no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, a love affair. Desta vez, quem se sentou a ler um livro ao lado do quarto onde eu estava nua foi o André Tomé. Ou melhor, peço desculpa (ao André): foi um poema dele que me inspiraram. A música que, a seguir, se pode, por lá, ouvir, é outra boa surpresa e uma vez mais, generosidade de um Leitor a quem muito agradeço: jazz sobre Bach por Jacques Loussier.

*

E mais nada por hoje. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!

2 comentários:

dbo disse...

Cara UJM,
Sem dúvida que os nossos passos já não são nossos (incluindo o Coelho que nunca foi meu), mas colectivos, e acima de tudo seguidos por tipos que nada nos dizem nem nos interessam. Tudo o que sucede, a mando de troikas e FMI, não passará de formas subtis de nos dominarem com vigilância cada vez mais eficaz e mais camuflada. Os próprios interesses de dominação acontecem por medida exacta e encomenda, cirurgicamente, com manipulação dos sistemas políticos e de governação. Enquanto não rebentarem com Wall Street e todos os clubes mafiosos da economia mundial, incluindo os off-shores, seremos sempre dominados por uma minoria de tipos do poder que andam, eles próprios camuflados (mas cada vez de forma mais deficitária, pois os espiados também começam a aprender a espiar).

Como exemplo falo-lhe de mim, como profissional de Estado e liberal. No Hospital, cada trimestre recebo um “mail” institucional em que me dizem, com exactidão, quantas e que receitas passei, com respectivos nomes e preçários; quantos e que exames pedi, também com preçários respectivos. Diferenciam medicação genérica da de marca. Referem quantos exames foram pedidos ao exterior. Fazem um somatório final de tudo quanto gastei.
Como sou controlado por digitometria ao segundo, sabem quando entrei, quando saí e, obviamente, se faltei e quando.
Mas o mais curioso é que no meu serviço da privada, a ACSS controla o receituário, da mesma forma, enviando-me para o meu “mail” de ligação, quantas receitas e quais passei. Se eram ou não genéricos ou de marca.
Através da DGCI controlam, pelos recibos electrónicos tudo quanto facturo e prescrevo.
É realmente o Big Brother no seu melhor. Estamos fritos, pois há alguns que conseguem escapar a algumas destas “câmaras” de filtragem e avaliação.

Muita saúde e felicidades.

Anónimo disse...

No caso E. Snowden, o tal rapaz que se decidiu divulgar as práticas da NSA, o que me escandaliza é o facto de as autoridades norte-americanas (com o aval do Presidente, essa “santa e angélica figura” que é Obama, um patife) acharem que têm razão e que o rapaz deve ser extraditado e uma vez nos EUA julgado e condenadoa umas centenas de anos – ou seja, prisão perpétua. Por outras palavras – eliminado, riscado do mapa. E o Mundo assiste a isto e reage com relativa indiferença, sobretudo quer para com o rapaz, quer, designamaente para o que está em causa – a nossa privacidade! Os EUA são hoje, muito provavelmente, um país sofisticadamente fascista, ou coisa assim, pois, a pretexto – uma mera justificação – da “Segurança” entende que tem o pleníssimo direito de violar a privacidade de tudo e de todos, norte-americanos, ou cidadãos de outros países. É gravíssimo o que este caso significa. Espantoso como se aceita - a larga maioria das pessoas em todo o Mundo é totalmente indiferente e passiva perante este caso – esta situação. É uma atitude, a meu ver, repugnante. Completamente atentatória do direito à privacidade. O rapaz, na minha opinião, procedeu bem. É um caso de consciência. Que ele, aos 29 anos – nunca é tarde, nem cedo – teve. E ainda bem. Não há uma voz institucional, a nível nacional, por cá, ou lá por fora, que – abertamente – condene esta atitude. Li que houve um deputado (curiosamente Conservador) no Reino Unido que citicou este escândalo e que a Comissária de Justiça da UE “manifestou preocupação, pedindo garantias junto das competentes autoridades norte-americanas de que os direitos europeus não fossem violados”, mais coisa menos coisa. Extraordinário! Ou seja, uns filhos de uma grande coisa que eu cá sei, com o apoio e conhecimento do seu Presidente decidem pisar e violar os direitos de privacidade dos seus nacionais e não contente com isso, com os cidadãos de outros países, e acham que estão cheios de razão! E que o mau da fita é o rapaz e que a eles lhes assiste o direito de o eliminar, porque é o que espera ao dito rapaz. Quanto ás câmaras fotográficas que aqui nos mostra a incidir sobre as multidões é também preocupante. Caminhamos, ou se calhar já estamos a viver numa sociedade global que cada vez mais nos controla, sabe dos nossos passos, das nossas vidas, dos nossos gostos, enfim de tudo que nos respeita. Assustador – e condenável! O nosso Fisco tudo faz e tenta para saber em que e como gastamos o nosso dinheiro. Ontem, num almoço onde estava gente mais jovem - 22-30 – eles eram os menos preocupados e mais indiferentes perante isto. E, curiosamente, os menos politizados, mas mais ambiciosos num vale tudo sem olhar a meios para obter os fins. Esta Sociedade começa a enojar-me. Sinceramente. Um dia vou deixar este Mundo com um encolher de ombros. Um raio que parta quem cá fica. Problema deles. Que se lixem! Ou então, mexam-se, lutem!
P.Rufino
PS: quanto á publicidade que me aparece na Net, sou completamente imune. Indiferente. Aliás, sou imune a toda e qualquer publicidade. Nunca a vejo, leio ou reparo nela. Não me recordo de alguma vez ter comprado o que quer que seja através da publicidade.