Nestes tempos de greve de professores, afinal o colégio arbitral resolveu que não é caso para decretar serviços mínimos para o dia dos exames e o Crato-do-mamar-doce lá nos apareceu, ar ressabiado, dizendo que vai recorrer. Esta gente não sabe gerir situações mais complexas. Estavam bem governadas as empresas se à sua frente estivesse gente emburrada que resolvesse fazer braço de ferro com os trabalhadores, pondo em causa os clientes. Só visto.
Mas há dias em que não tenho paciência para gente tão fraquinha: não vou falar disso. Coitados dos alunos. Não o digo por causa da greve dos professores mas por estar um sujeito tão fraco (a todos os níveis!) à frente do Ministério da Educação. Os alunos, os professores e o País em geral mereciam melhor sorte. Mas que é que se podia esperar num desGoverno destes? Milagre seria o contrário.
Adiante.
Podia falar da assumpção, por parte do Padre Francisco, de que há um lobby gay (não me dá jeito escrever lóbi; na volta sou uma conservadora) e corrupção dentro do Vaticano. Novidade disto? Nenhuma. Mas é a primeira vez que um Papa o assume, assim, sem papas na boca. Diz ele que não é fácil desfazer redes antigas mas parece que alguma coisa é capaz de vir a acontecer já que está uma brigada de limpeza no terreno.
Mas também não me apetece falar nisto. Estou noutra.
Devia mesmo é falar do que vai acontecer na Grécia sobre o fecho de televisão e da rádio pública, assim, à bruta. As pessoas reuniram de urgência mas a decisão é inabalável: 2.700 pessoas para a rua de súbito.
Dizem com naturalidade: é imposição da troika. Da troika?! E aceitam?!?!?! Cambada de cobardes, de vendidos.
Fico perplexa. De boca aberta. Estupefacta. Custa a aceitar. Isto agora já é assim?!?! E ninguém acha isto esquisito? Ninguém vira a mesa?! Ó senhores que isto me deixa varada!
Adiante que eu, com isto tudo, estou speechless, que é como quem diz, sem pio.
E, assim sendo, vou esparveirar para ver se me distraio.
José Castelo Branco, a verdadeira biichaaaa....! |
Vou antes falar, já viram no título, do José Castelo Branco e da sua bem-amada, a Srª Dona Lady.
Na primeira vez que deu o Splash! da SIC, com a histriónica Júlia Pinheiro, eu não sabia o que era. Como aqui em casa há um habitante que só pára de fazer zapping quando adormece, calhou passar por lá. Fiquei fã.
Nem vou tentar explicar porquê pois temo que os argumentos ainda fossem piorar mais a má impressão que esta confissão possa estar a causar em vós.
Provavelmente estes são os que passaram à próxima eliminatória mas não garanto, os meus conhecimentos não chegam para tanto |
Mas também não vou explicar porque, de verdade, não sei bem qual a verdadeira razão. Não sei se é por exaustão face ao resto da programação televisiva, já não há pachorra para tanto papagaio!, se é porque gosto de ver os chapões que eles dão ao princípio, acho graça a atirarem-se à gato, enroscados de frente, gosto de ver como, aos poucos, vão superando o medo, e como eu os percebo (as vertigens que eu tenho, só de escrever isto já sinto os pés a ficarem esquisitos, é uma espécie de formigueiro, nem sei), gosto de ver como depois conseguem voar para a frente, entrar direitinhos na água (outras vezes nem tanto mas não interessa, superam-se e isso é o mais importante).
José Castelo Branco na versão 'diva prepara-se para voar' |
Eu nunca fui capaz de saltar de uma prancha. Adoro nadar, gosto de nadar fora de pé, longe, quando era mais nova, então, nadava até bem longe, até olhar para baixo e ser escuro, escuro, bem fundo, não tenho o mínimo medo. Quer dizer, agora já não me aventuro assim. Penso que posso ter uma cãimbra ou que posso ser levada por uma corrente. Já não vou para tão longe. Mas das alturas tenho mesmo medo... Nem nunca consegui dar aquelas cambalhotas no ar. Nem de perto nem de longe. Nem consigo imaginar o meu corpo a ganhar o balanço suficiente para se elevar e dar aquelas piruetas malucas. E sempre tive pavor quando os meus filhos, em miúdos, faziam trinta por uma linha. Juntavam-se com os primos e era cambalhotas no ar umas atrás das outras e eu em pânico. Pânico.
Talvez por esse lado, acho graça a este programa.
Claro que me enerva o lado pindérico-emocional da Júlia Pinheiro a pedir aos familiares que digam que amam os saltadores e outras cenas pífias. Mas passo por cima disso para ver o resto.
José Castelo Branco aqui na versão sereia pronta para a dança sincronizada, molinha no nariz, luva alta, branca |
E depois há esse personagem rocambolesco a que acho um piadão: o Castelo Branco, o Conde que gosta de pintar a manta. Uma mulher autêntica mas com um sentido de humor que dá gosto, a rir-se dos botoxes, a rir da falta de jeito.
Não me lembro se foi no primeiro dia se noutro, a Júlia Pinheiro, outra que tal, olhando-lhe para o bas fond, perguntou se não havia ali nada, e ele, na maior descontração, disse que havia e que até era de bom tamanho, que tinha posto para trás.
José Castelo Branco: uma mulher num corpo de homem ou um homem num corpo de mulher? |
E eu ali a olhar-lhe para o meio das pernas a ver se percebia onde teria ele escondido o coisinho.
E todo ele faz pose, altas toilettes, e de saltos altos, toda pintada, a biichaaaa...!, e sempre na boa, na brincadeira.
Splash!, a sereia José Castelo Branco e a Srª D. Lady |
E a Senhora Dona Lady, toda risonha, coitadinha, nem sei quanto tempo aquelas duas almas levarão para se arranjar, ele na maior produção e ela, de boquinha meio aberta, meio ao lado, sempre sorrindo, e ainda toda direitinha. No outro dia, estando ele a tentar cantar (que aquela bichaaaa! não tem medo nem vergonha de nada, vai a todas mesmo sem as saber fazer), no fim perguntou-lhe, em inglês claro, se ela tinha gostado. E ela, tão querida, lá lhe disse que sim, com ar meio adormecido ou meio condescendente ou, então, não conseguiu fazer outra expressão.
Isto dito assim, pode parecer que estou a gozar mas não estou. A sério que aquelas duas são tão do além que até sinto simpatia por elas.
O casal maravilha no seu melhor, José Castelo Branco e Betty Grafstein, talvez a criatura e o seu criador, não sabendo eu qual é qual |
E quando o vê na piscina a fazer aquelas palhaçadas, toda ela tenta sorrir, e não se percebe se está mesmo consciente ou se o botox a deixou assim, de boquinha arreganhada como se estivesse a rir.
(E lá estou eu... mas não estou a gozar, a sério que não, mas é que são tão fora do comum que a gente não consegue ficar indiferente. Eu, pelo menos, não consigo.)
Uma graça. Acho que aqueles dois são felizes. Vejo-os e parece que é gente boa onda. Claro que é uma realidade paralela, uma coisa do além, mas tem graça. Ele encarna todas as personagens: ou chefe de claque, ou sereia, ou diva. Uma graça. E ela acha-lhe piada, não se incomoda com os excessos dele, ali andam sempre os dois juntos.
José Castelo Branco: the cheerleader Feminina e abandonada, prestes a ser atirada para a água pelo guerreiro |
Acho que é gente inofensiva, bem disposta. Não vejo a menor razão para dizer mal deles. E gostei de vê-lo a ir dar um beijo ao filho, um rapagão normalíssimo que, curiosamente, parece aceitar bem a excentricidade do pai.
Pai e filho. Uma ternura. Quase parece mãe e filho mas isso não interessa. |
E, portanto, vocês estão a ver: não é melhor escrever sobre eles do que sobre os padrecos que pregam a castidade e andam enfiados nas saunas gay? Ou sobre os que andam a fazer trafulhices no banco do Vaticano? Ou sobre o sonso do Crato? Ou sobre os estafermos que vão fechar a televisão pública grega e pôr 2.700 pessoas na rua?
*
Acabei de ver as estranhas imagens do fim da televisão pública grega. As pessoas estavam em estúdio a falar e de repente desapareceu tudo e apareceu a indicação de que não havia sinal.
De facto, parece que não há: parece quase mão haver nem sinal de democracia. Nem sinal da vida que julgávamos normal, eterna, maternal. Que impressão me fez, que impressão. Como é que se aceita uma coisa destas? Como?!
Diz que vão fazer uma empresa mais pequena, mais rentável, e que alguns dos que foram agora humilhantemente despejados, talvez sejam repescados. Sinto-me sinceramente enjoada perante uma coisa destas. Nem sei se a palavra é enjoada ou enojada. É isto a democracia que estamos dispostos a aceitar?
Diz que vão fazer uma empresa mais pequena, mais rentável, e que alguns dos que foram agora humilhantemente despejados, talvez sejam repescados. Sinto-me sinceramente enjoada perante uma coisa destas. Nem sei se a palavra é enjoada ou enojada. É isto a democracia que estamos dispostos a aceitar?
*
Bom. Fico-me por aqui. Como de costume gostaria que me visitassem no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, a love affair.
Mas hoje gostava ainda mais porque talvez me ajudem a desvendar um mistério. Apareceu-me uma fotografia misteriosa que eu não dei por ter tirado (e só eu é que tiro fotografias) - parece uma folha manuscrita, uma coisa mesmo estranha. Escrevi sobre isso e desta vez foi a fotografia que me inspirou.
Contudo, como se as coisas não estivessem já suficientemente misteriosas, como que por magia abri um livro ao acaso e apareceu-me um poema, que era do Casimiro de Brito, que parecia ter a ver com tudo aquilo. Há coisas que parecem mesmo do além (mas sei que não são, ou são coincidências ou coisas que, por ignorância minha, ainda não entendo). A música é, de novo, Jacques Loussier a interpretar Bach com ar de jazz, uma maravilha.
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E é isto. Tenham, meus Caros Leitores, um belo dia, e, se possível, pleno de sorrisos e afectos.
4 comentários:
Minha cara UJM,
Só você me fazia rir, com tanta desgraça economico-social que por aí anda! Tirou-me do sério. Ainda bem. Rir, com o dizia o “Reader`s Digest”, é o melhor remédio. Refiro-me ao casal bizarro, aquelas duas criaturas cuja existência não lembra ao Diabo! O JCB até não ficava mal como porta-voz do Passos: “e agora, meus queridos contribuintes, venho anunciar-vos umas tantas más notícias, a pedido do Pedro Facebook, mas não se assustem pois pior seria se os queridos tivessem partido uma perna”, diria ele/ela naquela sua voz efeminada.
Já quanto à decisão do governo Grego, a Direita, seja ela “grega”, ou daqui, cede sempre à pressão do dinheiro, dos mercados, do FMI, do BCE, das Troikas da vida, etc.
Em vez de tentarem outras soluções e outra forma de negociar as coisas, preferem por-se de joelhos.
O Crato-cobra já não surpreende ninguém. É moeda do mesmo troco, igual aos que o rodeiam.
Ri-me também a ver, no Publico-on line”, um deputado do PCP numa comissão parlamentar onde estava o Ministro Pastel de Nata a responder à rapaziada quando aquele deputado puxou do Borda de Água para exemplificar as teses justificativas do tolo do Gaspar. Vá lá, ao menos o Alvaro tem algum sentido de humor e riu também.
Duvido que Gaspar saiba rir.
Parece que vem aí outra vez mas calor. A ser assim, na lógica do Gaspar, a economia vai disparar. Vai vai! Resta saber em que direcção!
P.Rufino
Os figurantes: do nojo (de "luto") do Crato ao nojo (de náusea) do Castelo Branco ou o estado a que isto chegou.
:)
(...)
Dizem com naturalidade: é imposição da troika. Da troika?! E aceitam?!?!?! Cambada de cobardes, de vendidos.
Fico perplexa. De boca aberta. Estupefacta. Custa a aceitar. Isto agora já é assim?!?! E ninguém acha isto esquisito? Ninguém vira a mesa?! Ó senhores que isto me deixa varada!
(...)
Pois... e lá fui eu ler o que escreveu a seguir e ri-me! Juro que me ri. Bem... confesso... adoro rir-me mas é coisa do passado, aquele riso de felicidade que vem de dentro e que o bem estar consegue arrancar (agora rio-me, sim, mas de circunstância e sempre a pensar quando o meu "vencimento" é de novo assaltado) mas continuando... vou voltar aqui, é uma lufada na escrita este seu blogue, já o coloquei nos favoritos... vou voltar, porque agora tenho que sair, bem... aquelas coisas de dona de casa, motorista, enfermeira, cozinheira, companheira, etc, etc...
Beijo :-)))
Olá Menina Marota,
Ultimamente não respondo aos comentários (e sinto-me muito malcriada por isso mas, como só escrevo de noite e sou muito escrevinhadora, quando respondia a cada comentário, só conseguia começar a escrever depois da meia noite e deitava-se de madrugada. Andava a ficar excessivamente cansada.).
Mas porque é a sua primeira visita aqui, não quero deixar de lhe agradecer a visita e as simpáticas palavras e explicar porque, de futura, apesar de ler e agradecer cada comentário, não responderei.
Já estive a ver o seu blogue e gostei. É então uma Poetisa? E é bem gira...!
Tenho um outro blogue, o http://ginjalelisboa.blogspot.pt/ onde divulgo poemas de poetas de que gosto e sobre eles e sobre fotografias minhas (adoro fotografar!), componho pequenos textos. dado ser uma Mulher de Palavras talvez queira dar uma espreitadela.
Espero que vá encontrando por aqui 'conversa' com que se identifique ou que, mesmo que não concorde, ache que têm algum interesse ou ache alguma graça.
Agradeço muito as suas palavras simpáticas. Volte sempre!
Beijos!!!
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