terça-feira, janeiro 18, 2022

Legislativas 2022 / RTP: Grande Debate televisivo entre os 9 maiores
-- balanço final
(e disclaimer sobre o meu quadrante político)


Acabou o debate e, no fim, pouco tenho a acrescentar ao que escrevi no início. O facto é que adormeci e, ao acordar, voltei a ouvir  o que estavam a dizer no início. Déjà-vu.

Por isso fico-me por onde já estava:
  • O António Costa obviamente está com a sua gravata verde. Continua bem disposto, tranquilo e a falar com segurança.
  • Tirando isso, isto ainda nem arrancou e o Rui Rio já está a falar alto de mais, dando mostras de querer desorientar-se.
  • Catarina Martins continua loura e com aquele seu arzinho sonso e teatreiro. Não aprende. Julga que está a falar para parvos e que pode continuar a vender a sua hipocrisia como se alguém acreditasse que é a santinha que finge que é. Aquele sorrisinho já não se aguenta.
  • João Oliveira continua entroncado e tisnado, com ar de quem se alimenta bem. Poderia ser um potente motorista ou um valente agricultor. Vem com a conversa engatilhada e fala compulsivamente, sem ser capaz de ir straight to the point. Não sou de dizer isto mas hoje tenho que dizer: o homem engoliu a velha cassete do PCP.
  • O Chicão começou por dizer uma anedota, o que fez o António Costa desatar a rir. Está aqui para fazer um número de stand up e tentar mostrar que é um sarrafeiro ainda pior que o Ventura. Trazer putos que estão na idade da ramboia para uma cena destas só podia dar em baderna. Alguém o leve, se faz favor, com os seus lindos olhos azuis, de volta para a escola infantil. E vistam-lhe um bibe para ficar ainda mais fofo.
  • A Inês Sousa Real veio com um look discreto que lhe fica muito melhor do que o último em que estava muito gaiteira. Mantém-se assertiva, bem preparada e continua a surpreender-me. 
  • O Ventura falou, falou, falou e, como sempre, não disse nada. É um espalha-brasas, um vendedor de banha da cobra, uma nódoa
  • O Cotrim Figueiredo está com ar lavadinho, parece que saiu do banho, mantém-se bonitinho como sempre... mas hoje está irritadiço. A continuar assim deixo de lhe prestar atenção. Não gosto de gente que se arma em agressiva. 
  • O Rui Tavares mostra que é inteligente, parece ser sensato e ter bom senso. O drama dele é não saber escolher equipas. Ainda estou traumatizada com aquele mau passo dele ao escolher a Joacine. 
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Quanto ao meu posicionamento político e partidário, aproveitando a boleia do Provas de Contacto (Provas de Contacto: ... não sei, não... The Political Compass  Votóm...), fui fazer os testes. As perguntas do Observador são simplórias e enviesadas mas, ainda assim, respondi. Depois fui para o teste mais apertado

O resultado aqui está. Não me admiro. Diz-me que tenho uma coincidência de 80% com o programa do PS. É o que é. Ou melhor, sou o que sou.

A nível da bússola estou no quadrante balizado pela esquerda e pelo look libertário cosmopolita. Está certo.


Quanto ao teste mais completo, confirma-se: esquerda libertária. 
Tá-se.

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E agora?

8 comentários:

Susana disse...

Ainda não vi o debate mas irei fazê-lo mas deverá ser mais do mesmo. Também fiz o teste do observador e achei as perguntas ridículas mas pronto, é o que é.

Conheci-te hoje e estou a gostar. Prometo voltar
Beijinhos
Susana (www.dajoana.com)

a kullervo disse...

Somos todos pátina pré-processada.
(Há quem julgue que passará incólume.)

"Je veux plutôt rester dans
mon cercueil de verre
Mon corps parfait ne sera jamais
Un festin des vers"
Jeunesse Dorée (excerto), De-Phazz

"Em vítreo féretro decerto
me quedaria
Da pulcritude minha a vérmina
nem querendo degustaria."


[Sobre o debate et d'ailleurs...]
As opiniões deveriam ser tratadas como as pedras preciosas: antes de serem exibidas seriam sujeitas a meticulosa e paciente lapidagem, a fim de revelar a sua forma mais depurada. Ainda assim, a maior parte nunca passaria de mero pechisbeque.

Cordiais cumprimentos.

João Lisboa disse...

Só gostava de saber como conseguiu publicar a "bússola ideológica" sem ficar com o fundo preto...

:-)

Um Jeito Manso disse...

Olá Susana

Obrigada. Já estive a cuscar o seu site e a ver os produtos que lá tem e que me parecem interessantes.

Volte sempre, sim.

Dias felizes.

Um Jeito Manso disse...

Kullervo,

Com que alegria o vi por aqui. Como sempre, o seu comentário tem surpresas escondidas. É como aqueles livros de crianças que têm janelinhas que a gente abre e têm lá dentro um desenho ou uma umas palavrinhas mágicas.

Estive a ouvir tudo (e a ler as respectivas letras, claro, para ver se nada me escapava) e até usei a do Tom Waits no post de hoje. Obrigada.

O seu cepticismo em relação a isto tudo já eu sei e percebo. Só não partilho totalmente pois sou geneticamente optimista... Se formos tão descrentes em relação a tudo, a que nos agarraremos? Sem esperança, somos o quê?

E, sabe?, gostei muito da sua tradução. Melhorou as palavras originais.

Devia era vir aqui mais frequentemente, kullervo. Faça isso, ok?

Um Jeito Manso disse...

Olá João,

Pois não sei que lhe diga... Claro que poderia dizer que tinha photoshopado a bússola... Mas não. Limitei-me a usar a ferramenta de recorte do windows. Agora que eu a preferiria elegante, com o fundo preto como o seu, lá isso é verdade. É que, tal como com um vestido preto, com um fundo preto eu não me comprometo.

E vai daqui um piscar de olho. 😉

Um dia bom, João.

a kullervo disse...

Cara UJM,

"Sem esperança, somos o quê?"

(I)números universos caprichosos, brotando da m'água, eternos reféns de centrí-fuga febril. Uns caem, em solidão. Outros, (en)fadados à rota de colisão...
... humanos

(dolente adagio, salpicado de espúrios intermezzi sorridentes.
Nota: o alegre interlúdio falaz sói ser.)

Optimistas por defeito, fatalistas por desígnio, tudo parece indicar que todos são necessários para que o I Ching (Yi Jing) nunca deixe de ser fascinante e, possivelmente, para que (o Mundo) nunca deixe de ser claro de uma forma obscura. (O I Ching resumido e adaptado para a mentalidade lusa? Fácil: "Deus escreve direito por linhas tortas" e "Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe". Tudo o mais são minudências místico-filosóficas para sinólogo ver.)

"Levo uma garrafa e vou beber para o jardim.
Conto com os meus amigos, trio inseparável... eu, minha sombra e a trémula Lua.
Felizmente, de vinho a Lua nada sabe, e a sombra nunca sequiosa.
Obsequiosa, a Lua escuta enquanto canto. Danço, e a sombra dança também.
Amigos despedem-se quando os festejos chegam ao fim. Essa tristeza não é para mim.
Voltamos para casa juntos, a Lua e eu, com a sombra por companhia."

The Little Fete, Evangelos Papathanassiou (a partir de um poema por Li Bai)

Um Jeito Manso disse...

Oh kullervo... que palavras sempre tão bem escolhidas, sempre com esse seu gosto requintado. Leio com a atenção que é devida às coisas raras.

Espanto-me sempre com a escolha das músicas frequentemente inesperadas e, tantas vezes, tão do meu gosto. E geralmente desconhecidas para mim.

Por vezes sinto que as suas palavras e as suas músicas são um roteiro. E porque há algum mistério na forma como se entretecem ainda mais me agradam.

Mas parece que há sempre solidão e tristeza em si. Podia ser apenas cepticismo. Mas eu acho que há também solidão e tristeza. E eu gostava de ser capaz de descobrir as palavras certas para o fazer sorrir e ter vontade de escrever palavras mais esperançosas. Mas não sou...

Olhe, já viu que a lua está tão bonita?

Um abraço, kullervo.