Desde que a descobri passou a ser companhia sempre presente na minha vida. Adélia Prado é daquelas pessoas luminosas de quem se pode dizer que é 'do bem'. Sorrindo, fala coisas sensatas, sábias, simples. Não é daquelas que se 'acha', não enrola a conversa em prosa armada. É daquelas pessoas com quem se aprende, com quem se ganham anos de vida, com quem apetece estar.
E o Bial é outro que tal. Todo ele cativa: sabe ouvir, sabe falar, sabe olhar. As entrevistas conduzidas por ele são conversas sempre gostosas.
Por isso, uma conversa entre os dois é maravilha pura. Conversam de tudo com aquela leveza, aquelas gargalhadas, aquele desassossego que alegra e rejuvenesce. Pode a conversa fluir em torno da morte, da vida, de sexo, de religião que as palavras não fogem nem se espantam. Adélia fala e Bial, embevecido, deixa-se ficar a ouvir. De vez em quando, parece que gostaria de ficar em silêncio, a pensar no que ela diz. Mas a entrevista tem que prosseguir e, então, lá vem mais uma questão. Outras vezes leem poesia e o prazer é redobrado: ambos parecem submersos nas palavras.
Esquecemo-nos da idade de Adélia, os seus 90 anos não pesam, não desgastam, não cansam: aqueles tantos anos luzem com graça e inocência, como as luzinhas do cenário em que se encontram.
Adélia Prado em "Conversa com Bial"
Adélia Prado, maior poetisa viva do Brasil e recém ganhadora dupla dos prêmios Camões e Machado de Assis, maiores honrarias prestadas a escritores de língua portuguesa pelo conjunto de sua obra, concedeu entrevista ao Pedro Bial, no programa "Conversa com Bial".
Prestes a completar 90 anos, a autora aclamada que publicou o primeiro livro aos 40 fala de suas experiências, de sua voz poética, de diferentes momentos da vida.
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