Afazeres múltiplos, longos telefonemas, acordos, combinações, avaliação de alternativas, expediente -- o normal. Depois, no fim, arrumações. Sem fim, as arrumações, sem fim. Objectos insólitos: uns de há anos, já fora do radar da memória, outros mais recentes. Sem uso, tão escondidos que esquecidos. Tanta coisa. Cansaço.
Depois, praia. Caminhada no areal, a água fresca, pureza em toda a sua força, contemplação do mar. Tão boa a praia, tão longo o areal, tanto mar, tanto azul, tanto tempo extenso e bom.
A caminho de casa, decisão: pizza. Queijo, frango, nozes, mel. E alcachofras, limão, presunto, manjerição. Chegada a casa, banho. Pouco depois, a pizza. Por via das dúvidas, forno com ela.
Enquanto isso, sofá. Instantaneamente, a dormir. Dez minutos depois, já acordada, o forno a chamar por mim. Jantar. O sabor quente e familiar dos bons sabores.
De volta à sala, passeio pelos blogs, pelos jornais, por aí. Mas cansada. Cansada até para os verbos.
Frases sem verbos. Seria bom se também sem adjectivos. Sem preposições, sem laços ou gramáticas. Sem sentido, até. No limite, mesmo sem palavras.
No limite, só o pensamento. No limite, só ideias sem verbos, estáticas, suspensas no vazio, envoltas em luz. No limite, apenas o momento presente, tingido por doces memórias, o presente dourado pelo futuro que vive escondido na luz do presente. Por dentro, o secreto vislumbre, o atraente abismo, a inconfessada vertigem. E sonhos, caminhos que se desenham no ar, a paz que se adivinha, aquela serenidade prenhe das emoções que revolteiam em torno dos afectos. A infinita e eterna proximidade. Palavras silenciosas, um alfabeto feito de flores, olhares, sorrisos, símbolos.
E nada mais. Apenas silêncio.
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Um final feliz
Um final feliz
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8 comentários:
Tão bom, minha rica UJM.
Esta semana também houve uma volta aqui na sala, ficou tão espaçosa nem parece a mesma e o meu consultório idem, está tão mais airoso.
A ver se hoje também meto os pezinhos na areia e na água.
Um fim-de-semana cheio de belo.
A minha tarde está feita também de silêncio. Dentro de casa, portas e janelas cerradas para impedir o calor excessivo de entrar. Daqui a pouco, quando o sol começar a baixar voltarei à rua, ao telheiro, na esperançara de uma brisa que torne mais leve o ar. Só me faltam as palavras de um alfabeto tão bonito como o do seu post. :)
Pois é, minha Flor, esta semana também andei a fazer arrumações na casa da aldeia, casa que foi dos meus Avós e onde eu nasci. Um dos meus netos e a sua companheira pensaram [e bem] em ir viver para lá durante uns tempos. História comprida.
Eu e o avô ficámos felizes e vai daí resolvemos ir põr a casa toda arrumadinha! Estamos uns cacos, mas uns cacos contentes.
Mexi na terra, arranquei umas ervinhas...olhei o rio, o nosso Basófias... tive saudades dos meus tempos de menina... e não só.
Também me apetecia ver o mar e molhar os pés na água salgada e fresquinha... mas o que eu desejo mesmo, agora, é descansar e o silêncio ajuda.
Abraço amigo e tudo de bom.
Olá Francisco,
É uma sensação boa a de reorganizarmos os nossos espaços, desfazermo-nos de tretas que já não têm préstimo nem nunca terão, ficarmos mais à larga, tudo mais arrumado.
Fico contente que também esteja como num espaço novo, mais arejado. Acredito que se sente mais contente. Eu sinto-me contente quando olho e vejo tudo com ar mais à larga, parece que sobra mais ar para respirarmos, não é? E o seu consultório vai, certamente, fazer-se sentir como mais acolhedor para quem lá vai. Fico contente.
Espero que a praia tenha estado boa. Eu também fui ao fim do dia. Muita gente mas vamos caminhar para mais além e temos mais espaço. E o dia estava maravilhoso.
Um belo domingo, Francisco.
Olá Luísa,
Como ando em arrumações, a casa parece que fica ainda mais quente. Ou, então, sou eu que destilo com esta actividade de tirar as coisas do sítio, limpar, arrumar num outro lugar. Mas a praia ao fim do dia estava óptima. Refrescou-me.
Este ano ainda não me decidi a ir até ao Algarve. Que falta sinto. Costumo ir em Abril ou Maio e depois no fim de Agosto ou princípio de Setembro. Este ano, porque ainda me faz impressão mexer em espaços mexidos por outras pessoas, ainda não consegui vencer esta barreira que, na volta, é mais psicológica que outra coisa.
A Luísa tem a sorte de viver a sul, de ter o mar bom do Algarve ao pé de casa. A aragem do mar ao fim do dia é fresca e boa. Espero que o cheiro bom das figueiras se faça sentir. Em casa, no calor, o silêncio é bom.
Abraço, Luísa. E um belo dia de domingo.
Olá Maripa, Menina Bonita,
É bom preparar uma casa para alguém de quem se gosta. Quando os meus filhos e netos vão ficar à nossa casa de campo, eu varro, limpo, lavo, sacudo colchas e almofadas, ponho a roupa a apanhar sol, abro janelas de par em par. É bom o seu neto ir viver onde estão raízes da família. Desejo que ele e a companheira se entendam, que aproveitem bem o lugar e o tempo. E espero que se sintam agradecidos pelo trabalho que os Avós têm. É bom que percebam o trabalho que dão e que se sintam agradecidos por isso mas, tão importante quanto isso, é perceberem que é trabalho que se faz de gosto, porque receber bem aqueles de quem muito gostamos é prazer que vem do coração, não é?
Deve ser um lugar bem bonito, com terra e vista de rio, um lugar para dele se guardarem boas memórias.
Espero que, entretanto, descansem, que bem merecidos devem estar, e que, depois, como namorados, vão passear na praia.
Um abraço com estima, Maripa Menina Bonita.
Ai UJM, não me "digue" nada, o tempo ontem esteve horroroso, praticamente nem abriu, por isso nada de praia. Hoje está melhor, mas ventoso, so still not fit for the beach...
Ainda bem que estava maravilhoso e que gozou um belo fim de tarde. Eu praia faço sempre de tarde.
Um rico serão domingueiro.
Pois também, Francisco, praia só à tarde, de preferência à tardinha, ou seja, até quando o sol começa a por-se.
E aí, para as suas bandas, o clima é mais dado a caprichos... Por aqui, o tempo tem estado bom, de dar gosto.
Uma bela semana!
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