Há bocado acordei meio sobressaltada. Um barulho. Era o computador no chão. Tinha adormecido profundamente. A alvorada foi cedo. Nada de mais mas, para o usual dos últimos dias, cedo. Fomos buscar dois pimentinhas. A minha filha já começou a trabalhar. Depois fomos ter a casa do meu filho que estava sozinho, ainda de férias, com uma chamada de trabalho, e os seus três pimentinhas em pijama. Depois fomos todos para um parque onde puderam andar de bicicleta. O bebé também quis andar de trotineta e eu a segurá-lo e ele feliz da vida com a velocidade. Tirando isso, era andar a segurar nele para não ser atropelado pelos outros, exímios ciclistas. De lá fomos almoçar. Era para ser num restaurante italiano que parece que é agradável, com coisas boas para miúdos, mas estava fechado. Fomos a outro e ficámos na rua. O bebé só queria andar a correr atrás dos pombos e, quando o punhamos na cadeirinha ou ao nosso colo, fazia chinfrim, puxava os individuais ou atirava coisas para o chão. Preferível tê-lo no chão. Tive que ir a correr atrás dele, várias vezes, pois corre a uma velocidade estonteante. Os outros, felizmente, já se portam razoavelmente e comeram que se fartaram. Só que o mano do meio, para ajudar à festa, à socapa atirava migalhas para os pombos.
Depois fomos comer um gelado (mas eu não comi), com cada um a querer sua coisa e a senhora, já desnorteada, a dizer que só atendia um de sua vez. Aí o bebé resolveu fazer cocó e ficou um cheiro insuportável. O meu filho dizia: 'O caos. Só faltava isto'. O meu marido incomodado, como se a criança tivesse culpa. 'Eh pá que cheiro. Este puto...!'
De lá viémos cá para casa e o bebé estava de tal maneira que teve que ir para a banheira. A seguir caíu redondo na sua sesta. Como não podíamos sair, os outros quatro estiveram a ver televisão. Mas um queria desenhos animados e os outros futebol, ou uns futebol e outros wrestling. Um desentendimento. Depois os três rapazes acharam por bem fazer judo ou malucadas do wrestling e eu sempre com medo que se magoem e ela, coitada, como eles estão na deles e não lhe ligam patavina, quis pintar-me as unhas e que eu a ela, e foi buscar a caixa das maquilhagens e maquilhou-me e quis que eu a maquilhasse a ela. E eu fotografei-a, linda, linda, os olhos claríssimos, a pele linda. E depois foi hora do lanche e uns queriam isto e outros aquilo mas o avô atalhou e comeram o que havia. E a seguir já não se aturavam mas como o bebé ainda dormia, resolveu-se que eu ficaria em casa mas que eles iriam arejar. Ela quis ir a uma biblioteca e mais nenhum queria, que não, que nem pensar. Depois o avô disse que ia com ela e eles que fizessem o que quisessem e ponto final. Aí, o primo mais velho também alinhou e lá foram os três. Os outros dois quiseram ficar em casa a jogar à bola na sala grande, com o tio. Já desisti. Acho que a bola deve ser leve -- e entrego o destino das minhas peças à divina providência.
Entretanto, fazia-se tarde, fui acordar o bebé. Depois fiz e dei-lhe uma papa. Como tinha comido pouco ao almoço, devorou uma tigelona de papa de iogurte e fruta num abrir e fechar de olhos.
Depois de trocar a fralda, lá foram os três com o pai e nós fomos com os outros dois ter com a minha filha que, entretanto, tinha ido ao Stapples aviar as big listas de material escolar de ambos. Parecia uma feira popular em dia de enchente. Engarrafamento para entrar no parque, quase sem lugar para estacionar e uma confusão brutal de jovens adultos com big listas nas mãos a aviar material para dentro dos carrinhos. Uma barafunda inexplicável. Um comércio absurdo. Lá nos viémos embora. Engarrafamento para sair do parque e grandes bichas na estrada -- e eu e o meu marido à beira da exaustão.
Quando chegámos, fomos ao supermercado porque amanhã o programa se repete com a diferença que é menos um -- o mais velho já tem escola. Mas o almoço vai ser em casa porque é impossível mantê-los sossegados num restaurante, especialmente o bebé, e eu esgoto-me naquelas confusões, até porque acho que não devemos incomodar as outras pessoas. Mas manter cinco crianças sossegadas durante muito tempo é obra.
Depois, estava tão cansada que até parece que sentia formigueiro na pele. Pensei que só me passava com um gelado. O meu marido disse que nem percebia como é que em vez de querer ir deitar-me ainda me apetecia ir comer um gelado. Mas é: um gelado retempera-me. Depois, quando regressei, fiz o jantar, pus uma máquina a lavar, rapei-lhe o cabelo, tomei um duche de água fria, telefonei à minha mãe, depois falei ao telefone com a minha filha (na Stapples não tinha dado para pormos a conversa em dia), depois fui jantar e, mal aqui cheguei, já depois das dez da noite, aterrei e adormeci.
Com isto, nem vi televisão nem vi notícias nem mails (só os de trabalho que esses continuam, impiedosamente, a cair-me em cima. Já tirei o som das notificações pois, no meio da confusão de cinco pimentinhas super bem dispostos e super enérgicos, o som daquilo dar-me-ia conta da cabeça).
Ah, e fiz montes de fotografias. Estão grandes, lindos, bronzeados. Só apetece registar estes momentos em que estão tão transbordantes de alegria. O mais crescido fez agora dez anos e vai para o 5º ano, numa escola de grandes. Ela acabou de fazer oito e vai para o 3º ano, o primo tem sete e vai para o 2º e o mano do meio, que também acabou de fazer seis, para o 1º. O bebé, que tem ano e meio e passa o dia a tagarelar, a mexer, a desafiar e a rir, continua na sua escolinha.
E eu, agora que dormi um bocado, já estou fresca. E feliz, feliz da vida.
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Não são os pimentinhas que aqui vos mostro: estes foram fotografadas pela fotógrafa lituana Simona Tiškė
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