Ando para partilhar a receita das almôndegas mas têm-se metido outros assuntos. Mas, como o prometido é devido, aqui vai.
Devo ter feito cento e tal, e não foram daquelas bolinhas tipo berlinde do ikea. Usei, no conjunto cerca de dois quilos de carne, dividida entre porco, vaca e peito de frango. No talho, escolhi uns pedaços bons, sem gordura, e pedi para picar em conjunto duas vezes. A ideia é que ficasse uma mistura homogénea e o frango amacia a mistura.
Almôndegas à italiana
Comecei por colocar três pãezinhos individuais de molho em leite, talvez meio litro ou quase. Depois de amolecido desfiz com as mãos. Piquei uma cebola grande, uns três ou quatro dentes de alho, um ramo de salsa, seis ovos inteiros, cerca de meio quilo de queijo ralado (usei mozzarella, edam, gouda, cheddar e um italiano de que agora me passou o nome). Temperei com sal. Com as mãos misturei tudo muito bem. Depois, com as mãos, fiz bolinhas que fui colocando num tabuleiro grande, separadas umas das outras. Por cima da primeira camada, coloquei papel vegetal e, por cima, mais uma série delas. Fiz o mesmo com outro tabuleiro. Depois foram para o frigorífico, para as bolinhas enrijarem e não se desfazerem quando fossem confeccionadas.
Nesse ínterim, virei-me para ao molho. Num panelão com azeite no fundo, cortei três cebolas grandes, uns dentes de alho, dois alhos franceses e salsa. Deixei que a cebola alourasse e que tudo estivesse devidamente amolecido. Nessa altura, coloquei uma lata das grandes de tomate pelado e mais uns quatro ou cinco tomates maduros. Juntei cinco cenouras grandonas aos bocados. Temperei com sal. Deixei que fervesse e depois baixei o lume, tapando a panela.
Entretanto, teria decorrido mais de meia hora e tirei as bolas de carne do frigorífico. Tinha, entretanto ao lume, uma frigideira gigante (em termos de diâmetro) com azeite, dentes de alho, folhas de louro e alecrim. Quando estava quente, juntei uma leva de bolinhas que fui virando com cuidado, para selarem em todos os lados. Claro que tive que fazer várias levas delas e a meio ia substituindo os alhos para não esturricarem. Uma canseira, não via a hora de dar a volta a tanta almôndega. À medida que iam ficando seladas, douradas, não as pus logo na panela, ficaram estacionadas noutros tabuleiros.
Essa operação acabada, virei-me para o molho. Juntei uma colher de sopa de açúcar pois apesar da cenoura já cortar alguma acidez, achei que aquele pouquinho de açúcar garantiria que o tomate não se imporia mais do que a conta. Triturei, então, a tomatada que estava na panela até ficar um creme bem homogéneo. Nessa altura, coloquei as almôndegas uma a uma, com cuidadinho. Não as atirei, não fossem desmanchar-se. Ficaram todas mergulhadinhas no molho. Deixei que levantasse fervura e depois baixei. Ficou ao lume cerca de uma hora.
Entretanto, noutro tacho grande fiz tagliatelle fresco. Não tem nada de mais, é só cozer em água com um pouco de sal. Mas refiro-o porque, no fim, antes de escorrer a água, retirei umas três (ou quatro? -- não me lembro bem) conchas dessa mesma água para misturar no tacho das almôndegas. O molho fica mais cremoso, com uma textura mais interessante e uniformiza melhor o sabor entre as almôndegas e o molho.
No final, deitei um pouco de vinagre de maçã na panela das almôndegas e mexi ao de leve. Acho que torna a comida mais leve e traz benefícios à digestão, é saudável. E realça os sabores, acho eu. E, para perfumar, coloquei umas folhas de manjericão.
Portanto, ao almoço foi isso: massa fresca com almôndegas. Antes disso, tinha servido salada de alface com bolinhas de mozzarella fresca.
Para sobremesa, fruta.
Acontece que, para além do almoço, ao fim do tarde, houve lanche ajantarado.
Então, para 'entrada', cortei melão aos bocados e, por cima de cada um, coloquei salmão fumado, que prendi com um palito. Pelo meio, espalhei bagos de uva branca sem grainha. Fica uma mistura fresca, agradável.
A seguir, voltaram as almôndegas (que já tinha feito em quantidade avantajada, a prever que à tarde poderia dar jeito usá-las)
Tostas de almôndegas
Abri pães individuais (bolinhas da baviera e bolinhas de rio maior) ao meio, ao alto, digamos assim, ou seja, separei cada pão em duas metades. Retirei o miolo a cada um. Sobre cada parte, coloquei uma ou duas almôndegas, ou uma e meia, consoante o tamanho das ditas e mais umas colheradas de molho. Tapei cada uma com uma fatia de queijo (numas usei fatias de queijo flamengo dos Açores e noutras fatias de mozzarella). Polvilhei com orégãos e levei-as, numa grelha, sobre papel vegetal, ao forno previamente aquecido, com calor por cima e por baixo. Claro que o queijo derreteu e que o paozinho tostou. Ficaram mesmo boas.
PS: No fim ainda deu para levarem umas quantas para casa...
Claro que no meio da trabalheira nem me ocorreu fotografar. Mas foi pena, em particular o prato do meu neto mais velho, uma coisa apocalíptica. Quando vi tal exagero, até recomendei que não pusesse tanto logo de início não fosse não estarem as almondegas boas e não gostar. Respondeu que não fazia mal pois estava cheio de fome e, mesmo que não gostasse, comeria na mesma. Mas gostou e comeu tudo e tenho ideia que ainda repetiu. O irmão mais novo também não lhe ficou muito atrás mas esse até tinha uma justificação maior, vinha de um jogo de futebol bem difícil, tinha que repor energias... Jogadores de futebol é assim. E são os quatro rapazes. Portanto, não apenas estão a crescer como têm sempre muita energia para repor. Escusado será dizer que gente com bom apetite é uma alegria para mim. Felizmente são todos. Portanto, cozinhar para bons garfos é uma felicidade redobrada. E ter toda a gente à volta da mesa, a comer, a conversar, a rir, é o melhor de tudo (apesar de nesse dia estar com o torcicolo bem assanhado e, de tarde, até me ter dado, durante um bocado, uma certa pancada de sono inerente ao relaxante muscular que tinha tomado...)
1 comentário:
"Cozinhar é uma arte, quem não quer ser artista?!
Também gosto muito de almôndegas, mas só de porco e vitela, e gosto da tomatada sem ser triturada, tal como a sopa de tomate, encontrar os ingredientes semi-desfeitos .
Enviar um comentário