Os três artistas, Tortas, Pinokia & Porta-Moedas anunciando qualquer coisa de que ninguém se lembra muito bem |
Fazendo de conta que o brutal corte anunciado há meses pelo Governo já está em vigor e que, portanto, o que aí vem não é nada de novo, Paulo Portas, o mestre da prestidigitação, lá nos apareceu, rodeado pela sua amiga pinokia e pelo porta-chaves, digo, porta-moedas, a dizer coisa nenhuma (lá está: deve ser aquela cena da caixa vazia a funcionar à força toda).
Rodando as palavras na boca com o vagar que se lhe conhece (no que o Pedrito da mota o tenta imitar), Paulo Portas não estava na sua praia.
Números não é lá muito com ele: ele é mais a vermelhinha, a bisca lambida, o truque, o coelho na cartola.
Mas, ainda assim, não se atrapalhou. Inventou aquela das pequenas e médias poupanças e ficou o dia feito.
Um bom sound bite em que os jornalistas peguem é o que é preciso. O resto é treta.
Os funcionários públicos e os reformados vão levar pela medida grossa? Azarinho. Não falamos nisso que eles já estão debilitados, já não dão por nada.
Os impostos vão continuar ferrados na carne? Azarinho. Levem a sede das empresas para a Holanda. Ah, não têm empresas? Azarinho, não fossem aselhas, pusessem os olhos nas empresas do PSI 20.
A educação e a saúde vão levar mais um corte dos valentes? E então? Que mal tem isso? "Não têm pão, comam brioches", não diz que dizia a outra? E eu, que também gosto de viver em palácios, digo: Não há professores? Então tirem as crianças da escola, ora. E não há compressas nem dinheiro para roupa lavada nos hospitais? Ora, o que é que eu tenho com isso?, levem trapos de casa.
Mas o melhor mesmo é não se falar em nada disso.
Estão a ouvir?
Vá lá, prestem atenção às tácticas que eu sou o vice-primeiro-ministro e quem manda em vocês sou eu.
Vá lá, prestem atenção às tácticas que eu sou o vice-primeiro-ministro e quem manda em vocês sou eu.
Ouçam que eu vou explicar como é que vamos fazer..
Eu introduzo o tema, faço uas flores, uns sorrsos compassivos, e depois entra você, pinokia, a dizer rácios, a baralhar a malta com números vagos que ninguém entende, e, se algum jornalista lhe perguntar pelos papéis que já ninguém sabe se andaram perdidos ou escondidos, ou se alguém perguntar pela saúde dos swaps, diz que terá todo gosto em dizer mais umas quantas mentiras, que nunca se furtou a isso, e que trocar as tintas e os papéis é mesmo a sua especialidade, olarila, ou não estejamos a falar da miss suápe (e, nessa altura fará um sorrisinho sexy de olhinhos fechados, toda franzidinha para ficar mais fofa, certo?).
E depois, à vez, dizemos que bla bla bla, bla bla bla, bla bla bla e, no fim, vou perguntar se a senhora ministra quer acrescentar alguma coisa e depois corrijo, ah, é o senhor porta-moedas, e lá virá você, porta-moedas, dizer bla, bla, bla, bla, bla, bla - e fica a festa feita.
Estamos combinados?
Estamos combinados?
/\
Foi isto, meus Caros, aquilo a que assisti e que imagino que terá sido precedido pelos ensaios que aqui imaginei.
Resumo? Bola. Zero. Coisa nenhuma. Coisa nenhuma, disse eu..? Qual quê...? A desgraça do costume.
O que concluo eu disto tudo? Que síntese, em termos objectivos, é que posso fazer daquela conferência de imprensa?
Pois bem, concluo que o Paulo Portas ia bem vestido, aquela roupa é bonita e cai-lhe bem, estava elegante. De resto, ainda não percebeu que, a continuar assim, na palhaçada, qualquer dia não tem nem 1% de votos. Já ninguém o leva a sério. Se não tinham nada para dizer, mais valia que ficassem calados.
E mais? Que concluo eu mais? Ora deixa cá ver... Concluo que, naquela mesa, fazia falta uma pessoa para a coisa ficar verdadeiramente composta. Quem...? Ainda não adivinharam...? Ora, ora... puxem lá pela cabeça...
O Valtinho. Olarila. Deveria ter sido ele a encerrar a sessão e a responder às perguntas. Assim já aquela conferência tinha o seu momento intelectual. Mas intelectual mesmo a sério. Ui, ui.
O Valtinho. Olarila. Deveria ter sido ele a encerrar a sessão e a responder às perguntas. Assim já aquela conferência tinha o seu momento intelectual. Mas intelectual mesmo a sério. Ui, ui.
Ah e então em quanto é que vai ficar a dívida bruta?, perguntava o jornalista da TSF.
E respondia o Valtinho, Ai, não seja tão cruel, não lhe chame bruta. Eu quando era pequenino tinha muito medo das dívidas brutas, achava que deviam ter um buço com pêlos muito rijos e depois, quando eu conseguisse que elas me dessem beijos na boca, já viu, ficava com o céu da boca todo arranhado.
Aliás, agora que penso no Valtinho, lembrei-me: o verdinho Maduro não ia arranjar um porta-voz para substituir o Lombinha dos briefings?
Então...? Não se está mesmo a ver quem seria a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa...? O Valty, claro. O Valty.
Valty! Valty!
Então...? Não se está mesmo a ver quem seria a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa...? O Valty, claro. O Valty.
Valty! Valty!
Vamos fazer uma manif a exigir: Valter a porta-voz! Valter a porta-voz! Valter! Valter! Valter!
Mas adiante que o tempo ruge.
E o que é isso de a troika para o ano obrigar o défice a ficar nos 4%? Mas alguma vez o défice obedeceu a ordens da troika? O défice nas mãos desta trupe é um desobediente, ainda ninguém percebeu?
O Cacos bem pode esforçar-se para ter mão em alguma coisa; mas, do que a gente vê, nem nele próprio tem mão, diz uma e coisa e o seu contrário aparentemente sem dar por isso. Diz coisas que a até a ele próprio devem deixar de boca aberta. E todos se lhe riem na cara. Ele é o Pacheco Pereira a defender o Rui Moreira contra o Menezes às escâncaras, ele é a Manuela Ferreira Leite a gozar com ele que nem uma perdida, ele é cada um a dizer sua coisa e a fazer o contrário ou o que calhar. A bagunça total. O PSD e o desGoverno na maior baderna.
Não sei, aliás, se não será Passos Coelho o masoquista de que Cavaco por aí anda a queixar-se.
Estou a vê-lo: o Cacos, de gatas e com um pom-pom de coelhinho no rabo, e a Laurinha vestida de cabedal e bota alta a dar-lhe chicotadas, Ora toma, ora toma...!
Será...?
*
As imagens melhoradas são da autoria do fantástico blogue We Have Kaos in the Garden.
Bem, fico-me por aqui, que já estou cheia de sono. Tinha coisas tão boas para dizer e logo se havia de ter metido isto pelo caminho, senhores. A ver se amanhã não me esqueço.
Bem, fico-me por aqui, que já estou cheia de sono. Tinha coisas tão boas para dizer e logo se havia de ter metido isto pelo caminho, senhores. A ver se amanhã não me esqueço.
Se descerem até ao post seguinte poderão ver como tenho andado a ser assediada pelo Valtinho. Esse ubíquo do caraças aparece-me em todo o lado, credo, um verdadeiro pesadelo.
Muito gostaria ainda de vos convidar a darem um saltinho até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. A música é linda, uma bela música de amor pelo Trio de Keith Jarrett. A seguir é Vasco Graça Moura que nos deixa um poema sobre os cálamos calados de setembro e são as minhas palavras que voam sobre uma praia desolada.
*
Resta-me desejar-vos, meus Caros Leitores, uma sexta feira do melhor que há.
6 comentários:
"Números não é lá muito com ele: ele é mais a vermelhinha, a bisca lambida, o truque, o coelho na cartola.", a bisca lambida, afinal não ia só à pesca-))
a propósito do "tu", quem fala assim, trata a "empty box" por tu, e pode-))
Profissões difíceis
cameraman -https://www.youtube.com/watch?v=bszjNdoc3Dw
engenheiro de som - https://www.youtube.com/watch?v=mc_Pj9hfDG8
o valtinho precisa de um engenheiro desses?
o portas é mais para a bisca lambida e o cavaco é mais para a mão atrás do arbusto (eles aos poucos vão ficando caracterizados) - http://derterrorist.blogs.sapo.pt/2445149.html
No Alentejo dizem
... e não há um cabrão a pôr ordem nesta merda?
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