Mikhail Baryshnikov, outro homem especial: já aqui falei deste homem que voa(va) e que, voando, nos leva(va) com ele.
Hoje, ao pegar na Harvard Business Review (HBR) de Maio para ler um determinado artigo, dei com ele na página dedicada aos casos exemplares, Life's Work.
Transcrevo algumas partes que considerei interessantes, precedendo-as de algumas informações biográficas.
Mikhail Baryshnikov começou a estudar ballet aos 9 anos na sua terra natal, Riga, Letónia, que, na altura, estava integrada na União Soviética.
Belíssimo |
Aos vinte e tal anos era a estrela do famoso Kirov Ballet tendo sido considerado por um exigente crítico o mais perfeito bailarino alguma vez visto.
Em 1974 foi para o Canadá e dali para os EUA onde, algum tempo depois, se integrou no American Ballet Theater, onde mais tarde veio a ser o director artístico.
Saíu em 1989 para fundar, em parceria, uma companhia de dança moderna e participou em filmes, teatros e televisão.
É agora director artístico no Baryshnikov Arts Center (BAC) e aos 63 anos ainda actua.
Foi entrevistado para a HBR pois o seu exemplo pode ser uma inspiração para os gestores deste mundo que tão desinspirado anda.
À pergunta sobre a permanente reinvenção que tem sido a sua carreira, responde: É instintivo. Há um relógio interno que dita o que me interessa a cada momento. A mudança na minha vida pessoal é impelida por uma necessidade quase primária de explorar, de testar fronteiras. Eu apenas sigo essa urgência. Às vezes olho para o que os outros estão a fazer e teimosamente vou na direcção oposta. Às vezes funciona, outras vezes não.
À pergunta sobre qual a explicação para ser, tão rapidamente, tão bom em novas funções: Não há segredo. É preciso energia positiva, talento, muito trabalho árduo, e uma vontade para absorver o mais possível das pessoas com quem se está a trabalhar. E talvez alguma sorte. Não penso que tenha sido sempre bom em tudo. Muitas vezes atirei-me a coisas demais. Mas era o apetite de um jovem.
Sobre se melhorou com a idade: Aprendi certamente a controlar o passo. A idade força-nos a focar-nos no essencial.
Perguntando-lhe sobre qual a razão para que o BAC seja uma organização multi-disciplinar, respondeu: Quanto mais vires, quanto mais souberes, desejavelmente melhor tu te tornas. Há a ideia de que os artistas não deverão ‘poluir’ os seus instintos criadores vendo o trabalho de outros artistas. Penso que isso é errado.
Finalmente, à pergunta sobre qual a razão para ser tão bom no que faz, responde: Isso é a pior coisa que uma pessoa pode fazer: pensar em como se tornou tão bom numa coisa. De qualquer modo, nem sempre sou tão fantástico – perguntem à minha mulher.
Mikhail by Leibovitz |
[Já agora: foi casado com Jessica lange de quem teve uma filha, Alessandra (que é a sua cara). Mais tarde passou a viver com a bailarina Lisa Rinehart com quem tem três filhos mas com quem não se casou (não acredita no casamento)].
Vejamo-lo agora, extraordinário Mikhail, numa vibrante interpretação sob o olhar emociado de Helen Mirren em White Nights. Nunca aprenderemos o suficiente enquanto não soubermos emocionar-nos com momentos de pura arte, assim.
Gestores deste país, vejam como ele sente, vejam como ele desliza, vejam como ele voa.
Enjoy!
PS: Depois de verem o filme, caso queiram saber a minha opinião sobre a descida da TSU, baseada em conhecimento de aritmética e conhecimento do meio empresarial, desçam por favor, até ao piso de baixo.
Depois, se me permitem, uma sugestão: é hora de chill out, so, please, venham comigo até à beira Tejo, vamos curtir a nossa Alma Lusitana . É no piso ainda mais abaixo.
2 comentários:
UJM, adoro o seu blogue.
:)
De cada vez que cá venho, fico com mais vontade de regressar.
A 'ruralidade' nunca ficou tão bem a ninguém! ;)
Wunderbar!
Obrigada, Margarida.
Volte sempre que é sempre muito bem vinda.
Eu também gosto muito de visitar o seu, não apenas pelos seus textos e fotografias como pela arte que teve em transformá-lo num interessantíssimo 'portal'.
Bom domingo!
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