quarta-feira, novembro 06, 2024

É verdade que no prazo de uma semana já morreram 6 pessoas por falta de atempado atendimento do INEM?
A ser verdade, o Mentenegro vai continuar a deixar a Ministra Ana Paula Martins continuar a queimar tudo aquilo em que toca?
Pergunto. Apenas pergunto.

 

Ainda hoje ouvi uma notícia que me deixou muito chocada: uma mulher de 70 anos (a quem o jornalista tratou por 'idosa', vítima de violência doméstica, estava no tribunal a prestar declarações quando teve um AVC. Ligaram para o 112 mas, aparentemente durante 1h:30m ninguém apareceu. Ligaram para os Bombeiros mas também não foram pois tinham que receber indicações do INEM. A procuradora ligou então para a polícia e foi num carro-patrulha que foi para o hospital que, por sinal, é logo ali ao pé. Infelizmente não chegou a tempo. 

Leio isto e fico em choque. Poderia ser qualquer um de nós. Um AVC que não é atendido a tempo e horas pode ser fatal. Foi o que aconteceu.

Mas, infelizmente, não foi caso isolado. 

Como é isto possível? E como é possível que a Ministra do Governo que venceu as eleições por, entre outras patranhas, ter prometido resolver os problemas da Saúde em 60 dias, continue a aparecer a mostrar admiração, com conversas de vendedora de banha da cobra, dizendo coisas que os profissionais das áreas logo desmentem... e que Montenegro a mantenha em funções?

É a nossa vida que está em risco, a vida de todos, desde a dos bebés que nascem nas ambulâncias às pessoas que morrem sem que surja quem acuda.

Só não digo que os cogumelos in heaven são lindos de morrer, porque, enfim, andamos a apanhá-los à força toda para que não aconteça nenhum desastre.
Também há o tema da grande vitória do Sporting que é de gritos.
Depois há a expectativa do caraças sobre os resultados das eleições nos States.
Para me manter serena, vou antes ver a casa de Taís Araujo e Lázaro Ramos

 

Como tem sido hábito nestes últimos dias, o meu marido, depois de ter tomado o pequeno-almoço, foi para o campo com uma pequena pá e um balde apanhar cogumelos. Quando chegou, vinha a bufar, que estava farto da m.. dos cogumelos, que rebentam da noite para a manhã seguinte, que não se dá conta de tanto cogumelo.

Depois estava a chover e não pude ir andar por lá. 

Quando fui, para onde deitava o olho, via um cogumelo. Acho que nascem de hora para hora. 

Voltei para trás para buscar a pá e o balde e fui eu apanhá-los. O meu marido já me tinha dito: ao princípio, nos primeiros dias, apareceram os grandes cogumelos castanhos e os brancos, agora estão a aparecer cor-de-laranja e amarelos. Já ontem os mostrei. Pois, não imaginam. Hoje, quase só desses coloridos mas em tamanho pequeno. Uma gracinha de cogumelos. Parece que brotam a todo o instante.

Tirei uma fotografia a uns quantos já dentro do balde, a fotografia que está lá em cima. Não são tão lindinhos?

Na fotografia estão sujos pois quando enfio a pá, enterro um bocado para apanhar o pé e, portanto, depois trago também a terra, os musgos.

Tirando isso, posso dizer que o meu marido está contentíssimo com o resultado do Sporting. É obra.

Quanto às eleições nos Estados Unidos, espero mesmo que ganhe Kamala Harris e que ganhe por uma margem que não permita ao alarve-mor vir com as suas habituais e prometidas patranhas.

Neste compasso de espera, se me permitem, vou antes entreter-me a ver casas bonitas. E esta, aqui abaixo, é uma maravilha. Um apartamento amplo, luminoso, tranquilo, com móveis com um belo design.

Taís Araujo e Lázaro Ramos abrem o seu apartamento muito brasileiro 

| CASA VOGUE

[Por defeito, acho que vem dobrado em inglês. Para falar com a voz deles é escolher o português, no audiotrack nas definições]

E que os próximos dias nos tragam e confirmem boas notícias

Be happy

terça-feira, novembro 05, 2024

Terra maravilhosa
- E receita de arroz de feijão com picadinho e quiche de frango e espinafres --

 


Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.

De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.

Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi. 

Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários. 

Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos. 

Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral. 

E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.

Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?





Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo. 

Tirando isso, fiz um arroz de feijão com picadinho para o almoço.

Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.

Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias. 

Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.

Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.

Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.

Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).

Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.

Esta fiz assim.

Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.

Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.

Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.

Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.

Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.

Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.

Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...

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Lá em cima Dinah Washington interpreta What Difference A Day Makes

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Desejo-vos uma bela terça-feira

Boa sorte para todos

[E, claro, que ganhe a Kamala Harris]

segunda-feira, novembro 04, 2024

Tempo demais para atender ou transferir as chamadas do 112, ambulâncias do INEM paradas por falta de tripulação, urgências fechadas, mulheres a dar à luz nas ambulâncias.
Pior do que antes. Assim é a gestão da Ministra Ana Paula Martins, assim é a gestão do Governo Mentenegro, os tais que iam resolver todos os problemas da Saúde em 60 dias.
Mas nada disto abre os noticiários.
Porquê? Onde estão os directos? Onde estão as notícias em permanência sobre o desastre que é gestão da Saúde do Governo da AD?

 

E já nem falo nas oposições pois parece que andam anestesiadas. 

Mas, caraças, o PS de Pedro Nuno Santos não tem nada a dizer? 

Vamos continuar a saber das desgraças, uma atrás de outra, sem que a Comunicação Social ou a Assembleia da República diga nada?

Isto não brada aos céus?

A estupidez, a incrível, incrível estupidez de tanta gente

 

Hoje vi na televisão uma reportagem nos Estados Unidos onde um imigrante se queixava que está há dois anos à espera de autorização para a mulher se lhe juntar e, por isso, vai votar... em Trump. Em Trump! No mesmo Trump que apregoa que, se ganhar, vai deportar imigrantes em barda, que diz que quer fazer uma limpeza, que acusa os imigrantes de roubarem os empregos aos americanos, que lhes chama assassinos, que, segundo ele, é gente que anda armada, a roubar os americanos, a fazer mal às mulheres... 

É de loucos.

Quando seria normal que, como um grito de revolta contra a boçalidade, a maldade e estupidez de Trump, nenhum imigrante votasse nele, nenhum, nenhum, o que se vê é que há muitos que, sabe-se lá porquê, vão votar nele.

Se isto não é de uma pessoa ficar com os cabelos em pé, de boca aberta, sem perceber como funciona a cabeça de gente como a que vota no alarve do Trump, então não sei o que seja.

domingo, novembro 03, 2024

O que anda Ana Paula Martins, Ministra da Saúde, a fazer com as Administrações dos Hospitais do SNS?
É tudo legal? Alguém sabe se o supremo interesse do País está a ser tido em consideração?
Pergunto. Apenas pergunto.

 

Tenho ouvido com perplexidade e apreensão que agora uma, depois outra, as administrações dos hospitais públicos estão a ser varridas, tudo corrido. 

Um dos casos foi notícia no outro dia, mas muito en passant. No verão, depois da contestação que tinha havido em Almada e no Seixal com a demissão, por parte da Ministra, da administração do Hospital Garcia de Orta, ouvi que já havia substituto. Para meu espanto, ouvi agora que o administrador indigitado afinal tinha desistido e que a anterior administração tinha recusado apresentar a demissão (não seria de saber ao certo o que está a passar-se?). E ouvi que a Ministra já tinha escolhido outro, tendo agora a sua opção recaído num outro, dizia o jornalista que 'filiado no PSD'. 

E, ao que parece e confirmado pela própria Ana Paula Martins, a onda de 'saneamentos' não se fica por aí. Se calhar, e isto já sou eu a dizer, para lá pôr mais PSDs.

E o que eu gostava de saber é se tudo isto está a obedecer a todos os critérios legais, quer nas demissões quer nas contratações.

Gerir um hospital como o Garcia de Orta mais os vários Centros de Saúde abrangidos é como gerir uma grande empresa. Li que o Hospital tem cerca de 2.900 funcionários. Se somarmos a isso os indirectos que lá estão através de prestadores de serviço, se calhar chegamos ao dobro. Uma coisa em grande. A gestão de pessoal de uma coisa desta dimensão deve ser do mais difícil que há. 

Os potenciais 'clientes', li também, são 350.000 e só isso também inspira respeito.

A ser verdade o relatório que vi, o Orçamento anual de funcionamento é da ordem dos 200 milhões de euros. 

Provavelmente, como este vários outros.

Gerir uma realidade assim requer um gestor competente e exterior. Isto já corresponde a uma grande empresa. Não é uma chafarica que possa ser gerida por curiosos, com amadorismo.

Os médicos pensam que gerir um hospital é coisa para um médico. Mas isso é muito errado pois os médicos podem e devem estar nas áreas clínicas (bloco, ambulatório, internamento, etc.). Mas não a gerir as finanças, as compras, a área jurídica, a de auditoria, a área de manutenção, etc. Isso é matéria para especialistas das áreas (financeiros, advogados, engenheiros, informáticos, etc.)

Por isso, para saberem lidar com esta realidade complexa e saberem geri-la bem -- e não deixar os doentes sem médicos e não infectar os doentes nas cirurgias e ter equipas escaladas de forma planeada e ter os investimentos programados e bem executados e ter a informática a funcionar de forma eficiente e segura, e ter os contratos bem executados e controlados e para evitar que haja roturas de tesouraria e etc, os administradores têm que ser gente criteriosamente escolhida. 

Ou seja, admito que haja regras para o preenchimento dos lugares de gestão nos Hospitais, em especial os que têm este grau de exigência: devem ter experiência, competências, etc, Mas alguém está a verificar isto? Os jornalistas, as oposições, os deputados, sei lá..., alguém está a controlar minimamente o que anda a passar-se?

Ou toda a gente já está a aceitar, na boa, que, por provável má gestão, esta gente que a ministra Ana Paula anda a escolher para gerir as unidades do SNS vá ainda enterrar ainda mais o que todos deveríamos exigir que fosse gerido profissionalmente, com rigor, com extrema qualidade? Um volume brutal dos nosso impostos (que é dinheiro nosso) vai para a Saúde e só por isso já devia haver uma observação atenta, sistemática, pormenorizada sobre o que os governantes fazem com ele. Mas sobretudo, os 'clientes' dos hospitais somos nós, nós os que talvez um dia precisemos de cuidados médicos, quem sabe para nos salvarem a vida, nós os que precisamos que lá haja médicos competentes, que talvez precisemos de exames médicos em máquinas que alguém tem que saber manusear e que têm que ser cuidadosamente mantidas, nós os que talvez precisemos de instrumentos que têm que estar devidamente esterilizados, nós que queremos que as instalações estejam limpas, desinfectadas.

E, note-se, não estou a apontar o dedo em particular a esta ou àquela das escolhas da Ministra: estou apenas a alertar em abstracto, de forma geral. Mas sentir-me-ia mais tranquila se soubesse que as oposições e a comunicação social estão atentas.

Este mundo é um lugar perigoso porque cerca de metade das pessoas são estúpidas e tão ignorantes que nem percebem que são ignorantes e estúpidas

 

Só isso explica que cerca de metade das pessoas, mais coisa menos coisa, vote em criaturas absurdas, perigosas, incompetentes, incapazes, mal intencionadas, aldrabões, vigaristas, corruptos, vis, criaturas que espalham o mal à sua volta.

E se isto vale para muitos países, é agora grotescamente visível nos Estados Unidos.

Até fico doente quando vejo imagens dos comícios de Trump ou entrevistas a pessoas que votam nele. Um horror.

sábado, novembro 02, 2024

Há coisas que só vistas

 

Durante toda a minha vida, escolhi por mim o que vestia fosse para o que fosse. Todos os dias eu saía de casa como se fosse um dia especial pois todos os dias frequentava locais em que toda a gente se arranjava muito bem e sentir-me-ia deslocada se me apresentasse arranjada de forma desatenta ou informal.

Vestia-me com cuidado, tudo a condizer (ou a contrastar, consoante o objectivo) sapatos adequados, maquilhagem no tom. 

Claro que quando havia mega reuniões ou encontros do Grupo ou situações em que eu ia falar para as 'massas', tendo os 'holofotes' sobre mim, tinha especial cuidado. Nessas alturas, claro que, na véspera, à noite, experimentava vários outfits, fazia uma pré-selecção, e depois pedia a opinião ao meu marido. Era frustrante para mim pois eu gostaria que ele olhasse com atenção, pensasse um pouco. Mas não. Eu aparecia e ele dizia logo 'acho bem'. Depois, eu mudava e aparecia com outra roupa, e ele, instantaneamente, dizia: 'A primeira'. Eu mudava para a toilette seguinte e acto contínuo, ele dizia: 'Pode ser.'. Ou seja, não se concentrava, não tinha paciência. Eu tinha que insistir bastante, mas ficava sempre com a sensação de que ele queria era ir jantar pelo que não tinha paciência para as minhas experimentações. 

Agora que estou reformada, a minha vida felizmente simplificou-se de forma radical. Mesmo quando vamos passear, ou almoçar fora ou a algum encontro ou a alguma situação em que faz sentido arranjar-me um pouco melhor, só tenho que ir ao roupeiro e escolher um conjunto que me agrade.

Mas depois há aquelas situações especiais. Aí tenho mesmo que caprichar um bocadinho. Não dá para ir muito casual e o registo informal está fora de questão. 

Uma coisa tenho muito clara, nesta e noutras condições: não vou comprar nada. Portanto, só tenho que saber escolher. Hoje, antes de chegarem os meus netos, estive a experimentar toilettes. 

Acabei por me fixar em duas. Uma baseada em tons azuis escuros e outra em tons azeitona. Fotografei-me e mandei à minha filha. Rejeitou liminarmente as duas. Na sequência disso, devo ter estado à vontade uma hora a trocar de calças, de blusa, de casaco, de sapatos. Finalmente, quando me parecia que inequivocamente era aquela, a minha filha voltou a rejeitar. Agora parece que já nos fixámos numa delas, com outra como alternativa. 

No fim, a cama tinha calças, blusas, casacos, tudo fora dos cabides, uma maçada de todo o tamanho para voltar a arrumar tudo. Ocorreu-me a paciência que aquelas pessoas que trabalham nos provadores da Zara ou de outras lojas de grande movimento têm que ter para passar horas a arrumar roupa que os outros despem e para ali deixam de qualquer maneira. Enfim.

Mas, com a short list de duas toilettes, agora tenho que convencer o meu marido a ser cooperante e dizer a sua opinião. Gostava que fosse ele a desempatar (mas não estou com muita esperança).

E ainda tenho que ir cortar o cabelo e, desta vez, a ver se vou mesmo à cabeleireira. Em quatro anos acho que só fui uma vez. Mas para um corte mais radical e para a situação que é, não posso arriscar nos meus amadorismos. 

Claro que, no meio de tanta desgraça. eu estar nisto é coisa abaixo de parva. Mas a vida tem destas coisas, muitas facetas, e, excepto em situações limites, há espaço para tudo.

Tirando isso, tive ajuda na cozinha, dois dos meninos colaborando, e, talvez com a excitação de tê-los ali, cada um a fazer a sua coisa, a falarem alto, numa alegria, o cão, que nunca liga patavina, desta vez também quis ver o que se passava e pôs-se de pé, duas patas na bancada, para espreitar e para ver se apanhava alguma coisa. Foi uma aventura para o pôr dali para fora pois obviamente quer estar onde estão as suas 'ovelhinhas'. A cozinha tem duas portas e uns corriam por uma porta e ele atrás e eu e o meu marido a fecharmos a porta e todos a quererem entrar pela outra e nós a tentarmos barrar-lhe a passagem mas, claro, eu a precisar de entrar. Há coisas que deveriam ser filmadas pois só vistas.

E agora que estou aqui na sala a ver uma coisa assustadora, os vídeos falsos gerados por Inteligência Artificial, uma coisa que me preocupa para além da conta (um dos habilidosos dizia que com um gasto mensal de vinte e poucos dólares, conseguia fazer não sei quantos vídeos -- ou seja, toda a tecnologia à disposição de toda a espécie de crápulas, de mercenários, de malucos, de agarrados que precisam de dinheiro, de psicopatas, de fascistas, etc), só me apetece continuar no registo das frioleiras, das futilidadezinhas inofensivas, que não me desgastam os neurónios, que não cansam a minha beleza.

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As imagens foram photoshopadas com muita graça por Volker Hermes

E um bom fim de semana para todos

sexta-feira, novembro 01, 2024

Conversa gostosa entre desempoeiradões com mais de 60

 

Quando eu era mais nova tinha para mim que quem tinha mais de sessenta estava a caminho de ser velho, terceira idade pura e dura. 

Ainda me lembro de um amigo, uns anos mais velho que eu, ao fazer 60, me dizer 'sou daqueles de quem, se tiverem o azar de tropeçar e cair na rua, vão dizer que foi um idoso, um sexagenário caído no passeio'. E era.

Ainda me lembro bem da minha avó paterna que, antes dos 60, já me parecia uma velhinha. Ao contrário da minha avó materna que pintava o cabelo, se vestia de forma mais arejada, passava temporadas em Lisboa ou na Figueira da Foz ou em Faro em casa de primas ou primas de primas e tinha um aspecto mais 'conservado', a minha avó paterna, com o seu cabelo grisalho, o vestuário que seguia os seus critérios de adequação' à idade e os seus reumatismos que condicionavam a sua agilidade, sempre pareceu mais velha do que era (e creio que ela própria se sentia velha).

Agora que sou eu que já cá estou, vejo as coisas de outra maneira. Não sei bem como é que as vejo mas sei que os 60 vêm com uma boa dose de ingredientes diversos, grande parte deles bastante bons (tolerância, ignorância [sim, quanto mais velhos, felizmente mais ignorantes], etc). Claro que os há menos bons mas a gente desvaloriza.

Se os mais jovens assistissem às brincadeiras, às irreverências e ao gosto pela aventura dos meus amigos sexagenários ficariam muito admirados.

O algoritmo do Youtube, que me topa à légua, hoje tinha este vídeo que aqui partilho para me mostrar. E, na realidade, gostei de os ouvir. Conversa leve, solta, alegre, descomplexada. E o Bial é uma graça, um belo pedaço de homem.

Astrid Fontenelle fala como o ENVELHECIMENTO não abalou sua FORMA DE VIVER! | Conversa Com Bial


Dias felizes

quinta-feira, outubro 31, 2024

Será que é desta...?

 

A solução para retardar o envelhecimento estará mesmo a caminho...?

Creio que sim, que está mesmo a caminho. E só gostava era que chegassem a tempo de eu poder usufruir de alguns dos desenvolvimentos que vierem a mostrar-se efectivos, sem efeitos secundários, económicos, para uso geral. Admito que a cosmética venha a beber aí conhecimentos. 

Pelo que parece, o que está a descobrir-se abre caminho não apenas ao retardar do envelhecimento da pele mas também dos órgãos, nomeadamente o coração.

Notícias fantásticas. 

Daqui por não muito tempo a esperança de vida aumentará e creio que, por essa via, a qualidade de vida será incrementada (e as pessoas parecerão mais jovens até mais tarde). Assim a sociedade saiba adaptar-se (o que pode ser um desafio e tanto...). 

Aliás, as investigações em curso nas mais diversas áreas parecem abrir portas a um mundo novo. Sempre assim foi, mas agora, com as investigações em rede, com a partilha de informação disponível em qualquer lugar, a qualquer hora, com as sinergias que se criam, os avanços são mais rápidos, podem ser facilmente potenciados e, talvez por isso, parecem mais significativos.

E, no entanto, vejo estas boas notícias ao mesmo tempo que leio que morreu André Freire, pessoa que ouvia sempre com atenção. Segundo a notícia, foi operado a um ombro, supostamente uma operação pacífica, arranjou uma infecção na sequência da cirurgia e, num ápice, morreu. Fez-me muita impressão. Com tantos avanços científicos, tanta sofisticação e depois acontece uma coisa destas. Li que ainda na segunda-feira tinha estado a lançar um livro, certamente muito longe de pensar que estava a viver um dos seus últimos dias de vida. Por vezes a vida é ingrata, traiçoeira. E isso pode ser assustador.

Li ainda que André Freire foi operado na Luz mas que, face ao quadro, foi transferido para o São Francisco Xavier. 

Quando a coisa dá para o torto a valer, ainda bem que há o SNS. Infelizmente, neste caso, pelo triste desfecho, já não terá sido possível reverter o quadro. 

Lamento muito.

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New skin research could help slow signs of ageing | BBC News

Researchers have made a scientific discovery that could be used to slow the signs of ageing. 

The Human Cell Atlas project has discovered how the human body creates skin from a stem cell, and even reproduced small amounts of skin in a lab. 

As well as combatting ageing, the findings could also be used to produce artificial skin for transplantation and prevent scarring.

quarta-feira, outubro 30, 2024

Quais as causas para haver, em simultâneo, em vários países, uma crise na Habitação?

 

Até há relativamente pouco tempo não se ouvia falar em crise na Habitação. 

Aliás, há uns anos, antes da 'acalmia', mais concretamente em 2008, houve uma crise mas de sinal contrário. Se agora, o problema é a escassa oferta e, consequentemente, os preços muito elevados, há uns anos o que aconteceu foi o contrário: era área de forte investimento até que a dita bolha imobiliária rebentou, deixando os bancos entalados e, logo, o sistema financeiro a tremer.

Mas agora não é apenas em Portugal mas em vários países, alguns com ainda maior premência do que por cá, que as pessoas vêm para a rua gritar pelo direito a uma habitação digna. Casas não as há, quer para vender quer para alugar, pelo menos a valores compagináveis com os rendimentos da classe média baixa. Parece que as casas 'económicas' desapareceram. Há, sim, casas milionárias ou milionaríssimas que, estranhamente, também se vendem e arrendam bem, embora certamente a outra camada da população, se calhar, até, a estrangeiros.

Há pouco, estávamos a jantar e a ver, na RTP 3, o Jon Stewart com Josh Shapiro, Governador da Pennsylvania. E, para meu espanto, um dos temas abordados foi também o da crise da Habitação.

Ora o que há de comum entre Portugal, Espanha, França, Irlanda, Reino Unido... e Argentina, Canadá, Austrália, Estados Unidos... para que não haja casas disponíveis para a classe média e média-baixa?

A população está a aumentar de forma rápida, não orgânica? 

Em Portugal, o número de imigrantes é de ordem a justificar a escassez de casas? Até pode ser. Felizmente, a demografia anémica de Portugal está a ser compensada com os imigrantes. Já aqui o referi muitas vezes: tomara que por cá se mantenham e se instalem e formem família, de preferência com muitos filhos. Mas, na realidade, são centenas de milhares de pessoas que têm que ser alojadas.

Ou a crise da Habitação tem também a ver com o advento do turismo fora do âmbito hoteleiro? Estará a crise relacionada com a implantação de plataformas como o Airbnb (escrevo no plural pois não sei se não haverá mais)? Por todo o lado há casas que saíram do mercado do arrendamento tradicional ou em que provavelmente os donos desistiram de as pôr à venda pois o rendimento que obtêm com o alojamento local é bem mais atraente.

Gostaria de ver um estudo exaustivo sobre este tema, identificando, por um lado, o número de casas que seria necessário para alojar o acréscimo de população e, por outro, o número de casas que foram subtraídas do mercado habitacional por transferência para o mercado turístico. Creio que estes dois factores são transversais a todo o mundo dito ocidental (que acolhe imigrantes e turistas).

Penso que, com um estudo fundamentado e com números exactos e uma distribuição geográfica das carências, seria mais fácil encontrar soluções.

O que me confunde é que ouço frequentemente dizer que o problema não é a falta de casas. Não sei se há nuances semânticas nisto. Não vale dizer que há casas, são é de gama alta. Se a população que se queixa de falta de casa é gente com fracos rendimentos, o facto de haver casas de 1 milhão ou com rendas de mais 2 mil euros não vem ao caso. Nem vale dizer que há casas, por exemplo podem usar-se conventos ou quartéis, pois instalações dessas poderão ser reconvertidas para hotéis mas dificilmente para apartamentos (digo eu).

Ou seja, penso que tem que haver um mapeamento exacto do que falta e das suas características e localização. 

E também não vale a pena tentar travar o que não é travável, tal como o turismo que se se instala em alojamentos locais. Quando muito consegue racionalizar-se, mas não travar. Pode, também quando muito, tornar-se o arrendamento habitacional mais atractivo para os senhorios (impostos mais baixos, por exemplo). Mas nunca a solução passará por aí.

Seja como for, em abstracto, creio que o que há é fomentar a construção rápida, económica e bem pensada de construção de habitação, não direi social mas para uma população de baixos rendimentos. E isto deveria ser pensado de forma articulada, discutido, entregue a quem sabe: equipas mistas de arquitectos, sociólogos, engenheiros civis e engenheiros urbanistas. 

Não pode ser feita uma coisa às três pancadas, na periferia. Não queremos, certamente ter mais bairros sociais, indistintos, nos limites das cidades, futuros ghetos. 

Creio que há técnicas de construção económicas e seguras que não têm que ser necessariamente ruinosas para os empreendedores. Ainda agora vi que em Estarreja, numa fábrica, estão a apostar em técnicas económicas e sustentáveis para a construção. Tem que haver investigação e investimento forte nestas áreas.

Não creio que tenha que ser construção pública. Pode ser. Mas não tem que ser forçosamente pois as naturais limitações orçamentais do Estado não devem ser um travão para a resolução deste grande problema. 

Agora que se perceba de que é que efectivamente se está a falar, quais as causas, de que é que se precisa exactamente. E que se perceba que isto é um tema global. Que se aprenda com os outros, no que for de aprender. 

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Partilho um vídeo sobre o tema. Contudo não são abordadas possíveis causas que me parecem bastante prováveis como as que referi (o disruptivo e não linear crescimento da população pela incorporação de imigrantes no tecido social e o grande afluxo turístico que se aloja em casas que antes eram habitacionais).

The Global Housing Crisis in 5 Minutes

The global housing market has reached boiling point. Prices are going through the roof, home-ownership rates are at all-time lows, and supply is consistently below what is needed. As we go through multiple global cities, we investigate the main problems with the housing market, as well as the possible solutions.


terça-feira, outubro 29, 2024

O Ministro Sarmento para além de não gostar muito da verdade, de misturar alhos com bugalhos (confunde, por exemplo, gestão de tesouraria com gestão orçamental) e de dizer que as cativações dele não são bem cativações, tem uma outra particularidade: não sabe falar. Por exemplo, diz "póssamos". É abaixo de mau.
Para compensar, peço muita desculpa mas tenho mesmo que invocar Puttin' on the Ritz

 

Foi a minha filha que me chamou a atenção e, como eu não tinha visto, até me enviou um vídeo que fez. Só que, por nabice minha, não consigo aqui incorporá-lo. Mas é uma cena verdadeiramente badalhoca: o Sarmento parece dirigir-se a esse outro que, com o que tem feito e dito, tem evidenciado ser uma nódoa na nossa democracia. Às tantas, com aquele seu arzinho ladino de chico-esperto, Sarmento diz: 'Quando descobrirmos qual o programa eleitoral que o Chega defende, talvez póssamos falar de programas eleitorais'. Ventura ri-se.

E eu só tenho pena de não poder correr com ambos, um do Governo e outro da Assembleia. É que não se aguenta. É mau de mais.

Já houve um tempo em que o Governo era formado por gente culta, inteligente, competente, e em que os deputados eram gente de bem, os melhores representantes da população, gente digna, séria, bem educada, bem formada. Agora é isto. Claro que haverá gente de bem, claro, uns quantos que ainda se aproveitam (felizmente), mas depois há um rebotalho que é isto. 

O que as televisões nos mostram é uma dor de alma: uns são mentirosos, outros mentalmente desonestos, outros broncos, e agora até isto, gente que nem falar sabe. Caraças. E há casos em que a mesma pessoa consegue ser isto tudo ao mesmo tempo. Um desastre.

A democracia, ao contrário da tirania, é benevolente, inclusiva, tolerante, avessa a linhas vermelhas. Portanto, gentilmente fecha os olhos às violações, aos atentados contra os seus mais valiosos princípios, abre as portas a quem tudo faz para a desgastar e, talvez, devorar.

Um dia ainda se fará essa reflexão. 

Esta queixa-crime colectiva contra André Ventura e Pedro Pinto é um bom passo nessa direcção. Não deveríamos deixar passar actuações como as destes dois. Mas muito mais se deveria fazer. 

E deveria haver também uma qualquer acção pública de denúncia contra os crimes contra a língua portuguesa praticados por gente paga com o dinheiro dos nossos impostos e que supostamente nos representa e/ou governa.

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Como fico doente com isto, tenho que respirar outros ares.

Pode ser isto.

Morecambe and Wise - Puttin' On The Ritz (1960s)


segunda-feira, outubro 28, 2024

O tempo dos cogumelos

 











Hesitei ao dar o título a este post. Pensei em escrever 'o tempo da magia'. Para mim, o que se passa é mágico. Até há pouco tempo a terra estava seca. Agora, com as chuvas, todos os dias dela irrompem estes pequenos seres. 

Já ontem aqui falei neles. Aliás, todos os anos, por estas alturas, falo deles. Fascinam-me. Nascem já feitos. Vêem-se a levantar a terra e as folhas secas que têm em cima. Se são grandes, nascem logo grandes. E, apesar de virem de dentro da terra molhada, vêm limpos. Os brancos, por exemplo, vêm imaculados. Dá ideia que depois sacodem os grãos de terra pois aparecem polvilhados mas depois ficam limpinhos.


E, com o auxílio da Lens do Google, já vi que tenho cá uns lindos branquinhos que são super-venenosos, nomeadamente os que aqui mostro. Vamos ter que arrancá-los pois embora o nosso cão nunca tenha mostrado interesse por cogumelos, não fico descansada enquanto eles ali estiverem.

Alguns, no dia ou dias seguintes, aparecem com bocados a menos, presumo que haja quem ande por ali a banquetear-se.




A propósito, há bocado fiz iscas para o jantar. Quando ia cozinhar, resolvi ir apanhar umas folhinhas de louro e um pé de alecrim. Mas, com a mudança da hora, já era de noite. Liguei a lanterna do telemóvel e lá fui. Pois bem, digo-vos: fez-me um bocado de impressão. Ao pé de mim, ouvi correr. Não sei se era gato, coelho ou outro bicho mas nitidamente ouvi uns pezinhos a correrem ao meu lado. Depois uns barulhinhos não identificados. Voltei rapidamente enquanto pensava que para a próxima tenho que me abastecer durante o dia. Nem tão cedo me apanham em incursões nocturnas...

Mas não é só da terra que irrompem os cogumelos. Até das nesguinhas de musgo que se formam de  pequenas brechas nos caminhos de pedra eles nascem. Uma coisa extraordinária (mágica, não é?)

Depois, ou porque são comidos ou porque secam, ao fim de poucos dias desaparecem. Nem fica rasto deles.

Fiz não sei quantas fotografias. Encanto-me.

E, ao fim do dia, com o sol dourado por entre as árvores, foi aquela paz que me invade e que me deixa feliz e agradecida.


E portanto, para resumir, o que posso dizer é que por aqui ando, tranquila, descansada e bem disposta, um misto de estar de férias, de ser turista e de ser uma criança à descoberta de tudo.

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Desejo-vos uma boa semana a começar já nesta segunda-feira.

Saúde. Boa disposição. Paz.

domingo, outubro 27, 2024

A pessoa por detrás do Peçanha

 

Não se espantem por eu andar a passar ao lado dos temas da actualidade mas estou mais numa de peace and love, por exemplo a ver cogumelos (que irrompem aos montes por todo o lado -- uns gigantes como naves espaciais, outros gordos como farófias, outros pequenos e robustos como anõezinhos bem alimentados, outros que não parecem o que suponho que sejam), a andar a ver os reflexos de luz nas límpidas gotas de água que pendem das folhas, a fotografar tudo o que mexe e tudo o que está imóvel. 

Para além disso, de noite ouvimos um barulho não identificado e, acto contínuo, o cão desatou a ladrar freneticamente. Assustei-me, claro, o meu marido foi passar revista à casa e etc. Não descobriu nada mas ficámos intrigados. Com isso, claro que fiquei sem sono. Só voltei a adormecer já quase amanhecia. Por isso, agora que liguei o computador e me instalei no sofá, estou só a adormecer, estou com o computador no colo há séculos e tem sido uma luta, a maior parte do tempo a dormir.

Praticamente não tenho vi televisão, pois não se aguenta. Li o Expresso de ponta a ponta, por vezes em rápida diagonal, outras vezes bem devagarinho. 

E agora à noite estive a ver alguns vídeos bem interessantes, entre os quais uma entrevista a António Tabet, um dos meus preferidos da Porta dos Fundos.

Como sempre, só posso concluir que quem vê caras não vê corações. A vida dele, um miúdo pequeno a cuidar do pai com cancro, a mãe, viúva (na altura com um filho bebé, para além dos mais velhos, o António, na altura com 15 e outro com 13), que se passou e mandou o filho de 13 para casa dos avós e a ele para fora de casa, depois a andar de casa em casa, não foi nada fácil. Como tudo foi incorporado até se tornar um humorista como ele é é extraordinário.

A entrevista é longa, e ainda bem, e ouve-se de gosto do princípio ao fim, por vezes a rir. Por exemplo, como se viu livre de um ameaçador grandão que estava a barrar-lhe a passagem, incorporando a personagem do 'policial Peçanha' é de gargalhada.

Antonio Tabet fala sobre relação difícil com a mãe, personagem Peçanha e trote no 1º emprego

O roteirista e ator Antonio Tabet é o convidado desta semana do “Desculpe Alguma Coisa”, videocast da escritora Tati Bernardi em Universal UOL. Tabet conta como foi expulso de casa aos 16 anos, após perder seu pai para um câncer agressivo no cérebro. Humorista, ele relembra o policial que inspirou seu personagem “Peçanha”, esclarece seu posicionamento político e diz que o humor paga um preço que nenhum político pagou com a polarização política.  


E agora acho que vou mesmo dormir.

(Obrigada pelos comentários e não levem a mal não responder a cada um, está bem?)

sábado, outubro 26, 2024

Há uma coisa que eu não compreendo: quem compra os livros ou lê as crónicas do Gonçalo M. Tavares gosta do que lê? A sério...?
Pergunto.
.

 

Este fim de semana, por uma vez desde há séculos, comprámos o Expresso. Estava curiosa com uma coisa. Muita parra e pouca uva. De facto aquele jornalista, ou lá o que é, é um tretas. Nem vou comentar junto do meu marido pois ele bem me avisou. De facto. Tipo mais tangas.

Contudo não se perdeu tudo pois, de caminho, estive a ler o resto. Deliciei-me com aqueles de quem sempre gostei, de que continuo a gostar e de quem, tenho a certeza, sempre gostarei.

E espantei-me, uma vez mais, com a vacuidade e o disparate pegado do que o Gonçalo M. Tavares escreve. E fiquei, de novo, na dúvida: serei mentecapta? insensível? ceguinha perante a qualidade? 

É que, se há tanta gente que gosta, quem sabe se o problema não é meu...

O que eu gostava mesto é que algum dos admiradores dele viesse aqui e me explicasse. A sério. Gostava mesmo de saber.

Ando há anos a tentar perceber porque é que o Moedas é tão valorizado

 

E ainda não percebi. Aliás, cada vez percebo menos.

sexta-feira, outubro 25, 2024

Marcelo, o big Chief das Forças Armadas, não diz nada depois do pseudo-ministro Rangel, num dos seus bem conhecidos ataques de histeria, ter destratado o chefe do Estado-Maior da Força Aérea?
Não vai andar por aí a mandar recados e dizer que é preciso cortar os ramos mortos das árvores?
Depois de ter feito a cama ao Galamba (que a única coisa de que é acusado é de ser um bom Ministro e ter defendido os interesses do País), agora vai ficar calado perante as diversas maçãs podres que há no cesto do Governo do Mentenegro?
Pergunto.

 

As pessoas desclassificam-se quando se mostram não isentas, não objectivas, tendenciosas, manipuladoras (estou a aprender com o Lentão, enunciando palavras sinónimas ou afins para parecer que se referem a muitas coisas).

Como muito bem diz o nosso Presidente Marcelo, o mundo gira a grande velocidade e tudo ganha grandes proporções muito rapidamente, tão rapidamente quanto os mesmos factos caem no esquecimento e perdem relevância. Mas eu, como sou antiga e ainda não me deixei contaminar pelas sôfregas redes sociais, não me esqueço muito facilmente. E não me esqueço, nem perdoo, a vergonhosa campanha que Marcelo fez contra João Galamba. 

Contudo, como, ao mesmo tempo, sou optimista e ingénua, ainda espero que Marcelo venha retratar-se em público, pedir desculpa pelo que fez e condenar a forma indecorosa como Galamba viu a casa revistada, bem como pedir desculpa pela pouca vergonha de o terem escutado ao longo de quatro anos. Poderá dizer que não foi por ordem dele ou que não sabia. Não colhe. Marcelo mete-se em tudo, tenta influenciar todos. Se faz campanhas públicas para apear ministros (e um primeiro-ministro), bem pode fazê-lo quando o cumprimento dos mais elementares princípios do Estado de Direito estão em causa. Apearam o pobre Galamba, humilharam-no, condenaram-no na praça pública. 

Mas não foi só Galamba a ser crucificado por Marcelo. O que fez com a Ministra Constança Urbano de Sousa foi identicamente imoral, desumano e indesculpável. E também ainda não ouvi a Marcelo uma palavra de pedido de desculpas públicas.

E agora em que há ministros do seu Governo (sim, seu) a portarem-se vergonhosamente, ministros incompetentes, mentirosos e mal educados, não diz nada?

Nem no absurdo, caricato e estapafúrdio caso do Rangel vai deixar passar? Vai deixar que essa criatura (a ser verdade o que se lê em notícias não desmentidas) chame burros e camelos aos militares e diga que só fazem merda? Vai deixar que desacate e destrate altas patentes em frente a subordinados?

Não pode.

Os spins da equipa do Mentenegro não deixam a Mini-strinha da Administração Interna abrir a boca porque toda a gente sabe que ela não sabe falar.
Mas, pergunto eu, acham que o Leitão Amaro sabe...? Acham mesmo que ele sabe falar...?
Pergunto porque não consigo perceber.

 

O Lentão, como o Ricardo Araújo Pereira lhe chama, não é capaz de dizer uma frase completa. Nem completa nem correcta. Perde-se em sinónimos como se estivesse a fazer um esforço para ser preciso, mas o tempo verbal nunca condiz, e, se o sujeito é singular, o verbo aparece no plural, se o sujeito é masculino, o adjectivo é feminino, e isto já para não falar, na interrupção ou na mudança de agulha a meio da frase, fazendo com que não haja um raciocínio que saia alinhado ou que faça sentido. Para parecer que vão fazer muitas coisas, vai dizendo sinónimos da coisa, tudo devagar, desprovido de substância. Vamos fazer, pôr em prática, lançar, pôr no terreno e vamos fazer tudo em todas as vertentes. 

Se lhe pedem informações concretas, Mas o quê? Pode concretizar?, aí é que a coisa se ensarilha. A gente percebe que o menino não sabe, não faz ideia. Mas disfarça, julga que somos parvos, e continua a desfiar palavras desconexas, desemparelhadas, ocas. 

O tema hoje tinha a ver, naturalmente, com os tumultos nos bairros pobres da periferia. Tema, portanto, para a pseudo-ministra Blasco. Pois bem, as televisões mostravam o Lentão, a duras custas, a tentar parir uma frase completa enquanto a cabecinha da dita, com um sorrisinho aluado, aparecia num plano abaixo, ao lado dele, como se não tivesse nada a dizer sobre o tema. 

Uma indigência.

Em situações complexas como esta que vivemos, temos abéculas destas no Governo. Caraças.

quinta-feira, outubro 24, 2024

Ah que bom poder estar em casa, descansada...

 

Já aqui falei nisso muitas vezes: casei-me com vinte anos. Estudava (ia às aulas, fazia trabalhos, tinha exames) em metade do dia e, na outra metade, dava aulas. 

Depois fui trabalhar para uma empresa. Usava diversos transportes públicos e, numa parte do percurso, uma carrinha da empresa. Saía de casa às sete e picos da manhã e chegava às sete e tal da tarde e, como coincidiu com o inverno, já era de noite. Entretanto engravidei. E ali andava eu. E até aproveitava um dos transportes para fazer rosetas de lã em crochet para fazer mantinhas para o berço. 

Depois nasceu a minha filha. Mudei de local de trabalho mas continuei a usar diversos transportes, aliás ainda mais, pois, antes de ir trabalhar, ia deixar a bebé a casa da minha sogra. E ao fim do dia a mesma coisa. Com ela ao colo, com sacos, em eléctricos, em autocarros. O meu marido estava na altura na Marinha e não conseguia andar ele a levar a nossa filha. Além do mais, eu amamentei-a até tarde. Ou seja, dava-lhe de mamar antes de ir trabalhar e, à tarde, mal chegava a casa da minha sogra, dava-lhe outra vez de mamar.

E logo a seguir engravidei do meu filho e aí levava-o a ele, levava-a a ela ao colégio. Felizmente (felizmente, neste sentido), entretanto o meu marido já estava a trabalhar numa empresa e já conseguia participar nesta logística, aliviando-me um pouco.

Nessa altura comecei a ter muito mais trabalho, com muitas reuniões, indo de vez em quando para fora de Lisboa e, por vezes, para fora do País.

Ou seja, não conseguia ter tempo de qualidade em casa.

Nessa altura os nossos filhos ainda não namoravam nem tinham os seus próprios compromissos, salvo algumas festas de anos ou práticas desportivas. Por isso, tínhamos margem para, ao fim de semana, combinar almoçaradas, picnics e passeios com amigos. E tínhamos também que visitar a família. Nessa altura ainda estavam todos vivos. Por isso, nem ao fim de semana eu conseguia estar calmamente em casa.

Quando vinham as férias, e geralmente nunca conseguíamos ter mais que três semanas, íamos sempre pelo menos uma semana para o Algarve, outra semana íamos passear e lá conseguíamos estar cerca de uma semana em casa para ir à praia por cá. Quando eu pensava o que queria fazer nas férias, o que eu gostaria mesmo era de ficar em casa, Mas, claro, em especial com crianças pequenas ou adolescentes, fazer praia era fundamental. Além disso, também gostava de passear.

E depois arranjámos a casa no campo e, por isso, os fins de semana passaram a ser lá mas era uma logística complicada, carregados de comida e toda a espécie de tralha. E havia obras, andávamos a plantar arvores, a família também ia muito lá.

Depois veio o tempo da velhice e das doenças dos pais de ambos, o que nos exigia visitas, trabalhos, fazer compras e ir lá levar, etc. 

Até ao fim (salvo os tempos do confinamento e do teletrabalho) diariamente saía cedo de casa e chegava ao fim do dia. Horas e horas de trabalho, rematadas e iniciadas com horas de trânsito. 

Quando estava a aproximar-se o tempo de nos reformarmos, o meu maior sonho era poder ficar em casa sossegada. 

Contudo, mal me reformei, tive um problema num joelho que me obrigou a exames e tratamentos, depois veio a Covid e o sono que nos trouxe, depois vieram as crises da minha mãe, estando duas vezes internada, depois veio aquele período em que eu julgava que ela andava constantemente com crises de hipocondria e várias vezes fui com ela para o hospital passando lá a noite inteira à espera. O desfecho foi o que eu não esperava, ao descobrir que, afinal, estava mesmo doente e de forma terminal. 

A seguir veio o calvário de esvaziar a sua casa.

Portanto, só recentemente me vi com disponibilidade para ficar em casa sem encargos, sem afazeres, sem preocupações. De vez em quando sinto que o meu corpo e a minha mente ainda não aprenderam esta nova realidade pois parece que ainda receio que venha alguma má notícia, parece que ainda receio afastar-me muito pois 'pode acontecer alguma coisa'. Mas, finalmente, começo a usar os meus dias para fazer aquilo de que gosto.

Por exemplo, hoje, depois do pequeno almoço, pus-me 'à verão' e fui sentar-me ao sol. Levei um chapéu e um livro. Ouvia os passarinhos enquanto lia. Uma maravilha. Entretanto, o meu marido foi desbastar um bocado de uma sebe para podermos ter mais sol no sítio onde eu estava. 

Depois fomos ao supermercado, ele foi comprar uns jeans e trouxemos o almoço de lá.

Aqui já em casa, almoçámos e fui outra vez sentar-me ao sol a ler. Depois vim para casa, estive a fazer coisas que devia. Mas tudo tranquilamente, na boa, sem pressas, sem stresses. 

Ao fim da tarde, a temperatura amena, a luz muito dourada, os passarinhos a esvoaçarem junto a mim, o cão sentado ao meu lado, pensei que finalmente, ao fim de tanto e tanto tempo, posso usar descansadamente a minha casa.

E é tão bom, tão, tão bom. Sinto-me feliz, agradecida.


quarta-feira, outubro 23, 2024

Escrever

 

Já aqui o confessei: nunca li nenhum livro de Stephen King. Basta serem best sellers para eu dar um salto atrás. Reconheço: tenho os meus preconceitos. Depois, o género terror ou fantástico envolvendo fenómenos paranormais também não me atrai e tenho ideia que os livros dele são assim. Se calhar, estou a ser influenciada pelas capas. Acho que nem nunca folheei algum, No entanto, algum mérito deve ter para se vender como vende e para ter várias obras adaptadas a cinema.

Quando aqui falei nisso, o Leitor Moraisalex comentou e deixou-me curiosa

Por isso, quando a Rosário Pedreira recomendou o livro Escrever, memórias de um ofício, achei que seria um bom livro para começar. 

E se já aqui referi que estava a lê-lo de forma corrida na parte autobiográfica, agora é mesmo com prazer que leio a parte da escrita (recomendações práticas, o seu exemplo, como transforma vivências reais em enredos, etc). 

Na componente biográfica tinha sido muito evidente a sua fantástica franqueza. Sem lamechice, sem moralismo, sem autopiedade, de forma muito linear e pragmática falou das dificuldades por que passou, falou do seu alcoolismo e da sua dependência de drogas e da forma como saiu de qualquer das provações. E agora na parte da escrita é puro gozo. E falo em gozo pois para ele escrever é um prazer, um divertimento, uma alegria. Não há dramatismo, não há angústia. Não há ortodoxia, não há arrogância. Há trabalho, persistência, humildade e há prazer.

A forma como fala da gramática seria muito bem acolhida pelos meus netos que se queixam do que lhes ensinam como se fosse matéria destituída de interesse. Aposto que aulas dadas por alguém que tenha uma abordagem como a dele, com exemplos comparativos, seria pura diversão da qual dificilmente se esqueceriam.

A par do que vai falando de gramática, do vocabulário e daquilo a que se poderá chamar a arte ou a inteligência criativa, Stephen King vai exemplificando com parágrafos ou pequenos excertos de escritores que todos conhecemos, desde os clássicos aos actuais, desde os consensuais ou mais marginais.

À medida que vou lendo vou assinalando as páginas em que há passagens que me parecem relevantes. Tinha até pensado transcrever algumas delas. Mas são muitas. Tenho preguiça... Se puderem comprem o livro pois vale bem a pena.

Por isso, vou antes partilhar dois vídeos em que dá para apreciar o seu estilo.

Stephen King Reveals His Top Five Stephen King Stories


What Ya' Readin'? with Stephen King


terça-feira, outubro 22, 2024

Os tipos do PSD são mal educados e arrogantes, não têm ética, são incompetentes e têm alergia à verdade
-- A palavra ao meu marido --

 

Após o congresso laranja, após a novela do orçamento (que me parece ir continuar na especialidade), após as acusações entre o Ventura e o Montenegro, após a atuação do PSD e do governo, confirmo a minha opinião de que esta gente não sabe  governar, muito menos na situação de minoria em que se encontra (situação essa que ainda não interiorizaram).  

Senão, vejamos:

Como é possível que o líder parlamentar do PSD seja constantemente mal educado e arrogante para as oposições? O que ele afirma e como afirma são de uma arrogância e de uma falta de educação que dizem bem da forma como o PSD se posiciona. 

A birra do  Rangel com chefias da Força Aérea, em público, revela que não deve ser ministro quem quer. É preciso saber estar e não mimetizar, nas cerimónias públicas, os histerismos exibidos anteriormente em comentários televisivos. Deplorável!

Mas a arrogância é também constante nos discursos do Montenegro (por exemplo, o que disse sobre os jornalistas teria dado origem a uma revolta das redações no passado recente), na forma como se recusa a responder aos jornalistas quando não lhe interessa abordar assuntos difíceis ou nas intervenções parlamentares.

O Moedas é outro exemplo acabado do mesmo.

A falta de ética revela-se em muitas coisas, como por exemplo, no que o Sarmento disse e contradisse sobre as contas públicas. 

Mas nada me parece mais desprezível do que apropriarem-se de medidas do PS afirmando "à cara podre" que são do PSD, sem referirem nem ao de leve que as mesmas já existem. O Montenegro voltou a fazer a mesma coisa no congresso do fim de semana. 

Mas não se ficam pela apropriação de ideias e iniciativas do PS. Como estão a apostar em eleições, também apresentam medidas suportadas em "ideias" do Chega, sem o referirem, para ver se conquistam os votos da  extrema direita. Para o PSD tentar ganhar eleições vale tudo, até "tirar olhos".

Sobre incompetência também estamos falados. Basta relembrar as Ministras da Saúde e da Administração Interna e os Ministros da Defesa e da Educação (afinal bastava mudar de governo para não haver problemas no início das aulas e continuamos  a ter dezenas de milhares de estudantes sem professores). 

Relativamente à "alergia â verdade" o rol é extensíssimo mesmo que nos detenhamos apenas no Montenegro. 

O que disse e desdisse sobre o choque fiscal, sobre o tempo necessário para a resolução dos problemas da saúde e da educação, sobre o crescimento da economia na legislatura em que assentou todo o programa económico (e que em seis meses passou de 3,4% no último ano para 1,8% e cuja média é inferior à media durante os governos do PS, mesmo tendo havido uma pandemia), a desfaçatez com que toma como suas medidas alheias  ou "o não é não" que afinal termina numa proposta de acordo com o Chega (estou convencido que neste caso quem falta menos à verdade é o Ventura) são as exemplos mais do que suficientes para confirmar que existe uma enorme "alergia à verdade" neste governo.

Eu sei que a comunicação social tem levado o governo ao colo e que a única coisa que o Montenegro tem feito é distribuir dinheiro a torto e a direito. A comunicação de direita presente nos meios de comunicação que desancou e desanca o PS continua ativa e nos mesmos sítios, mas caramba, será que a oposição, em vez de se deixar enredar pelo PSD e pela comunicação social, não tem bastas razões para fazer politica à séria e demonstrar a ineficácia e a vacuidade do governo? Tem com certeza!

segunda-feira, outubro 21, 2024

Sobre o comício do Montenegro, do (pouco) que vi pouca coisa tenho a dizer até porque o que vi foi coisa poucochinha. Só se for congratulá-lo por, no meio daquele empolgamento todo, não se ter posto a gabar o tamanho do pénis de alguma figura conhecida de Braga, por exemplo de algum arcebispo.

 

Se calhar é porque, apesar de tudo, o Luís tem algum controlo sobre o que diz. Não muito, não muito... já o Marcelo se queixou disso ao dizer que ele dá muito trabalho. Mas, apesar de tudo, sempre é mais atinado de boca que o Rangel e o Moedas, duas coisinhas histriónicas que estão bem uma para a outra e que abrilhantariam com alegria os comícios do Trump. 

Por isso admirei-me por essas duas coisinhas não o terem feito. Se calhar não viram o Trump em Pennsylvania, senão talvez tivessem seguido os seus bons exemplos ao gabar os dotes físicos e a 'macheza' de um certo falecido Arnold Palmer natural do sítio em que estava a decorrer o comício. 

Mas, para a próxima, como qualquer deles -- deles todos, Mentenegro incluído -- não tem nada de jeito a dizer e como parece que se limitam a desavergonhadamente apropriar-se de ideias já legisladas e postas em prática pelo PS (ou que estavam em vias disso, não fosse a Gago e o Marcelo terem arranjado maneira de correr com o Costa e, logo, com o Governo) e a despudoradamente apregoá-las como se fossem suas ou a cavalgar ideias do Chega, talvez os vejamos mesmo a subir ao púlpito para gabar a pila gigante de algum ilustre brácaro. E, sendo Braga um sagrado coito de arcebispos, ficar-lhes-ia bem destacar algum  deles. 

Aqui fica o vídeo para aprenderem como é. 

Bizarre moment Trump talks about golf legend Arnold Palmer's manhood at Pennsylvania rally

Trump was campaigning in Latrobe, Pennsylvania, where Palmer was born in 1929 and learned to golf from his father, who suffered from polio and was head pro and greenskeeper at the local country club. Politicians saluting Palmer in his hometown is nothing new, but Trump spent 12 full minutes doing so at the top of his speech.


domingo, outubro 20, 2024

Sábado assim-assim.
E receita de frango a que não sei que nome dar

 

Logo de manhã tive notícia que um amigo está numa situação clínica muito complicada e, pelo que é, ficámos todos preocupados. Fiquei em estado de choque e, como eu, todos os amigos. E porque vejo os que são médicos tão preocupados ainda mais temo que a situação seja mesmo crítica. Todo o dia tenho andado com esta apreensão. Ele é daquelas pessoas de quem ninguém poderia alguma vez pensar que lhe acontecesse uma destas. Muito jovial, muito alegre, com um aspecto saudável, cheio de energia e irreverência. E, de repente, está mal.

Portanto, o meu dia ficou um pouco toldado.

Não há dúvida de que, quando estamos bem, devemos dar graças por isso, curtir a generosidade da vida, degustar a felicidade. É que, de um momento para o outro, pode haver uma guinada de pouca sorte... Portanto, que, ao menos, tenhamos sempre a sensação de que não andámos a ser parvos e a desperdiçar o que tínhamos de bom à nossa disposição e não soubemos aproveitar bem.

Enfim...

Acresce que antes de ontem dei um jeito ao pé e, na sequência, ficou dorido e, para me provar que era a sério, inchou. O peito do pé todo gordo, a sola do pé também inchada e um dos dedos também reboludo. Nem conseguia dobrar ou mexer os dedos. Nem fiz programas familiares para estar com o pé no ar e com gelo. Agora já está melhor. Esta coisa de pôr os pés ao alto e de os refrescarmos geralmente dá bom resultado. Também pus aquela pomada Diclofenac, que penso que é o genérico do Voltaren, e que também é eficaz,

Como estou assim a modos que levemente jururu, pensando no meu amigo que está tão mal, vou ficar-me por dizer o que fiz para o almoço pois ficou saboroso e creio que saudável. E é simples de fazer.

Como foi só para dois, as quantidades são inferiores às que uso quando é para o quartel.

Meio frango do campo. É relevante ser frango do campo pois a carne tem outra textura e outro sabor.

Num tacho coloquei água, um pouco de sal, uma cebola bem grande aos bocados, dois alhos franceses (apenas as partes de baixo pois comprei uma embalagem com eles sem a rama verde) também aos bocados, cenouras às rodelas e o frango cortado aos bocados (tinha pensado fazer uma canja pelo que tinha pedido no talho para o cortar assim).

Deixei cozer durante talvez uma hora ou quase. O frango do campo tem a carne mais rija. Se fosse frango normal, metade do tempo seria suficiente.

Quando vi que o frango estava já quase macio, juntei três batatas, um bocado de abóbora, uma quantidade generosa de feijões verdes, uma boa quantidade de salsa e mais umas três cenouras às rodelinhas. Temperei com um pouco de açafrão e um pouco de pimentão doce -- pouco para nem se dar por eles, mas o suficiente para ficar com um gostinho saboroso e não facilmente identificável. 

No outro dia, quando fiz os rolos de carne (ainda não disse como fiz... a ver se um dia destes o digo pois ficou bom), recheei um com maçã e farinheira de porco preto do Alentejo. Só usei meia farinheira. Por isso, sobrou metade que hoje juntei ao cozinhado.

Quando os legumes estavam cozinhados, juntei um frasco de grão de bico cozido e uns bons ramos de hortelã. Misturei tudo e desliguei.

Para quem não está tão habituado, um pormenor: quando junto as coisas, ponho o lume no máximo até ferver. Depois, cozinho tudo com o lume no mínimo.

Ficou com um caldinho bom que, depois de comermos os sólidos, apanhámos com colher.

Deu para o nosso almoço e, como estava preguiçosa, repetimos e deu para o nosso jantar. E ainda sobrou um pouco mas que já não dará para os dois.

Para sobremesa, e agora falo só por mim, comi dióspiro. Adoro dióspiro. Não comi inteiro. A cada refeição cortei meio às rodelas e em cada rodela coloquei um niquinho de queijo de cabra. Fica delicioso.

E pronto. Nada mais a reportar.

Ah, sim, tenho andado a ler o Escrever do Stephen King que, até ver, é a sua auto-biografia. Vou agora entrar na parte em que creio que vai falar, em particular, na sua actividade de escrever. Nunca tinha lido nada escrito por ele. Lê-se muito bem, é uma escrita sincera, sem rodeios, com sentido de humor. Não é uma peça de alta literatura mas também não sei se é suposto ser. E, cá para mim, aqui e ali, tem algumas pequenas arestas que presumo que resultem de uma tradução não extraordinariamente refinada. Mas, seja como for, tenho lido bem.

E é isto. Hoje não comento os comentários, estou um bocado off. Mas agradeço-os.

Um bom domingo a todos. 

sábado, outubro 19, 2024

As duas razões pelas quais uma pila se abstém: ou não tem vontade ou não consegue -- Pedro Mexia dixit
[E, já agora, uma questão que envolve a ejaculação precoce das pilas impulsivas]

 

Estava a ouvir o Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer quando João Miguel Tavares, a propósito da atitude dos partidos sobre a decisão que iriam tomar aquando da votação relativa ao Orçamento, usou a metáfora da comparação de pilas. Diz ele que até parece que quem vote contra com mais veemência será quem melhor faz oposição. Nesse contexto, naturalmente os principais intervenientes seriam Ventura com o seu rotundo não e Pedro Nuno Santos que, depois de enunciar todos os motivos para votar contra, aplicou-lhe um 'não obstante' e comunicou que a sua decisão será abster-se.

Nesse momento, Pedro Mexia, sempre com aquele seu ar de quem não está nem aí, se sai com a observação que acima citei. Claro que desatei a rir. Nem mais. E bate muito certo com o que ontem escrevi.

É que Pedro Nuno Santos sabe (ou intui) que lhe falta a energia, a pedalada, o punch, para se impor numa campanha (em que a imprensa e a teia de comentadores está feita com a AD, em que a maltosa da AD e do Chega não se ensaia nada para falsidades e manipulações, em que Marcelo continuará a ser Marcelo). Por isso, porque lhe falta a vontade ou porque sabe que não conseguiria, absteve-se.

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Mas, seguindo no carril das pilas e, na senda do que em tempos escrevi sobre alguma malta que, na nossa política, por aí anda a padecer de ejaculação precoce, uma pergunta faço eu: se é apenas na 2ª feira que Pedro Nuno Santos vai propor à Comissão Política o voto abstencionista do PS, porque é que já fez o anúncio ao País com pompa e circunstância como se já houvesse uma decisão oficial e escriturada? 

Não está a desvalorizar completamente a independência e relevância da Comissão Política do PS? O que lá vão fazer? Missa de corpo presente? São meros verbos de encher? 

E, se por um qualquer desalinhamento cósmico, a Direcção Política do PS decidir num outro sentido, com que cara vai ficar o não-impulsivo Pedro Nuno Santos? Ou tem um certo lado masoquista e gosta de fazer anúncios que mais não são do que passos em falso como naquela opereta bufa do aeroporto? Aparecer-nos-ia, outra vez, com o rabo entre as pernas, a confessar que se tinha precipitado? 

Note-se: estou a perguntar. E não são perguntas retóricas. Pergunto pois gostava mesmo de saber qual a resposta.

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E, se só agora aqui chegou e lhe apetece uma peixeirada, é descer. O Rangel está aí em baixo para a servir.

Ministro Paulo Rangel grita ofensas a general
-- Como agora se diz, é o 'Paulo Rangel a ser o Paulo Rangel

 

Ao fazer pesquisas google no telemóvel, aparecem-me notícias. Acredito que isto resulta de alguma parametrização ou ausência dela que fiz no telemóvel, mas, como não me incomoda, não tirei ainda isso a limpo. 

E, provavelmente porque clico mais numas que noutras, o algoritmo vai aferindo o meu grau de curiosidade e o que mais a desperta e vai refinando o cardápio que coloca à minha disposição.

Hoje, a notícia que me aparecia à cabeça era a que usei em epígrafe e que tem como subtítulo o seguinte: 

Cartaxo Alves, chefe da força aérea, fez Rangel saber que não era local e momento para discutir.

Abri, pois, a notícia (que constava do Correio da Manhã). Admito que, ainda assim*, seja credível tanto mais que conhecemos bem os desmandos e os arroubos da criatura que Montenegro, vá lá a gente perceber porquê, achou por bem levar a ministro dos Negócios Estrangeiros (e, volto a dizer, abstenho-me de aqui invocar a possível razão, baseada no que um amigo, antigo ministro mas de outra área, dizia ser o nome, na gíria, do ministério ao qual Rangel pelos vistos anda a arranjar problemas). 

Reza assim a dita notícia:

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, "destratou de forma ofensiva e aos gritos" o chefe da Força Aérea, general Cartaxo Alves, no dia 4 de outubro, em Figo Maduro, na chegada do voo de repatriamento de portugueses do Líbano.

A notícia foi avançada pelo ‘Tal&Qual’ e confirmada ontem ao CM por fontes que presenciaram a situação constrangedora: militares, polícias e elementos da AIMA. O ministro estava descontente com uma questão protocolar à sua chegada e "atacou o general de uma forma desequilibrada". (...)

Pensei: Ora cá está, 'o Rangel a ser Rangel'. Ou: 'pode alguém ser quem não é?'

Pode o dito, de vez em quando, fazer um esforço para ser levado a sério mas conhecemo-lo, o pé puxa-o, e muito, para o chinelo. Deve ter sido o que aconteceu. Desceu do tacão e armou peixeirada. Deve ter sido lindo. Gostava de ver o General Cartaxo Alves a tentar pô-lo em sentido enquanto, certamente, tinha era vontade de lhe aplicar um calduço.

Uma vergonha.

[* - Ainda agora, ao falar com o meu filho e ao tecer um comentário no qual mostrei algum receio por uma certa situação, ele ficou espantado e, meio incrédulo, perguntou se eu andava a ler o Correio da Manhã. E, quando eu lhe disse que às vezes sim, cedendo à tentação despertada pelo algoritmo, ficou apreensivo, incomodado, disse que eu tinha que vencer o algoritmo pois, segundo ele, ler o Correio da Manhã estupidifica. E estava verdadeiramente incomodado, às tantas já imaginando a mãe feita totó, assustada com tudo e a dizer mal de tudo, julgando que o mundo é o antro de desgraças que o Correio da Manhã pinta. Sosseguei-o: ainda não estou assim. Estou reformada mas ainda não formatada pelos alarmismos do CM. Mas, no caso em concreto que aqui hoje me trouxe, não sei se os outros jornais, ditos de referência, noticiaram o disentérico destempero do nosso despenteado desministro Rangel.]