sexta-feira, janeiro 17, 2025

António Gandra D’Almeida et al.

 

Esta situação vergonhosa de António Gandra D’Almeida, um verdadeiro pintas, não diz muito apenas sobre ele mesmo. 

Todo o seu percurso, passando pela cirurgia -- em que se anda a apurar se não passou à frente dos outros --, ao atestado que o declara com, se ouvi bem, 60% de incapacidade! (o que se traduz em redução de impostos), à acumulação de funções... dizem muito sobre a figura. Mas diz também muito sobre quem o escolheu, sem exercer um cuidadoso escrutínio e sem avaliar a idoneidade da pessoa. Mas este episódio diz sobretudo muito sobre como se pratica """"""a optimização fiscal""""" neste país, com o conhecimento e beneplácito de todos. E ponham muitas aspas nesta optimização. É que optimização uma ova. Fuga aos impostos, isso sim.

Já aqui falei nisso mil vezes. Para não pagarem IRS elevado (que, na realidade, no nosso país é um imposto absurdo, populista, que trata como milionaríssimas pessoas que apenas estão um pouco acima da classe média) há muitos meninos e meninas que criam empresas, muitas vezes unipessoais, às quais imputam toda a espécie de custos (leasing de viaturas, combustíveis, portagens, despesas em restaurantes, provavelmente a água, a luz e os telefones de casas, talvez até a renda ou a prestação da casa, carregando-as de despesas para não pagarem impostos ou pagarem quase nada pois conseguem que essas 'empresas' não tenham lucros que se vejam) e aí declarando um ordenado relativamente baixo. Com isso pagam pouco IRS e pouco ou nenhum IRC.

Os hospitais ou clínicas ou lares ou o que for, em vez de contratarem directamente os médicos, contratam estas empresas de prestação de serviços.

Claro que não são só os médicos que fazem isto. É meio mundo. Read my lips: é meio mundo. 

Já aqui o disse mil vezes: quando se vê quem, em Portugal, paga IRS pela medida grossa, surpreende-se por ser tão pouca gente. Em contrapartida com casas luxuosas, carros topo de gama, a frequentarem restaurantes caríssimos e a fazerem férias de luxo há carradas e carradas de gente. Quem gere a máquina fiscal não vê isso? Não?

Diria eu que grande parte dessa gente que vive à grande e à francesa, pagando um IRS baixo, deita mão destes e de outros esquemas. Tudo previsto pelo fisco, tudo certinho. Não sabem os legisladores destes esquemas? Ai não, não sabem.

E, no entanto, porque é que isto atravessa governos? Porque é deste e doutros esquemas equivalentes que se alimenta uma parte considerável dos mais abonados da nossa sociedade. Todos sabem, todos calam. Uma mão lava a outra.

Neste lamentável caso de mais esta palhaçada no Ministério de Ana Paula Martins gostava muito que a Comunicação Social pegasse neste tema. No entanto, não sei se os jornalistas também não requerem a estes esquemas. Quanto aos partidos, creio que vão assobiar para o lado: é tema que mexe em muito boa gente, mais vale não agitar as águas.

Superar o legado de famílias disfuncionais

 Disclaimer:

Pergunta: Haverá famílias absolutamente funcionais?

Resposta: Duvido

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Abaixo partilho um vídeo que me parece um testemunho importante. 

Quantas vezes as pessoas arranjam neuras, pancadas, fobias, fixações, embirrações apenas porque veem as coisas segundo a sua própria perspectiva, ignorando a dos outros? E, quando entendemos melhor os outros, quantas vezes não mudamos o nosso ponto de vista, não percebemos que arranjámos problemas desnecessários, nos arreliámos por motivo nenhum?

E quantas vezes criticamos nos outros por não fazerem o que nós também não fazemos? Ou por fazerem o mesmo que nós também fazemos? Ou criticamos nos outros aquilo que os outros dizem também de nós?

Sugiro que vejam o que o António Raminhos aqui conta.

Como superei o legado da minha família disfuncional | António Raminhos | TEDxPorto

Para António Raminhos, todos temos um legado, uma cronografia que nos precede. Cresceu no seio de uma típica família disfuncional dos anos 80, com relações e narrativas peculiares, mas hoje olha para trás com um sorriso e não queria ter de contar outra história.

Na sua talk, partilhou alguns desses momentos, trazendo leveza e comicidade mas sem deixar de refletir sobre a importância vital dos nossos antepassados e como devemos reconhecer o papel fundamental que desempenham nas nossas vidas.

Na sua experiência com a sua família, o julgamento e falta de afeto que sentia criaram-lhe as condições para perturbações do foro mental, tal como ansiedade e perturbação obsessiva-compulsiva. Mas através do diálogo com os seus familiares, e em especial com o seu pai, conseguiu conhecer o passado destes, com as suas perspetivas e dificuldades, compreendendo que a forma como tinha sido educado foi o resultado do melhor que sabiam e puderam fazer. Reconhecer a história dos seus pais e avós foi assim uma forma de ultrapassar o legado que recebeu e de conceber um novo para a sua família.

 Da televisão à rádio, dos livros aos podcasts, das redes sociais aos grandes palcos em nome próprio, António Raminhos surpreende ano após ano reinventando-se.

(...)

quinta-feira, janeiro 16, 2025

Nos tempos do Chat GPT que nos coloca toda a inteligência e conhecimento ao alcance das mãos, olhem bem a graça desta cadela que reconhece mais de 200 objectos pelo nome...

 

Quando tínhamos a nossa boxer mais linda e mais fofa, eu dizia: 'Vai buscar o pau'. Ela olhava-me de lado para ter a certeza de que tinha percebido bem e lá ia ela. Andava, andava, até que aparecia com um pau. 

Depois eu pedia: 'Agora a bolinha,' e ela lá andava a espreitar e a cheirar debaixo de sofás e, um bocado depois, lá aparecia com a bolinha. Mas se eu pedia: 'Onde é que está a bola?' ela ia e aparecia, algum tempo depois, com a bola maior. E havia uma coisa a que eu não sabia que nome dar e chamava 'brinquedo'. Ela pensava e lá me aparecia com aquilo. 

Com este cãobeludo, teimoso e temperamental mas que talvez seja mais inteligente que ela, as coisas não são bem assim. Só faz quando lhe apetece. Traz o que é suposto mas só quando está para aí virado. Outras vezes vai buscar o que pedi mas não me dá, fica de longe com as coisas, a olhar para mim. Mas, se eu não lhe ligar, vem-me dar uma mordiscadela para ser eu a ir brincar com ele. 

Penso que identifica todas as pessoas da família e arredores tal como percebe quando lhe digo que vem cá alguém a casa. Outras vezes, apesar de usarmos conversação normal, ele percebe. E quando vamos a casa por exemplo da minha filha ou do meu filho, como o carro fica sempre longe, ele vai a puxar, a puxar, na maior impaciência, e passa por ruas e casas até que, sem hesitação, vai dar a casa deles. 

E tem outra coisa: não gosta que nos afastemos, tenta agarrar-nos, bate castanholas no ar. Quando estou a passear à beira da praia, se começo a ir na direcção do restaurante onde costumo comprar sushi, muito antes de lá chegar, já ele vai a pôr-se à minha frente, a olhar de lado para mim para perceber se vou para lá, quer ele chegar à frente para me impedir. E faz isto com a farmácia, com o talho, com o papelaria. Reconhece o percurso, reconhece as lojas e logo começa a fazer marcação.

Esta border collie é inteligente e fantasticamente obediente. É espantosa. Ver para crer.

A border collie brasileira que sabe 200 palavras e virou estrela de pesquisa

Gaia, uma border collie brasileira de 6 anos que vive em Londres, tem um dom raro: sabe o nome de mais de 200 brinquedos.

Ela faz parte de um pequeno grupo, apelidado por pesquisadores de "cães gênios", com um talento excepcional para aprender nomes de objetos – uma habilidade cognitiva que separa seres humanos de outros animais.

Até agora, apenas 41 cachorros no mundo foram identificados com essa habilidade, segundo um grupo de pesquisa da Universidade Eötvös Loránd, em Budapeste (Hungria).

quarta-feira, janeiro 15, 2025

Alexandra Leitão para Lisboa: mais um tiro no pé de Pedro Nuno Santos?

 

Quando escolho um Presidente da Câmara para nele votar, tento adivinhar se a pessoa tem pedalada para a exigência da função, se é uma pessoa de acção, se é pragmática, se é pessoa com sentido prático para resolver os mil problemas do dia a dia, se é pessoa com mão firme, se é pessoa com sensibilidade e bom senso. E etc.

A mulher de um presidente de Câmara dizia-me uma vez que é uma ocupação deveras ingrata pois a pessoa pode fazer inúmeras coisas boas, estruturais, a pensar no futuro, e todo irrepreensível, mas se uma pedra estiver solta na calçada as pessoas não pensam em todo o bem que ele fez e vão acusá-lo de não ter mandado arranjar a pedra que se soltou no passeio. Acredito que sim.

Não é qualquer um que consegue, ao mesmo tempo, ver ao longe, ver ao perto, ter atenção a quem quer espetar-lhe uma faca nas costas, ser empático, não se deslumbrar com elogios, não se ir abaixo com críticas, e, no meio da barafunda, sem muita conversa fiada e muito foco, seguir em frente e fazer o que tem que ser feito.

Se eu tivesse que escolher um candidato a Presidente da Câmara de Lisboa, assim de repente, sem ter pensado no assunto, não sei quem escolheria. Talvez um João Galamba desse um belíssimo Presidente da Câmara de Lisboa. Acho que sim, que daria. Ou o ex-ministro Siza Vieira. Ou a Mariana Vieira da Silva. Seria seguramente muito boa. Por exemplo. Mas não sei, não pensei no assunto. Mas uma coisa eu sei: sei que não escolheria Alexandra Leitão. 

E também sei que, se fosse eu a mandar, a escolher a candidata à Presidente, e quisesse comunicar a minha decisão, jamais usaria o argumento que Pedro Nuno Santos usou. Jamais. Caraças... jamais.

E se Alexandra Leitão é a 2ª pessoa mais importante do PS, então, na volta, é isso: na volta está tudo explicado.

terça-feira, janeiro 14, 2025

Nada de mais: apenas uma segunda-feira

 

Depois de almoço, embora me parecesse que a brincadeira da descida da temperatura já estava a deitar as unhas de fora, fui para o terraço para ver se apanhava o meu banho de sol. Mas foi sol de pouca dura. E não consegui despir-me. O mais que fiz foi arregaçar as mangas e arregaçar as calças. Mas não estava para ananases. Nem o cão quis estender-se ao meu lado, que ficasse eu a brincar ao verãozinho.

Durou pouco. Voltei para casa.

Agora tenho feito o esforço de, a seguir ao almoço ou princípio da tarde, não me recostar no meu confortável cadeirão de relax. Tenho que me manter acordada para ver se durmo bem de noite. Se adormeço nem que seja uma simples meia hora é certo e sabido que vou ter dificuldade em adormecer ou, a meia da noite, vou acordar e ficar a pensar em tudo o que tenho que fazer e resolver.

Assim, até é melhor. Com tanto que tenho que fazer até sem sido bom, tenho conseguido trabalhar de seguidinha.

Acho que vi um bocado das notícias e estava a dar aquela rentrée da Justiça, uma pastelada requentada em que as araras do costume vão para ali lavar roupa suja em público, como se não falassem uns com os outros, para tratarem dos problemas comuns, senão quando se juntam para a cerimónia. Umas abéculas que é de dar dó. Dão dó e grande preocupação. Se é nas mãos daqueles totós que a Justiça está -- uns totós que não são capazes de resolver nada nem de se organizarem e trabalharem em comum -- então estamos, na realidade, mais do que fritos.

A notícia abria com o facto de não terem convidado ninguém da Igreja. Mas depois, durante a notícia, fiquei com a ideia de que também não fizeram falta nenhuma nem ninguém deu pela falta deles. De resto, não faço ideia do que é que costumavam lá fazer. Seria para depois rezarem pelos tristes que ali tinham estado a carpir, a acusarem-se mutuamente, a atirarem as culpas de uns para os outros?

Tirando isso, fugi das tristezas e como não dei pela existência de coisas boas, zarpei da televisão. Só interrompi para ver 'A Promessa'. Há grandes desempenhos, há personagens muito bem construídos. É a primeira vez que estou a ver praticamente todos e estou muito agradavelmente surpreendida. Tenho ideia que as telenovelas portuguesas são só palhaçada, violência gratuita, chinfrim - mas esta não, é tranquila. Tem os seus dramas mas é coisa com conta, peso e medida e, sobretudo, há desempenhos bastante bem estruturados.

E é isto. Sorry, se não tenho muito mais a dizer. Até amanhã. Agasalhem-se. 

segunda-feira, janeiro 13, 2025

Coisas da vida

 

O domingo foi tranquilo. Estive muito ocupada mas isso não tornou o dia menos tranquilo. 

O tempo esteve afável e, depois de almoço, pus-me em trajes menores ao sol. O buganvília fornece a cortina que garante a minha privacidade face aos vizinhos da casa ao lado. 

Tenho dois familiares internados e, dada a idade que têm, claro que fico bastante preocupada. 

Há cerca de um ano estava eu numa angústia, aterrorizada sempre que o telefone tocava, aterrorizada sempre que entrava no quarto, aterrorizada sempre que não sabia o que dizer à minha mãe sem deixar perceber que sabia que ela podia morrer de um momento para o outro.

Nessa altura, quando estava em casa, via todos os vídeos que encontrava, colocava mil questões ao chatgpt, percorria toda a literatura que encontrava para tentar perceber o comportamento da doença e se havia alguma coisa que se pudesse fazer ou para perceber quais seriam os sinais de que ela estava mesmo a morrer. O meu marido queria impedir-me, achava que eu estava a martirizar-me desnecessariamente. Mas tenho uma necessidade insaciável de querer compreender tudo ao pormenor. A minha filha também me criticava, dizia que era assunto para médicos, não para leigos, e que estava a deprimir-me para nada. Creio que o meu filho talvez me compreendesse pois é um bocado como eu mas acho que o meu marido não chegou a comentar com ele que eu andava, obsessivamente, a tentar saber tudo o que se passava dentro do corpo da minha mãe. Depois, poucos dias depois, morreu. 

Se calhar deveria ser capaz de dizer que, felizmente, poucos dias depois morreu. Mas ainda não consigo associar o conceito de felicidade à antecipação da morte.

Contudo, o meu lado racional começa a interiorizar que, nestas situações, querer que a morte chegue mais tarde é apenas querer que aqueles que amamos sofram cada vez mais. Por isso, tento ter sempre presente o que uma amiga, médica, amiga também da minha mãe, me disse já por mais de uma vez: 'Ainda bem que foi rápido, ainda bem. Não percebes que foi melhor assim?'. Pois, se calhar devia mesmo perceber.

Foi em Janeiro.

Também me lembro de que, quando morreu a minha avó materna, o meu tio, tentando consolar-me, disse: 'É assim, no inverno cai a folha', como se fosse uma coisa natural, chegando-se ao inverno da vida, partir.

Não fixei o mês das mortes de mais ninguém, a não ser a do meu pai que morreu no início de Maio. Dos meus outros avós, tios, sogra, etc, não me lembro. Mas sei que o meu sogro também morreu por estas alturas. Se fizesse uma pesquisa aqui talvez descobrisse o dia da partida de alguns. Mas não quero, não me apetece.

E espero que estes meus familiares que agora estão doentes recuperem. Um parece que está a melhorar, outro nem tanto. A minha prima usa termos médicos e eu depois vou ver no google ou no chatgpt o que é mesmo aquilo. Quando as pessoas chegam a estas idades avançadas, a vida começa a ser um equilíbrio. Felizmente viveram bem até agora pelo que isso já ninguém lhes tira. Não é?

Seja como for, começo finalmente a encarar estas coisas como naturais.

Em contrapartida, ainda fico muito impressionada, mesmo um pouco angustiada, quando alguns dos meus amigos, da minha idade, têm coisas chatas. Dois deles tiveram-nas muito recentemente. Um ainda está em tratamento. Isso faz-me impressão. Um dia estão na boa, toda a gente, incluindo eles, julgam-se na boa, curtem a vida com gosto e alegria, e, afinal, no dia seguinte, descobrem que não estão. Desses dois, um era (e é) médico do outro. A vida é, por vezes, traiçoeira. E breve.

O meu marido não gosta que eu fale disto. Acha que é uma conversa da treta. Mas não sou pessimista, fatalista, nada disso. Acho que é o contrário. Se encararmos a nossa condição humana, precária, frágil, efémera, de forma racional, saberemos dar valor ao que temos, enquanto temos. 

Penso que se tivermos consciência de que coisas assim acontecem a toda a gente, melhor saberemos aproveitar a vida, dar-lhe valor, darmos graças por estarmos bem.

E é isto. Não tenho conseguido responder a mails, comentários ou ver televisão porque, quando me meto em alguma, é de cabeça e pouco ou nenhum tempo sobra para o resto. Hei de voltar à superfície.

Entretanto, desejo-vos uma boa semana.

domingo, janeiro 12, 2025

Derby em casa de benfiquistas com sportinguistas em minoria

 

Não sei se já contei mas o meu marido gosta de ver futebol sozinho na sala. Abre uma excepção para mim pois, estando aqui eu, como não consigo concentrar-me naquilo, estou entretida com outra coisa e não perturbo a concentração em que ele gosta de estar. Se por acaso lhe faço alguma pergunta, começa por não ouvir e, por fim, responde a correr, contrariado por eu estar a distrai-lo.

Quando as forças vivas da família se movimentam no sentido de verem cá o jogo, começa sempre por ficar um bocado contrariado e só se anima se eu lhe digo que o resto do pessoal pode ver aqui e ele na outra televisão, ou vice-versa.

Contudo o que tem acontecido é que acabam todos aqui, na maior confusão e ele acaba por se resignar.

Mas hoje, que era Benfica versus Sporting, perante a perspectiva de irmos ver o jogo num antro benfiquista, começou por dizer taxativamente que não. Não lhe parecia que fosse exequível, ele a torcer por um lado e metade da claque a torcer em sentido oposto. Mas lá o convenci.

Enquanto durou o jogo, vi que estava a tentar abstrair-se do entusiasmo encarnado. Sportinguistas ferrenhos eram só dois. Eu sou neutra pois embora penda mais para os verdes não consigo vibrar, gritar, incentivar ou insultar o adversário.

Isto para dizer que, portanto, chegámos a casa tarde. E, à chegada, ele ainda foi passear o cãobeludo que, coitado, tinha ficado em casa. Eu não fui, não gosto muito de andar a passear às quinhentas da noite, em ruas desertas. Hoje era impossível tê-lo levado já que a cena futebolística incluía jantar que, naturalmente, dada a hora do jogo, era jantar volante e no colo. Além disso, uns estavam nos sofás mas outros estavam nos sofás - seria demasiado confusão e demasiada tentação para ele. 

E, tirando isso, posso dizer que, antes, cá em casa, fiz uma máquina de roupa apesar de o tempo não estar bom para secar (e não ter máquina de secar), fiz uns transplantes de flores pois a terra está boa para isso, apanhei laranjas, trabalhei um bocado naquilo que me tem trazido ocupada, recebi um telefonema longo de uma amiga que, quando liga, é sempre para pôr a conversa em dia. Coisas assim.

Mas, com isto, como é bom de ver, claro que não vi televisão, não li notícias, nada. Estou virgem no que a actualidade diz respeito. Mas, provavelmente, ainda bem que não vi pois assim não acumulei capital de preocupação ou de enjoo.

E por aqui me fico. Agora vou dar uma circulada por alguns blogs, parece que é lugar onde ainda é possível ouvir o bater de um coração.

Desejo-vos um feliz dia de domingo.

sábado, janeiro 11, 2025

O outro quer comprar a Gronelândia, anexar o Canadá e o mais que lhe der na bolha.
E o que isto tem de bom é que é um maná para quem tem sentido de humor.
Conan O'Brien foi até à Gronelândia ver se ia já fazendo negócio e o Anderson Cooper ri a bom rir.
Se o pato cor-de-laranja resolver comprar os Açores (certamente por tuta e meia), vai ser um fartote para o Herman, para o Ricardo Araújo Pereira e para essa malta toda.

 

Tenho muita dificuldade em processar o que está a passar-se. 

Por exemplo, nunca consegui entender bem o que levou Putin a marimbar-se para o Direito internacional e a avançar sobre a Ucrânia, sempre me pareceu coisa de doidos, de gente delirante, de psicopatas encartados, algo de que qualquer país teria meios para se se defender. Mas não. Também nunca percebi como é possível que os próprios russos não consigam demarcar-se do crime em curso ou forçar a queda de Putin. 

E ainda estava eu a digerir esta maluquice quando acontece o impensável: os americanos elegem o criminoso e tolo e parvo e narcisista e imprevisível Trump. 

E quando ainda estamos a digerir esta vitória e a impensável atribuição de um poder desmedido a outro maluco que já tinha poder mais do que suficiente, Elon Musk, eis que Trump, ainda antes de ser eleito desata a fazer afirmações indigeríveis, malucas para além da conta.

O mundo divide-se entre levá-lo a sério ou parodiá-lo. Mas a verdade é que, com estes delírios, de certa forma Trump legitima a actuação de Putin.

Tantos séculos de civilização, tantos avanços científicos, tantas teorias filosóficas e tantos estudos psicológicos, e, afinal, damos por nós de boca aberta sem perceber bem o que falhou, em que momento se iniciou esta deriva em que as pessoas parece que preferem ser governadas por mentirosos, por cínicos, por gente ameaçadora, gente doida. 

Mas, enfim, os tempos não vão fáceis a vários outros níveis e tomara que nos aguentemos até que o mundo volte a avançar com um mínimo de racionalidade.

E que o humor nunca nos falte, que a capacidade de nos rirmos jamais se extinga.

Conan's Greenland weather report cracks up Anderson Cooper

Conan O'Brien talks with CNN's Anderson Cooper about his visit to Greenland after President Donald Trump said he wanted to buy it, and showed video of him presenting the local weather forecast in the native Greenlandic language.

sexta-feira, janeiro 10, 2025

Diane Morgan: Philomena Cunk adoraria entrevistar Elon Musk.
E eu adoraria ver.
Mas, por enquanto, fico-me pela descrição do meu dia na capital

 

Hoje o nosso programa de festas levou-nos para os interiores da capital. 

Nado e criado em Lisboa e toda a vida aí tendo trabalhado e eu própria tendo ido viver para Lisboa com 17 anos e tendo igualmente trabalhado aqui até há pouquíssimo tempo, tendo ambos que circular, frequentar e estar por dentro dos circuitos da cidade durante toda uma vida, vemo-nos agora incomodados com o trânsito, com o estacionamento, com a barafunda dos dias úteis.

Ia eu a andar e diz-me o meu marido: 'Olha lá, não estás ao pé de casa, não podes andar no meio da rua ou atravessar sem ser nas passadeiras ou sem que o semáforo esteja aberto'. E, de facto, até parece que estava esquecida. Como se morasse na província, longe de carros e confusões, e nunca tivesse andado no meio de Lisboa, ali estava eu, completamente descuidada.

Mas isto de andarmos ali a pé foi quando tínhamos conseguido encontrar onde deixar o carro.

Tínhamos ido confiantes para o local onde tínhamos o nosso compromisso, sabendo que, se não encontrássemos lugar por lá, teríamos sempre o grande parque ali perto. Pois, pois. Lugar na rua nem vê-lo, tudo, tudo, tudo cheio. Dirigimo-nos ao parque. 'Completo'. Ficámos estupefactos. Como o parque é grande e tem várias entradas, pensámos que talvez numa outra ponta tivéssemos mais sorte, até porque, entretanto, poderia ter saído algum carro. Pois, pois. 'Completo'. E com isto já estávamos a ficar em cima da hora. Por milagre, enquanto andávamos naquela demanda, saiu um carro e lá estacionámos. Um preço exorbitante. Afinal aquela deve ser das zonas mais centrais e mais caras de Lisboa. 

Esse assunto resolvido, lá fomos.

Muito restaurante novo, muita loja, muito movimento. E digo isto agradada. Uma vez mais me senti turista num território que deveria ser-me relativamente familiar.

E sendo hora de almoço, íamo-nos cruzando com as pessoas saídas do seu trabalho, aceleradas, outras conversando entre amigos, aquele movimento pleno de ocupação de quem vive essa rotina diária. 

Gostei de ver e lembrei-me de como até há tão pouco tempo eu também andava sempre apressada, querendo rentabilizar todos os minutos. Agora senti-me uma mera observadora e tive vontade de estar com máquina fotográfica a captar o bulício cosmopolita, pois aquele é todo um mundo, com os seus padrões.

Depois do demorado e excelente almoço, passeámos por ali. Às tantas lembrei-me de ir dar uma espreitadela a um dos grandes centros comerciais que ali marca a geografia. Dirigi-me para a porta por onde costumava entrar. Não encontrei. Era a porta de um banco. Não percebi. Dirigi-me para a porta principal. Era a porta do mesmo banco. Tudo aquilo agora é o banco, o centro comercial evaporou-se. Se calhar isso já aconteceu há algum tempo mas ou tenho andado distraída ou só se vê aquilo que se quer ver. Não sei.

Assim como assim, depois de passearmos por ali, ao passar por uma Zara com letreiros de saldos, não resisti. E não resisti a uma camisa/casaco altamente colorida, uns brincos gigantes e altamente aparatosos e uma coisa que creio ser uma pulseira com uma flor gigante. Não preciso de nada disto, claro. Mas a moda é assim mesmo, a atração pelo inútil.

Só que é mais do que isso. Quando eu era miúda, gostava de usar roupas coloridas e adereços vistosos. Mas pouco havia disso, com excepção do que se arranjava nos Porfírios. Mas muitas vezes, diziam-me que eu ainda não tinha idade para usar coisas assim. Depois, já devia ter juízo para usar coisas assim. Depois, não eram coisas apropriadas para ir trabalhar assim. Depois já não tinha idade para coisas assim.

E agora atingi o estado de espírito em que me dá igual. Se gosto de uma coisa, seja altamente colorida, altamente vistosa, altamente exuberante, uso e quero cá saber se alguém acha ou diz o que quer que seja.

Depois fui ter com o meu marido. Vi-o de longe. Estava perto do carro a tentar descobrir-me, certamente receoso de que eu não conseguisse dar com o carro ou me tivesse 'perdido' e recaído ao consumismo.

E, por fim, mais para a tarde, apanhámos um trânsito absurdo e voltámos a lembrar-nos das muitas horas de vida que perdemos em infinitas filas (horas? dias! meses! anos de vida).

Com isto tudo, claro que agora não me apetece falar de temas concretos ou sérios. Aliás, estou com um sono tramado, até parece que fiz uma grande expedição.

Mas não quero ir-me sem partilhar convosco esta entrevista da extraordinária Diana Morgan (que diz que tem 99% de Philomena Cunk) a Stephen Colbert. Uma graça. 

Haja humor. Gente inteligente com vontade de rir (mesmo que sabendo conter-se) é uma lufada de ar fresco.

Diane Morgan: Philomena Cunk Would Love To Interview Elon Musk
The Late Show with Stephen Colbert

Diane Morgan, who plays the brilliant documentarian Philomena Cunk on her show, "Cunk on Life," says Elon Musk is at the top of her interview wishlist. "Cunk on Life" is streaming now on Netflix. 


quinta-feira, janeiro 09, 2025

Compreender as coisas difíceis --- ou rirmo-nos delas...?

 

Devo dizer que uma das coisas que academicamente mais gostei de estudar foi a Física da Matéria, a Física Quântica, a Física das Partículas Elementares. Acontecia-me por vezes atingir aquele patamar de prazer em que tudo flui de uma forma orgânica, em que a matéria e a ausência dela, a ciência e a poesia, o que percebemos ser infinitamente pequeno e o que intuímos ser infinitamente grande se tocam, se interpenetram. Dito assim, pode parecer disparate ou impossível, pode parecer um daqueles absurdos em que nem dá para a gente se deter. Acredito que sim. Mas é a verdade, era o que sentia.

Numa altura em que não havia internet nem as Amazons desta vida, eu mandava vir livros de fora, da Universidade de Berkeley, por exemplo. Tudo o que lia era fascinante para mim.

Hoje já não acompanho estas matérias pois a minha vida profissional levou-me para outros universos. Mas são ainda temas que vejo como belíssimos, atraentes, mágicos.

Tenho contudo um apontamento que aqui quero deixar: que me lembre quer os meus professores de Física quer os dos meus filhos sempre foram um bocado esquisitos, alguns até meio amalucados. 

E tive um colega, bom amigo, com quem fiz inúmeras viagens de várias horas cada que tinha uma prima maluca. Mas maluca de ter que ser internada no Júlio ou de os vizinhos chamarem a polícia dado o banzé que ela fazia em casa, com vassouras a bater na parede para caçar bichos imaginários. Por diversas vezes ouvi os telefonemas entre eles. O telefone ia em alta voz e eu ia encolhida para não soltar um espirro ou uma gargalhada que denunciasse a minha presença no carro. E eram as conversas mais delirantes que se possa imaginar. Professora de Física.

O que hoje aqui trago tem um pouco a ver com isso. Ou não.

Philomena Cunk é das personagens que mais me agrada na actualidade. Tem aquele toque de surrealismo, de humor, de destempero que me agrada por demais. Diane Morgan consegue, quando encarna a desconcertante Phiomena Cunk, dizer as coisas mais inesperadas, mais malucas, mais hilariantes. E sem se desmanchar. Claro que aqueles que ela entrevista ficam, frequentemente, de cara ao lado, sem saberem minimamente como reagir. Outras vezes riem-se. 

Acho delicioso. 

Philomena Cunk encontra-se com o Físico Teórico Professor Jim Al-Khalili 
| Cunk on Life - BBC

Pioneering documentary-maker Philomena Cunk (Diane Morgan) returns with her most ambitious quest to date; venturing right up the universe and everything, to find the definitive answer to the ultimate question – the meaning of life.

quarta-feira, janeiro 08, 2025

Filipe Silva, CEO da GALP, demitiu-se.
E eu só espero que os miseráveis que conseguiram a proeza de trazer um assunto tão íntimo para a praça pública se sintam roídos de arrependimento e de vergonha e se sintam alvo de desprezo por parte de quem saiba o que fizeram.

 

O que aconteceu a Filipe Silva parece-me do domínio do impensável. Estes tempos vão férteis em anormalidades. 

É o Musk a ingerir à cara podre na política europeia, é o Zuckerberg a prescindir nas suas plataformas da validação da veracidade das notícias que circulam, abrindo ainda mais as portas ao esgoto a céu aberto que são as calúnias que são despejadas nas redes sociais, é o Trump a querer comprar a Gronelândia e anexar o Canadá e a manifestar outras intenções obscenas... e é toda uma sucessão de parvoíces que há não muito tempo diríamos impossíveis.

Que Filipe Silva, vendo a sua vida devassada, se tenha sentido obrigado a demitir-se parece-me bem o sinal do que são estes tristes e perigosos tempos. Não o conheço nem faço a mínima ideia da natureza do envolvimento com a directora. Mas ou é coisa ligeira e ninguém deveria sequer perder 1 minuto a debruçar-se sobre isso ou é coisa séria (e, nesse caso, até pode ter sido uma situação emocionalmente complicada para ambos, algo do seu foro íntimo, pessoal e intransmissível) e deveria ser respeitado, algo que, a ser abordado, o deveria ter sido com bom senso e sensibilidade, sob total reserva.

Outra coisa, caso ambos ou algum deles seja casado será o impacto que isso terá no respectivo casamento. Mas sendo todos adultos e vacinados, lá se organizarão. E, sobretudo, ninguém, a não ser os próprios tem alguma coisa a ver com isso. Não é tema da empresa, muito menos do País.

O mais que, na GALP, alguém com tino poderia fazer, o Chairman por exemplo, seria falar com ele e indagar se o relacionamento interferia, de alguma forma, no desempenho profissional de ambos. Havendo garantias de que não, a coisa ficaria por aí. Eventualmente o que poderia ser feito, e lembro-me de uma situação assim numa das empresas em que trabalhei, em que, havendo envolvimento entre o presidente e a responsável por uma das áreas por si tutelada, houve um rearranjo de pelouros, tendo ela ficado a depender de outro administrador. Ambos, anos depois, viriam a casar-se. Mas isso nem vem ao caso. 

Agora expor Filipe Silva e a directora da forma como aconteceu é torpe, é vil, é imperdoável. E a Comunicação Social puxar o tema para as primeiras páginas e para notícias de abertura é outra miséria.

E só espero que quem enviou a denúncia à Comissão de Ética e, sobretudo, quem vazou isso para a Comunicação Social, fique com a consciência a roer-lhe a paz de espírito até ao fim dos seus dias. Quando a fofoca, a bisbilhotice, a coscuvilhice, a intrusão, a maldade, o voyeurismo e a falsa moralidade se torna em fanatismo vai mal a sociedade.

Quanto a Filipe Silva e quanto à directora desejo-lhes que consigam lidar com a situação com coragem, com calma. E que, da melhor maneira que consigam (ou juntos ou separados, conforme assim o entendam), sejam felizes. 

terça-feira, janeiro 07, 2025

Filipe Silva, CEO da Galp, tem um caso com uma directora.
E isso foi objecto de uma denúncia na Comissão de Ética da empresa e veio parar à Comunicação Social.
E eu acho isto um nojo, um acto de indecoroso voyeurismo, de coscuvilhice, de suprema estupidez.

 

Trabalhei em empresas durante décadas, trabalhei em contexto público e em contexto privado. Durante todo o meu longo percurso assisti a incontáveis 'casos'. Quase todos foram esporádicos, temporários, inócuos. Apenas um, justamente com a minha Secretária, divorciada, deu em rotura de casamento (dele) e foi porque ele contou à mulher, tentando convencê-la a aceitar a situação. Para surpresa dele, a mulher não aceitou. Creio que não se divorciou mas foi viver com a 'namorada'. E agora são todos amigos, uma família unida. Mas, que me lembre, foi o único caso sério.

O que sempre aconteceu e causava sérios embaraços aos envolvidos foram as cartas ou telefonemas anónimos para as legítimas e legítimos. Colegas despeitados ou maldosos, geralmente mais mulheres que homens, resolviam estragar o romance.

Sempre se entendeu que era tema que, na pior das hipóteses, poderia molestar o casamento legítimo. Não o desempenho profissional.

Um dia vou escrever as minhas memórias nesse capítulo. Dará, certamente, um livro suculento.

Quando penso nisso, um dos casos que logo me ocorre e que me faz sempre rir, tem a ver com um colega, grande amigo, divertido, alegre, hiperactivo, As mulheres caíam por ele. Conheci-lhe várias namoradas. Um dia pediu a um funcionário da Contabilidade para lhe fazer um apanhado para um relatório que de que precisava com urgência. O funcionário ficou a trabalhar até tarde. E ele ficou à espera. Mas, pelo meio, fora de horas, uma das admiradoras foi fazer-lhe uma visita ao gabinete. No calor do momento nem mais ele se lembrou do 'apanhado'. 

Estavam ali, no truca-truca, em cima da mesa, quando apareceu o funcionário com o 'apanhado'. 

No dia seguinte o meu colega, à primeira da manhã, receando o falatório, resolveu ser ele a ir expor o sucedido ao Presidente. 

Foi dia de festa. 

Quando, nessa manhã, fui ter o meu ponto de situação diário com o Presidente, saiu-se logo com esta: 'Então, já soube do coxo?'. Eu ainda não sabia. Contou-me, e contou que já tinha chamado o funcionário (que era coxo) e já lhe tinha pedido que não comentasse nada com ninguém. E ainda nos fartámos de rir. Ao longo do dia, qualquer um que entrasse no meu gabinete ou com quem eu me cruzasse, já vinha a rir e a comentar o 'achado' do 'coxo'. Uma galhofa pegada. E o meu colega, esse grande doido, dizia que tinha apanhado o susto da vida dele quando se viu naquela situação com o funcionário à porta, de boca aberta e papéis na mão, a olhar para eles, sem saber o que fazer.

Numa remodelação algum tempo depois, aquela mesa acabou por vir para o meu gabinete. Havia sempre quem se lembrasse: 'Ah, se esta mesa falasse...'.

Algum tempo depois, tive um outro colega que também deu mais que falar do que os outros. Era muito 'palhaço', muito bon vivant, muito bem disposto. Teve também várias namoradas. Conheci bem a mulher dele. Era apaixonada por ele, tal como ele o era por ela. Mas ceder à tentação era mais forte que ele. Uma das vezes, havia lá uma jovem que entrou para estagiar na minha área e que lá ficou. Era muito bonita e vestia-se de uma forma muito 'exibida'. Andava mais despida que vestida. E era pouco inteligente. Muito imprevidente, muito tonta. Para ela, ter um caso com um director era o máximo. Contava o que fazia, quando fazia, onde fazia. Um disparate. Nós aconselhávamos o nosso colega a ter cuidado pois era quase inevitável que aquilo fosse parar aos ouvidos da mulher. E ainda me lembro do Presidente, no meu gabinete, um dia em que eles chegaram a meio da tarde vindos sabe-se lá de onde, todos alegres e tontos como adolescentes, e o Presidente o chamar e dizer que não tinha nada a ver com isso mas que ela era tão tonta que ele deveria ter mais cuidado. Disse: 'A ter um caso, que seja com uma mulher inteligente, não com uma tão limitada'.

São tempos longínquos. Não se falava em #Metoo ou em assédio. Se calhar havia casos de assédio mas nunca soube de nenhum, nenhum dos múltiplos casos que testemunhei foram casos de abuso, de prepotência ou de actos não consentidos.

Na maior parte dos casos, os envolvidos tentavam que ninguém desse por isso e, se algum tinha função ascendente, mais depressa prejudicava a 'namorada' do que a beneficiava (tendo eu trabalhado em empresas em que eu era a excepção feminina em cargos de gestão quase exclusivamente ocupados por homens, a maioria dos casos eram entre 'chefes', 'doutores', 'engenheiros' e mulheres com cargos hierarquicamente abaixo).

Nas empresas em que nos últimos anos exerci cargos de administração, passaram por mim várias denúncias feitas através do canal próprio para isso e que chegavam à Comissão de Ética.

A maioria tinha a ver com denúncias anónimas, não fundamentadas, de eventual corrupção ou de decisões enviesadas, favorecendo empresas de forma pouco clara. Quando as denúncias eram tão vagas e tão absurdas que não tinham ponta por onde se lhe pegasse, eram arquivadas.

Houve um caso que deu em despedimento de uma sub-directora que foi acusada de fazer bullying a alguns funcionários. Nesse caso houve testemunhas, houve um caso bem fundamentado. Rua sem apelo nem agravo. 

Nunca apareceram denúncias de casos amorosos mas, a menos que fosse algum caso escabroso ou que se percebesse haver abuso de função dominante, se aparecessem seriam arquivadas.

O que está a acontecer ao CEO da GALP parece-me inacreditável. Ou há ali, da parte dele, qualquer protecção absurda à directora, promoção sendo ela incompetente, atribuição de avultado prémio de desempenho sendo ela um calhau, ou coisa assim (e nesse caso, será grave), ou, então, estamos na presença de uma coisa miserável. 

Parece-me absurdo, ridículo, impensável, que o homem tivesse que declarar à Comissão de Ética que tinha um caso com a directora. Está tudo maluco.

Já não basta as beatas que acham que estas coisas são caso para ir à igreja, confessar os pecados ao padre. Agora é também confessar à Comissão de Ética. 

Uma coisa que é do foro íntimo, mais do que privado, tem que ser participado à Comissão de Ética?! 

Até me custa a acreditar numa palhaçada destas.

E, para cúmulo da porcaria, alguém despejou isto na Comunicação Social. Um mundo de miseráveis armados em puritanos, em moralistas, um mundo de gente estúpida.

segunda-feira, janeiro 06, 2025

Este governo é mau, é muito mau
-- A palavra ao meu marido --


Este governo é mau, é muito mau. Os ministros são incompetentes e, quando falam, revelam a sua falta de qualidade e de aptidão para o cargo. 

O PM anunciou na campanha eleitoral choques fiscais, resolução dos problemas da saúde em 60 dias, resolução imediata, com a simples mudança de governo, dos problemas da educação, solução dos problema da justiça e outras "cenas". 

O governo que chefia só conseguiu agravar os problemas na saúde, na educação, na justiça aos quais acrescentou problemas na emigração e na segurança. 

Um PM que, quando começa a governar desdiz o que prometeu na campanha eleitoral para tentar capturar eleitorado da direita mais reacionária e coloca o tema da segurança na discussão política relacionando-o com as questões da emigração, é assustador. 

Um PM que cedeu à agenda da extrema direita e que, apenas como exemplo, é capaz de depois de elogiar a intervenção da PSP na rua do Bem Formoso afirmar que não gostou "do ponto de vista visual" de ver o que a PSP fez aos emigrantes, revela o carácter,  revela falta de coerência e de ética republicana. Resta perguntar-lhe sob que outros pontos de vista é que, afinal, gostou de ver  atuação da PSP e, sobretudo, se teria alguma reação se não tivessem sido publicadas e comentadas as fotografias que revelam a forma absolutamente condenável com a PSP interveio. Com certeza não teria reagido. Não serve para PM porque não tem coerência e não é confiável.

A situação na Saúde, então, é trágica. E não venha o governo com histórias porque não me esqueci de que prometeram resolver, com um plano de emergência, os problemas na saúde em 60 dias. A situação está muito pior e ocorreram situações com consequências terríveis, como foi o caso do INEM. Os tempos de espera atuais e as condições em que os médicos estão a fazer diagnósticos provavelmente já terão originado complicações em doentes que poderiam ter sido evitadas. 

É óbvio que  a ministra da saúde quer acabar com o SNS e a incompetência da equipa da saúde é tão grande que o vai conseguir rapidamente. 

Por exemplo, o atual  Presidente do INEM, nomeado pela ministra, concorreu para o cargo de presidente do INEM e não foi considerado com capacidade para o desempenhar pelo júri do concurso. Exemplo de como são feitas as nomeações na saúde, apenas pelo cartão partidário sem olhar a competências. Os jornais bem podiam investigar as competências dos nomeados para os diversos conselhos de administração e provavelmente ficariam, ou não, surpreendidos com a falta de aptidão para os cargos. 

Mas, de facto, não se pode esperar nada da ministra da Saúde. Uma governante que relativamente à posição dos médicos sobre a legislação que restringe o direito dos emigrantes a terem acesso ao SNS diz que os médicos estão no seu direito de não cumprirem  a lei aprovada pelo PSD e pelo Chega é porque nem sequer percebe o que é o estado de direito. Isto independentemente da razão que assiste aos médicos. A atual ministra só serve para agravar os problemas do SNS e para passar o mais rapidamente possível o maior número de doentes para os privados.

Este post já vai longo mas quero referir apenas mais duas outras ministras. 

A MAI, cuja lista de disparates já dava uma telenovela, e a da Cultura. É desolador ver a MAI na ponte 25 de Abril, por altura do Natal, a dizer a uma criança com 8 ou 9 anos dentro de um automóvel que não se deve beber álcool quando se conduz. É de facto uma mensagem adequada para um miúdo. Pior é difícil. 

E o que dizer da ministra da Cultura, que tem andado a sanear e a dar cabo do que de bom foi feito na cultura em Portugal, referir ontem que deu um "donativo" a uma Fundação. Os ministérios dão donativos, quiçá, esmolas? Este tipo de afirmações revela bem o pensamento desta ministra e deste governo. Estão cá para dar esmolas! Para mim esta ministra é uma autentica megera.

Só para acabar: o Prof. Marcelo não tem nada  a dizer sobre os problemas criados pelo governo? Nada?

domingo, janeiro 05, 2025

Como escolhemos 'aquele' ou 'aquela' que nos vai dar volta ao miolo? Como é que, no meio de mil opções, escolhemos quem vai ser o nosso crush? Qual o algoritmo que o nosso cérebro usa?

 

É uma questão de química? Ou é mais uma questão física? Uma questão psicológica? É aquele je ne sais quoi?

As borboletas no estômago são desencadeadas por quê?

É aquilo das almas gémeas? (Um aparte: por mim, posso acreditar em tudo menos nessa fantochada das almas gémeas... Quem é que quer ter uma paixão por uma alma gémea? Não percebo. Não é que seja por até soar a incestuoso, é mesmo por ser uma seca)

O vídeo abaixo explica tudo bem explicado. E, afinal, como é mais que sabido, é mesmo uma cosa mentale... 

How Your Brain Picks Your Crush!

Ever wondered why you’re irresistibly drawn to certain people? In this video, we uncover the fascinating science of attraction and reveal how your brain secretly picks your crush! From the chemicals that fuel those butterflies to the subconscious patterns that guide your preferences, this deep dive will leave you amazed at what’s really happening in your mind.

We’ll explore the roles of dopamine, oxytocin, and serotonin, the psychology of familiarity and the “X factor,” and even how evolutionary biology influences your love life. Plus, find out why it’s not just about looks but also personality, emotions, and unique connections.


Caminhar ou não caminhar, eis a questão.
10.000 passos? Mais um, menos um?
O que é que os passos fazem de bem ao nosso corpo?

 

Durante muito tempo apenas me desloquei de carro. Só andava, e era se tivesse tempo, à hora de almoço, para ir do estacionamento até ao restaurante e vice-versa. Não tinha tempo para mais.

Mais tarde, consegui a disciplina de, ao chegar a casa, mesmo que fosse bem de noite, chovesse ou trovejasse, ir caminhar com o meu marido. Fazia-me muito bem. Depois de dias terríveis de reuniões, stresses, desafios, complicações, chegava ao fim do dia e espairecia.

Agora, reformada, nesta casa, tendo o cão, ainda mais pretexto tempo para caminharmos. Por isso, apenas com a excepção de dias em que há movimentações cá em casa ou outros programas, duas vezes por dia vamos fazer as nossas voltas. Não conto os passos mas seguramente atingirei sempre os 10.000. E, se não consigo, sinto a falta. Sinto que andar é bom para o corpo e para a mente. 

O vídeo abaixo, com legendas em português, explica bem as razões do bem que caminhar faz. 

Do you really need to take 10,000 steps a day? - Shannon Odell

For years, Jean Béliveau walked from country to country, with the goal of circumnavigating the globe on foot. While few people have the time or desire to walk such extreme lengths, research shows that adding even a modest amount of walking to your daily routine can dramatically improve your health. So, what exactly happens to your body when you increase your step count? Shannon Odell investigates.

sábado, janeiro 04, 2025

Alô, alô Senhores Jornalistas! Vão fazer reportagens dentro das Urgências nestes dias de caos! Vão falar com os médicos e com os doentes que lá estão.

 

Sei -- e quando digo que sei, é porque sei mesmo, é porque as tenho aqui comigo -- de mensagens trocadas entre médicos que descrevem, por dentro, na primeira pessoa, o caos que se vive neste momento nas Urgências dos Hospitais Públicos. Mensagens sobre o número imenso de pessoas em estado grave que estão horas sem serem vistos por nenhum médico, isto depois de terem entrado na zona de observação (ou seja, depois das muitas horas à espera, horas que chegam às 17). Médicos preocupados pois, se a terapêutica inicial não foi a certeira, a seguir não há quem monitorize se estão bem ou se a medicação não deveria ser ajustada. Médicos que sabem que alguns casos menos graves podem evoluir para casos fatais porque ninguém está a assistir, monitorizar e tratar os doentes. Médicos que se queixam da falta de macas e da falta de local para internar os doentes. Médicos que se queixam da falta de tino do sistema de triagem que obriga as pessoas a telefonarem, estando lá à porta e sem que ninguém atenda o telefone, levando muitas delas, aflitas, a irem para hospitais privados.

Tenho mensagens que me deixam aterrorizada. Mas não posso transcrever essas mensagens. Uma coisa são médicos a trocarem mensagens entre si e entre pessoas conhecidas e outra é exporem-se e correrem riscos de ainda serem sujeitos a processos disciplinares.

Mas os Senhores Jornalistas podem ir ver o ambiente de guerra, sem meios, com doentes por todo o lado e uma total incapacidade de chegar até todos, podem entrevistar médicos e enfermeiros, podem entrevistar doentes (os que consigam e tenham vontade de falar, em especial os que não estão em risco de morrer).

E podem tentar perceber qual o denominador comum e podem ouvir sugestões de quem conhece esta realidade por dentro.

O que está a acontecer é grave demais.

17 horas de espera nos hospitais para doentes urgentes
-- As medidas do Mentenegro e da Ana Paula Martins estão a resultar, estão, estão... --
Relembro: ganharam as eleições prometendo resolver todos os problemas de Saúde em 3 meses (e, pelos vistos, houve muita gente que acreditou. E, mais engraçado ainda, os mesmos que acreditaram, agora esqueceram-se disso)

 

É que, como é óbvio, era impossível resolver tanto problema estrutural em 3 meses. Só mesmo gente ignorante, bronca ou mal intencionada poderia acreditar que os problemas se resolveriam em 3 meses. Mas o populismo é assim mesmo: uma descarada falta de vergonha que assenta na crença de que meio mundo é burro e acredita em todas as aldrabices. 

Agora temos a realidade. Não apenas nada está resolvido como tudo está pior. 

Ana Paula Martins estraga tudo onde toca, Não apenas anda a espalhar dinheiro a eito, sem resolver nada, como anda a lançar o caos. Despede equipas inteiras, despede quem sabe, toma decisões erradas. 

Marcelo Rebelo de Sousa assiste a nada faz. Acha que lançar umas indirectas são suficientes. Não são. 

O número de grandes Urgências fechadas não baixa. 

As notícias todos os dias revelam a desgraça. Pessoas muito doentes, que apenas deveriam esperar, no máximo 1 hora, sob risco de a sua condição se agravar se não forem acudidos, estão horas e horas nas Urgências, tendo-se já chegado a esperas de 17 horas. Pessoas doentes, a precisar de tratamento, 17 horas à espera.

Marcelo também à espera. Mas à espera de quê?

sexta-feira, janeiro 03, 2025

Vêm por aí não um mas dois malucos? E andam à solta...?


Reconhece-se logo um maluco? Não sei.

Até há algum tempo eu achava que ele era 'apenas' um tipo com um QI acima da média, um visionário. Com um transtorno do espectro autista era um caso típico em que, pela inteligência e foco absoluto nas matérias que os seduzem, conseguem altas performances. 

Com uma infância marcada por um pai agressivo, num ambiente toldado pela violência doméstica, Elon agarrou-se à mãe de quem se tornou muito próximo.

Nada de extraordinário.

Portanto, eu -- e provavelmente meio mundo -- ia acompanhando os sucessos empresariais de Musk sem antever a deriva a que agora assistimos.

E o drama é que esta deriva acontece com um tipo doido, destravado, lunático, que se aliou a um narcisista, louco, parvo, um aldrabão sem vergonha (mais um à frente de um país) que agora vai ficar com os destinos dos Estados Unidos nas mãos. Os destinos do mundo.

Não sei no que isto vai dar mas claro que todos os receios são fundados.

 Elon Musk: How did he get close to Donald Trump? - BBC World Service


quinta-feira, janeiro 02, 2025

[Actualizado] - O menu do almoço de Ano Novo com as respectivas receitas
e, desta vez, com algumas fotografias

 

Para quem já leu este post, coloco já aqui, à cabeça, o que ontem me esqueci de dizer e que hoje faço questão de aqui deixar. Diz respeito ao caldo com base no qual fiz a canja e o arroz,

Como digo mais à frente, fiz de véspera. Depois de separados, tudo ficou no frigorífico.

E o tema é este: como é óbvio, de manhã, a gordura tinha coalhado como eu pretendia. Então, retirei-a toda (pelo menos creio que sim). Talvez não fique tão bem apaladado mas fica seguramente mais saudável.

E era isto.

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Agora, sim, o post com as receitas propriamente ditas.


Foi também o meu filho que sugeriu: pato assado sobre arroz e galo capão no forno. Toda a gente achou bem pelo que assim foi. No talho do costume, encomendei com antecedência. 

De véspera eu e o meu marido começámos a ficar apreensivos: não seria pouco? Eu disse que também ia fazer canja e que ia fazer tiropitas, umas de salmão, outras de alheira, em qualquer dos casos com ricota (outro dia logo conto como é). O meu marido disse que, mesmo assim, talvez fosse de ver se tinham lombinhos de porco.

Na véspera de ano novo, fui buscar a encomenda. Quando me viu, o senhor foi lá dentro e regressou com ar feliz. E disse: 'Tem aqui um galo que é uma categoria. Uns costados e uma peitaça que sim senhor...'. Quando vi nem queria acreditar. 5,500 kg (por extenso: cinco quilos e meio). Gigante. O pato, de 2,500 kg, ao lado do outro parecia um patinho.

Claro que nem perguntei se tinha lombinhos. Difícil foi transportar aquela carga (mais uns ossos para o cão estar entretido e mais uma morcela de arroz e uma alheira) até chegar ao pé do meu marido. Não sei quanto pesavam os ossos mas só entre o galo e o pato iam oito quilos.

Mas, então, a preparação começou de véspera:

1. Preparação do caldo para a canja e para o arroz 

Já contei que, quando há muita confusão cá em casa, fazemos com que o cão esteja entretido com um osso. Peço sempre osso que não lasque. Como não queremos que ele prove a carne crua, cozemos sempre o osso (tem sempre uns bocadinhos de carne agarrada).

Portanto, de véspera, numa panela grande com muita água coloquei uma cebola muito grande aos bocados, uma cenoura grande aos bocados, um alho francês inteiro, um bom molho de salsa, miúdos, o pescoço do galo (que era um pescoço grande, uma perna de galinha, unas asas), um pouco da gordura do pato. Não coloquei sal.

Depois de tudo cozido, retirei o osso. Retirei também todos os miúdos e todos os legumes, desossei as carnes. Separei o caldo: uma parte para a panela onde iria fazer a canja. Outra parte para o arroz, juntando um bocado de chouriço de carne de boa qualidade aos bocadinhos. 

Deixei os legumes cozidos e os miúdos e a carne aos bocadinhos para depois.

Para as carnes ganharem sabor, foram postas a marinar antes de nos preparamos para a recepção ao Ano Novo.

Tempero do galo capão

Numa tigela, juntei: meia mini (cerveja), um bocado de azeite, sumo de um limão, um pouco de tomilho, um pouco de orégãos, um pouco de alecrim, um pouco de pimentão doce em pó, sal, e vários dentes de alho picados. Misturei bem. No maior tabuleiro que encontrei, que era o único em que o galo cabia, coloquei-o e fui despejando a marinada por cima, esfregando bem a pele do bicho. Cobri com papel de alumínio, e coloquei no frigorífico.

Tempero do pato

Muito idêntico mas, em vez de sumo de limão, sumo de laranja. Não levou pimentão. Em contrapartida, juntei um pouco de mel. Esfreguei também bem o pato. Cobri o tabuleiro e frigorífico com ele.

Aqui chegada, a primeira dificuldade: com o frigorífico cheio, o tabuleiro do pato já não cabia. 

Teve que vir o meu marido, até porque eu já mal podia com o tabuleiro do galo. Lá conseguiu pôr o tabuleiro do galo por cima do do pato, espalmando-o (mas, enfim, pormenor)

Em ambos os casos, já tínhamos tido o reveillon, antes que o meu marido fosse para a cama, tirámos os tabuleiros, mudei a posição dos bichos, voltei a esfregá-los com a marinada. E, entretanto fiz o recheio do galo.

Recheio  e agasalho do galo

Numa tigela, coloquei pão duro e seco (mas em bom estado, sem cheiro a pão velho) cortado aos bocadinhos, juntei a cebola e o alho francês, a cenoura, misturei tudo. Os legumes tinham um pouco de caldo que amoleceu o pão. Juntei um pouco de sal e um fiozinho de azeite. Juntei um pouco de alheira, e misturei. Introduzi no interior do galo e baixei para o ar poder circular. Com fio culinário, apertei as patas e fechei o galo. 

Com cuidado, descolei um pouco a pele no peito e nas costas. Com cuidado, coloquei líquido da marinada e introduzi fatias muitos finas de bacon. Depois tive cuidado, tentando ajeitar a pele como se nada tivesse por baixo. 

E voltou para o frigorífico.

Ida das carnes para o forno

Às oito horas, tirámos os tabuleiros do frigorífico. Voltei a virar as carnes e a colocar as marinadas em todas as reentrâncias. A ideia é que as carnes não podem ir frias para o forno (recomendações do meu filho que, na cozinha, é cientista e engenheiro).

O meu marido, entretanto, colocou a lenha no forno de lenha para que por volta das 11h, o pato pudesse entrar.

Às 9h, o forno eléctrico foi ligado com a temperatura no máximo.

Entretanto, retirei o galo para a grelha do tabuleiro e escorri a marinada remanescente. No tabuleiro coloquei uma beringela (com casca) aberta ao meio, batatas doces cor de laranja, batata doce roxa, duas grandes cebolas, meio kilo de feijão verde, um alho francês, salsa.

Por cima do tabuleiro com os legumes, a grelha com o galo.

Quando fui colocar o tabuleiro no forno... não cabia.

Este tabuleiro cabia no forno da outra casa. Mas este forno, pelos vistos, é mais estreito. E eu sozinha em casa, a manobrar aquele peso... (o meu marido tinha ido passear o cão)

Fui experimentar outros tabuleiros. O galo era grande demais. Portanto, usei o próprio tabuleiro do forno e a própria grelha. Nada de mais, só que o tabuleiro do forno é baixíssimo e os legumes estavam altos. 

Ou seja, tive que estar a rearrumar os legumes para não transbordarem. 

E lá foi. O galo coberto com o papel de alumínio. Isto, eram 9 e meia.

Perto das 11, entrou o pato para o forno de lenha, também coberto com papel de alumínio.

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Às 11 e meia, tirámos os legumes pois já estavam bons e pusemos água no tabuleiro de baixo onde antes estavam os legumes. Virei o galo ao contrário e pincelei com mel e azeite. Tapado, de novo para o forno.

.....

Canja

No caldo que estava feito de véspera, juntei 3 ovos inteiros e mexi com um garfo. Liguei o lume. Quando levantou fervura juntei massinhas pequeninas (letrinhas) e parte das carnes e dos miúdos.

Fui mexendo com um garfo para que o ovo (que estava esfiapado) se mantivesse solto e fltuante. 

Depois da massa cozida, desliguei, juntei um molho de hortelã, mexi e deixei a canja apurar, a panela tapada.

....

Arroz

Já tinha o caldo de cozer as carnes e os legumes medido num tacho com os pedacinhos de chouriço, juntei sal, deixei ferver, juntei o arroz e os miúdos já cozinhados. Antes que estivesse bem cozido, retirei e foi para um tabuleiro.

O pato e o galo

De vez em quando retirava o pato em cujo peito tinha feito uns golpes verticais, pincelava com sumo de laranja e mel.

Para ficar mais tostado, foi terminado no forno eléctrico. Uns minutos, poucos. Depois foi colocado sobre o arroz, no tabuleiro sobre o qual creio que o meu filho colocou um pouco do molho que tinha escorrido durante a assadura. É que, entretanto, tinham chegado e já foi ele que se ocupou disso. 

E foi ao forno de lenha para secar o arroz, para terminar o processo. O galo também foi para lá. Fica com outro saborzinho.

No meio disto esqueci-me de ver a temperatura das carnes. Quando o meu filho foi ver, já a carne do galo estava um pouco para lá do que devia. Devia ser 75º e já estava em 80º. estava bom mas o peito podia não estar tão bem passado. Tenho que interiorizar que, para controlar o tempo de confecção das carnes, não posso esquecer-me do termómetro. Penso que já assimilei mas, em momentos de maior barafunda (que, no fundo, até são os de maior responsabilidade), ainda acontece esquecer-me. 

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A seguir o meu filho desossou os bichos. 



Penso que estavam bons. Para mim é daquelas que só no fim é que se pode avaliar pois nunca se sabe se os temperos estão no ponto; é que não é como os estufados em que se pode ir retocando. Aqui, ou acertamos ou azarinho, bye bye maria-odete, nada a fazer.

Mas penso que estavam bons, saborosos. As peles crocantes, o recheio saboroso, as carnes macias e boas.

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Como era tanta comida, não quiseram comer a canja.

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De tarde fomos dar um passeio a pé e os rapazes (miúdos e graúdos) jogaram à bola.

De regresso, houve quem lanchasse mas a maioria ficou-se por um chá.

No fim, quando se foram embora, levaram a canja para o jantar bem como arroz e carnes pois, embora seja tudo gente de muito alimento, a verdade é que era muita carne e sobrou muito (e, para mim, ficaram imensos ossos que é o que eu mais gosto, para comer à mão, até ficarem os ossinhos todos bem limpos; mas dá-me mais jeito quando não há testemunhas; aliás, só não gamo os ossos dos pratos alheios por mero decoro).

Entretanto, já enviaram mensagens a dizer que a canja estava boa.

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Já não falo no resto, nomeadamente nas tiropitas, pois isto já está longo de mais. 

Desta vez lembrei-me das fotografias. De notar que o galo, perdeu tamanho ao assar. Continuou grande mas tornou-se menos amplo. 

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E o que posso dizer é que entrei o ano da melhor maneira: com os que me são mais queridos em volta da mesa, juntos, na boa, todos bem dispostos, tranquilos, numa boa onda. 

E espero que vocês, meus Caros Leitores, também tenham entrado bem. 

E, uma vez mais, feliz 2025! 

quarta-feira, janeiro 01, 2025

2024 está morto. Viva 2025!

 

Parece que, em termos numéricos, 2025 é uma raridade. Um amigo enviou para o grupo a demonstração da perfeição que é este número. Não sei se isto significa alguma coisa mas, mesmo que isso sejam bons auspícios, não sei se serão suficientes para fazer frente às sombras que espreitam, desde logo o que virá agora do lado dos Estados Unidos. Já havia a tragédia de uma Rússia imperialista, tirânica e temível, governada por uma seita putinista que é do pior que há e de um Israel nas mãos de um brutal Netanyahu que não olha a meios para atingir os fins e de vários países à mercê de radicais (e agora em vez da palavra que queria só me ocorre australopithecus), agora também os Estados Unidos vão ficar na mão de um anormal e de um parvo. Portanto, só posso fazer votos de que os maus ventos não cheguem até cá.

Mas, enfim, agora não se pensa nisso.

Vejamos as coisas pelo lado positivo: até aqui já chegámos. Daqui a nada dobramos o ano (numa dobra que é virtual -- mas, enfim, os símbolos também cumprem algumas funções) e pelo menos em 2025 já teremos posto o pé. E, pelo menos, que assim vamos indo, um dia depois de outro dia. E se a isso pudermos juntar a capacidade e o ânimo para irmos olhando mais adiante, com motivação e boa disposição, melhor ainda.

Importante é que tenhamos boa saúde, boa sorte, boa vontade. 

Portanto, a todos os meus queridos Leitores desejo um 2025 generoso, bondoso, afável. Que a vida nos sorria, que tenhamos confiança em dias melhores, que tenhamos energia e gosto em viver e em apreciar a beleza que nos rodeia.

Saúde, boa sorte, paz e amor para todos!

terça-feira, dezembro 31, 2024

Olha, afinal o Três Cabelos não está afim de ir fazer não sei o quê. Esteve o Mentenegro e os seus espertos a fazerem uma lei toda xpto para acomodar o seu ordenadão e, afinal, agora ainda mais esta... Tudo trabalhinho bem feitinho...

 

Durante larga temporada a Rosa Linda, aka Três Cabelos, teve assento aqui no UJM. Nos aúreos tempos do macho alfa, Láparo de seu nome, no Governo e do zero à esquerda, Carlos Costa de seu nome, no Banco de Portugal, o Rosalino era um ilustre representante do grupo dos mais inspiradores personagens.

Saudosista como tem revelado ser, o Mentenegro, não podendo contratar nem o Láparo nem o Carlos Costa, resolveu ir desenterrar os Três Cabelos para uma função curiosa cujos contornos não se conseguem percebe bem. À pressa, às vésperas da nomeação ser conhecida, soube-se de uma lei mal parida às pressas para garantir que lhe conseguiriam pagar os confortáveis milhares de que a Rosa Linda se alimenta. A essa lei, se vingar, proponho que, doravante, se chame Lei Rosa Linda (isto por decoro, senão era mesmo a Lei dos 3 Cabelos).

E ainda hoje vi uma notícia maravilhosa, certamente daquelas coisas que saem do Governo directamente para os títulos dos noticiários, em que se dizia que, com o ordenado do Rosalino, até se ia ficar a poupar. Deu-me cá uma vontade de rir... Fez-me até lembrar uns colegas que tive, uns vivaços, que, quando tinham que gastar 1 milhão, apareciam na Administração a dizer que era coisa para valer 4 ou 5 milhões e que, graças às suas árduas negociações, tinham conseguido a pechincha de 1 milhão. Diziam eles que, no calor da barafunda e da argumentação, a malta ficava era toda contente por poupar uns quantos milhões, até se esquecendo de questionar se era mesmo preciso gastar aquilo ou se, em vez de 1 milhão, não se conseguiria fazer a festa por meia dúzia de euros. Assim esta brincadeira dos Três Cabelos. Ia Ia-se poupar, diziam eles. Ia-se, ia-se...

E eis que agora vejo que a Rosa Linda arrepiou caminho, parece que já não lhe assiste ir trabalhar para o Mentenegro com toda a gente a questionar os 15.000 de ordenado. Não está para isso.

Chatice. E eu que já me preparava para andar em cima dele, curiosa que estava para ver o que tão esperta criatura iria fazer... 

Enfim. É apenas mais uma. Barracas atrás de barracas.

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E isto há coisas. Logo que se conheceu a composição do Governo escrevi aqui que algumas pessoas que me são próximas conhecem alguns dos indigitados e que, em todos os casos, afiançavam que a competência, a experiência e, em alguns casos, as próprias características dos ditos permitiam ter a certeza que iriam fazer zero ou menos que isso.

Pois bem. Assim tem sido. E há pouco, nas notícias, vi uma dessas pessoas. Estava numa reunião e indubitavelmente estava aos papéis. Não vai fazer nada e, se calhar, é bom que nada faça pois, se fizer, será certamente pior do que se nada fizer.

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E um disclaimer: hoje também não vou responder a mails -- e já são vários, e a todos os meus queridos Leitores que me têm escrito, o meu agradecimento -- pois agora estou constipada, super encasacada, meio mole. Durante não sei quantos dias a levar com os micróbios do meu marido (que, em especial de noite, se farta de tossir) foi a minha vez de também ficar com pingo, a cabeça a modos que não sei quê (que também pode ser efeito do anti-histamínico) e só a apetecer-me dormir. Acho que não tenho febre nem me dói o corpo e tenho a sensação que, se dormir umas dez horas de seguida, acordarei fresca. Mas hoje estou a modos que KO.

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Peace and love. E saúde.

segunda-feira, dezembro 30, 2024

Dia super feliz in heaven.
E a relação entre os signos e a gastronomia.

 

Entre sexta e sábado foi limpeza a fundo: os outsides todos varridos e lavados e esfregados, nos interiores, spray de cera de abelhas nas madeiras, limpeza de vidros, tudo sacudido, limpo, lavado, spray de lixívia em uniões e juntas das casas de banho e todo um vasto etc. e etc.

Fomos também ao supermercado da vila onde têm carnes excelentes. Também costumam ter bons peixes e afins mas não tinha o que eu queria (choquinhos pequeninos para fazer com tinta). Pena o senão do vagar das empregadas que conversam com os clientes que conhecem. Uma pessoa desespera sem saber quando é que a confraternização vai acabar. Mas ninguém parece ter pressa. Olho em volta e vejo toda a gente na boa, à espera. Parece que só eu é que ainda não aprendi a aguardar serenamente.

Este domingo foi dia grande, desde cedo a maltinha toda reunida in heaven. Corte de árvores, queima. Um avanço na limpeza que foi um gosto. Tanto o trabalho que um dos jovens trabalhadores até andou, parte do tempo, em tronco nu.





E o mais pequeno já anda de bicicleta que dá gosto, por lá anda, sozinho, em caminhos estreitos, subidas, descidas, curvas. E os mais crescidos fizeram corridas de trotinete e depois todos jogaram ao Monopólio para Batoteiros, coisa que dá muita luta e que até levou à expulsão do batoteiro-mor.... 

E o almoço foi um regalo, com o meu filho, uma inesgotável força de trabalho, que, depois de serrar, carregar, queimar, se atirou ao barbecue. 

Dia maravilhoso. Frio mas, ao sol, suportável. E em casa bem.

Mas vinha eu a pensar que já o meu pai, que era caranguejo, adorava cozinhar e ter-nos lá todos em volta da mesa. E eu e o meu filho também somos assim. Claro que o meu marido e a minha filha e a minha nora também gostam tal como a minha mãe também gostava, são todos muito bons anfitriões. Mas creio que não há aquela 'coisa' muito intrínseca de queremos dar de comer aos 'outros', parece que queremos ter a certeza de que se alimentam bem e de que temos aquilo de que gostam, 'coisa' essa que esses 'outros' nem sempre compreendem ou aceitam bem. 

Pois agora, ao ver a Madame le Figaro, vejo um artigo em que se fala na relação de cada signo com a gastronomia. Transcrevo a descrição de como é o Caranguejo. Por mais surpreendente que possa parecer para alguns, supostamente existe uma ligação entre a astrologia e a gastronomia. A astróloga Amélie Weill fez dela o tema do seu primeiro livro, Astro food (Éd. Flammarion). E, segundo ela, as sete estrelas da constelação em forma de panela da Ursa Maior seriam o sinal supremo.

Caranguejo

O Caranguejo, o primeiro signo de água do zodíaco, leva-nos ao território das emoções. O que mais gosta é de unir as pessoas e fazê-las felizes. O Caranguejo preocupa-se com os outros e, para ele, a comida é cuidado. Atento, adivinha e antecipa as necessidades de todos, e até se questiona porque é que os outros não fazem o mesmo... Em suma, não se limita a cozinhar, coloca amor em tudo o que faz.

A sua fantasia secreta? Vivendo numa antiga casa de pedra, rodeada por um magnífico jardim e repleta de amigos e crianças, todos se reuniam à volta de uma mesa para saborear os bolos da avó, desde mil-folhas gourmet a tarte de mirtilos acabada de sair do forno. O pequeno guilty pleasure alimenta a sua vida diária... E se não gosta do que ele lhe preparou, não lhe diga, nem use luvas de pelica. A cozinha é como uma família, não se lhe toca!

Só neste último aspecto é que não me revejo: não me importo que critiquem. Aceito bem críticas, reprimendas e sugestões. Claro que nem sempre as sigo (porque, como é óbvio, há coisas que são mais fortes que eu) mas, enfim, esforço-me e não levo nada a mal, até agradeço.

Para quem tenha curiosidade, aqui está o link para o artigo com todos os signos: Nos préférences et compatibilités culinaires signe par signe, selon une astrologue

E uma semana para todos!

domingo, dezembro 29, 2024

Doentes urgentes (que, no máximo dos máximos, podem esperar 60 minutos) esperam mais de 12 horas no Amadora-Sintra e 10 a 12 no Beatriz Ângelo.
E continua o arrastão de demissões levadas a cabo por Ana Paula Martins: Administrações das unidades de saúde do Alto Alentejo, de Leiria e da Lezíria demitidas
E o Marcelo caladinho...

 

O Governo Mentenegro, que venceu (ainda que por uma unha negra) as eleições, fez bandeira de algumas promessas. Uma delas era que em 3 meses os problemas da Saúde e da Educação estariam resolvidos. Não estão. Tal como com o embuste dos impostos, temos verificado que esta gente que nos governa chegou onde chegou com base em trapaças e que agora não fazem a mínima ideia do que fazer para cumprirem o que prometeram ou, pelo menos, não estragarem o que encontraram.

Se na Educação creio que estarão na mesma, na Saúde, pelo contrário, as coisas estão agravadas. Todos os dias as notícias dão conta do descalabro. Esta ministra que, por onde passa, semeia conflitos e espalha o caos, continua a sua sanha. Aparentemente não quer deixar pedra sobre pedra. E não é para depois reconstruir. Não, aparentemente é mesmo para dar cabo do SNS. Não apenas gasta dinheiro como se não houvesse amanhã (alguém está a auditar o impacto das autorizações que ela está levar a cabo? Read my lips: alguém que o faça enquanto é tempo) como corre com toda a gente a eito para lá meter amigos do PSD. E aqui volto a aconselhar: alguém vá ver, com olhos de ver, o CV de quem ela anda a contratar. Não quero saber da criatura para nada mas preocupo-me por temer ter grandes hospitais e unidades de saúde em geral na mão de gente que não tem qualquer competência ou experiência para o que vai fazer.

O resultado da sua inoperância salta-nos pelos olhos adentro todos os dias: ora são grávidas ou crianças encaminhadas para Urgências fechadas, ora são pessoas que estão deveras mal, em situação urgente, a terem que penar 10 ou 12 ou mesmo 14 horas na sala de espera do Hospital. Relembro que, de acordo com o Protocolo de Manchester, o paciente necessita de atendimento rápido, pois há risco de agravamento do quadro clínico se houver demora. E já nem falo das 11 pessoas que morreram quando o INEM fez greve e ninguém se lembrou de acionar Serviços Mínimos o, antes da greve, falar com os sindicatos a ver se seria possível construir uma base de entendimento que evitasse a greve (a propósito: para quando as conclusões?).

E não há nem uma palavra da Entidade Reguladora da Saúde?

Depois, leio também que mais de 40% dos procedimentos de interrupção da gravidez feitos a pedido da mulher no privado foram encaminhados pelo público. Aos poucos, grão a grão, o SNS vai encaminhando para o privado. A Entidade Reguladora da Saúde também não diz nada?

Serve para alguma coisa, esta Entidade Reguladora da Saúde?

E Marcelo Rebelo de Sousa: no meio do afã de andar a brincar à caridadezinha com os pobres e desvalidos, não arranja tempo para se pronunciar para os desastre deste Governo? Não percebe que a sua dualidade de critérios causa até vergonha alheia?

Notícias aqui:

Doentes urgentes esperam 12 horas no Amadora-Sintra e dez no Beatriz Ângelo. Noutra notícia, dão conta que no Garcia de Orta ultrapassaram as 14 horas. 

Autarquia de Portalegre foi informada na sexta-feira de que conselho de administração da ULS do Alto Alentejo “iria ser afastado”. Foram também demitidas as administrações da Lezíria e de Leiria.

sábado, dezembro 28, 2024

Para além de tudo o que temos constatado, vamos percebendo que o Mentenegro também é pouco esperto, pouco perspicaz, pouco sagaz, pouco arguto, pouco inteligente, etc

 

Montenegro lança baldes de gasolina e ateia fogo.  Quem assiste, diz: 'O tipo é um incendiário'. E Montenegro, a seguir, vem, todo Calimero, dizer que não percebe a reacção.

Não ouvi o que ele disse no Natal (e, aliás, por questões de prevenção sanitárias e/ou higiénicas, furto-me, cada vez mais, a ser incomodada pelo que ele diz) mas, a julgar pelas reacções praticamente unânimes de que me tenho apercebido, é bem provável que tenham razão.

Face ao coro generalizado de protestos, Montenegro veio dizer coisas. E, como, na realidade, pouco tinha a dizer, para parecer que tinha muito, usou uma táctica muito frequente entre os seus ministros: usa sinónimos em catadupa. Ou, se não sinónimos, expressões complementares que nada acrescentam.

Veja-se:

(...) voltou hoje ao tema para confessar que está "atónito e muito perplexo" com as reações e críticas.

Montenegro considera que são "inusitados e injustificados" os argumentos

"É incorreto, é indesejável e impróprio atirar essa pedra para cima do debate"

Expressões retiradas do artigo do Expresso "Primeiro-ministro confessa-se "atónito" com "discussão pública" sobre segurança"

Só disparates, digo eu (e aqui refiro-me às reacções do Mentenegro).

E eu daqui lhe envio uma sugestão: Senhor Mentenegro acredite no que os outros dizem de si. Acredite. Se as pessoas que o ouvem pensam que o senhor é um incendiário, que está a executar a política do Chega, que o senhor é inconsistente, incoerente, pouco amigo da verdade e da honestidade intelectual, se calhar têm razão, se calhar é porque o senhor lhes dá motivos para isso. Ouça: e mesmo que, por vezes, não tenham 100% razão, é essa a percepção que têm. E, o senhor sabe (oh se sabe, não é...?), que o que está a dar são as percepções. É ou não é?

sexta-feira, dezembro 27, 2024

Ai Marcelo, Marcelo... Quem o viu e quem o vê...
Então, com esta Ministra, a Ana Paula Martins, as coisas funcionam desgraçadamente e V. Exª, em vez de criticá-la, elogia-a por pedir inquéritos?
Está a gozar connosco, não está?

 

Abro o Expresso online e a primeira notícia que me salta é que Marcelo elogia a ministra. Em vez de desatar a mandar bocas por tudo o que é canto e esquina a dizer que os ramos mortos têm que ser cortados, anda a elogiar a criatura? A dita incompetente manda fazer inquéritos... certamente para depois vir insultar e enlamear os menos culpados da desordem que reina na Saúde... e é isso que Marcelo elogia?

A criatura correu com o director do SNS, com vários do INEM, com vários administradores de hospitais, com não sei quantas pessoas, tudo para lá meter amigos ou malta do PSD (read my lips: em que o critério é ser malta do PSD), piora tudo na Saúde... e Marcelo ainda consegue arranjar motivos para elogiá-la?

É um brincalhão, não é, Presidente Marcelo...?

Não goze connosco, está bem?

Será do mon chéri?

 

Hoje, ao espreitar as notícias, constato que meio mundo ficou incomodado com a charla natalícia de Montenegro. Felizmente, fui poupada. Não tive ocasião mas, mesmo que tivesse, poupar-me-ia. Não sei se alguém merece levar com as incoerências e as pimbalhadas de tão inconsistente e desempática figura. Por isso, ganhei duas vezes: ao não vê-lo e ao não ficar molestada com a sua conversa.

Presumo que o Marcelo também tenha falado ao povo mas, igualmente, é coisa que não me assiste. Não me interessa. Não adianta. É só poeira, só fumo. Podia dizer 'só flores' mas não digo porque gosto de flores.

Tirando isso, hoje arrumámos a casa, demos um passeio ao pé da praia, tratámos de cenas e, a meio da tarde, quando me sentei a ler, adormeci. Quando o meu marido me disse qualquer coisa, acordei sem saber que horas seriam pois parecia-me que o sono tinha sido tanto que era bem capaz de já ser de manhã. Afinal não.

E acontece também que continuo capaz de ir já dormir. Mas não posso pois tenho outros temas entre mãos. Meto umas na cabeça e, teimosa como uma burra como sou, não desisto. E o que isto me tem consumido de tempo... E, no entanto, é disto que gosto, de me meter em coisas que não conheço, que se revestem de complexidades que não domino. Gosto de vencer obstáculos mesmo que, como é o caso, seja eu que os erga. 

Mas se calhar não estou a explicar-me bem. Não é que complique coisas de propósito para ter luta. Não. O que quero é fazer coisas que, por serem totalmente novas para mim, me impedem de andar rapidamente e a direito. Tenho que estudar, aprender, testar, ultrapassar os erros, corrigir. E vou em frente, sem desistir. Mas falta-me tempo para outras coisas, claro. Ou isso ou é o tempo que anda a encolher. 

Aliás, hoje estive todo o dia com a impressão que era sábado. E, afinal, amanhã não é domingo. 

A menos que esteja sob efeito do mon chéri.