sexta-feira, outubro 18, 2024

Ai Pedro Nuno Santos...

 

Passo por cima da sacanagem suprema da PGR (com ou sem o respaldo do Marcelo) ao empurrar António Costa do Governo, passo por cima da campanha vergonhosa que Marcelo fez contra o PS e que culminou nas dissoluções da Assembleia da República -- e dirijo-me directamente à escolha do sucessor de Costa.

Se tivesse aparecido, por exemplo, uma Mariana Vieira da Silva, não teria dúvidas em achar que seria uma excelente líder para o PS. Assim, entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, se eu fosse militante do PS, teria votado no segundo. Parece-me mais ponderado e melhor posicionado para dar resposta aos anseios da classe média, seja à instalada seja a que pretende lá chegar.

Na altura das eleições, pareceu-me que Pedro Nuno Santos (PNS) não estava a perceber que o PS não tem que tentar agradar ao eleitorado do PCP e do BE tanto mais que este eleitorado está cada vez mais reduzido. A população que decide eleições e que deveria ser o alvo das propostas do PS posiciona-se em quadrantes que PNS parece ainda não ter compreendido bem. 

PNS parece também ainda não ter compreendido que, ao deixar a resposta aos anseios dos jovens e da população mais qualificada para outros partidos e ao estar essencialmente conotado com a camada etária mais sénior, está a traçar aquele percurso que leva, devagarinho, à irrelevância. 

E as eleições confirmaram isto que estou a dizer. E, ainda que à tangente, foi a AD que levou a melhor. Conseguiu-o com base em acusações pouco sérias e populistas e em promessas vãs e falsas mas já se percebeu que a malta, em especial os menos informados, gostam é de quem lhes promete o céu e mais um par de botas.

Claro que Montenegro, ao armar-se em campeão e ao achar que podia governar à vontadinha, também começou, logo na noite das eleições, a trilhar o caminho da próxima crise.

E Pedro Nuno Santos ao enunciar logo, a quente, uma série de determinações, começou a mostrar um problema de que padece (de forma, aparentemente, incurável): uma tentação irreprimível de dar tiros nos pés.

Seguiu-se o que se tem visto: o Governo a cavalgar os bons resultados deixados pelo PS mas, sempre que pode, desavergonhadamente a querer ficar com os louros, anunciando grandes medidas como suas quando praticamente estavam todas em curso ou em vias disso no governo de António Costa. E, noutros casos, dá o dito por não dito, não conseguindo resolver o que dizia que resolveria em 60 dias. E já nem falo nos saneamentos políticos, geralmente precedidos de ataques e humilhações, por vezes públicos, aos saneados.

E depois, quando têm ideias das quais fazem bandeira, percebe-se que são ideias obtusas, ineficazes e que conduzem a desequilíbrios nas contas (exemplo disso é a isenção do IMT para jovens que levou a uma subida do preço das casas ou a maior burrice de que há memória e que dá pelo nome de IRS jovem em que, como as notícias têm dado conta, dará borlas de dezenas de milhares de euros a futebolistas ou a todos os 'jovens' que têm bons ordenados).

Face a isso como tem agido PNS? 

Frequentemente tropeça nas próprias pernas, ensarilha-se em argumentos palavrosos, anuncia coisas desnecessárias, frequentemente tendo que voltar atrás. Por exemplo, em vez de esperar para ver o Orçamento e só depois se pronunciar, enfiou-se numa saia justa ao reduzir o seu critério de decisão a duas medidas, depois reformulou e já eram essas duas, mas atamancadas, mais três a reboque, e depois já nem se percebia bem o que queria.

Já se percebeu que o Governo da AD é fraco, em algumas pastas, escandalosamente fraco, assenta em pressupostos errados e disparatados e não vai levar a lado nenhum. Pelo contrário, atira dinheiro a rodos para cima de meio mundo, traça políticas que não alavancam estímulos à economia e que desequilibram as contas e, afinal, em vez de estimular o crescimento do PIB (coisa em que o Sarmento, com base em fezadas, apostava), agora aponta para um PIB anémico e estagnado. 

Face a isto, qual a posição do PS?

Custa-me dizer isto (e custa-me especialmente porque acho que ele é esforçado e, sobretudo, parece-me uma pessoa pura) mas o que vejo é que PNS mostrou não ter arcaboiço ou estaleca ou o que queiram para desmontar de forma cabal o que ali está e para se afirmar assertivamente perante o eleitorado, perante o País.

Se houvesse eleições agora -- com a capacidade de comunicação do Governo, uma boa capacidade, e a boa imprensa que tem (a mesma imprensa babosa e, por vezes, sabuja, que ajudou a deitar abaixo o PS e que levou o PSD ao colo) e com a inabilidade de PNS --, não seria claro que o resultado fosse estável e favorável ao desenvolvimento sustentável.

Um líder forte, de ideias bem estruturadas, provavelmente não se tinha enfiado no labirinto em que o PNS se meteu e, provavelmente, avançaria de peito feito para o que desse e viesse não deixando passar o OE. Mas não é o caso.

Assim, tomou a decisão que se encaixa neste panorama: depois de dançar o vira e o corridinho ao longo de não sei quanto tempo e, mesmo hoje, quando falou ao País, chegou ao fim da comunicação e, numa pirueta, anunciou que vai deixar passar o OE e deixar que o Montenegro passeie no parque por mais um ano e tal ou dois.

E eu, com o PNS como Secretário-Geral do PS, acho que a decisão não podia ser outra. Pelo menos, pode ser que haja tempo para uma de duas: para ver se amadurece e atina ou, alternativamente, para o PS pôr uma pessoa mais focada e mais estruturada no lugar dele.

No outro dia, o Montenegro passeou no parque com Madame Avillez.
Ontem foi o Sarmento que certamente foi levado ao colo pelo José Gomes Ferreira.
Claro que não vimos: seria duplo enjoo.

 

E agora, na SIC, para comentar o que o Pedro Nuno Santos vai anunciar está uma fontinha de Belém, Miss Ângela Silva, e o eterno putativo ministro das finanças laranja, José Gomes Ferreira.

A SIC feita cão a andar à volta do próprio rabo.

NB: as minúsculas onde seria suposto ver-se maiúsculas não é por acaso).

quinta-feira, outubro 17, 2024

Jubilados e Reformados
- A palavra a um Leitor, a quem agradeço -


A propósito do post no qual me indignei com o privilégio com o qual Madame Gago se regala, recebi hoje um comentário, que muito agradeço, muito exaustivo, que descreve a situação e o que a envolve (não especificamente o caso da dita Madama mas a dos funcionários de Estado que têm a inacreditável possibilidade de optar entre a condição de jubilado e a de reformado): 

A ex-PGR jubilou-se, não se reformou. 

Determinadas categorias de funcionários do Estado, como os Magistrados (Juízes e Procuradores), Diplomatas (Ministros Plenipotenciários e Embaixadores), Professores Universitários, por exemplo têm, nos termos da Lei, a possibilidade de escolher, quando atingem o limite de idade, entre serem jubilados, ou reformados. 

Na jubilação mantêm-se as regalias e deveres dos colegas no activo, a par do último salário que auferiam até à jubilação, o qual é actualizado de igual forma dos seus colegas no activo e continuam a receber, no caso dos Magistrados, um suplemento de compensação, auferindo assim um valor mais elevado enquanto jubilados, comparativamente a quem se reforma pela Segurança Social. 

Por outro lado, o jubilado é pago pela Caixa Geral de Aposentação (CGA) e não pela Segurança Social (SS). No caso, por exemplo, dos Diplomatas jubilados, o jubilado mantém deveres perante a hierarquia do MNE, podendo ser chamado por exemplo para consultas, etc, e não pode exercer quaisquer outras funções ou actividades, por exemplo, no sector privado e outros, ao contrário do diplomata reformado. No caso dos militares, só podem ser reformados, não existe a figura da jubilação.

Nesse sentido, a ex-PGR optando por se jubilar, naturalmente terá de usufruir do seu último salário, juntamente com as regalias que lhe estavam associadas – nos termos da Lei em vigor. O mesmo para com os juízes dos tribunais da Relação e do Supremo (e do Tribunal Administrativo e Tribunal de Contas, por exemplo). E assim sucederá e sucedeu igualmente com o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e seus antecessores, situação de quem ninguém se queixou, curiosamente.

Por último, um outro aspecto. Contrariamente ao que faz a Segurança Social, que utiliza uma taxa anual de formação da pensão que varia entre os 2% e os 2,3%, a Caixa Geral de Aposentações (CGA), contrariando a Lei, e criando mais uma desigualdade entre trabalhadores da Função Pública e do Sector Privado, aplica apenas a taxa de 2%.

Em resumo, a jubilação dos Magistrados está inserida na Lei, bem como a de outras determinadas categorias de funcionários do Estado, como atrás se menciona e releva. Situação esta que não foi objecto de qualquer proposta de alteração pelos Deputados da Assembleia da Republica, a quem compete proceder a alterações na Lei e quem fez aprovar esta Lei em vigor.

Fica o esclarecimento.

Mariana Vieira da Silva no NOW -- clareza, assertividade, lucidez, boa atitude, perspicácia

 

Um dia os militantes do PS irão perceber que esta mulher tem tudo para ser uma grande líder. Nessa altura, os portugueses perceberão que dificilmente haverá melhor primeiro-ministro.

Nota: André Coelho Lima também com uma postura muito correcta. E Pedro Mourinho, um bom moderador. 

PS: E atenção ao elevado nível de cativações (parece que o maior de sempre) no OE do Sarmento Pança, o mesmo menino que antes tão crítico era das ditas. E atenção à discrepância de valores e de previsões entre o que os espertos da AD apresentaram no programa eleitoral e o que agora apresentam a Bruxelas. Um dia vai ficar bem claro os vendedores de banha da cobra e os tangas que são.

Debate a ver todas as 4ªas feiras, a seguir às 21h (não sei exactamente a que hora), no Now. 

quarta-feira, outubro 16, 2024

Tomar o destino nas mãos.
Fazer reviver um solo morto
Mudar o clima
Sentir como suas as palavras: I am the master of my fate. I am the captain of my soul.

 

Hoje, por aqui, chove que dá gosto. Por isso, talvez não seja o melhor dia para falar da falta de água, de solos desidratados, sem vegetação e, logo, sem vida animal, terras desertificadas, populações em êxodo. Mas sabemos que é essa a progressão em curso -- a menos que saibamos perceber a natureza, respeitar e guardar o que a ela dá, aprender a o milagre da regeneração.

Transformar terras áridas em solos férteis é daqueles projectos que penso que deveriam ser amplamente divulgados, financiados, acarinhados.

O vídeo abaixo explica bem o que está a ser feito por aquelas bandas, a alegria que traz à população, a esperança que traz, o futuro com que poderão sonhar. Querendo, podem pôr-se legendas em português, embora apenas de autotradução automática, ou seja sem grande qualidade. Ainda assim, faço questão em partilhá-lo.

A genius way to restore dead soil

Soil is vital for plant growth, supports biodiversity, filters water, and keeps ecosystems balanced. But in Kenya, worsening droughts have left the soil damaged and dry, threatening both nature and local communities.
In our 20th Planet Wild mission, we're supporting a surprisingly simple method to help transform these barren lands into thriving ecosystems. 
A special thanks to Dr. Rob Thompson / University of Reading for providing us with additional footage.
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Invictus

I am the master of my fate. I am the captain of my soul.


terça-feira, outubro 15, 2024

O primeiro cogumelo, um pesadelo, o stress de domingo de manhã.
E, para um momento simpático, a bela casa de Daniela Mercury e Malu Verçosa

 

Já vi um primeiro cogumelo grande e, por sinal, já um pouco danificado. Antes já tinha visto alguns pequeninos, surgidos com as primeiras chuvas. Mas este prenuncia que muitos mais estão para vir. Isso enche-me sempre de felicidade pois vejo como esta terra se fez mulher, parideira, fértil, generosa, dando vida a muitos seres.

E choveu muito. Estávamos na rua quando desabou uma carga de água. O cão chegou a casa feito um pinto. E depois foi a tourada do costume primeiro que me deixasse limpá-lo: tenta arrancar-me a toalha, salta, rodopia, põe-se de pé com ela na boca. Uma festa.

Mas, tirando esse momento de super energia, como em todas as segundas-feiras em que, no domingo, temos a casa cheia, o cão só quer dormir. Assim estou eu. É que, ainda por cima, acordei muito cedo com um pesadelo e depois não voltei a adormecer. Foi outra vez aquela cena em que desespero com o que tenho para fazer temendo não me despachar a tempo. Desta vez estava fora, tinha ido em serviço. No dia de vir embora, uma carrinha ia buscar-nos para nos levar ao aeroporto. E eu não dava a mala feita. As coisas não cabiam na mala. E encontrava camisolas e casacos do meu marido e não percebia como era possível, achava que tinha trazido, por engano, uma mala dele. Por isso, as minhas coisas não cabiam. Depois, para me maquilhar, ia a uma casa de banho no corredor pois tinha espelhos e luz. Mas estava cheia, tinha que desistir. Depois não tinha tempo para tomar o pequeno almoço e tinha visto uma mesa que devia ter sido de pequeno-almoço descentralizado, no hall junto aos elevadores, mas já só tinha pastéis de nata. Eu ao pequeno almoço só como fruta e iogurte mas não tinha outro remédio senão comer um pastel de nata. E já estava na hora da carrinha partir e eu ainda tinha a mala por fechar, queria lavar os dentes, arranjar-me minimamente e não conseguia. Quando acordei ainda estava nesta azáfama e a tentar perceber como é que tinha tanta roupa do meu marido na minha mala.

Enfim. isto deve ter sido porque no domingo, precisando eu do forno para os meus cozinhados, o meu marido, que tinha resolvido fazer uns bolos que viu no programa da Joana Barrios no 24 Kitchen, ainda estava de roda deles quando fui para a cozinha e mobilizou o forno para ele, fazendo com que os meus tabuleiros só fossem para o forno quase uma hora depois da hora que eu queria. Gosto de fazer tudo antes da hora para, quando o pessoal chega, estar tudo pronto, pratos, acompanhamentos, molhos, saladas, frutas, etc. E, portanto, fiquei em stress com os meus planos atrapalhados. E gosto de estar sozinha, a mexer-me de um lado para o outro e não tê-lo a lavar louça quando preciso de lavar legumes. Portanto, deve ter sido isso que me deu a volta ao miolo e, de noite, deu naquela confusão.

A ver se amanhã ou outro dia conto como fiz os rolos de carnes, um recheado com maçã e farinheira e outro com mozzarella fresca e transparências de bacon. E também os doces que o meu marido fez. Hoje estou cheia de sono...

Mas, antes de desligar o computador, deixo-vos com a simpática casa do simpático casal Daniela Mercury e Malu Verçosa. É sempre bom visitarmos uma casa bonita.

Tour pela casa repleta de afeto de Daniela Mercury e Malu Verçosa | CASA VOGUE


Um rendez-vous
Nº 5, o meu perfume. Uma questão de fidelidade.

 

Também gosto do Chance. Ou do Nº 19. Nos perfumes, já aqui o confessei diversas vezes: sou Chanel. Mas nada chega aos calcanhares do Nº 5.

Dizem que é quente. Não é. Nada. Subtil, misterioso, único. Metamorfoseia-se. Pelo menos em mim, na minha pele, isso acontece,

Um toquezinho e chega. O que é bom pouco basta. 

Chamo a atenção para o vestuário da Margot Robbie, um maravilhoso tecido, um maravilhoso corte, uma maravilhosa cor.

In the new N°5 film, See You at 5, Luca Guadagnino's lens follows Margot Robbie along the roads of California. The story of two lovers' missed connections, where the road to get there is just as important as the rendez-vous itself. Will there be a rendez-vous waiting at the end of the journey? Or is the rendez-vous itself the journey?


domingo, outubro 13, 2024

Digam-me que isto não é verdade! Digam-me, se faz favor!
A ser verdade, é um escândalo, é uma vergonha, é inadmissível!

 

Eu -- que sou pensionista da Segurança Social, que vi o meu ordenado esquartejado de todas as maneiras possíveis e imaginárias de tal forma que julguei que se tinham fortemente enganado (desconhecia todos os artifícios que existem na lei para poderem cortar de qualquer maneira) e que, apesar de ter muitos, muitos, anos de serviço, tenho uma pensão muito inferior ao que ganhava quando estava a trabalhar --, leio o que Vital Moreira escreveu no Causa Nossa e fico perplexa. 

A minha primeira reacção é: Não pode ser verdade! Não acredito! Seria indecente demais! Se fosse assim, já alguém teria denunciado tamanha aberração. 

Mas depois penso que o Vital Moreira é pessoa informada, cuidadosa. Não ia escrever uma coisa destas se não fosse verdade. Então, tento fazer um esforço para acreditar mas, palavra de honra, só me apetece desatar a dizer asneiras a a distribuir pontapés. Mas como não tenho nenhum destes juízes, escandalosos privilegiados, abusadores sem vergonha, à minha frente, guardo a indignação para mim e venho para aqui desabafar.

Transcrevo:

O problema da pensão da ex-PGR (e dos magistrados superiores do MP em geral, quando "jubilados") não é somente o seu elevado montante, no caso o maior do setor público, mas sim o facto de as suas pensões serem equivalentes ao último vencimento bruto no ativo (sem dedução da contribuição para a segurança social!...), e de assim se manterem todo o tempo. Ou seja, é maior a pensão de aposentado do que a remuneração líquida no ativo!

(...)

Se o regime de pensão dos "jubilados" é um privilégio dificilmente justificável no caso dos juízes, torna-se num superprivilégio sem nenhuma justificação no caso dos magistrados do MP.

(...)

Em Portugal, os privilégios corporativos tendem a assumir-se como direitos adquiridos irrevogáveis.

(...)

Um leitor acrescenta a «manutenção pelos pensionistas do chamado "subsídio de compensação" (cerca de 900€), relativamente ao qual, durante anos a fio, através de decisões judiciais, em benefício próprio, decidiram que não era tributado em sede de IRS». Inicialmente atribuído aos magistrados deslocados como compensação no caso de falta de "casa de função", foi depois estendido a todos, convolado em compensação da exclusividade das funções (como se esta não fosse já levada em conta no montante da remuneração). De facto, perante um poder político frágil, não há limite para a imaginação na captura de benefícios pelas corporações profissionais privilegiadas.


Texto completo aqui: Privilégios (22): As pensões dos magistrados do MP "jubilados"

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Só espero que isto gere uma onda de indignação geral e que seja imediatamente revogado. Quem são os juízes para terem privilégios que o resto da população não tem? Quem, caraças? Esta Lucília Gago que só fez porcaria enquanto Procuradora geral (e mesmo que tivesse sido exemplar!) o que é que é mais que eu para ter privilégios que eu (e o comum dos mortais) não tem?

Digam-me qual é o partido que vai acabar com isto imediatamente (e com outros privilégios que por aí haja) para eu saber em quem devo votar nas próximas eleições

sábado, outubro 12, 2024

Sobre Montenegro, ele mesmo, e ministros e todos os comentadores virem para as televisões acusar André Ventura de estar a mentir, tenho a dizer que, neste caso em concreto, não estou certa de que o mentiroso seja o presidente do Chega e não o do PSD...

 

Ventura refere pormenores, dá datas, horas, locais, diz quem é que pode testemunhar a veracidade do que diz, relata o que Montenegro disse, nomeadamente a forma desagradável como se referia a Pedro Nuno Santos ou a sugestão para que Ventura saísse de S. Bento pela porta das traseiras. 

Por muito questionável que seja o comportamento usual de Ventura, tenho muitas dúvidas que fosse capaz de inventar uma coisa destas, olhos nos olhos, de frente para as câmaras, com tanto pormenor e com informações que, se não forem verdadeiras, facilmente poderiam ser desmentidas (como Ventura refere, tem no seu telemóvel os telefonemas recebidos da parte de Montenegro ou do seu Chefe de Gabinete, e há todo o staff de S. Bento que pode confirmar a presença de Ventura nas datas que ele refere.

E depois há outra coisa: não é Montenegro também useiro e vezeiro a faltar à verdade? E a fazê-lo com o maior descaramento? Não foi ele que veio apregoar um colossal choque fiscal que, afinal, não era nada daquilo? E quantas vezes já o apanhámos a jogar com as palavras para parecer que não disse o que todos dissemos? E não se aproveitou, à socapa e pela calada, os bons resultados da governação socialista? E não permitiu ele que o seu Sarmento Pança viesse dizer mentiras a propósito das contas públicas? 

Poder-se-á dizer que Ventura é um populista compulsivo, que sabe cavalgar a onda do medo tão fácil de instilar nos menos informados, que é capaz de dar o dito por não dito para se manter sob a luz dos holofotes, que parece que tem por intuito rebentar com o regime. 

Mas a ser verdade o que agora diz, se de facto se provar que Montenegro se portou de forma pouco séria, que é um mentiroso descarado, não vem isso reforçar o que já se vem percebendo na conduta do Primeiro-Ministro? E pode ter-se um Primeiro-Ministro em que não se pode confiar? 

Pela parte que me toca, acho muito desagradável.

Talvez o mentiroso, seja ele qual for, esteja bem para o tal outro que tinha reuniões com um jornalista, relatava jantares, confidenciando o que um e outro tinham dito, chegava até ao pormenor de dizer o que se tinha comido, uma bela vichyssoise... e, afinal, era tudo mentira, aquele jantar nem sequer tinha acontecido.

Gosto sempre de ouvir o que diz este médico, o Dr. Drauzio Varella

 

Geralmente são vídeos dele, em que fala sobre temas de saúde, explica os mecanismos da doença ou da cura, aconselha de forma simples e acessível. Mas aqui está à conversa com Antonio Tabet, que eu gosto imenso na Porta dos Fundos, e é outro prazer ouvi-lo.

Drauzio Varella reflete sobre a morte: 'Acho que não tenho medo de morrer'


sexta-feira, outubro 11, 2024

Os da 'bolha' acham-se porta-vozes dos 'Portugueses' e dizem, à boca-cheia, que os 'Portugueses não querem eleições'.
Azarinho.
A mais recente sondagem diz que a maioria dos inquiridos acha que, se o OE não for aprovado, é preferível haver eleições...
Conclusão: os da 'bolha' ainda não perceberam que não pescam nada do que os Portugueses pensam...?

 

Marcelo dá dois passos e, se lhe puserem um microfone à frente da boca, diz 'os portugueses não perceberiam', 'os portugueses não querem' e todas as declinações possíveis do que 'os portugueses querem'. Depois vem o Marques Mendes e com aquele seu ar sonso e bonzinho, enche o peitaça de ar e diz 'os portugueses não iam compreender' e por aí continua, repetindo o mote que o chefe Marcel lançou. E depois vêm todos os outros e outras que, dentro da bolha, esbracejam, nadam, andam de boca aberta, em carneirinho, repetindo-se uns aos outros, e o mantra é sempre o mesmo: 'os portugueses não iam compreender', 'os portugueses não querem eleições'.

Na bolha respiram o ar uns dos outros, o ar viciado, e aparentemente também se alimentam do que uns e outros mastigam. Inteligência circular -- infelizmente, sem oxigénio a evitar a putrefacção.

E depois vem uma sondagem e constata-se o óbvio: se não houver OE a maior parte da malta acha que mais vale que haja eleições.

Não é que alguém com dois dedos de testa goste de andar sempre em eleições. Não gosta -- mas também não as teme. E a isto chama-se pragmatismo. Apenas pragmatismo. 

Se estes que por aí andam, na praça pública, a insultar-se uns aos outros (catavento, mentiroso, quis negociar comigo, não quis nada negociar com ele, mente, mente) assim continuarem, sem que ninguém se entenda, uma pouca-vergonha, e, nos intervalos, se o Luís Mentenegro mais o seu Sarmento Pança continuarem a distribuir dinheiro a rodos, despejando money para cima da malta toda, aumentando a despesa pública à cara-podre como há décadas não se via, e se virmos que não passa disto, então não será preferível que se tente encontrar um quadro político mais equilibrado?

Marcelo não deveria ter previsto este caldinho, este granel, antes de andar a dissolver Assembleias, antes andar a destruir maiorias absolutas, antes de obrigar a malta a andar a votar sem necessidade nenhuma? Claro, claro que devia. A Marcelo se deve este lindo panorama.

O que eu gostava é que os directores das televisões percebessem que a malta da bolha já fede e lhes desse uma corrida em osso. É que da boca deles já só sai jaca, ainda por cima jaca regurgitada.

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E queiram descer e, já agora, se souberem, digam quem é o mentiroso encartado: o Ventura ou o Montenegro.

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades.
Um dos dois é um mentiroso de primeira: ou Montenegro ou Ventura
Daria jeito que o MP tivesse a sala sob escuta durante o encontro de 23 de Setembro e que o Correio da Manhã daqui a nada transcrevesse a conversa para a gente poder tirar isto a limpo

 

Depois da gravidade das declarações de Ventura durante a entrevista concedida ao Pedro Santos Guerreiro, há pouco, na TVI/CNN, acusando Montenegro de ser um mentiroso encartado, tendo mentido gravemente aos Portugueses durante o 'passeio no parque' de mão dada com a não-jornalista Maria João Avillez, já Montenegro e vários dos seus ministros vieram a terreiro negar veemente o que Ventura revelou, acusando-o a ele de ser um mentiroso desesperado.

Mas eu, por muito que me custe dizê-lo, não ponho as mãos no fogo por nenhum deles.

E é o que tenho a dizer.

quinta-feira, outubro 10, 2024

Aleluia. Finalmente Pedro Nuno Santos, numa entrevista que não foi 'um passeio no parque', diz que vai analisar a proposta de OE 25 e depois logo vê se o PS aprova ou não aprova. Aleluia.

 

É que uma coisa era haver um entendimento tacitamente aceite entre a AD e o PS (como houve no tempo da geringonça, entre o PS, o PCP e o BE) e o Orçamento resultava do alinhamento de algumas linhas de convergência, e outra, bem diferente, é a que se verificou, com o PSD (apesar da raquítica maioria que não lhe dá para nada) a andar para aí a cantar de galo, desafiador, rufia, sarrafeiro, armado em todo-poderoso, fazendo o orçamento sozinho, agora querer à viva força que o PS o aprove.

Claro que Pedro Nuno Santos não esteve bem ao reduzir o tema da aprovação a duas linhas vermelhas, dois aspectos específicos. Entre mil tópicos, reduziu o tema a dois. A partir daí ou o Governo ajoelhava e rezava ou a coisa tinha tudo para infectar. 

Um orçamento contempla decisões em todas as áreas da governação e nem todas podem ser pacíficas. O Governo pode ter posto no OE toda a espécie de cavaladas. Veja-se qual a ideia do Governo para a RTP, uma canalhice pura e dura. E quantas mais medidas do género podem estar subjacentes ao orçamento?

Por isso, ou o Orçamento, no seu todo, tinha sido mais ou menos alinhavado entre a AD e o PS, ou a única decisão inteligente, em meu entender, seria esperar para ver: analisar cuidadosamente todas as medidas, todas as contas, e, então, com perfeito conhecimento de causa, tomar uma decisão.

O comentador Marcel e o seu amigo Mendes, a Madame Avillez, as comentadeiras a granel que, quais térmitas, saem de debaixo dos balcões para corroerem a opinião pública, podem não gostar. Azarinho. Já a comentadeira, mini-fonte-de-belém, Ângela Silva tinha escrito 'Despachem o Orçamento que Marcelo quer despachar o Almirante'. E agora, com esta decisão do Pedro Nuno Santos, ainda não sabem como é que isto vai acabar e isso maça-os. 

Claro que o desaventureiro Ventura, que num dia veste a pele de baderneiro, noutro de taberneiro e, nos intervalos, ensaia o papel de estadista, prepara-se para se mostrar muito responsável. Estará a AD bem entregue se o OE passar com os votos do Ventura...

Enfim, está a cegadinha armada. Mas outra coisa não seria de esperar com a mais do que anémica vitória obtida pela AD e pela falta de noção de Montenegro que gosta de se armar em campeão, esquecendo-se que tem uma maioria menos do que relativa e não mais do que absoluta.

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Para quem goste de ouvir pessoas inteligentes, sugiro que se veja Mariana Vieira da Silva no NOW. 

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De qualquer forma, penso que a sugestão que fiz no post abaixo se mantém válida. Ponha-se essa maltosa a dançar em vez de nos maçarem com conversa fiada:

Russell Bruner - Eccentric Dance


As televisões, em vez de porem os jornalistas a fazerem de comentadores, os comentadores a fazerem de jornalistas, os anhucas a fazerem de governantes, os governantes a fazerem de artolas e etc., deviam pegar neles todos e porem-nos a fazer uma coreografia como a que abaixo se vê

 

E mais não digo.

Dickie Henderson - Leg Mania: Eccentric Dance routine with Billy Dainty and Max Wall 1971

quarta-feira, outubro 09, 2024

Parece que saem de debaixo das pedras.
Tudo o que é comentador apoiante do PSD ou da AD aparece, à mão cheia, a encharcar a opinião pública de argumentos contra o PS. Uma jaca.

 

Andam a desencantá-los a todos. Muda-se de canal e lá estão eles. Um enjoo. Parece que querem fazer uma lavagem ao cérebro do pessoal. Não há pachorra.

E eu disse que isto é uma jaca mas não, é bem pior. 

E explico porquê. Para começar, devo dizer o seguinte: sou altamente favorável a experimentar coisas novas. Por exemplo, ao contrário do meu marido que, quando vai ao supermercado, se dirige directamente às prateleiras onde está aquilo de que precisa e traz a marca ou a qualidade da coisa que já conhece (despachando-se em três tempos), eu sou o oposto. Gosto de olhar para ver o que há, vou espreitar o que não conheço, fico com vontade de experimentar. Claro que demoro um pouco mais...

No outro dia vi umas latas com umas coisas amarelas, num belo tom dourado, um luminoso amarelo torrado. Dizia 'Jaca'. Nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Pesquisei num instante e vi que era uma fruta. Como podia alimentar-me só de fruta (fresca e seca), nem hesitei.

Pois, pois. Não sei se já experimentaram...

Também devo dizer que nos últimos dias já traguei com menos dificuldade. Claro que o meu marido se ficou pela primeira dentada (e acho que só não a cuspiu por boa educação). Eu, como sou estóica, apesar do sacrifício, consegui, dia após dia, dar conta das bichas. 

Aquilo tem um sabor inqualificável. Nem sei dizer com o que se parece a nível de sabor. Mesmo que aqui quisesse dizer, não saberia. Só mesmo provando.

Fui agora ver imagens e percebo que o que comi foram as bagas que estão no interior do fruto propriamente dito, ou seja são aquelas coisas que estão no prato.


Portanto, eu dizia que aqueles comentadores que pululam por tudo o que é canto e esquina da televisão são uma jaca (leia-se: intragáveis) mas corrijo: são piores pois eu ainda fui experimentar porque não sabia ao que ia. Com estes comentadeiros psds e cds, reciclados, regurgitados, é pior. A gente já os conhece. Portanto, como é óbvio, evita-os. Zapping com eles. Caixote do lixo.

Prefiro ver o documentário sobre a Coco Chanel. Ah pois é, bebé.

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E sigam, se estiverem para isso, para o post abaixo. Não refiro a big rosa ao peito da Madame Avillez mas afloro o resto. Afloro, salvo seja.

O próprio Montenegro o disse: "Ter uma entrevistadora como a Maria João ajuda..."

 

Porque será que Montenegro escolheu a SIC e, dentro da SIC, porque é que a escolhida como entrevistadora foi a (correligionária?) Madame Avillez (que, ouvi hoje, parece que nem carteira de jornalista tem) e não um entrevistador que exercesse algum contraditório ou que colocasse questões mais delicadas para a retórica del Montenegro? Pourquoi?

Lulu Montenegro, o grande guru da comunicação, que até diz como é que quer os jornalistas à sua frente, sabe do que faz, lá isso. Assim, está em casa, a conversar com uma amiga.

Gostava era de saber se o super comunicador Marcel, que tem as suas raízes profundas na SIC, deixou de ir nas visitas oficiais para ajudar nesta entrevista. Não é por nada, só mesmo por curiosidade.

terça-feira, outubro 08, 2024

A Paula Moura Pinheiro já ganhou algum Globo de Ouro?

 

Pergunto porque não sei mesmo. O que sei é que gosto sempre das suas visitas guiadas. Os Globos de Ouro distinguem pessoas escolhidas não sei por quem nem com que critério. E não sei se há outros acontecimentos do género em que se reconheça o mérito artístico ou cultural dos intervenientes no espaço público. Mas, independentemente do meu desconhecimento, penso que Paula Moura Pinheiro pela consistência das suas escolhas, pela forma informada, educada e simpática como fala com convidados que desenvolvem os temas que ela aborda é bem merecedora do nosso reconhecimento. Falo por mim: apesar de, por vezes, achar que os seus trejeitos são excessivamente expressionistas (digamos assim), a verdade é que isso é pormenor, e não apenas nos traz temas diversos, interessantes, sempre bem documentados, como é sempre uma boa companhia.

Talvez por ser uma pessoa tão focada na qualidade do seu trabalho e talvez porque os critérios de alinhamento das televisões privilegiam a parvoíce, o escândalo e a espuma dos dias, mantém-se pela RTP 2 (que é um canal que tem sabido manter-se coerente e interessante) a, por isso, diria eu, até acho que está ali muito bem. Mas merecia maior destaque, maior acompanhamento, maior elogio e agradecimento público.

O programa de hoje agradou-me sobremaneira. Acompanhada por uma pessoa simpatiquíssima, um comunicador tranquilo que adorei escutar, Nuno Soares, um arqueólogo de Arcos de Valdevez, levou-nos a ver as maravilhosas paisagens do Sistelo, do Soajo, os socalcos, os espigueiros, os garranos, as vacas-cabreiras. A cultura é também isto. 

O que aprendi ou relembrei... Que bom. Locais são lindos. Já lá estive mas é daqueles lugares do mundo em que a nossa alma se expande se conseguirmos vê-los como se fossem a primeira vez.

Quantos maravilhosos documentários, talvez para a Netflix ou outras plataformas afins, se poderiam fazer pelo nosso país com a Paula Moura Pinheiro, com o Nuno Soares e com outros comunicadores que, amando o nosso património, sabem como mostrá-lo?

Estou encantada com o que vi.

A quem não viu, sugiro que pesquise na programação de segunda-feira, dia 7 de Outubro, talvez por volta das 22:30, não sei bem, e veja.

E, apesar de presumir que a Paula Moura Pinheiro não seja frequentadora deste meu humilde pasquim, daqui lhe envio os meus parabéns pela longevidade e boa qualidade da sua presença em programas culturais na nossa televisão bem como o meu agradecimento pelo que aprendo e pelo que me delicio a ver o que nos oferece.

segunda-feira, outubro 07, 2024

Não quero tomar-vos tempo demais com as minhas little questões caseirinhas.
Por isso, bora lá ver como tornar a terra mais selvagem...?

 

Parece que está de chuva e, por aqui, bem precisados estamos dela. 

É bom mas...

É chato, o cão vem para casa todo molhado, sacode-se por todo o lado, esfrega-se por todo o lado para se autolimpar e, ainda por cima, arma uma tourada quando vamos nós limpá-lo (salta, quer arrancar-nos a toalha, brinca em nossa volta). Além disso, a roupa custa a secar. E começa a não dar jeito fazer caminhadas de pernas ao léu. 

Mas é uma alegria pensar que a terra vai ficar hidratada e que as verduras vão ficar viçosas de dar gosto.

Tirando estes pequenos aspectos que são circunstanciais, estou com um problema numa das minhas duas laranjeiras. Deu tanta, mas tanta, laranja que agora, antes de ficarem maduras, caem aos montes. Não sei como mantê-las na árvore a amadurecer. As que caem estão rijas, nada doces e não sei se vão alguma vez chegar a bom porto.

E estou com um problema ainda maior na romãzeira. Desta vez os bichos -- ou pássaros glutões ou ratos invisíveis, não sei -- devoraram-nas todas. Não sobrou uma para amostra. Para o ano vamos ter que arranjar ratoeiras ou qualquer outra arma preventiva. Uma pena. Eu que gostava tanto de comer os rosados e sumarentos grãos, agora só se as comprar.

O limoeiro está carregado de limões, belos limões, mas está com a folha fraca, com um ar um bocado desfalecido. Aqui há tempos deitei-lhe um pouco de adubo para citrinos mas parece não ter tido efeito nas folhas. Se calhar, também neste capítulo, vou ter que recorrer ao ChatGPT.

Seja como for, vão gostar de ser regadas com aguïnha da chuva.

E, como poderão compreender, estou mais virada para temas assim, domésticos, caseirinhos, coisas rasteirinhas, do que para os tristes descasos da nossa política em que os partidos de esquerda se empenham em dar cabo da esquerda e os de direita andam a ver como roubar eleitorado à direita mais direita e mais populista, e o PS anda mais ou menos aos papéis a ver como sair airosamente da saia justa em que o Marcelo enfiou o País.

Por isso, como os temas da natureza puxam sempre por mim, resolvi partilhar convosco um vídeo muito interessante e inspirador. 

Era bom que todos os países tomassem em mãos missões assim: reflorestar, devolver a natureza à natureza. 

A uma escala minúscula, tenho o meu ínfimo exemplo ao transformar um pedaço de terra em que só havia mato rasteiro e pedras numa parcela de terra fértil, em que as árvores crescem como gigantes, em que agora há vegetação, musgo, infinitos cogumelos, muitos pássaros, lagartixas; e até esquilos lá apareceram.

O vídeo abaixo está legendado. 

A Bold Plan to Rewild the Earth — at Massive Scale | Kristine McDivitt Tompkins | TED

The first step to saving nature is the rewilding of our own minds, says conservationist and former Patagonia CEO Kristine McDivitt Tompkins. With an unwavering commitment to protecting ecosystems, she and her late husband Douglas Tompkins created vast conservation parks across South America that allowed ancient flora and fauna to flourish once again. Now, she's carrying that legacy and mission forward with a bold plan to connect parks across geographic boundaries, creating a system of continental-scale wildlife corridors — before it's too late. (Recorded at TED2024 on April 16, 2024) 

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Desejo-vos uma bela semana a começar já nesta segunda-feira

Saúde, boa sorte.

Dias felizes

domingo, outubro 06, 2024

Eu não sou Marina Abramović

 


Quando é que foi mais feliz?

- Quando nasceram os meus filhos e, talvez ainda mais, quando nasceram os meus netos.

Qual é o seu maior medo?

- Que aconteça alguma coisa de mal a algum dos meus filhos ou netos ou ao meu marido (ou a mim)

Qual a pessoa viva que mais admira e porquê?

- Qualquer cientista (motivado e, de preferência ousado e persistente). Também admiro as pessoas que amam a liberdade e a democracia e que, mesmo sob ameaça, continuam a defender aquilo em que acreditam e que conseguem transformar as suas convicções em palavras e actos. Todas as pessoas que arriscam a vida em busca de uma vida melhor, mesmo arriscando a vida, nomeadamente as que vêm em barcos frágeis, apinhados, em busca de um sonho, tantas vezes improvável. Todas as pessoas que vivem em contexto de guerra e que, mesmo assim, continuam a fazer uma vida normal, conservando a capacidade de sorrir. Todas as pessoas que atravessam períodos em que a vida ameaça fugir-lhes, como as que recebem a notícia de cancro ou de doenças degenerativas, e arranjam energia para enfrentar os tratamentos e para continuar a acreditar na recuperação. Mais ainda se isto se passar com os filhos. Também admiro muitas as pessoas que trabalham muitas horas ou em condições difíceis, em particular as mulheres com filhos, que têm que se levantar muito cedo e deixar os filhos por vezes sabe-se lá com quem e andar em vários transportes públicos, e que chegam tarde a casa, cansadas, muitas vezes num país que não é o seu, com hábitos que não são os seus. Os imigrantes. Enfim. Admiro muitas pessoas.

Qual a sua característica de que menos gosta?

- Não ter apetência pela prática de desporto (ou exercício físico a sério). E não ter boa voz.

Qual o seu momento mais embaraçoso?

- Quando, num dia de verão, em que tinha uma saia branca, de tecido fino, e, depois de ter estado horas numa reunião, quando me levantei, ir um colega atrás de mim, ruborizado, dizendo-me que tinha uma coisa um bocado íntima para me dizer e, a custo, muito aflito, dizer-me que eu tinha a saia manchada. E eu, ao espreitar, ver uma mancha enorme, enorme, de sangue. Escusado será dizer que nunca mais usei saia ou calças brancas quando estava ou temia vir a estar com o período.

Não incluindo a casa, qual a coisa mais valiosa que comprou?

- Os meus livros

Qual o seu pertence mais apreciado?

- Talvez mesmo os meus livros

Qual a sua principal conquista?

- Ter conseguido ter uma vida profissional motivante e bem sucedida sem nunca ter sacrificado a minha disponibilidade para a família, em especial para os meus filhos

Descreva-se em três palavras

- Normal, tranquila, bem disposta

De que gosta menos na sua aparência?

- Nada em particular, não ligo muito a isso pois sou como sou e não equaciono modificar-me. Portanto, o que não tem remédio, remediado está.

Quem é que gostaria que interpretasse o seu papel num filme sobre a sua vida?

- A nível internacional, Cate Blanchett. A nível nacional, talvez a Margarida Vila-Nova.

Qual o seu hábito mais desagradável?

- Deitar-me, todos os dias, tarde de mais.

O que a assusta na velhice?

- Poder vir a sofrer de limitações severas ou ver o tempo a esgotar-se numa altura em que ainda me apeteça muito viver

O que queria ser quando crescesse?

- Comecei por desejar ser cabeleireira. Mais crescida, queria trabalhar numa empresa, ou melhor, em ambiente empresarial. Uma ideia um bocado vaga. Mas era isso.

Escolheria fama ou anonimato?

- Anonimato, claro.

Qual a última mentira que disse?

- Disse a uma pessoa que achei que estava velha e acabada que estava muito bem

Qual o seu prazer mais culpado?

- Ver a telenovela A Promessa (não vejo uma única telenovela portuguesa desde que me lembre pois, se calha passar por lá de raspão, acho uma chachada que não se aguenta, não as suporto nem um minuto; e, no entanto, gosto de ver A Promessa)

A quem gostaria de pedir desculpa e porquê?

- Às pessoas que gostavam muito de mim e a quem, por falta de tempo ou falta de capacidade para manter o contacto com muitas pessoas, acabei por deixar para trás, sabendo eu que as pessoas ficaram sentidas e com saudades.

O quê ou quem é o amor da sua vida?

- Os meus filhos e os meus netos e, claro, quem esteve, comigo, na origem de tudo, o meu marido.

A que é que sabe o amor?

- A felicidade, a tranquilidade, a harmonia, à razão primeira e última para tudo.

Já alguma vez disse 'amo-te' sem o sentir?

- Não tenho por hábito dizer 'amo-te'. Não me soa bem, são sons mudos demais. Prefiro dizer 'gosto de ti'. Sempre que o digo é sentido. Mas também não sou muito de andar a verbalizar, sou mais de demonstrar.

Com que frequência pratica sexo?

- Apesar de não querer ser maria-vai-com-as-outras em relação à Marina Abramović, respondo como ela: frequentemente

Quando é que esteve mais perto da morte?

- Quando o meu carro, numa descida acentuada a caminho de uma rotunda movimentada, ficou sem travões e percebi que ia, inevitavelmente, ter um acidente que poderia ser muito grave, e que, por isso, poderia estar a viver os meus últimos segundos de vida. O carro ficou de tal forma que o seguro declarou a sua perda total. Eu, felizmente, não sei como mas escapei incólume.

O que melhoraria a sua qualidade de vida?

- Ter uma piscina onde fazer ginástica em suspensão do outro lado da rua. Haver, também, um supermercado na minha rua, para não ter que ir de carro de cada vez que tenho que comprar qualquer banalidade para casa

O que preferia ter mais: sexo, dinheiro ou fama?

- Sexo e dinheiro acho que tenho que chegue e fama não quero. Mas agora que penso nisso... talvez gostasse de ser uma escritora conhecida, com qualidade reconhecida. Talvez a isso se chame fama.

O que acontece quando morremos?

- Descansamos de forma radical. Desaparecemos. 

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  • As questões a que respondi são as da entrevista feita por Rosanna Greenstreet a Marina Abramović. 
Marina Abramović
Fotografia de Linda Nylind/The Guardian


Uma vez que as respostas interessantes são as dela e não as minhas, sugiro que cliquem aqui:

Marina Abramović: ‘Describe myself? Long hair, big nose, large ass’ de Rosanna Greenstreet

  • A fotografia do hibisco foi feita hoje no meu jardim

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Desejo-vos um belo dia de domingo

sábado, outubro 05, 2024

Então como é que é? O cowboy sempre vai casar com o cavalo?
-- A palavra ao meu marido --

 

Na quinta-feira assistimos a mais um episódio da novela do orçamento, cujo guião é da autoria do comentador Marcelo. Segundo os outros comentadores deste reality show, parece que a coisa se irá compor e que vamos ter um final feliz. Segundo terminologia de antanho, finalmente o cowboy irá casar com o cavalo. O bom da fita (o Montenegro claro, quem havia de ser para os comentadores do costume?) vence o mau (o Pedro Nuno, quem havia de ser para os nossos comentadores do costume?), que no final até acaba por ter um gesto de simpatia e atira uma corda ao bom da fita para ele poder continuar a fazer o que manifestamente não sabe, que é governar.

Sendo verdade que em termos de comunicação, o Luís deu cinco a zero ao Pedro, não partilho da opinião que houve, até agora, uma vitória folgada do Luís. É certo que o que se consegue transmitir é importante, e aí o Luís venceu, mas também não é menos certo que recuou numa das medidas bandeira do governo e deu um passo atrás -- provavelmente para tentar depois dar dois passos à frente (teoria que já foi muito do agrado do Durão Barrosos) -- no caso do IRC.

Quem definiu a estratégia de comunicação do PS e pensou que  a Alexandra Leitão era quem devia transmiti-la melhor fora que, nesse dia, tivesse ido à praia tomar um banho de água gelada para refrescar as ideias. Um pessoa que diz em vinte cinco palavras o que podia dizer em cinco não é, naturalmente, alguém que pode transmitir com eficácia uma ideia. 

E o Pedro Nuno também tem muito que aprender em termos de comunicação, assim, não vai lá. Enredar-se nas questões e fazer quase tantos comentários sobre a aprovação do orçamento como o Marcelo, também não foi boa ideia. Vi, por exemplo, o Francisco César  falar sobre o assunto e deu cinco  a zero ao Pedro Nuno e à Alexandra.

Na minha opinião a coisa devia ter sido feita de forma mais simples. O Montenegro que  apresentasse o orçamento e, até lá, o PS não falava no assunto concentrando-se nos problemas do País. Será que, por exemplo, ter havido dezenas de grávidas que tiveram os filhos nas ambulâncias não deveria merecer mais atenção do PS? Mas não. Deixou-se enredar na teia montada pelo PR, pela AD e pela comunicação social e tem muito mais dificuldade em descalçar a bota. Deveria ter aguardado pela apresentação do orçamento, pronunciar-se e apresentar alternativas.

O Montenegro só agora deve ter percebido que o IRS Jovem era um burrice que não acabava e que tinha que pôr de lado esta "bandeira" que lhe traria fenomenais enxaquecas. Mas quer os comentadores queiram quer não, e aos comentadores exige-se capacidade de análise, andar em campanha eleitoral e no governo  a endeusar uma medida que se deixa cair na primeira oportunidade não é seguramente uma vitória, é uma derrota porque revela que não se pensa no que se propõe nem se cumpre o que se promete. 

Já agora, à laia de aparte, cuidado Montenegro, que, ontem, o Abel "qualquer coisa", salvo erro diretor do Observador, comentador da CNN e grande contribuinte para as notícias que desacreditavam o governo do António Costa, já começou a dizer que afinal o Montenegro estava  a fazer o mesmo que o governo do PS. 

Já agora talvez o governo pudesse começar a governar para todos perceberem ao que vem. Governar é tomar medidas e não apenas passar cheques.

O Pedro Nuno Santos anuncia que deixa passar o Orçamento... mesmo sem conhecê-lo?

 

Se o PS chegar a um entendimento com a AD sobre o IRS Jovem e sobre o IRC, Pedro Nuno Santos assina já, de cruz, a passagem do OE2025? Percebi bem? É isto?

E se a Cultura passar a 0%? E se as verbas da Saúde forem todas desviadas para o Privado? E se as verbas da Educação sofrerem um corte de 50%? 

São exemplos apenas para demonstrar, por absurdo, que me faz muita espécie que alguém assine de cruz o que quer que seja.

Percebi que, para o PS, havia duas linhas vermelhas: o IR Jovem nos moldes em que a AD queria e a descida do IRC. E, no meu entendimento, isso queria dizer que se essas duas medidas lá estivessem, nem olhava para a proposta de OE. Se essas medidas lá não estivessem ou se estivessem com umas variantes aceitáveis, então, o PS analisá-lo-ia, podendo ou não deixá-lo ou não passar, consoante o que lá encontrasse.

Agora um cheque em branco...?

Não percebo.

Ou então, como no caso anterior, se calhar não estou a ver bem a coisa.

Alguém percebe o que é que o Marcelo fica cá a fazer em vez de ir às visitas oficiais que tinha agendadas?

 

Ia no carro e ouvi-o a dar as mais descabeladas desculpas para não ir à Estónia e à Polónia. Dizia que tinha a ver com o momento que se vive a nível das ditas negociações AD/PS para o Orçamento. E depois entaramelou-se numas justificações esfarrapadas em que nem ele deve ter percebido o que disse. 

Mas, se ainda o orçamento nem foi apresentado, que conversa é esta? 

E passa a vida a falar em nome dos Portugueses ('os portugueses não compreenderiam se eu fosse para longe e a Estónia e a Polónia são muito longe'). Como é que ele sabe o que os Portuguesas pensam ou deixam de pensar? Não sabe. E que mal faria se por exemplo fosse para a Cochinchina? Se lá houver rede e puder ser avisado de que um Eléctrico bateu num carro no Chiado ou que houve um princípio de incêndio quando uma senhora queimou uns papéis no quintal, não é o suficiente?

O que é que este Marcelo pretende ao andar por aí a gritar, há meses, que vem aí o lobo? Ameaça num sentido, ameaça num outro, lança confusão, fala ele, fala a fonte de Belém, e por aí andam todos a bater bolas, ele mais o aka-ele e mais os comentadores. E agora dramatiza e cancela visitas...

Nada diz faz sentido. Ou faz? Serei eu que estou a ver mal as coisas?

sexta-feira, outubro 04, 2024

Sobre o OE25 -- que a AD apresentará na AR -- não me pronuncio porque não o conheço (há alguém que conheça?).
Por isso, passo a palavra a quatro pessoas inteligentes.
É um gosto ouvir pessoas inteligentes...

 

Não vou falar dos anhucas que por aí pululam, uns mais saloios que outros, uns mais totós que outros. Nem vou falar dos jornalistas palermas que não têm neurónios e usam como raciocínio as 'bocas' que alguém manda para as redações sob a forma de comunicado ou as habilidades semânticas que uns espertos utilizam e que passam como verdades inquestionáveis.

In illo tempore, uma das áreas que mais gostei de estudar foi Lógica. Adorei, para ser mais precisa. Até sonhava com aquilo. E ainda gosto. E sofro quando a vejo quotidianamente assassinada. Partindo de premissas erradas com raciocínios errados aí está a malta a tirar alegres e erradas conclusões. Uma dor.

Como se combate isto?

Cada vez mais me convenço que o sistema de ensino deveria levar uma reviravolta das valentes. Deveria ser obrigatório ensinar em todos os níveis, desde a mais tenra infância e até ao fim da escolaridade, disciplinas como Lógica, Cidadania, Nutricionismo, Natureza, etc., e isto já para não falar em Língua Portuguesa, neste caso obrigatória até ao último dia das licenciaturas, quaisquer que elas sejam.

Mas isso, neste momento e neste contexto, está deslocado. É devaneio e não é dos poéticos.

Portanto, desloco-me para territórios onde ouço de gosto o que dizem, com um sorriso, com vontade de ouvir mais.

O vídeo abaixo está legendado.

Overtime: Fran Lebowitz, Yuval Noah Harari, Ian Bremmer


quinta-feira, outubro 03, 2024

Se empatia é calçar os sapatos dos outros, então, santa paciência, não sou nada empática

 

Para começar não sei se empatia é isso dos sapatos. Tenho dúvidas. Segundo o Priberam, empatia é a forma de identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa. E não vejo aqui qualquer referência a sapatos. 

Mas, ironias à parte, tenho que confessar que me faz impressão calçar sapatos usados por outra pessoa. Roupa, desde que limpa, não me importo. Mas mesmo assim prefiro conhecer a pessoa que a usou. Usar roupa sem saber se a pessoa que a usou era limpinha, lavadinha, isso faz-me alguma impressão. Ou seja, não sou o público ideal para as lojas de roupa usada. 

Quanto à empatia, tenho ideia que sou empática. Os assessments a que fui sujeita enquanto trabalhava (e com muito gosto o fui, pois ser analisada, escrutinada, avaliada e etc. sempre foi pratinho que me soube bem) diziam que sim, era empática, sim senhor. 

Mas, afinal, pelo menos na minha vida civil, não sei se sou assim tanto. Ou melhor: se ainda sou. 

Por exemplo:

  • A minha capacidade para me identificar com os tontos do Governo que se papagueiam uns aos outros, mesmo que seja para papaguearem disparates e nulidades, é limitada. 
  • A minha capacidade para achar graça à humilhação a que a Joana Marques gosta de infligir às suas vítimas, em particular quando o faz em público, expondo o humilhado à multidão enquanto goza com ele, é muito, muito limitada. 
  • A minha capacidade para perceber o ponto de vista da Ana Moura que, numa cerimónia (que pode ser questionada pelo seu valor, pelo seu préstimo, pela sua credibilidade mas que, para todos os efeitos, é uma cerimónia -- em que quem lá vai deve respeitar o dress code), se apresentou em trajes menores, zero de confecção, zero de côuture, zero de bom gosto, com os seios e os próprios mamilos à vista, é muito limitada. 
  • Identicamente a minha capacidade para tolerar o desbocamento torrencial da fonte de Belém também se esgotou. Desde há muito.
  • E a minha capacidade para aturar a histeria presidencial, da AD, das televisões e de tutti quanti que querem à viva força obrigar o PS a enfiar o Orçamento pela goela abaixo, seja o que for que ele contemple, é deveras limitada. Deveras.
  • E, agora, até o FMI vem dizer que o IRS Jovem é a ideia mais burra que alguma burra algum dia pariu. Face a isso, o Montenegro vai tirar o tapete ao Sarmento? Não, senhor. Em vez disso vai fazer de conta que está a fazer a vontade ao PS, através de uma proposta irrecusável. E eu, perante isto, aqui confirmo: a minha capacidade para aparar chico-espertices destas já foi ultrapassada há algum tempo.

Por isso, em dias como o de hoje, um dia cinzento, uma persistente chuvinha molha-tolos, interrogo-me: seria eu capaz de calçar os sapatos do Montenegro, da Senhorinha da Administração Interna, da baderneira-mor da Saúde, do Lentão que até dá dó, do inteligente Sarmento, do Dissolvente... e por aí vai...? Ou seria eu capaz de calçar sapatinhos como os que aqui mostro?










Resposta à pergunta lá de cima: Não, não creio.

(Mais sapatinhos aqui)

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E não vale a pena virem aqui dizer que este post é disparatado. Eu sei que é. Mas vou falar ajuizadamente a que propósito? Ah pois é, bebé. 

Portanto, passo já para a secção musical.

In Hell I´ll Be in Good Company 

(metal cover by Leo Moracchioli)


Dias felizes para todos

quarta-feira, outubro 02, 2024

A solidão (e a força) de uma mulher madura

 

O mundo inteiro deita-se a adivinhar se o Irão vai conseguir atirar algum foguete que consiga furar o chapéu de chuva de ferro que cobre Israel ou quem vai agora fazer o próximo movimento. Num artigo do NYT especulava-se sobre que mistério é este de o Irão estar tão sossegado a ver Israel dar cabo, um por um, dos líderes dos movimentos que são a sua força avançada fora de portas. Afinal hoje retaliou mas ainda não percebi se foi para ser a sério ou só um aviso.

Estas coisas são multi-facetadas e não vou nem ousar comentar o que quer que seja. Posso apenas dizer coisas vulgares como que repudio em absoluto movimentos terroristas, radicais, terroristas, retrógrados, cavernícolas, que atentam contra os direitos humanos, em particular os das mulheres. Em abstracto e em geral sou a favor da paz (desde que seja uma paz livremente aceite, não a que resulte da rendição de um povo injustamente agredido). Em absoluto condeno a invasão de um país que não respeite os limites territoriais internacionalmente aceites de outros países. Em geral e em abstracto parece-me uma aberração haver países que têm a sua base matricial não na história, não na língua, mas na religião, não aceitando pacificamente a convivência e a coabitação com pessoas de outras religiões. Em geral e em abstracto condeno em absoluto que se marginalizem ou ataquem pessoas só porque são de outra raça ou professam outra religião. Identicamente condeno em absoluto que se usem crianças como alvos ou meios de guerra. Generalidades.

No caso vertente, e mesmo à laia de aparte, espanta-me a capacidade de Israel a nível de serviços secretos e a nível militar e espanta-me o extraordinário domínio da ciência e da tecnologia que revelam. Os avanços tecnológicos e científicos que daí advêm para todo o mundo são sempre notáveis.

Claro que não confundo Netanyahu, a sua má índole e o seu condenável comportamento, os seus inclementes e brutais excessos, a sua atitude perante a política, a sua insana cruzada que parece ter como principal móbil o salvar a própria pele, com o direito de Israel a defender-se que esse creio ser inquestionável. 

Mas sinto que falar sobre estes temas requer um recuo para o qual não estou agora motivada e um arcaboiço que não tenho. Além disso, estou outonal, suave, toda eu serenidade, contemplativa -- ou seja, incapaz de escalar o discurso para os níveis que o momento provavelmente requer.

Também não me apetece falar da disparatada encenação promovida por Montenegro e pelos seus desclassificados ajudantes apadrinhada pelo desestabilizador-mor. Mas, para falar verdade, também não percebo porque é que, face a esta cambada e à estúpida maneira como se comportam, não percebo porque é que Pedro Nuno Santos para aí anda a expor-se a falatórios e não diz simplesmente: apresentem o raio do orçamento que o analisaremos e depois logo nos pronunciamos.

Mas, portanto, enquanto vou acompanhando (um pouco à vol d'oiseau) o que por aí anda voando em nossa volta, vou vendo alguns vídeos que me parecem interessantes.

Este aqui abaixo, com a Marília Gabriela, é muito interessante. Dá que pensar. Não sei se ela ainda vive em Lisboa. Mas, independentemente disso, até porque nada tem a ver, faz-me um pouco impressão que uma mulher como ela diga que o telemóvel está silencioso, que está sempre sozinha. Mas compreendo muito bem o que ela diz. Quando se tem uma vida profissional muito activa, tendo que conviver diariamente com muita gente, é natural que se chegue ao fim do dia com vontade de ir para casa descansar e não de sair para ir para os copos...

Uma entrevista a ver.

Marília Gabriela e o sexo, a idade e a solidão! | Admiráveis Conselheiras | GNT


Dias felizes

terça-feira, outubro 01, 2024

Como sou bem mandada, cá estão eles...

 

Enquanto as televisões dão conta de foguetório aceso lá pelos médios orientes, com algumas botas a marcharem a caminho de terreno proibido, refugio-me no meu mundinho suave, banhado a outono e a ouro, onde ninguém maltrata ninguém, onde se fala de escritas e de leituras, em que se cultiva a afabilidade e não a animosidade.

Portanto, é por aí que hoje vou.

Ando geralmente pelas margens. Tento descobrir a escrita genuína, aquela em que não se encontram bolas de efeito, em que as palavras estão junto à respiração, em que não há banalidades enfatuadas mas em que se escreve sobre verdades desabitadas, em que se visitam ruínas ocupadas pelo silêncio.

É verdade que muitos dos blogs em que a escrita escorreita fluía vão rareando. Desmotivaram-se os seus autores, desertaram talvez para redes mais socialites; ou simplesmente cansaram-se. Muito gostaria eu que o Pedro Mexia, a Ana de Amesterdão, o Vítor das Âncoras e Nefelibatas e todos os outros que na minha lista de Frescos e Bons (à direita) aparecem bem cá para baixo já que não publicam há séculos voltassem a aparecer e a aquecer a blogosfera. 

De qualquer forma, vou continuando a acompanhar os fiéis e devotos que ainda se mantêm no activo. E ainda os há dos bons. 

E, também eu, não perco o que dizem. São apontamentos, são registos no livro de horas dos seus autores, são desabafos, são conselhos. São boas companhias.


No outro dia foi a Susana que falou na Maria Judite de Carvalho e nas suas saborosas crónicas. Agora, mais recentemente, foi o Mr. Xilre que falou na Alba de Céspedes com o seu Caderno Perdido (também aqui). Também a Maria do Rosário Pedreira referiu o Escrever de Stephen King e o Hoje Caviar, amanhã Sardinhas da Carmen Posadas e do irmão Gervasio.

Portanto, fui em busca desses frutos que se anunciaram gostosos, maduros.

Juntei-lhe um livro da Martha Medeiros pois tenho lido que os seus livros de crónicas se vendem como pãezinhos quentes e eu, que gosto tanto de ler crónicas (apesar de me dizerem que em Portugal o género Crónica é mal amado e pouco procurado), quero perceber quais as razões de tal sucesso.

E o Nexus do Harari porque claro que sim, é muito cá de casa, e porque o meu marido tem lido de fio a pavio todos os livros dele e estava à espera que este cá chegasse, e um outro também para ele, A História do Mundo do Peter Frankopan de quem já leu As Rotas da Seda.

Nos idos de outras eras, antes de nos termos desiludido de vez com o Expresso, gostava de ler as suas críticas literárias. Mas também havia críticas muito balofas, muito tontas. 

Por isso, agora, sem Expresso e sem gurus a opinarem sobre isto e aquilo, bebo com avidez sugestões que vou colhendo aqui e ali, nomeadamente na nossa querida blogosfera. 

Vamos é agora ver como me oriento para me deitar a eles (refiro-me aos livros, claro), tanto mais que as pilhas dos não lidos vão crescendo nos lugares estratégicos, ameaçando desabar quando lá pousar o próximo.

Mas é tão bom ver chegar bichinhos novos, cheios de mundinhos por descobrir, cheios de palavrinhas boas...

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E, agradecendo aos bloggers que se mantêm no activo, despeço-me por hoje desejando a todos, bloggers e não bloggers, uma bela terça-feira. 

segunda-feira, setembro 30, 2024

Profissão: plantador de árvores

 

Um dia de outono perfeito. Ou, se quiserem, um dia perfeito de outono. Ou um perfeito dia de outono. 

Um dia com tudo de bom. 

Claro que poderia ter sido ainda melhor, ainda mais perfeito, se o menino mais crescido também cá tivesse estado. Mas está a ficar um homem, já quer ter o seu espaço para confraternizar com amigos e amigas. É natural. Mas parece que já prometeu que, para a semana, vem. E eu ficarei feliz.  

O menino mais novo, enquanto estava a andar de bicicleta, disse ao pai que quando se sente mais livre é quando anda de bicicleta e quando joga futebol à chuva. Não é surpreendente que uma criança de sete anos diga uma coisa assim?

São todos incríveis, surpreendo-me com todos, fico feliz por todos eles, sejam eles as crianças ou os pais deles. Só tenho razão, mil razões, para me sentir feliz e, sobretudo, agradecida.

E o jardim está muito agradável, a temperatura amena e o ambiente aconchegado, e a luz dourada torna tudo ainda mais amistoso, mais tranquilo. E eu adoro quando estamos em volta da mesa, parece que a serenidade nos envolve. Nestes momentos quero lá eu saber do limitado Montenegro, do desestabilizador Marcelo. A alienação é isto, não é? Pois. Mas de vez em quando sabe bem a gente alienar-se, afastar-se de gente tóxica que só baralha e confunde e cria problemas.

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Acho que este vídeo faz aqui sentido. Uma pessoa ter a vontade e a coragem de ir para um espaço público plantar árvores, transformar um espaço baldio num pulmão verde de uma movimentada cidade, é louvável, é poesia, é uma maravilha, um encantamento, uma beleza, um sinal de esperança.

Conheça seu Hélio, o plantador de 33 mil árvores em São Paulo

Na região da Penha, gerente comercial transformou área abandonada no 1º parque linear da cidade

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Desejo-vos uma boa semana 

domingo, setembro 29, 2024

Ele aí anda...


Marcelo, esquecendo que é mestre em dissolver a Assembleia sem nenhuma necessidade disso -- apenas porque tinha essa 'fisgada' já que andava mortinho por tirar o PS do Governo --, agora anda por aí 'ó tio, ó tio' com medo de acabar o mandato a dissolvê-la outra vez, desta vez sem querer.

Então, andando, como sempre, pela rua a distribuir beijinhos e a fazer selfies e, pelo meio, apanhando-se com microfone à frente da boca, manda bocas: diz ao Governo que tem que perceber que o interesse do País está acima do programa do Governo e diz ao PS que tem que compreender que não é Governo e que, se o 1º e o 2º partido não se entendem, vai ficar o poder de decisão para o 3º partido. E se o 3º partido quiser não decidir, sobra para ele. Dá vontade de lhe perguntar: 'Ah é... e só agora contaram pr'a você, foi...?'. Não pensou nisso quando criou este caldinho? Agora que esta gentinha desqualificada da AD por aí anda aos papéis e agora que o Chega chegou aos 50 deputados é que anda aflito...? Não pensou antes nas previsíveis consequências dos seus actos?

Não tenho pachorra. 

Corro o risco de me repetir e de repescar o que o meu marido aqui disse mas acho que é bom que se tenha presente o que a comunicação social parece quase branquear.

Entretanto, as televisões continuam a mostrar uma porção de Urgências fechadas. Passam os meses e nem Montenegro nem a sua Madame Arruaceira da Saúde conseguem resolver o que, na campanha eleitoral, garantiam que eram favas contadas, em 60 dias resolviam tudo. Já decorreu meio ano, já correram com meio mundo... e o que se vê é que não resolvem coisa alguma. Nada. Uma zaragata pegada com a ministra a arranjar confusão com todos e as mulheres a parirem nas ambulâncias que é uma vergonha.

Quanto à Habitação, com a medida estúpida de isentar de IMT as casas para os jovens (jovens até aos 35 anos, leia-se, sejam eles podres de ricos e sejam as casas do melhor que há) o que aconteceu é que o preço das casas disparou. Ah pois é, bebé, aumento de cerca de 8%. Ter gente sem cabeça a governar só dá nisto, tiros nos pés atrás de tiros nos pés.

Da Educação, o fofo do Ministro, com aquele seu sorriso fofinho e gosto por falar para o público, por aí anda em digressão. Milhares e milhares de alunos sem professores, cerca de 150.000 alunos neste momento, e ele por aí anda, na boa, todo stand up,  todo contente.

E da Administração Pública e da Justiça nem se fala, uma desgraça sem tamanho. Da primeira, então, até dá vergonha (vergonha alheia) a gente falar. Uma pouca sorte.

Aquela do Trabalho e da Segurança Social, a mana da Margarida Rebelo Pinto, depois de destratar a Ana Jorge e despedi-la por não ter entregue um plano de reestruturação para a Santa Casa, escolheu um que diz que quando resolver as coisas logo diz qual é o plano. Gozão. E, com este, a ministreca engole e cala. Surreal.

Quanto aos outros nem se sabe o que andam a fazer. Excepção para o Nunelo de Olivença que dá ideia que não tem os alqueires bem medidos e que mais valia que não abrisse a boca.

É uma parvoíce andar sempre a votar...? Pois, se calhar é. Mas enquanto não houver uma solução estável e capaz e enquanto tivermos um PR que é um brincalhão, qual a alternativa?

Face a este lindo panorama, quem é que tem medo de ir a eleições? 

Eu, se fosse ao PS, não tinha. Para a frente é que é caminho.

Seja como for, não me apetece falar mais nisto. Já falei hoje até dizer chega (é só passar ao post a seguir a este). 

Vou antes ver pintura. Gosto desta pintora. São delas as pinturas que escolhi para atenuar a secura do texto.


Step into Flora Yukhnovich's studio


 Flora Yukhnovich and François Boucher: The Language of the Rococo

The Wallace Collection, 5 June–3 November 2024

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Desejo-vos um bom dia de domingo