Pode parecer picuinhice mas não é. Da forma como se escreve ou se fala, assim se prepara quem recebe a informação para digerir o que se vai dizer.
Se uma pessoa, no dia em que faz anos, come arroz com cogumelos, tem uma intoxicação, se dirige ao Centro de Saúde que o manda para o hospital, a aí acaba por ficar 12 horas até que é encontrada morte na sala de espera das Urgências, essa é a notícia.
Mas quando se diz que "um idoso morre", quase se prepara quem vai ter conhecimento da notícia para o facto de que era alguém que, mais dia menos dia, ia mesmo morrer pelo que o incidente não terá sido assim tão grave.
Bem sei que segundo a OMS, idoso é genericamente quem tem mais de 60 anos. Mas a própria OMS refere as diferenças de condições para avaliar a 'velhice' de uma pessoa -- "esse limite mínimo pode variar segundo as condições de cada país (...) qualquer que seja o limite mínimo adotado, é importante considerar que a idade cronológica não é um marcador preciso para as alterações que acompanham o envelhecimento, podendo haver grandes variações quanto a condições de saúde, nível de participação na sociedade e nível de independência entre as pessoas idosas, em diferentes contextos."
Num país em que há cada vez mais pessoas a viver até depois dos 80, muita gente, felizmente, já acima dos 90, e estando a idade da reforma prestes a passar de novo para os 66 anos e 7 meses, é estúpido referir-se a uma pessoa não como 'pessoa' mas como um 'idosa', lá porque tem 65 ou 66 anos.
Quando tanto se fala do idadismo e do preconceito contra as pessoas com mais idade, e quando se percebe que é das 'fatias de mercado' mais interessantes em termos de consumo, seria bom que os jornalistas abrissem um bocado a cabeça e deixassem de usar expressões esteotipadas que não ajudam à compreensão das notícias.
Ah, que bom é este admirável mundo novo... Todo ele cheio de absurdos, de desnecessidades, de futilidades, de mil perigos, uns à vista, outros nem tanto...
Se esta nova profissão, ser influencer, já me deixa de pé atrás -- uma actividade sem regulação, sem código de ética, sem qualquer controlo -- (e cheia de dúvidas: cá em Portugal descontam para a Segurança Social? pagam IRS?), imagine-se como fico quando a dita é virtual, toda ela concebida através de Inteligência Artificial...
Imaginaram-na, deram-lhe nome, criaram uma personalidade que lhe assentasse bem... criaram-lhe uma conta de Instagram... e a partir de aí é começar a criar 'conteúdos' e facturar. A jovem de 25 anos, Aitana Lopez de seu nome, apresenta-se geralmente com o cabelo pintado de cor de rosa, viaja, documenta as viagens, dá conselhos... recebe patrocínios... e, afinal, não existe. É, toda ela, uma criação da Inteligência Artificial...
É o admirável e estúpido... e aterrador mundo novo em que já vivemos.
Por mim, fujo de tudo isso a sete pés. Mas é uma fuga aparente pois esta é uma realidade que nos cerca em permanência.
Mas o meu mundo, o meu pequeno mundo real, também tem o seu quê de irreal.
Hoje de manhã, quando estava a caminhar aqui, por entre as árvores, senti-me observada. Arrepiei-me, senti aquele susto que resulta de não saber o que se passa... e, um pouco a medo, olhei para lá. Ao princípio nem percebi. No meio da folhagem, uns olhos. Fiquei parada a tentar perceber. Depois a 'coisa' mexeu-se, levantou-se. Um gato lindíssimo. Fundo branco, manchas em amarelo torrado e outras em preto. Ficou parado a olhar para mim. Nestas ocasiões, com a atrapalhação, não atino com o telemóvel. Quando consegui pôr na posição de câmara para disparar e fotografar, e me aproximei um pouco, ele virou-me costas e voltou a entrar pelos arbustos.
De tarde, um esquilo aqui mesmo em frente. Sobre o muro, depois a subir por um pinheiro, depois a saltar, no ar, em voo, para um cedro. Uma graça. O rabo peludo ao alto. Alguma vez, em toda a minha vida e até há um par de anos, eu poderia imaginar que aqui, no meu espaço, vivendo nas árvores que nós mesmos plantámos, teríamos esquilos? Nunca, nunca. Uma aparição mágica, fantástica. Uma bênção.
E agora o meu marido foi à rua com o cão. Diz que há um sítio na parte de trás, onde há um conjunto de grandes aloés vera, em que o cão anda em volta, fica a cheirar, a cheirar, como se por ali andasse bicho. Pois hoje foi mesmo aqui, no canteiro que está junto à porta de entrada, que ele ficou parado a cheirar. Eis senão quando salta de lá um grande sapo. Diz que era um sapo mesmo muito grande.
De onde vem toda esta bicharada é um mistério. Admitindo que não são seres que nasçam de geração espontânea, de algum lado eles vêm. Mas de onde? Alguém me diz?
E, à tardinha, por entre o musgo, várias pequenas redes de orvalho que sobrou das neblinas matinais. Tão bonito. Parecia pequenos recortes de tule branco. Só falta mesmo aparecerem por aqui fadinhas, ninfas, duendes...
Ou seja, e voltando à cold cow, satisfaço-me e encanto-me com coisas assim, não sinto necessidade de ser influencida por influencers reais ou virtuais. Zero. O que tenham para me dizer não me interessa. O meu mundo não é o del@s.
Mas aqui está a Aitana Lopez e como é que isto funciona:
The AI models making huge money on Instagram - BBC World Service
Aitana Lopez is the most popular of the new wave of realistic-looking AI influencers and the agency that created her say they are making thousands a months from her. We visit the Barcelona-based creators of Aitana - the most popular and highest earning AI Instagram model to find out how they curate and create her life which is followed closely by 330,000 followers.
O inferno está à nossa porta e, muito provavelmente, nenhum de nós, os que aqui estamos, pode fazer o que quer que seja para o evitar.
A Rússia intensifica os ataques à Urânia, uma verdadeira chuva de mísseis e drones a atravessar os céus, causando danos demasiados sérios, provavelmente querendo avançar para uma eventual negociação em posição de grande força. E Biden, provavelmente, na mesma lógica, avança com o ok ao uso, por parte da Ucrânia, a mísseis de longo alcance para atingir território russo.
Ou sejam, aos 1000 dias desta guerra maldita (mas há alguma guerra que não seja maldita?) parece que nunca os tambores rufaram tão alto.
Como tendo a ser optimista, quero sempre acreditar que algum bom senso acabará por prevalecer.
Mas quando de um lado está alguém que já provou à saciedade que quer o que quer e avançará para o conseguir por muitas mortes e destruição que a sua vontade implique e, do outro, estará um louco imprevisível sem um pingo de ponderação, receio que o meu optimismo seja infundado.
Este último apregoava que acabaria com esta guerra em três tempos (bastar-lhe-iam 24 horas e um telefonema) e está a ver-se o que está a conseguir.
Não quero ver o mundo de forma sombria mas tenho que reconhecer que os ventos que sopram daqueles lados não nos trazem boas perspectivas.
Mas não quero falar apenas dos perigos da guerra, tão maiores quando os destinos do mundo estão nas mãos de gente de narcisistas, psicopatas ou alucinados. Quero falar de novo nos tremendos riscos da Inteligência Artificial.
Não sou tremendista, pessimista, não sou histérica. Creio que sou racional e realista. Quando aqui falo deste tema, pretendo apenas alertar para que a regulação é indispensável e urgente. Tal como as alterações climáticas, também a inteligência artificial deveria estar no topo das prioridades políticas de todo o mundo civilizado.
Os recursos para se usar a Inteligência Artificial estão cada vez mais ao dispor de qualquer um, a custo zero ou perto disso, e os riscos que isso comporta são infinitos e, alguns, potencialmente destruidores.
Por vezes (muitas vezes) os benefícios do seu uso são extraordinários. Ainda há uns dias um amigo médico me dizia que usava cada vez mais o ChatGPT e que se espantava por ainda haver colegas que não tinham percebido a ferramenta preciosa que aquilo pode providenciar. A inteligência artificial, bem usada, ao serviço da Medicina, é preciosa.
Para os mais diferentes fins, é raro o dia em que não recorro ao ChatGPT.
Mas o ChatGPT ainda se engana e quem o usa tem que ter os conhecimentos suficientes para perceber quando a resposta do ChatGPT é inquestionável ou quando deve ser verificada.
Mas esta é apenas uma das imensas ferramentas, ao dispor de toda a gente, que recorrem à Inteligência Artificial. Hoje toda a gente já é utilizador dela mesmo sem dar por isso. Quem usa redes sociais está a ver o que o algoritmo seleccionou para si face aos seus gostos habituais. No Youtube ou mesmo Netflix, o que me é apresentado é aquilo que o algoritmo entende ser o meu gosto. E não sei se todos os utilizadores destas plataformas (ou Facebook ou Instagram) percebem isso.
Mas isto continua a ser uma gota de água pois a IA é usada para tudo e mais alguma coisa, incluindo para falsificar imagens, vozes, para gerar obras de arte, na prática para o que se quiser.
O que aqui mostro, no vídeo abaixo, é uma das muitas coisas que cada vez mais se faz e que foi bastante usada por contas falsas na campanha eleitoral americana. Trata-se do uso da voz de alguém para dizer coisas que outro alguém resolve divulgar, querendo fazer parecer que foi o legítimo dono da voz a dizê-lo. Por exemplo, sendo Sir David Attenborough uma voz absolutamente credível, usar a sua voz para o pôr a passar outras mensagens.
Quem ouve, ouve a voz dele, e tão perfeita está que ninguém desconfia que é uma voz gerada por Inteligência Artificial. E podem pô-lo a dizer coisas completamente diferentes do que ele, ele mesmo, diria.
Quando ouviu a sua voz, uma voz forjada pela AI mas absolutamente igual à sua, a dizer algo que ele próprio nunca tinha dito (no fim do vídeo), ficou perturbadíssimo.
E é caso para isso pois as ferramentas para o fazer estão disponíveis para que qualquer um as use. Qualquer um de nós pode ser o veículo para passar ideias que nós próprios nunca divulgaríamos.
Virá o dia em que não saberemos quem é quem, quem disse o quê, o que é verdade e o que é mentira. Um mundo distópico, louco, aterrador.
E isto já está a acontecer. E não há regulação, legislação, para o evitar. E cada vez menos o haverá. Um dos grandes propósitos da dupla Trump & Musk é acabar com qualquer regulação, seja a este nível seja a nível ambiental ou a qualquer outro.
Os demónios estão a ficar à solta e não há guardas para os apanhar e voltar a meter dentro das jaulas ou das grutas ou seja lá onde for.
Sir David Attenborough says AI clone of his voice is 'disturbing' | BBC News
"I am profoundly disturbed to find these days my identity is being stolen by others and greatly object to them using is to say whatever they wish."
That's how broadcaster and biologist Sir David Attenborough has reacted after the BBC played him clips of his voice being mimicked by Artificial Intelligence.
Dr Jennifer Williams, a researcher of AI audio, explains the issues of voices of prominent figures such as Sir David being cloned.
Um homem de 66 anos morreu nas urgências do Hospital de Coimbra no domingo passado, depois de estar mais de 12 horas à espera, segundo a rádio Renascença.
De acordo com a Renascença, José Pais foi ao Centro de Saúde de Tábua, devido a um mal-estar, depois de comer míscaros (uma espécie de cogumelos). Posteriormente foi transferido para o Hospital de Coimbra onde ficou à espera mais de 12 horas. (...)
Na quinta-feira à tarde Celeste sentiu-se “mal em casa”, em Alcobaça: “Estava com falta de ar e foi levada para o Hospital de Alcobaça.” Nessa unidade hospitalar foi submetida a análises e a um eletrocardiograma. Mas como no período noturno não há raio-X no Hospital de Alcobaça, o médico decidiu transferi-la para o Hospital de Leiria, o que fez já a receber oxigénio. Entrou com pulseira amarela e terá ficado, de acordo com o que foi transmitido à família, à espera do raio-X e de um cardiologista. Estaria sozinha na sala da urgência onde aguardam os doentes com pulseira amarela. (...)
Pergunto:
Vamos continuar a ter a saúde e a vida dos Portugueses entregues a uma gente que não tem noção do que está a fazer? A uma gente que inspira desconfiança, seja qual for a perspectiva por que se olhe?
Até quando?
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Notas
1 - Hoje, no Isto é gozar com quem trabalha, Ricardo Araújo Pereira aplicou a estocada final à equipa da Saúde (bem como à Coisinha Blasco). Depois do que ali vimos e do que ele gozou, não há qualquer possibilidade de aquela equipa se aguentar. Mas, note-se, quem escolheu aquela equipa e quem a está a agarrar é Mentenegro pelo que, em última análise, é ele o primeiro responsável.
2 - Antes, já Marques Mendes, tentando lavar a cara aos ditos e parecer querer branquear a situação, não deixou de dizer, aparentando que o dizia nas entrelinhas mas, de facto, dizendo-o bem às claras, que nada tinha sido feito para evitar a greve e que isso tem que ter consequências. E acrescentou ainda que é preciso algum cuidado na escolha das pessoas. Deu como exemplo, o jovem do INEM, (cujo CV e cujo fácies não enganam ninguém -- e isto do fácies sou eu que o digo), que pode ter uns cursos mas experiência em gerir um organismo como o INEM, zero. Acrescentou que a questão partidária não pode ser o critério de escolha. Ou seja, quando Marques Mendes tira o tapete desta maneira (e, em meu entender, tirou-o em toda a linha: presidente do INEM, Secretária de Estado, Ministra e Mentenegro), a sina daquela gente está lida.
3 - E eu alerto ainda os partidos da oposição e a comunicação social para o seguinte: vão ver os CVs e as filiações partidárias de outras nomeações, umas concretizadas e outras a caminho. Agora refiro-me à área da Saúde mas, provavelmente, é prática generalizada. Vão ver, peço-vos eu, antes que mais desgraças continuem a acontecer.
4 - E, já agora, investiguem um pouco mais a fundo: quem é a pessoa que, ela própria, fala com os ditos a convidá-los? Terão a confirmação de que estas escolhas, disparatadas, absurdas, que só podem dar em desgraça, estão a acontecer com o aval de quem, com isto (com isto e não só) tem mostrado não fazer a mínima ideia do que anda a fazer.
Hoje vou ser bem minimalista. Saí de casa cedo e cheguei tarde. Antes de sair, aperaltei-me cuidadosamente pelo que, como é bom de ver, tive que me levantar com tempo para tal. Agora estou um pouco exausta, embora bem feliz.
Tive um dia muito bom, fantástico, cheio de abraços e beijinhos, cheio de sorrisos, ternura e alegria.
Já comecei a receber fotografias e é engraçado ver como todos estão felizes. Ao longo de horas, o que se vê é gente a conversar e a sorrir.
Agora, não sei se foi de alguma coisa que comi no belo repasto ou se é de outra coisa qualquer, estou com uma afta, dói-me a língua aqui de lado. Além disso, e vocês desculpem-me a falta de maneiras, não faço outra coisa senão bocejar...
Mas como me custa que aqui tenham vindo e saiam de mãos a abanar, sem nada que se aproveite, partilho o vídeo novo da série Reflections of Life, de que gosto muito. Sou sincera: apenas o fiz salteadamente. Amanhã vejo o resto. Como acredito que deve ser interessante (embora, pelo que leio no texto de apresentação, fale de momentos menos bons), aqui está:
Beauty in the ordinary
Trigger Warning - This film contains reference to suicide, which may be triggering for some viewers. If you have been affected by a similar issue and you need someone to talk to, please reach out to an organisation or individual near you for help. Take care.
Even in life’s most challenging moments, beauty quietly waits to offer us comfort. In times of pain or loss, noticing the small things around us — the warmth of sunlight, the comfort of a friend — can remind us of life’s gentle grace. These seemingly ordinary experiences, so easily overlooked, become subtle guides back toward hope and healing.
Resilience doesn’t mean ignoring hardship; it means facing it with courage, allowing ourselves time to process and grow. Gratitude can be a lifeline, a way to hold onto the blessings that remain, no matter how difficult things may seem. Though the journey may be marked by grief, embracing the beauty in each day can help us move forward. In this way, the smallest moments of light can offer strength when darkness surrounds us.
A indiscutível vitória de Trump em toda a linha nas eleições dos Estados Unidos e, agora, as escolhas de Trump para a sua equipa mostram que estamos a entrar num mundo distópico que, até não há muito, parecia a excepção ou fruto de imaginação delirante.
Enquanto uns vão levando para a brincadeira e criando memes e anedotas e outros vão teorizando e debatendo os quês e os porquês do que aconteceu, a distopia vai avançando a passos largos, agora com a agravante de que a decisão vai ficar entregue a doidos varridos e não vai haver regulação que os trave.
Acresce que à frente dos destinos dos States vai ficar o homem mais rico do mundo, um fulano com um QI bem acima da média, que não segue padrões de qualquer espécie. E ao seu lado tem um narcisista que acatará sem pestanejar tudo o que outro decidir, desde que o possa usar para se gabar.
O vídeo abaixo é interessante e pode ser visto com legendas em português.
What Happens When Robots Don’t Need Us Anymore? | Posthuman With Emily Chang
Emily Chang meets some of the world’s most advanced, and most intelligent, robots. Will the creation of a synthetic species with human-like intelligence improve the human experience, or end it?
Technology that once seemed like science fiction is rapidly becoming reality, transforming the very essence of our existence. In this four-part series, Emily Chang unravels the future of being human in an age of unprecedented innovation.
De tudo o que o Elon Musk tem em mãos, a Neuralink (por acaso, dirigida pela que é a mais recente mãe dos seus filhos que, ao que parece, já vão em 12) é talvez a que parece mais preocupante. Pode ser extraordinário para suprir défices de vária ordem (défices motores, por exemplo). Mas pode servir para outras coisas, essas, sim, demasiado perigosas. Não tardará que ele pague fortunas para que pobres incautos se submetam a experiências cujos limites, na prática, não existem.
The Science Behind Elon Musk’s Neuralink Brain Chip | WIRED
Neuralink, Elon Musk’s brain chip, recently pushed back on claims that they violated animal welfare laws a few years ago, while testing on monkeys. This year, the company plans to test on human subjects. What does this mean for brain implant science?
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Elon Musk reveals 2nd patient implanted with Neuralink brain-chip
A second patient has been implanted with a chip developed by Elon Musk's company, Neuralink, which he says could give patients “superhuman abilities.”
Finalmente Marcelo falou sobre o descalabro a que estamos a assistir na Saúde.
Disse que já antes tinha falado. Bem sei, mas falou en passant, de fininho. E, quando estava à vista de toda a gente a indigência a todos os níveis (a nível de competência, a nível moral, ...) com que o Governo estava a lidar com um problema que estava a traduzir-se em mortes atrás de mortes, Marcelo não deveria ter falado de fininho mas com voz grossa.
E bem pode Marcelo assobiar para o lado e respaldar-se no que é politicamente correcto (inquéritos, aguardar por relatórios, etc) que a população já não vai nisso: a incompetência de toda a equipa de Saúde envolvida é gritante e os resultados estão à vista.
Senão vejamos:
O presidente do INEM, coitadinho, (basta ver a ausência de CV dele em áreas de gestão de organismos desta responsabilidade), não deixa que tenhamos ilusões. Até a cara dele não engana.
A aérea Secretária de Estado Cristina Vaz Tomé que nem sabe a diferença entre anemia e amnésia nem deve ainda ter percebido bem a quantas anda. Face ao tremendo desacerto face à função que é a sua formação académica e a sua experiência profissional só gostava de saber quem foi o bronco que achou que era pessoa para ficar à frente da Secretaria de Estado da Gestão da Saúde.
E, finalmente, a ministra Ana Paula Martins -- que falta à verdade de cada vez que abre a boca, que é uma tangas, que se incompatibiliza com meio mundo e arranja problemas por onde passa -- é daquelas que, por ser tão tóxica, deveria ser mantida bem longe de qualquer Governo
Qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que esta gente não merece nem mais um dia da nossa tolerância.
E bem podem os tretas da AD vir agora desculpar-se com o anterior Governo que não somos parvos:
1º - O Governo de António Costa foi apeado (e não se acha também responsável por isso, Senhor Presidente?) e a execução do programa de Governo foi interrompida.
2º - Independentemente disso, não podemos esquecer-nos, e devemos atirar isso à cara do Mentenegro e de todos quantos nos tomam por parvos, que uma das bandeiras da AD foi que o problema da Saúde era de gestão e que a AD, em 60 dias, resolveria todos os problemas da Saúde.
Ora onde é que já vão os 60 dias...? Mentenegro está em funções desde Março e daí para cá não apenas não resolveu nada como tudo se agravou. Tudo. É agora que estes dramáticos casos estão a acontecer. Agora. Agora, vários meses depois de estar em funções. Os mortos que não conseguiram auxílio quando mais precisaram dele estão e ficarão na nossa memória -- e o risonho Mentenegro não vai podê-los sacudi-los das suas costas.
E Marcelo que disse que é preciso saber se tudo foi feito para evitar a greve, sabe de antemão a resposta: sabe que nada foi feito. E sabe mais: sabe que o risonho Mentenegro veio, todo pimpão, dizer que não se pode andar atrás de avisos de greves. Ninguém fez nada, Senhor Presidente, e Mentenegro acha muito bem que não o tivessem feito.
Portanto, Senhor Presidente, fale claro. Chame os bois pelos nomes. Não deixe que os chico-espertos e os Lentões desta vida o ouçam e digam que estão alinhados consigo e a fazerem tudo o que deve ser feito.
E perceba-se: quando, os do Governo AD e apoiantes, todos valentões, vêm apregoar que não vai haver demissões e que vão ficar até que tudo se resolva, só podemos ficar aterrorizados. É que o problema são eles, é a sua incompetência, a sua inconsciência.
E, quando a consequência é a morte de pessoas, podemos ficar contemplativamente à espera que arranjem relatórios em que se desculpabilizem?
Hoje foi o sistema informático do INEM que esteve em baixo. Não sei o que foi mas qualquer coisa me diz que devem ter feito alguma alteração às três pancadas e, sem a testarem, puseram-na em produtivo. Qualquer pessoa experiente sabe que não pode ser, que há cuidados a ter. Mas qual daqueles três sabe disso? E é que não é preciso ser técnico. Basta ter experiência em gestão de empresas/institutos/organismos/serviços. Mas algum daqueles a tem? Qual daqueles três inspira qualquer confiança?
E eu disse três...? Devia ter dito quatro.
Tenho ou não tenho razão, Senhor Presidente?
É altura de agir. Mas agir com mão dura. Não chegam palavrinhas mansas.
Ontem o Mário Centeno, numa intervenção que fez na conferência do Banco de Portugal dedicada à educação e qualificações, proferiu afirmações que, pela sua relevância, espero que sejam devidamente apreendidas e comentadas: afinal, a percentagem de retenção de jovens portugueses licenciados em Portugal é superior à que se verifica em vários outros países europeus.
Deu o exemplo de uns quantos países na Europa em que a taxa de retenção é inferior ao que acontece em Portugal e recordo-me que referiu que a taxa de retenção em Portugal era mais do dobro do que na Alemanha, na Dinamarca ou nos Países Baixos. Também a taxa de atração de jovens estrangeiros licenciados é bastante grande. Afirmou ainda Portugal tem conseguido ser um receptor líquido de diplomados com o ensino superior.
Referiu concretamente que o país vive focado numa realidade que é descrita com números enganadores.
Assim sendo, neste contexto, uma das grandes bandeiras eleitorais da AD e agora do Governo prende-se com políticas públicas baseadas em dados incorretos. Logo, são políticas públicas que não se justificam.
Tendo a direita, em conluio com a comunicação social, feito uma lavagem ao cérebro à malta com a, afinal, pseudodesgraça que era a saída de jovens licenciados do País, conclui-se que, mais uma vez, se enganaram.
Assim se esfuma um dos pilares da campanha eleitoral da AD e da politica do governo. Se a primeira formulação do IRS Jovem apresentada pelo Governo AD não tinha ponta por onde se pegasse também a nova versão do mesmo não se justifica. Por isso, não deve ser aprovada no debate na especialidade do orçamento.
Como não é provável que o Mentenegro & Companhia assumam o logro em que suportam as medidas do IRS Jovem, espera-se que os deputados da oposição atentem na realidade do País e chumbem a proposta do governo.
Aliás, as políticas do governo para os jovens, nomeadamente, para a habitação têm atingido os "objetivos" a que se propunham: o preço das casas aumentou, os empreendedores têm mais lucro e os jovens com mais rendimentos compram casas mais caras, isentos das contribuições, enquanto os que têm mais idade têm que pagá-las. Tudo ao lado. É aquilo que se chama equidade de direita!
O Leitor Américo Costa escreveu um comentário que agradeço e com o qual estou inteiramente de acordo. As responsabilidades da ministra da saúde centram-se em dar cabo do SNS e ela vai tentar cumprir estas responsabilidades integralmente, custe o que custar. Naturalmente, os meus agradecimentos são extensíveis a todos os leitores que fazem comentários sobre os textos publicados. Obrigado.
Hoje a Ministra da Saúde foi à AR afirmar o óbvio, o que todos dizem e o que todos já sabem. Disse que é responsável pelo que ocorreu no INEM cujas consequências foram trágicas e envergonham o País. Claro que é responsável. Alguém tinha dúvidas?
Estranhamente, mostrou não dominar a arte de usar de eufemismos pois tentou driblar a nossa atenção referindo-se ao caos, à ausência de auxílio junto de muita gente e alegadamente a várias mortes, como coisas que correram menos bem. Que estupidez.
O que é absolutamente inacreditável é que, responsabilizando-se pelo que aconteceu, não se demita.
Qualquer governante que tenha o mínimo de ética e cometa os erros que a ministra cometeu no INEM -- e não foi só agora (a questão dos helicópteros só não teve consequências mais graves, provavelmente, por acaso) -- apresentava a demissão porque obviamente espera-se que um governante zele com competência pela coisa pública e não que cometa erros grosseiros com consequências dramáticas.
Em vários governos houve ministros que por muitíssimo menos apresentaram a demissão.
Seguindo o exemplo da ministra, um tipo que dê um tiro noutro assumirá a responsabilidade do acto perante o juiz, acrescentará que vai fazer todos os possíveis para da próxima vez não dar o tiro e esperará que este assumir de responsabilidades permita encerrar o caso. Obviamente as coisas não funcionam nem podem funcionar desta forma. Quem comete erros como os que a ministra cometeu não pode continuar a governar.
A continuação da ministra no governo também revela muito sobre a ética da direita. A forma como o Mentenegro, sempre tão exigente com governos anteriores, está a tratar do caso revela o despudor que tem. É mais do que óbvio que uma ministra que comete erros com consequências trágicas, aqui e em qualquer País minimamente democrático, se não se demite, tem que ser demitida!
E Marcelo, também sempre super exigente com governos anteriores e putativo intérprete dos desígnios do povo, não diz nada?
Acha que os portugueses querem continuar a ter uma ministra da saúde que só tem feito asneiras, Sr. Presidente?
Um aparte: hoje fiquei com dúvidas sobre se a ministra sabe o significado de da palavra "urbanidade". Aqui há dias a secretária de estado demonstrou que não sabe distinguir o significado das palavras "amnésia" e "anemia". Hoje na AR, quando um deputado PS afirmou da forma mais educada possível, cumprindo todas as regras exigíveis num debate entre gente educada, que "a ministra se devia demitir ou ser demitida pelo PM" a ministra ripostou que não "aceitava aquela falta de urbanidade".
Sugiro-lhe que, após enviar o pedido de demissão, consulte o google ou o dicionário para, da próxima vez, empregar corretamente a palavra "urbanidade". Isto se houver uma próxima vez e se conseguir perceber o que lê.
Continuo a navegar na maionese no que a processos administrativos diz respeito. Não consigo endireitar as coisas apesar de na Conservatória me dizerem que está tudo bem, que as Finanças é que têm que corrigir. Nas Finanças dizem que o sistema é automático e não podem fazer nada, tenho é que ir à Conservatória. Ando em loop. Em todo o lado reconhecem que está tudo bem e que tenho razão mas há ali um pormenor no qual o sistema empanca. Refiro-me ainda à casa que era dos meus pais. Os próprios dos serviços das Finanças aconselharam-me a fazer, no Portal, uma impugnação administrativa. Recebi depois uma carta registada a dizer que a impugnação administrativa não se aplica naquele caso. Informaram-me, então, que devia era fazer uma coisa que se chama Recurso Hierárquico. Assim fiz. Como nunca mais me diziam nada, fui verificar ao Portal e, se bem percebo, arquivaram o processo por 'desistência'. Não consigo perceber.
Entretanto, nas Finanças aparece como morada uma Estrada e um número que não tem nada a ver com a morada correcta. É a que era nos idos do século passado, quando não havia ainda os nomes das ruas actuais. E quando digo actuais digo desde que eu era pequena. Provavelmente é a morada de quando a casa foi construída. Perguntei se não podiam alterar. Não podem. Tenho que lhes enviar um documento da Câmara.
Fiz uma exposição à Câmara, mandando documentação e pedindo que atestem que a morada não é a de décadas. mandaram-me um mail com uma carrada de documentos que tenho que lhes enviar. E ao mesmo tempo que enviar tenho que pagar uma taxa para o processo dar entrada. E depois terei que pagar outra taxa para levantar a dita declaração de morada. Só que, de entre os documentos que tenho que enviar, incluem-se documentos que tenho que obter na Conservatória. Mas, para os obter, e posso obtê-los online, tenho que pagar antes. Isto sem ter a certeza de que estou a pedir bem ou que é mesmo aquilo. Ou seja, não tenho como ver antes para me certificar. É que não entendo bem aquelas siglas nem tenho a certeza do significado de alguns conceitos. E acredito que ao mandar esse documento vá levantar outra lebre pois a casa ainda está em nome dos meus pais. Portanto, a seguir devem pedir-me a habilitação de herdeiros. E a ver se depois não tenho que ir certificá-la não sei onde.
Desespero. Perco tempo, gasto dinheiro. E não saio do mesmo sítio.
Quando se fala numa máquina administrativa pesada, complicada, que atrapalha a vida dos cidadãos, é isto.
O que me valeu foi que ao fim da tarde fui cortar o cabelo. Já não ia à cabeleireira há séculos. De tal forma que quando lá apareceu um rapaz com uns dois metros de altura nem reconheci que era o filho dela pois a última vez que o tinha visto era um jovem a entrar na adolescência. Corto sempre o cabelo em casa. Ultimamente tinha uma técnica fantástica: fazia um rabo de cavalo no alto da cabeça e cortava. Quando tirava o elástico, estava escadeado que era um mimo. Só que, na prática, já estava uma acumulação de cortes, cada um seguindo sua técnica. Portanto, resolvi que estava na altura de me pôr nas mãos dela. E foi radical. No fim, tal a tosquia, o chão tinha material que dava para encher uma almofada.
Também fomos comprar um vaso de cerâmica vidrada. E uma planta. E uma taça e umas suculentas. Depois estive nas jardinagens, mãos na terra. E isso é das coisas boas desta vida. Quando ando num viveiro e vejo as pessoas que lá trabalham, invejo-as: deve ser uma profissão muito feliz.
E por agora fico-me por aqui pois estou um bocado cansada. De manhã, estava a dormir, uma chamada. Depois já não voltei a adormecer. Por isso, em cima de tudo, tenho uma ou duas horas de sono a menos.
Para começar, pensava que este domingo era dia 11; logo, dia de São Martinho. Só há bocado é que percebi que este ano o dito calha à segunda-feira.
E começo por informar que hoje não vou falar das incompetências do Governo. Ia dizer incompetências assassinas mas, como estou de folga, não vou usar metáforas desagradáveis. Também não vou falar do enjoo que me causam as afirmações politicamente correctas ou insuportavelmente sonsas de que não se resolve nada com a demissão dos incompetentes, apesar de me apetecer dizer que quem assim pensa não está a ver que manter incompetentes (perigosamente incompetentes) em funções é perpetuar o risco (o que é tanto mais grave quando estamos a falar de risco de vida) e, nesse sentido, está a ser cúmplice da situação. Mas não vou dizer, estou de folga. Nem vou dizer que, ao contrário do que muita gente pensa, não deve ser ministro quem quer mas quem tem competência para isso. Ser yes man ou yes woman, ser lambe botas ou lambe cus dos chefes, ser mais aparelhista do que os aparelhistas do partido não é curriculum vitae para coisa nenhuma, muito menos para ser ministro. Mas não vou dizer, hoje estou de folga.
Vou ficar, pois, pelas coisas simples e boas do dia.
O almoço foi fora, em família. Tenho sempre mais vontade de ser eu a cozinhar mas como foi combinação quase de última hora e como o meu marido diz sempre que complico a ementa e arranjo coisas muito trabalhosas e que, de vez em quando, em vez de ser cá em casa, podíamos ir ao restaurante, assim foi.
Se os pratos pedidos fossem a votos, acho que teria ganho a cachupa e a moamba. Comi a meias com o meu filho, um bocado de cada. Gosto imenso e tenho dificuldade em dizer qual prefiro.
Mas alguns dos comensais, em especial os mais novos, ficaram-se pelos bifalhões com ovos a cavalo. Como as doses eram generosas e como desde há algum tempo passou a ser comum, no fim o que sobrou foi colocado em caixas e cada família (família com crianças, leia-se) levou a marmita que, no mínimo, terá dado um bom jantar.
Tinha pensado que, com certeza, por graça, no fim, seriam servidas umas castanhitas assadas. Estranhei que não. Afinal, pois claro, não era Dia de S. Martinho.
Ando assim, muitas vezes sem saber qual o dia do mês. Mesmo dias da semana, por vezes, quando acordo, ainda estremunhada, tenho que fazer algum exercício mental para me situar. Dantes, acordava a pensar que às dez tinha uma reunião com um, às onze com outro, ao meio-dia com outro, que a tarde também estava feita com este, aquele e o outro, e que me veria aflita para me despachar e raspar-me para casa. Como agora a agenda está limpinha de reuniões e maçadas afins, fica aqui um mar calmo em que, muitas vezes, os dias são um doce contínuo (também me apetecia dizer continuum mas temo que pensem que, no meio da cachupa e da moamba, um continuum pode parecer um enfeite daqueles que se usam para armar ao pingarelho).
Adiante.
Depois ainda fomos passear um pouco, um lugar tranquilo, bonito. Mas o passeio foi coisa ligeira. O meu marido não gosta de caminhar de barriga cheia, diz ele. Mas não sei se foi isso ou se lhe dá pena deixar o nosso cãobeludo mais fofo abandonado.
Quando chegámos a casa já quase anoitecia. Estes dias de horas deslassadas são uma tristeza, pequenos, pequenos que irritam. Às seis da tarde já está para lá de lusco-fusco. Mas fomos, então, fazer uma caminhada com o nosso cão.
Quando cheguei, sentei-me no cadeirão relax e adormeci instantaneamente.
Logo, não jantei. Ainda estava sem fome. O meu marido jantou um frango com lentilhas que estava no frigorifico. Mas, para lhe fazer companhia, sentei-me à mesa, claro. E não jantei mas... como sou um bocado lambona, comi uma littlequelque chose....
Cortei dióspiro às rodelas. Adoro dióspiro, adoro, adoro. Abri uma lima. Em cada fatia de dióspiro pus umas gotinhas de sumo de lima, um pouquinho de canela em pó. Numas fatias pus uma fatia de queijo feta, noutras queijo cottage. Maravilha. No outro dia comprei um compacto de pasta de tâmara. É uma coisa que só tem tâmara moída, compacta. Parece assim uma espécie de broa. Aquilo não é muito doce. É uma coisa mesmo boa. Por isso, para sobremesa, cortei umas tirinhas e, em cima de cada uma também pus queijo. Foi um jantarinho mesmo bom.
E agora estou a ver o Hell's Kitchen mas o meu marido está só a fazer zapping para ver se vê o futebol. Portanto, é isto.
A falta de noção do Governo Mentenegro seria de gargalhada se não fosse trágica. E isto verifica-se a todos os níveis. Só não se vê no caso dos ministérios em que não têm sequer capacidade para mexer um dedo (Economia, Cultura, etc).
No caso da Coisinha Fiasco do MAI, o desempenho está abaixo das rábulas do Herman.
Por exemplo, o que as televisões nos mostraram no outro dia, com um exército armado até aos dentes a entrar ppelas lojinhas do Martim Moniz adentro é de um ridículo que até dói.
Note-se que todo aquele aparato foi para varrer as lojas do Martim Moniz, na sua grande maioria geridas por pessoas cumpridoras, ordeiras. Um batalhão de Darth Vaders, com coletes anti-bala, capacetes, viseiras, a avançar pelos passeios e a intimidar os passantes.
Note-se, não havia desacatos, não havia tareia nas ruas, não havia problemas. Tudo para que um dos ministros mais totós deste Governo, aquele a quem Ricardo Araújo Pereira designou por Lentão Amaro, pudesse estar na Assembleia armado em macho-alfa, mostrando o seu alinhamento com os destemperos do Chega e do Trump contra os pobres imigrantes.
No meio disto, segundo o comunicado e a notícia do Expresso: foram fiscalizados perto de uma centena de cidadãos com vista à verificação da sua legalidade em território nacional", sendo que apenas um não tinha os documentos necessários para residir no país.
Transcrevo ainda: foram detidas 38 pessoas, a maioria pela existência de mandados de detenção (14); cinco por condução com excesso de álcool, seis por falta de habilitação legal, duas por tráfico de droga, uma por violência doméstica e uma por situação irregular em território nacional.
Os custos da mobilização de todo aquele aparato devem ter sido imensos. E, enquanto estiveram dentro daquela ramboiada, não estiveram onde certamente faziam mais falta.
Note-se que não digo que não se façam operações regulares para 'apanhar' traficantes de droga, portadores de armas não autorizadas, bêbados ao volante ou agressores em geral. O que digo é que uma coisa é trabalhar normalmente, de forma responsável e eficaz. Outra, muito diferente, é realizar mega-açcões desta natureza, só show off, manobras de intimidação contra cidadãos que na sua maioria são pacíficos, trabalhadores, pessoas que pagam impostos e descontam para a Segurança Social, acções para impressionar os pategos, concentrando recursos que devem estar onde fazem falta e não onde estão as câmaras de televisão a captar o arraial.
Se isto foi engendrado pela Coisinha Fiasco à revelia do Mentenegro ou se foi concertado entre ambos não sei. O que sei é que isto é um desbaratar de recursos, um disparate, uma coisa para além de ridícula.
Mentenegro, que já em tempos, mais concretamente nos idos do seu guru Passos Coelho, apregoou que Portugal estava melhor, os portugueses é que não, afinal, anos decorridos, mantém a mesma filosofia: o Governo faz o que lhe dá na gana, faz esperar os sindicatos mesmo quando está em causa o atendimento urgente de doentes, por vezes doentes em situação limite, destitui conselhos de administração e directores de institutos ou serviços, por vezes quase correndo com eles a pontapé, assiste de galeria a mortes sucessivas por falta de atempado socorro (a ser verdade o que a comunicação social tem amplamente noticiado, parece que o número já vai em 11 (onze!) no prazo de uma semana) .... e a gente depreende das suas palavras que, se for preciso, para não ter que andar atrás dos avisos de greve, por ele assim pode continuar.
Se os que são escorraçados ficam sentidos, humilhados, e se os portugueses se transformam em vítimas impotentes... azarinho. O Governo não pode andar atrás da resolução dos problemas, segundo ele. Os problemas que esperem que Mentenegro e a sua inqualificável trupe têm mais que fazer.
É esta a pesporrência deste Governo de incompetentes, irresponsáveis e inconscientes.
E Marcelo, que apadrinha esta cambada, nada diz, nada faz.
Coitados de nós à mercê desta gentinha. Desta gentalha. Coitados de nós.
Ouvi que mais uma mulher grávida, no Algarve, depois de fazer mais de 100 km, acabou por dar à luz na ambulância, na autoestrada.
Imagine-se se um destes partos corre mal e é preciso intervir. O que se faz? Deixa-se morrer a mãe? Deixa-se morrer a criança?
Ouvi também agora que morreu a oitava pessoa. Um homem de 53 anos que se sentiu mal. Ligou, ligou e nada, ninguém o atendeu. Em desespero, meteu-se à estrada, tentando chegar ao hospital. Imagine-se a aflição, o sofrimento limite. Morreu. Morreu na estrada.
Entretanto, na televisão, vejo o Mentenegro a sorrir e a dizer que não se resolvem os assuntos com demissões de ministros nem indo a correr atrás dos problemas. Sorri, sorri. Não sei porque sorri. Mas sorri.
E não percebe que ele é que se devia demitir. Ele. Ele é o maior responsável pelo que está a passar. Ele é o maior irresponsável. Não percebe que o seu comportamento causa alarme social.
E vejo também que entrevistaram Marcelo que também sorri e também diz que não vai dizer nada. Também não sei porque é que Marcelo sorri. Sorri porquê, Presidente Marcelo?
Tanta cobardia, tanto cinismo e tanta indiferença perante a gravidade da situação chocam-me.
Vi também o presidente do INEM, escolhido por este Governo (na sequência de mais um dos vários 'caldinhos' arranjados por esta incompetente ministra: ou seja, esta pessoa, um médico de 42 anos, foi escolhido após a demissão de Luís Meira e a nega de Vítor Almeida). Não deve fazer ideia de como se gere uma coisa como o INEM. Nunca deve ter ouvido falar em Serviços Mínimos, só para dar um exemplo. É que não se espera que a pessoa que gere um organismo como o INEM vá ele próprio resgatar vidas, espera-se é que saiba gerir equipas, fazer escalas, ter indicadores que meçam o bom desempenho, saiba resolver assuntos de várias naturezas como controlar gastos, negociar contratos, fazer aquisições estratégicas, etc. Grave é quem escolhe gente inexperiente para organismos que, por lidarem com a vida humana, se não forem bem geridas, têm consequências dramáticas. Quem paga é quem fica caído no passeio, quem, em desespero e pelos seus próprios meios, morre ao volante tentando chegar ao hospital.
Tudo isto é demasiado preocupante para poder passar em branco. Preocupante e grave.
Tem que haver consequências. E as consequências têm que ser proporcionais à gravidade do que tem estado a acontecer.
Leio que Mentenegro (e Marcelo, na bancada, a apoiar?) diz que Ana Paula Martins e Margarida Fiasco (como ontem ouvi dizer que lhe chamam) só saem quando resolverem os problemas. Como? Pode ser Mentenegro tão destituído e irresponsável que não perceba que elas são parte do problema?!
Se ainda não percebeu, então é ele, Montenegro, o tangas que venceu as eleições vendendo jogo branco, que já se tornou também o problema, é ele o responsável por estas escolhas, por estas avaliações, pelas graves ocorrências que têm acontecido.
Sra. Ministra da Saúde, se tem um pingo de vergonha na cara, demita-se. O que está a passar-se na Saúde em Portugal é uma vergonha, é inaceitável, é injustificável e só existem dois responsáveis políticos pelo que está a passar-se: a Ministra da Saúde e o PM que a contratou e a mantém no cargo. Será porque para o PM é preferível ter no governo alguém que distribui muitos "jobs for the boys" do que alguém que consiga gerir o ministério da saúde?
Os oito meses do Governo têm sido pautados por acontecimentos muito graves e por outros muito pouco abonatórios.
Consigo lembrar-me, sem ter que fazer um grande esforço de memória,
do episódio rocambolesco que foi a eleição do Presidente da AR,
do Mentenegro a desdizer tudo o que tinha dito na campanha eleitoral sobre o choque fiscal,
dos impropérios proferidos pelo Ministro da Defesa a oficiais da Força Aérea,
da tentativa de "reconquista" de Olivença pelo Ministro da Defesa que também propôs "trocar" penas judiciais por prestação do serviço militar,
da fuga de cinco presos em pleno dia, da quase entrada dos bombeiros na AR quando se manifestaram,
dos fogos cuja dimensão foi assustadora e ainda não percebemos se a resposta foi adequada,
da violência que alastrou na região da grande Lisboa e que felizmente nunca se tinha visto em Portugal,
da MAI afirmar de manhã que ia negociar o direito à greve com os policias e à tarde dizer exatamente o oposto,
...
Na área da Saúde, a Ana Paula Martins
começou por pôr os patins, tirar o tapete e apontar a porta ao competente e reconhecido Fernando Araújo, director executivo do SNS,
tem destratado equipas de gestão de hospitais, tem feito uma razia,
arranjou problemas com a anterior gestão do INEM,
dá dinheiro a médicos sem perceber que apenas está a atirar dinheiro para cima
e, ao contrário do que Mentenegro prometeu na campanha eleitoral, não apenas não resolveu problema nenhum em 60 dias como está tudo pior:
dezenas de grávidas já tiveram os filhos nas ambulâncias,
inúmeras urgências têm estado fechadas,
não têm conta as demissões nos hospitais,
a FNAM diz que a ministra não sabe o que está a fazer
e a Ordem afirma que a situação é gravíssima
e, finalmente, assistem-se agora às consequências mais do que trágicas que resultaram da incapacidade de planeamento de situações que mitigassem a greve dos técnicos do INEM.
Quando morreu uma grávida durante uma transferência entre hospitais, Marta Temido, exemplar Ministra da Saúde do Governo Costa (um modelo de civilidade, humanismo, conhecimento, capacidade de trabalho e competência), demitiu-se.
A esta Ana Paula Martins, aconteça o que acontecer, morram as pessoas que morrerem estendidas num passeio ou seja onde for sem que apareça uma ambulância do INEM para as acudir, nada lhe pesa na consciência?
Por isso, Senhor Presidente Marcelo, é possível haver ramo mais podre do que este?
Ainda hoje ouvi uma notícia que me deixou muito chocada: uma mulher de 70 anos (a quem o jornalista tratou por 'idosa', vítima de violência doméstica, estava no tribunal a prestar declarações quando teve um AVC. Ligaram para o 112 mas, aparentemente durante 1h:30m ninguém apareceu. Ligaram para os Bombeiros mas também não foram pois tinham que receber indicações do INEM. A procuradora ligou então para a polícia e foi num carro-patrulha que foi para o hospital que, por sinal, é logo ali ao pé. Infelizmente não chegou a tempo.
Leio isto e fico em choque. Poderia ser qualquer um de nós. Um AVC que não é atendido a tempo e horas pode ser fatal. Foi o que aconteceu.
Mas, infelizmente, não foi caso isolado.
Como é isto possível? E como é possível que a Ministra do Governo que venceu as eleições por, entre outras patranhas, ter prometido resolver os problemas da Saúde em 60 dias, continue a aparecer a mostrar admiração, com conversas de vendedora de banha da cobra, dizendo coisas que os profissionais das áreas logo desmentem... e que Montenegro a mantenha em funções?
É a nossa vida que está em risco, a vida de todos, desde a dos bebés que nascem nas ambulâncias às pessoas que morrem sem que surja quem acuda.
Como tem sido hábito nestes últimos dias, o meu marido, depois de ter tomado o pequeno-almoço, foi para o campo com uma pequena pá e um balde apanhar cogumelos. Quando chegou, vinha a bufar, que estava farto da m.. dos cogumelos, que rebentam da noite para a manhã seguinte, que não se dá conta de tanto cogumelo.
Depois estava a chover e não pude ir andar por lá.
Quando fui, para onde deitava o olho, via um cogumelo. Acho que nascem de hora para hora.
Voltei para trás para buscar a pá e o balde e fui eu apanhá-los. O meu marido já me tinha dito: ao princípio, nos primeiros dias, apareceram os grandes cogumelos castanhos e os brancos, agora estão a aparecer cor-de-laranja e amarelos. Já ontem os mostrei. Pois, não imaginam. Hoje, quase só desses coloridos mas em tamanho pequeno. Uma gracinha de cogumelos. Parece que brotam a todo o instante.
Tirei uma fotografia a uns quantos já dentro do balde, a fotografia que está lá em cima. Não são tão lindinhos?
Na fotografia estão sujos pois quando enfio a pá, enterro um bocado para apanhar o pé e, portanto, depois trago também a terra, os musgos.
Tirando isso, posso dizer que o meu marido está contentíssimo com o resultado do Sporting. É obra.
Quanto às eleições nos Estados Unidos, espero mesmo que ganhe Kamala Harris e que ganhe por uma margem que não permita ao alarve-mor vir com as suas habituais e prometidas patranhas.
Neste compasso de espera, se me permitem, vou antes entreter-me a ver casas bonitas. E esta, aqui abaixo, é uma maravilha. Um apartamento amplo, luminoso, tranquilo, com móveis com um belo design.
Taís Araujo e Lázaro Ramos abrem o seu apartamento muito brasileiro
| CASA VOGUE
[Por defeito, acho que vem dobrado em inglês. Para falar com a voz deles é escolher o português, no audiotrack nas definições]
E que os próximos dias nos tragam e confirmem boas notícias
Choveu que deus a deu. Mal deu para sair de casa. Ao fim do dia, então, foi torrencial. O maluco do cão andava sabe-se lá por onde. O meu marido chamou por ele e nada. Mas com o barulho da chuva, estando ele longe, dificilmente ouviria. Passado um bocado apareceu. Escorria. Um pinto.
De tarde, estávamos na sala, sentados no sofá que dá para a rua. O meu marido, então, exclamou: 'Olha ali, um esquilo.' Mas, com a chuva e sem saber exactamente onde, não vi. Passado um bocado o meu marido viu outra vez. Andava nos cedros. O meu marido acha que eram dois.
Pouco depois, vi um vulto a dar um grande salto na pedra grande aqui ao pé da porta. Levantei-me para tentar confirmar mas já não o vi.
Por debaixo dos pinheiros há pinhas roídas como nunca vi. Tantas, tantas. Ou andam esfomeados ou são vários.
Mas talvez ainda mais extraordinário são os novos cogumelos.
Nascem todos os dias. O meu marido levanta-se cedo e vai apanhá-los. Com a Lens do Google temos visto que vários são venenosos e, por isso, não vá o cão algum dia sentir algum interesse, é melhor não os ter por aí. Claro que o meu marido já anda saturado pois apanha baldes e baldes deles. A curiosidade é que, embora ainda haja dos marrons e brancos, agora aparecem amarelos, cor de laranja, cor de coral.
E são vibrantes, brilhantes, aparatosos. Lindos. Estes aqui acima bem como o último, lá mais abaixo, já tinham sido arrancados pelo meu marido. Fotografei-os antes de serem levados.
Como é que da terra brota tal quantidade e variedade de seres extraordinários? O que há no subsolo para estas maravilhosas criaturas lá serem geradas desta maneira, tão perfeitas, tão coloridas?
Ando à chuva, a ver tudo isto, a fotografar, encantada com os pequenos filamentos de musgo, as inocentes folhinhas verdes, os líquenes, os pauzinhos, tudo.
Tirando isso, fiz umarroz de feijão com picadinho para o almoço.
Fiz assim. No outro dia tinha comprado igual quantidade de carne limpa de vaca e outro tanto de porco, tendo pedido no talho para picar 1 vez. Foi para fazer hambúrgueres recheados de queijo para os meninos. Mas era carne a mais e, por isso, não usei toda e congelei o que não usei.
Hoje, numa frigideira coloquei um pouco de azeite, uma cebola picada, uns 3 ou 4 dentes de alho, salsa picada, 1 folha de louro. Quando alourou um pouco, juntei um tomate aos bocados, uma mini, e a carne, entretanto descongelada. Temperei com um pouco de sal e um pouco, mesmo pouco, de açafrão-das-índias.
Entretanto, para outro fim, tinha a cozer, 2 peitos de frango do campo.
Quando o frango estava cosido, deitei o caldo no tacho do arroz. No conjunto, a olho, calculei que o caldo que estava no tacho deveria ser o equivalente a 2 copos. Juntei, então, 1 copo de arroz. Já sabem que uso geralmente o basmati. Acho mais saboroso e mais fiável.
Quando o arroz estava quase, juntei 1 frasco inteiro de feijão encarnado cozido com caldo e tudo (mas quase não tem caldo). Este foi do Lidl. É bom. Misturei.
Quando o arroz estava cozinhado, desliguei. Coloquei um fio de azeite e deitei umas esguinchadelas de vinagre. E, com um garfo, misturei ao de leve. Ficou a apurar. Ficou bom (modéstia à parte).
Claro que sobrou mas é da maneira que esta terça-feira não preciso de cozinhar. Até porque, para o jantar, fiz quiche de frango e espinafres e sobrou bastante.
Esta fiz assim.
Liguei o forno no máximo. Tinha comprado uma embalagem de massa quebrada já estendida. Untei uma forma com azeite e orégãos. Forrei-a com a massa. Piquei e levei ao forno, colocando o formo em 180º.
Entretanto, desfiei os peitos de frango. Numa frigideira, coloquei um pouco de azeite, uma cebola grande às rodelas e fritei-a ao de leve. Juntei, então, uma embalagem inteira de espinafres folha baby e volteei-os com um pouco de sal. Com o lume baixo, coloquei uma tampa, apenas para não irem inteiramente crus ara a tarde. Mas tive-os lá coisa de uns cinco minutos, se calhar nem tanto.
Num copo misturador, juntei 4 ovos inteiros, um pacote de natas light, umas pedrinhas de sal e também uns pós de perlimpimpim de curcuma (coisa que dizem que é super saudável). Bati, mas não é preciso muito, 1 minuto chega.
Tirei então do forno a forma com a massa já um pouco cozinhada. Coloquei o conteúdo da frigideira, depois o frango desfiado e, a seguir, os ovos com as natas. Tapei com queijo ralado, 1 embalagem. Polvilhei com orégãos e coloquei um fio de azeite.
Foi ao forno a 180º. Cerca de 30 minutos.
Boa. Comemo-la ainda quentinha e acompanhámos com salada.
Sobrou, claro. Com sorte, entre a quiche e o picadinho, com salada à mistura, ainda sobra alguma coisa para quarta-feira...
Hoje vi na televisão uma reportagem nos Estados Unidos onde um imigrante se queixava que está há dois anos à espera de autorização para a mulher se lhe juntar e, por isso, vai votar... em Trump. Em Trump! No mesmo Trump que apregoa que, se ganhar, vai deportar imigrantes em barda, que diz que quer fazer uma limpeza, que acusa os imigrantes de roubarem os empregos aos americanos, que lhes chama assassinos, que, segundo ele, é gente que anda armada, a roubar os americanos, a fazer mal às mulheres...
É de loucos.
Quando seria normal que, como um grito de revolta contra a boçalidade, a maldade e estupidez de Trump, nenhum imigrante votasse nele, nenhum, nenhum, o que se vê é que há muitos que, sabe-se lá porquê, vão votar nele.
Se isto não é de uma pessoa ficar com os cabelos em pé, de boca aberta, sem perceber como funciona a cabeça de gente como a que vota no alarve do Trump, então não sei o que seja.
Tenho ouvido com perplexidade e apreensão que agora uma, depois outra, as administrações dos hospitais públicos estão a ser varridas, tudo corrido.
Um dos casos foi notícia no outro dia, mas muito en passant. No verão, depois da contestação que tinha havido em Almada e no Seixal com a demissão, por parte da Ministra, da administração do Hospital Garcia de Orta, ouvi que já havia substituto. Para meu espanto, ouvi agora que o administrador indigitado afinal tinha desistido e que a anterior administração tinha recusado apresentar a demissão (não seria de saber ao certo o que está a passar-se?). E ouvi que a Ministra já tinha escolhido outro, tendo agora a sua opção recaído num outro, dizia o jornalista que 'filiado no PSD'.
E, ao que parece e confirmado pela própria Ana Paula Martins, a onda de 'saneamentos' não se fica por aí. Se calhar, e isto já sou eu a dizer, para lá pôr mais PSDs.
E o que eu gostava de saber é se tudo isto está a obedecer a todos os critérios legais, quer nas demissões quer nas contratações.
Gerir um hospital como o Garcia de Orta mais os vários Centros de Saúde abrangidos é como gerir uma grande empresa. Li que o Hospital tem cerca de 2.900 funcionários. Se somarmos a isso os indirectos que lá estão através de prestadores de serviço, se calhar chegamos ao dobro. Uma coisa em grande. A gestão de pessoal de uma coisa desta dimensão deve ser do mais difícil que há.
Os potenciais 'clientes', li também, são 350.000 e só isso também inspira respeito.
A ser verdade o relatório que vi, o Orçamento anual de funcionamento é da ordem dos 200 milhões de euros.
Provavelmente, como este vários outros.
Gerir uma realidade assim requer um gestor competente e exterior. Isto já corresponde a uma grande empresa. Não é uma chafarica que possa ser gerida por curiosos, com amadorismo.
Os médicos pensam que gerir um hospital é coisa para um médico. Mas isso é muito errado pois os médicos podem e devem estar nas áreas clínicas (bloco, ambulatório, internamento, etc.). Mas não a gerir as finanças, as compras, a área jurídica, a de auditoria, a área de manutenção, etc. Isso é matéria para especialistas das áreas (financeiros, advogados, engenheiros, informáticos, etc.)
Por isso, para saberem lidar com esta realidade complexa e saberem geri-la bem -- e não deixar os doentes sem médicos e não infectar os doentes nas cirurgias e ter equipas escaladas de forma planeada e ter os investimentos programados e bem executados e ter a informática a funcionar de forma eficiente e segura, e ter os contratos bem executados e controlados e para evitar que haja roturas de tesouraria e etc, os administradores têm que ser gente criteriosamente escolhida.
Ou seja, admito que haja regras para o preenchimento dos lugares de gestão nos Hospitais, em especial os que têm este grau de exigência: devem ter experiência, competências, etc, Mas alguém está a verificar isto? Os jornalistas, as oposições, os deputados, sei lá..., alguém está a controlar minimamente o que anda a passar-se?
Ou toda a gente já está a aceitar, na boa, que, por provável má gestão, esta gente que a ministra Ana Paula anda a escolher para gerir as unidades do SNS vá ainda enterrar ainda mais o que todos deveríamos exigir que fosse gerido profissionalmente, com rigor, com extrema qualidade? Um volume brutal dos nosso impostos (que é dinheiro nosso) vai para a Saúde e só por isso já devia haver uma observação atenta, sistemática, pormenorizada sobre o que os governantes fazem com ele. Mas sobretudo, os 'clientes' dos hospitais somos nós, nós os que talvez um dia precisemos de cuidados médicos, quem sabe para nos salvarem a vida, nós os que precisamos que lá haja médicos competentes, que talvez precisemos de exames médicos em máquinas que alguém tem que saber manusear e que têm que ser cuidadosamente mantidas, nós os que talvez precisemos de instrumentos que têm que estar devidamente esterilizados, nós que queremos que as instalações estejam limpas, desinfectadas.
E, note-se, não estou a apontar o dedo em particular a esta ou àquela das escolhas da Ministra: estou apenas a alertar em abstracto, de forma geral. Mas sentir-me-ia mais tranquila se soubesse que as oposições e a comunicação social estão atentas.
Só isso explica que cerca de metade das pessoas, mais coisa menos coisa, vote em criaturas absurdas, perigosas, incompetentes, incapazes, mal intencionadas, aldrabões, vigaristas, corruptos, vis, criaturas que espalham o mal à sua volta.
E se isto vale para muitos países, é agora grotescamente visível nos Estados Unidos.
Até fico doente quando vejo imagens dos comícios de Trump ou entrevistas a pessoas que votam nele. Um horror.
Durante toda a minha vida, escolhi por mim o que vestia fosse para o que fosse. Todos os dias eu saía de casa como se fosse um dia especial pois todos os dias frequentava locais em que toda a gente se arranjava muito bem e sentir-me-ia deslocada se me apresentasse arranjada de forma desatenta ou informal.
Vestia-me com cuidado, tudo a condizer (ou a contrastar, consoante o objectivo) sapatos adequados, maquilhagem no tom.
Claro que quando havia mega reuniões ou encontros do Grupo ou situações em que eu ia falar para as 'massas', tendo os 'holofotes' sobre mim, tinha especial cuidado. Nessas alturas, claro que, na véspera, à noite, experimentava vários outfits, fazia uma pré-selecção, e depois pedia a opinião ao meu marido. Era frustrante para mim pois eu gostaria que ele olhasse com atenção, pensasse um pouco. Mas não. Eu aparecia e ele dizia logo 'acho bem'. Depois, eu mudava e aparecia com outra roupa, e ele, instantaneamente, dizia: 'A primeira'. Eu mudava para a toilette seguinte e acto contínuo, ele dizia: 'Pode ser.'. Ou seja, não se concentrava, não tinha paciência. Eu tinha que insistir bastante, mas ficava sempre com a sensação de que ele queria era ir jantar pelo que não tinha paciência para as minhas experimentações.
Agora que estou reformada, a minha vida felizmente simplificou-se de forma radical. Mesmo quando vamos passear, ou almoçar fora ou a algum encontro ou a alguma situação em que faz sentido arranjar-me um pouco melhor, só tenho que ir ao roupeiro e escolher um conjunto que me agrade.
Mas depois há aquelas situações especiais. Aí tenho mesmo que caprichar um bocadinho. Não dá para ir muito casual e o registo informal está fora de questão.
Uma coisa tenho muito clara, nesta e noutras condições: não vou comprar nada. Portanto, só tenho que saber escolher. Hoje, antes de chegarem os meus netos, estive a experimentar toilettes.
Acabei por me fixar em duas. Uma baseada em tons azuis escuros e outra em tons azeitona. Fotografei-me e mandei à minha filha. Rejeitou liminarmente as duas. Na sequência disso, devo ter estado à vontade uma hora a trocar de calças, de blusa, de casaco, de sapatos. Finalmente, quando me parecia que inequivocamente era aquela, a minha filha voltou a rejeitar. Agora parece que já nos fixámos numa delas, com outra como alternativa.
No fim, a cama tinha calças, blusas, casacos, tudo fora dos cabides, uma maçada de todo o tamanho para voltar a arrumar tudo. Ocorreu-me a paciência que aquelas pessoas que trabalham nos provadores da Zara ou de outras lojas de grande movimento têm que ter para passar horas a arrumar roupa que os outros despem e para ali deixam de qualquer maneira. Enfim.
Mas, com a short list de duas toilettes, agora tenho que convencer o meu marido a ser cooperante e dizer a sua opinião. Gostava que fosse ele a desempatar (mas não estou com muita esperança).
E ainda tenho que ir cortar o cabelo e, desta vez, a ver se vou mesmo à cabeleireira. Em quatro anos acho que só fui uma vez. Mas para um corte mais radical e para a situação que é, não posso arriscar nos meus amadorismos.
Claro que, no meio de tanta desgraça. eu estar nisto é coisa abaixo de parva. Mas a vida tem destas coisas, muitas facetas, e, excepto em situações limites, há espaço para tudo.
Tirando isso, tive ajuda na cozinha, dois dos meninos colaborando, e, talvez com a excitação de tê-los ali, cada um a fazer a sua coisa, a falarem alto, numa alegria, o cão, que nunca liga patavina, desta vez também quis ver o que se passava e pôs-se de pé, duas patas na bancada, para espreitar e para ver se apanhava alguma coisa. Foi uma aventura para o pôr dali para fora pois obviamente quer estar onde estão as suas 'ovelhinhas'. A cozinha tem duas portas e uns corriam por uma porta e ele atrás e eu e o meu marido a fecharmos a porta e todos a quererem entrar pela outra e nós a tentarmos barrar-lhe a passagem mas, claro, eu a precisar de entrar. Há coisas que deveriam ser filmadas pois só vistas.
E agora que estou aqui na sala a ver uma coisa assustadora, os vídeos falsos gerados por Inteligência Artificial, uma coisa que me preocupa para além da conta (um dos habilidosos dizia que com um gasto mensal de vinte e poucos dólares, conseguia fazer não sei quantos vídeos -- ou seja, toda a tecnologia à disposição de toda a espécie de crápulas, de mercenários, de malucos, de agarrados que precisam de dinheiro, de psicopatas, de fascistas, etc), só me apetece continuar no registo das frioleiras, das futilidadezinhas inofensivas, que não me desgastam os neurónios, que não cansam a minha beleza.