quinta-feira, junho 27, 2013

O gene Bmp4 que, cá para mim, se alojou na cabeça do ex-Doce; a fraca inteligência matemática de Vítor Gaspar quando comparada com a de uma couve; o meu gosto por chapéus; e não me lembro se mais alguma coisa (... ah, já sei, os pénis dos galos)





Estava eu a escolher chapéus em Ascot, indecisa sobre a (in)oportunidade do tema em dia de greve geral, e preenchendo a minha indecisão com o Manifesto de YSL (conferir no post abaixo, sff), quando vejo que a Margarida acabara de publicar um post justamente sobre chapéus. Fiquei perplexa. Sintonia? Telepatia...? Diz ela que nada disso: "les beaux esprits---" trá-lá-lá...;)

Mas eu não sei...

Confesso que, depois da estupefacção, sobreveio uma hesitação ainda maior. Às tantas, alguma mentezinha limitada, daquelas que gostam de andar por aí armadas em moralistas de serviço, ainda me aparece aí a pregar - que isto não se faz, que é uma coisa muito feia, que é plágio e o escambau - sem perceber que o que eu sou mesmo é mediúnica. 

Mas, mais do que mediúnica, o que eu se calhar sou mesmo é loura burra: tanto que batalho contra estes incompetentes que nos desGovernam e, logo hoje, em dia de greve geral, um dia depois dos próprios patrões virem publicamente dizer que percebem as razões dos trabalhadores (ao que, Passos, na AR, lhes respondeu que se está nas tintas tanto para uns como para outros) só me dá para ligeirezas destas. Vá lá perceber-se a mente humana. Eu não percebo. Nem a humana, nem a minha (pois, como é sabido, não é certo que eu seja humana; pode muito bem acontecer que, à semelhança do manuel, seja apenas germana, maria germana).





Mas adiante. Não sei se é do calor, se é que uma cabecinha fraca como a minha pede alguma coisa que a proteja ou se é mesmo já ela a entrar em greve - o facto é que hoje estou mesmo é numa de chapéus. Nada a fazer (a menos que, lá mais para baixo, consiga esparvoar sobre outra coisa qualquer).

Adoro chapéus. Fosse minimamente hábito por cá e sairia sempre de chapéu. Assim, tenho que me contentar em invejar aqueles maravilhosos e imaginativos chapéus ingleses. 




Tenho vários, confesso. Não, infelizmente, dos artísticos, despudorados. Não, nada disso: normais. Um dos que prefiro é do mais simples que há: um chapéu basco, com fita encarnada. Comprei-o em Biarritz.

O último que comprei é lindo, de uma palhinha muito macia, clara, quase parece um tecido espesso, abas largas que só visto, direitas mas arredondadas, uma fita de sede beige em volta da copa. Fica elegante. Ainda não o usei. Acho que ficaria bem com um vestido branco comprido, sem mangas, decotado. A ver se me aparece para aí uma ocasião onde se proporcione. É que o drama é que raramente os posso usar. Ainda por cima, todos os casamentos a que ultimamente tenho ido são à tarde, agora é tudo na base do cocktail de fim de tarde, com jantar e ceia. E, chapéus em casórios, só se forem até à hora de almoço, claro.




No último casamento a que fui ao final da manhã, já há que tempos, ainda a minha filha era miúda, estava tentada a levar um à maneira. Mas, da sondagem que fiz antes, não sabia de quem fosse de chapéu. Por isso, não me arrisquei a ser a excêntrica do festim. Mas eis que, quase de véspera, a noiva me avisou que as (imensas) primas e cunhadas tinham, à última hora, resolvido ir de chapéu, que umas já os tinham e outras andavam a correr Lisboa à procura deles, nem que fosse a alugá-los. Por isso, que eu estivesse à vontade, que fosse de chapéu.

Mas assim, mesmo em cima da hora...?

Não me atrapalhei. Resolvi improvisar.

Na altura tinha o cabelo mais comprido que hoje e imaginei logo um contraste entre o cabelo e o artefacto. Fui a uma loja de tecidos e comprei uma faixa de tule preto para mim e uma faixa de tule cor de rosa para a minha filha.

Depois comprei lantejoulas pretas para o meu enfeite.




À minha filha, que ia com um vestido em tons de rosa e branco, fiz-lhe um bruto laço, farfalhudo, vaporoso, enorme, de lado. Como era uma faixa larga, depois do laço feito, desdobrei-o, enfolei-o e ele ficou todo artístico. Não apenas lhe segurava o cabelo como lhe dava uma graça especial: ficava extravagante, moderna, gira.

Para mim, cosi as lantejoulas na faixa de tule preto, que era grande, larga, depois apanhei uma parte do cabelo atrás, em cima, e fiz um laço imenso, também fofo, empoladíssimo, transparente, exuberante, vaporoso, cheio de brilhantes. Uma vez que o tule é aberto e a as lantejoulas reflectiam a luz, não ficava escuro e sobressaía sobre o cabelo. E como o vestido era justo, em tons prateado e cinza a escurecer para cima e todo coberto de brilhantes, com um grande decote, quase sem costas, aquele remate no alto da cabeça ficava mesmo a calhar. Acho que ficou bem. 

Tenho no meu quarto uma fotografia de nós quatro (eu, o meu marido, o meu filho e a minha filha) lá no palácio onde se realizou o casamento, estamos à frente de um quadro enorme que vinha até ao chão, com figuras religiosas. O décor é do mais clássico que há, o meu marido também clássico, do mais clássico que podem imaginar - que ele nem um pesponto a mais admite num casaco, tem que ser tudo absolutamente clássico - o meu filho também clássico (outro que tal: desde pequeno que nunca admitiu qualquer peça de vestuário que pudesse dar nas vistas). E depois estou eu e a minha filha com aqueles artefactos na cabeça, completamente ascotianas.




**

Ok. Agora que já mostrei um pouco da minha futilidade, já me sinto um pouco mais aliviada - é que não quero enganar ninguém. Não fossem vocês pensar que eu sou uma chata, só números, só política, só livros, pior: só poesia - assim já estamos entendidos. Não sou nada disso. Chapéus, colares, perfumes, blusinhas, carteirinhas: c'est moi.


E, já que estou numa de leveza, volto-me agora para as florzinhas. Ou para a hortaliça, para o caso vai dar ao mesmo. 

Tenho a dizer-vos que acho que uma couve sabe mais de aritmética que o Gaspar. E que um girassol põe não apenas o Gaspar como o Moedas, o António Borges, (do Passos e do Portas nem vale a pena falar), o Carlos Costa do BdP, e o Cavaco - todos juntos - num chinelo. 

Qual deles domina de olhos fechados as sequência de Fibonacci? Pois um girassol nem pestaneja. E agora não estou a brincar que eu não brinco com coisas sérias.

Os cromos que referi andam à nora, a correr atrás do prejuízo como o ex-doce gosta de dizer, sem acertarem num único número. 

O défice já devia ser 3%? Impossível, a coisa derrapou. Corrige-se e passa para 4%. Não dá? Corrige-se e passa para 5%. Azar... já vai em 10%. Ora bolas. A dívida já vai a caminho dos 130%. Ó caraças. E o desemprego que era para ser 13%, depois 14%, depois 16%, vá lá, uns 17%, ora gaita, que já passou os 18% e, de verdade, já vai acima dos 20%. Raça de números, que nunca batem certo.

Enquanto isso, as couves, os girassóis, uma humilde couve-flor ou mesmo qualquer simples alcachofra fazem cálculos, usam regras da física quântica e sei lá que mais, sem falharem um.




Transcrevo um pouco (e sugiro que não percam o artigo completo) para não pensarem que isto é o chapéu a escrever e não eu: 

Modelos matemáticos usados por uma equipa de cientistas do Centro John Innes, em Norwich (Reino Unido), provaram que a quantidade de amido consumido pelas plantas de noite é calculada com precisão através de operações de matemática.



A revista "Sience" revelou recentemente que investigadores da Universidade do Arizona (Tucson, EUA) demonstraram que as sementes do girassol se organizam em espiral na flor, da forma mais eficiente para maximizar a sua capacidade de captar a luz do sol.


E para isso, os números sucessivos de espirais no sentido dos ponteiros do relógio e no sentido retrógrado em que estão organizadas as sementes do girassol são números da famosa sequência de Fibonacci (1, 1, 2, 3, 5, 8, ...), em que cada número é igual à soma dos dois anteriores.   

Cientistas do Instituto de Ciências Fotónicas em Castelldefels, Espanha, descobriram também que as plantas usam as regras da física quântica (ramo da física que lida com os fenómenos à escala atómica e subatómica) quando captam os fotões (partículas) da luz solar e os injectam nas suas células, convertendo a energia com um grau de eficiência muito grande.


Acho o máximo. A si que me está a ler pergunto-lhe: sabe alguma coisa de física quântica? Não...? Pois pergunte a um nabo que ele lhe explica.




E, já que o assunto dos chapéus me transportou para o fascinante mundo da biologia, tenho a dizer-vos que acho uma outra coisa: desta feita, ocorreu-me que na cabecita do ex-Doce se lhe alojou o Bmp4, um gene que é do caraças.

E, quem diz na cabeça do ex-Doce, diz na cabeça de mais uma data deles. Mas, enfim, na do ex-Doce a coisa talvez seja mais notória.




Sabem o que é a fotografia acima? Não? Já viram bem? Ainda não? Não vos parece vagamente familiar? Não...?

Pois. Então, não queiram saber.

É uma coisa que era para ser mas não foi - é o que eu posso dizer.

Adoptemos, então, um registo mais académico que o assunto é, uma vez mais, muito sério.

O gene, chamado Bmp4, codifica para uma proteína que leva à morte celular. Parece que é esse gene levado do diabo que se alojou no pénis dos galos, não deixando o órgão crescer. 


Transcrevo uma parte: O galo perdeu o seu pénis ao longo da evolução, assim como os machos de outras dez mil espécies de aves que têm pénis rudimentares ou não têm de todo. Agora, os cientistas conseguiram perceber o que se passa a nível do desenvolvimento embrionário do Gallus gallus: há uma morte celular programada que não permite que o seu pénis cresça. O artigo com a descoberta feita por uma equipa de investigadores do Instituto Médico Howard Hughes, em Maryland, nos Estados Unidos, foi publicado na revista Current Biology desta semana.

“A nossa descoberta mostra que a redução do pénis durante a evolução das aves ocorre pela activação de um mecanismo normal que resulta no programa de morte celular, mas que aqui aparece num local novo, a ponta do pénis emergente”, explica Martin Cohn. Os cientistas experimentaram ainda impedir a expressão deste gene naquela região do embrião do galo e verificaram que os pénis cresciam normalmente nos embriões mutados.


Ora se isto tem este nefasto efeito nos pénis dos galos, imagine-se o que faz na cabeça dos primeiros-ministros. Na volta é mesmo por isso que o doce tem tão poucos miolos: o Bmp4 impediu-os de se desenvolverem.

Mas, enfim, isto sou eu para aqui a apalermar, madame mais dada a imaginar-se de artefactos na cabeça que a raciocínios elaborados. Ou então é também efeito do calor. Não tenho onde andar de chapéu e depois dá nisto, muito sol na moleirinha nunca fez bem a ninguém.





E mais nada por hoje. Beijinhos e abraços. 

***


Já me esquecia: lá para as bandas do meu Ginjal, a meio caminho entre o estar presente e pronta para vos receber e já um bocadinho em greve solidária, tenho comigo o Luís Miguel Cintra que, com a sua bela voz, nos diz Camões. Olari.

E agora é que é mesmo: o que eu estimo é o que eu desejo. Vou ali e já volto. A vitória é difícil mas é nossa.



6 comentários:

MCP disse...

Olá,
O que eu já me ri com o seu post sobre chapéus...estou a imaginá-las, a si e à sua filha, com os chapéus improvisados para o casamento!!
Realmente, como um seu leitor já há tempos referiu, sobre o post do interruptor que não encontrava no quarto de hotel, a UJM consegue escrever com interesse sobre coisas banais.
Também gosto de chapéus bonitos...não para mim...mas a quem fiquem bem.
Desejo-lhe um dia Feliz.
Beijinhos
MCP

Bartolomeu disse...

A propósito de chapéus, dos gajos que nos governam, de galos e do gene Bmp4 que dita a ausência de pénis, tenho para mim que: naquilo que diz respeito aos "galos" de S. Bento e d'outras capoeiras subsidiárias, o gene não se encontra ao nível do pénis, mas sim um pouco mais a baixo, na zona testicular.
Talvez lhes fizesse bem proteger um pouco mais a carola... para isso, deveria ser aprovada uma lei que obrigasse todos os membros do governo a cobrir a tola com um barrete saloio... que me desculpem os verdadeiros, pelo dano que a minha opinião possa causar às suas dignidades.

Pôr do Sol disse...

Boa tarde Jeitinho,

È muito divertido "vê-la" soltar-se
dos assuntos sérios e voar nas asas de uma andorinha atrevida.

A propósito de chapeus, tambem gosto, mas só os uso na praia e em certos dias.

Poderia ter satisfeito a curiosidade dos seus leitores, mostrando a sua criatividade nesse casamento a que foi e, como já se passaram alguns anos o seu anonimato não correria risco.

Não imagina a curiosidade que suscita quando recomendo o seu blog. Alguns amigos estão convencidos de que a conheço pessoalmente.

Depois de me divertir com o artigo cientifico sobre os galos parece-me que o que afecta mais passos e a sua pandilha é mesmo a burrice. Já um dia disse um politico a sério que só os velhos e os burros não mudam e passos de velho ainda pouco tem.

Continue a divertir-se e a partilhar connosco as suas alegres e luminosas analises.

Um beijinho






Isabel disse...

Gosto muito de chapéus, mas ficam-me mal, senão usava.
Tenho um de palhinha que uso na praia, mas mais nada. A minha irmã mais nova usa, no Inverno. Acho giríssimo.

Um beijinho e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

Meteu-me asco a arrogância do energúmero que preside a este desgoverno, ontem na A.R, ao vê-lo na TV. Com o criado de uma Agência de Notação a seu lado, para o controlar, o Moedas, que trabalha para o inimigo externo, a Troika - a convite do PM. Tudo uma malta do piorio. E depois aquela saloia da Miss Prada, uma pateta, com aquele tom de voz que me dá cabo dos nervos, a mandar embora uns tantos que da bancada protestavam, de costas, para a encenação governamental. "Falta de respeito", dizia a Prada. Falta de respeito é o que estes cretinos e incompetentes têm para quem os elegeu, acreditando na bondade e sinceridade dos mesmos. E para com todos nós, ao governarem como o fazem, enterrando o país e destruindo a sua economia. Uma pandilha!
Quanto ao Gaspar, pode continuar a praticar a Gestão Danosa que o PR nada lhe dirá. E o que aí vem para 2014 é pior do que se imaginava. Esta malta é dissimulada, o que me fez pensar no que relatou num Post anterior. Quem sabe se “essa gente” ainda acaba por ter mais influência no governo do que se pensava, talvez por saber segredos que não devem ser revelados.
Quanto ás greves, vejo com satisfação que parece existir uma melhor relação entre a CGTP e a UGT. O PM quer mais trabalho? Dê condições para tal! Melhores salários, menos desemprego, mais estímulo ao consumo, mais apoio ao investimento e ás empresas e empresários, menos miséria, menos gastos com o capital financeiro (aquela de que os tais 10% do tal deficit era em boa parte por causa do dinheiro - dos contribuintes – para o Banif deu-me vómitos! Uma choldra, esta rapaziada!), etc.
Quanto à ausência de pénis dos galos, li isto aqui há tempos. Ao que parece, só os cisnes, gansos e patos o possuem. Curiosamente, os gansos, estão entre os raros animais que praticam, ocasionalmente, a homossexualidade. Vá lá perceber-se porquê!
Ah, esses seus chapéus são uma delícia! Uma mulher com um belo chapeú na sua nobre cabeça fica muito bem, elegantíssima. Mas, nos casamento, lá está, só a certas horas, o que vai sendo pouco frequente. Uma amiga nossa inglesa era excelente na escolha de belos chapéus.
Uff, que (agradável) calor! Esta semana, ao que vejo, tive sorte, estou em descanso!
P.Rufino

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Como sempre a surpreender-nos com tanta imaginação e tão fértil! Hoje foi uma passagem de modelos de chapéus Ascot, mas o que gostei de verdade foram os chapéus que criou para si e sua filha, autênticos Ascot's, mesmo sem os mostrar imagino como teriam ficado, umas verdadeiras peças de arte!!
Consigo estamos sempre a aprender, quer com análises político-sociais sérias e inteligentes, quer com tudo o que cria para nos divertir. Quando se solta, como diz uma das suas Leitoras, nas asas da sua imaginação, dá-nos a sensação de que estamos a voar nos seus dedos e no seu pensamento, contagia-nos e diverte-nos imenso com as suas criatividades, com as várias associações que faz e as imagens que inventa. Obrigada por estes bocadinhos tão agradáveis que nos proporciona.
Um beijinho