sábado, abril 30, 2022

O sentido da vida e outras questões profundas

 


Uma das amigas da minha mãe está hospitalizada. Estávamos a falar dela, da sua permanente calma perante todas as situações da vida, da sua incrível resistência perante as doenças que tem tido ou perante as perdas que sofreu. Dizia-me a minha mãe que nunca a viu enervada ou preocupada e que deve ser por ser assim que tem a idade que tem e ainda vive sozinha e na boa. Fisicamente faz-me lembrar a Helena das Avós da Razão que é um ano mais nova que ela. Eu estava a aconselhar acompanhamento, a minha mãe que a convencesse a ter alguém em casa que a ajudasse, e a minha mãe dizia-me que ela é muito independente, não quer ninguém em casa. E acrescentou: deve pensar que se cair em casa e morrer, qual é o problema?

E eu disse que, vendo as coisas sob essa perspectiva, cair e morrer, até que não é coisa má de todo. Pior é quando se anda a sofrer. A minha mãe concordou mas disse que, quando pensa nisso, pensa que tem pena de morrer. Eu disse que temos que ter presente que ninguém fica cá para sempre, isto é uma passagem, chegamos, estamos e depois vamos. Ela disse que eu digo isto porque ainda sou nova. Ri-me. Nova? Está bem, está. Mas, nova ou velha, é isto mesmo: é bom enquanto dura. E um dia acaba e está acabado -- e é mesmo assim. 

Por acaso estava a falar enquanto estava a andar lá em baixo, no meio das árvores, sozinha. Se o meu marido estivesse por perto passava-se. Este tipo de conversas tira-o do sério. Conversas da treta. 

Mas, por acaso, acho mesmo que não devemos apegar-nos à vida como se acreditássemos que ela fosse eterna. Acho justamente o contrário: devemos apreciar e agradecer cada momento por sabê-lo efémero. E, tirando isso, gosto de me sentir desapegada, sempre pronta a partir. E não gosto de me despedir. Gosto de pensar que nada é definitivo, mesmo que o seja. Saio de alguns lugares sabendo que provavelmente lá não voltarei e, ainda assim, não me despeço, penso que sabe-se lá. E, mesmo que pense que não voltarei a ver aquelas pessoas, também não me importo. Saem uns da minha vida, entram outras. É um contínuo. E se já deixei para trás pessoas importantes na minha vida a verdade é que guardo em mim memórias boas, que não se degradam.

E estou com estas conversas quando temas assim devem é estar reservados a almas que se movem bem nas profundezas, sei lá, filósofos, segismundos, literatos, almas torturadas. (E, calma, o que atrás enunciei não são sinónimos)

Eu, como é sabido, sou uma dondoca que gosta é de dizer coisas e que tem uma certa queda por maluquices. Por exemplo, vi estas imagens que aqui estou a colocar de uma pessoa que dá pelo nome de Varkey e achei um piadão. Não têm nada de nada a ver com o que para aqui estou a escrever mas assim é que está bom, nada a ver com nada e tudo a ver com tudo.

Enfim. Nada mais tendo a acrescentar, cedo o passo a quem sabe. Que entrem as Avós da Razão


SENTIDO DA VIDA E A MORTE | Avós 181


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