domingo, junho 02, 2019

Isabel, este é para si


Há tempo, ao falar aqui das minhas 'pinturas' (e ponham aspas em volta das ditas pois pintora não sou), referi, em troca de palavras com a Isabel -- que já tem o seu atelier à sua espera... -- que aquilo para que me puxa é a mera abstração mas que, em querendo, consigo condicionar-me e tentar pintar coisas concretas.

Contudo, incapaz que sou de tentar reproduzir a realidade, mesmo que me disponha a pintar flores, não me dá para tentar imitá-las. Para mim, a pintura é invenção, é fazer coisas que não existem assim e que, ao fazê-las eu, passam, então, a existir. Parvoíces minhas. Nada disto é voluntário pois não resulta de uma intenção, resulta de uma atitude minha, da minha maneira de ser.

Estes aqui resultaram de a minha mãe, um dia, me ter dito que achava que um bocado de parede, ao lado de uma janela, estava a precisar de um quadro. A decoração é clássica mas não pesada, mais ou menos o chamado 'estilo inglês', e o cortinado de fora, que fica aberto e, portanto, junto aos lados da janela, tem um motivo floral.

Então, para ficar coerente, resolvi fazer uma espécie de arranjo floral mas meio abstracto e com textura. Aqui não se percebe mas misturei uma massa para as flores terem algum volume -- mas coisa discreta, querendo eu que elas tivessem mais vida. Maluqueiras minhas, claro. E usei apenas tons claros, com brancos, amarelos, um ou outro toque de verde e laranja, para terem luz e leveza. Fiz um e, a seguir, como ela na sala de jantar, na parede perpendicular, tem lá um espelho grande com moldura em talha dourada, fiz outro quase igual mas com apontamentos em dourado. 

Quando lhos levei para ela escolher, gostou dos dois, quis ficar com ambos, disse que um ficava ali, na sala de jantar, e o outro pô-lo-ia na salinha onde costuma estar mais frequentemente, na parede por cima de uma pequena estante. 

Então, mandei-os emoldurar e lá estão. 

No outro dia, para lhe mostrar, Isabel, fotografei-os com o telemóvel mas, ao ver as fotografias, vi que estavam tortas e com má definição. Só que, ontem que estava com a máquina fotográfica e poderia ter tentado apanhá-los melhor, voltei a esquecer-me. Por isso, mostro mesmo assim senão nunca mais. 

Ontem também referi que, sobre a minha estante que na parede por cima tem um quadro com motivos musicais, tinha uma peçazinha de vidro também com motivos musicais.

Aqui está. Ao pegar nele é que reparei que, na volta, era um cinzeiro. Já nem me lembrava. Nunca foi usado como tal pois quando havia fumadores por cá nunca se fumou dentro de casa, o meu marido fumava à janela e eu nunca fumei em casa. Ou seja, sempre foi uma peça meramente decorativa.

Não é nada de especial mas acho que faz um bom pendant com a pintura que está por cima.

E é isto. 

E agora, Isabel, sou eu que vou ficar à espera das obras que hão-de sair do seu atelier... ok?

4 comentários:

Isabel disse...

Muito obrigada!
Gostei imenso dos dois quadros. A UJM tem mesmo muito jeito e é criativa. Quem me dera que me saíssem assim umas pinturas tão bonitas! Eu nunca aprendi artes, mas a minha vontade é tanta, que ao longo do último ano vi imensos videos no youtub. Aprendi alguma coisa e agora falta-me experimentar. Vou fazer experiências.

Já tenho o meu (pequeno) atelier, mas ainda não fiz nada. Por enquanto ainda não tive tempo. Mas o meu objectivo não é só a pintura. É ter um espaço onde possa fazer todos os trabalhos manuais que gosto de fazer. E são tantos!

O cinzeiro é bem giro!

Beijinhos, boa semana e muito obrigada pelo post.😊

Um Jeito Manso disse...

Isabel, olá

Como a compreendo. Também eu anseio por tempo para aprender a costurar, para fazer trabalhinhos de toda a espécie e feitio que gostava de tentar.

Mas deixe lá: a nossa hora há-de chegar. Já não falta muito... daqui a nada estamos nos oitenta e já nos poderemos reformar. Ou será que, quando chegar a nossa vez, a idade já irá nos noventa...?

:)

Mas, nos intervalos, vá lá fazer o gostinho ao dedo... dar bom uso ao atelier.

Beijinhos, Chabeli.

Isabel disse...

Ah!Ah!Ah! Credo!
Eu prefiro pensar que um dia destes nos surpreendem com a boa notícia que nos podemos reformar mais cedo. E nesta esperança lá me vou aguentando!

Beijinhos 😊

Um Jeito Manso disse...

Tomara, tomara, tomara.

Ou isso ou sair o Euromilhões.

:)