terça-feira, maio 07, 2019

António Costa no Jornal das 8 da TVI com Miguel Sousa Tavares -- aquele toque de qualidade que faz toda a diferença: um grande político, um grande jornalista.
[Boa entrevista também ao artista-sindicalista Pedro Pardal Henriques]


Segundo Pedro Pinto e Miguel Sousa Tavares informaram, a TVI convidou também Assunção Cristas e Rui Rio --- mas ambos declinaram apesar da TVI lhes ter dito que enviaria entrevistadores onde eles estivessem.

Percebe-se. O melhor agora é fazerem-se de mortos, caladinhos, na moita. 

Mas na volta, com a fraca cabeça que mais uma vez demonstraram neste lindo servicinho, a Cristas e o Rio acham que, se Marcelo está em silêncio, então o melhor é seguirem-lhe o exemplo -- e não percebem que entre eles e Marcelo vai uma certa distância. 

Mas isto para dizer que, à entrevista, só compareceu António Costa. E, entre o Pedro Pinto e o Miguel Sousa Tavares, António Costa esteve outra vez seguro, convincente, confiável.

E a graça de todo este processo é ver-se tudo o que é comentador, incluindo os mais ferozes anti-PS, agora a louvarem o político de mão cheia que é António Costa. Todos, mesmo os que costumam triturar o PS e idolatrar a direita, agora enaltecem a inteligência, a segurança e rigor de António Costa. Estou até estupefacta com a vénia que lhe fazem. Dá ideia que viram a luz. 

Em contrapartida, todos dão tareia, mas tareia a sério, no Rio e seus seguidores e na Cristas e seus seguidores. Só lhes falta fazerem a mímica do vómito: chamam-lhes amadores, irresponsáveis, desajeitados, inconsequentes, fazem sorrisos de desprezo. 

Só posso concluir que estes comentadores são também pouco inteligentes pois foi preciso a Cristas e o Rui terem feito porcaria da grossa para perceberem o que, desde sempre, esteve à vista.

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Abro aqui um parêntesis para mostrar a cena da malta à volta da mesa, as esquerdas e direitas encostadas, a cozinharem em conjunto o lindo caldinho que eram para dar à boquinha do Nogueira mas que, afinal, serviram foi de bandeja ao Costa.

Sempre que algum dos líderes envolvidos na Última Ceia vierem com conversas da treta, alguém deverá mostrar-lhes esta fotografia: o bando dos quatro, PCP, BE, PSD e CDS, reunidos para verem como melhor darem um tiro nas contas públicas.

Os cozinheiros do absurdo
(que acabaram aos tiros nos próprios pés):

Do Eco:
 Da esquerda para a direita (sem conotações políticas) na foto (em cima) estão: Ilda Araújo Novo do CDS-PP; um funcionário parlamentar de gravata azul; Ana Rita Bessa também dos centristas; Ana Mesquita do PCP no centro da fotografia; Joana Mortágua do Bloco do Esquerda em pé; Margarida Mano do PSD ao lado da assessora do partido para a área da Educação Eugénia Gamboa (em pé); e, por fim, Pedro Alves, deputado do PSD.

E, para trazer aqui um apontamento de elegância, agora, o que poderia ser uma recriação da cena à volta da mesa -- mas em bom:

The Statement


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Retomo o Jornal das 8 na TVI


E Miguel Sousa Tavares, que esteve lindamente com António Costa, esteve também muito bem com o artista Pardal, o sindicalista-motorista que nunca foi motorista. E assim ficámos a ter a certeza de que aquela reivindicação assente na suposta miséria que ganham os motoristas, só uns euritos acima do salário mínimo, afinal  não é nada disso já que, em cima do ordenado base, há subsídios de tudo e mais alguma coisa e, se bem percebi, no mínimo ganham mil e muitos euros, podendo chegar aos quatro mil.

E ficámos também a saber, por uma simples conta, que aquela conversa de que todos os motoristas (bem, rectificava ele, todos não, a maioria, bem, a média, bem...) fazerem dezoito horas por dia era, afinal, também não é bem assim já que tudo se resume a alguns fazerem, de vez em quando, algumas horas extraordinárias, supostamente, as que se encontram cobertas pela lei e reguladas por equipamentos que têm nos camiões e que são fiscalizados.

Miguel Sousa Tavares, com distanciamento e calma, só com uma ou outa pergunta e desmentindo-o quando a mentira era mais descarada, conseguiu desmascarar a criatura. Um exemplo do que é fazer bom jornalismo

Uma palavra também para a sobriedade e simpatia de Pedro Pinto, um senhor. Estou em crer que este convívio, às segundas-feiras, com o Miguel Sousa Tavares no noticiário das oito vai fazê-lo crescer ainda mais do ponto de vista profissional.

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Ainda só mais um aspecto que nem tem a ver  com isto. Ouço por aí, aos comentadores e papagaios avençados, que a campanha do PS nas Europeias estava a correr mal. Ai é? Estava a correr mal? A sério? Onde? É que, tanto quanto julgo saber, as sondagens não dizem isso (nem é essa a minha percepção). 

Volto a dizer: quando as pessoas confundem a sua vontade com a realidade, geralmente estampam-se. Ou alguém de bom senso acha que a campanha do Nuno Melo e a do Rangel é que estão a correr bem? 

Vamos ver quem é que vai dar com os burrinhos na água. Estaremos cá para fazer o balanço no dia das eleições.

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Dando-me pretexto para me armar em La Palice dizendo que:
nem tudo o que parece é  
        e que

as pessoas evoluem
resolvi 'enfeitar' o texto com imagens que mostram trabalhos que podem não parecer mas são de Piet Mondrian

[E agora até me ocorreu que tenho mesmo que perder uns três ou quatro quilos para que a blusinha que comprei no Rijksmuseum, com aquele belo padrão de uma das suas pinturas mais conhecidas, volte a assentar-me como deve ser. Parecendo que não tenho este meu lado coquette...]


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Pode ser que ainda cá consiga voltar mas não garanto pois agora, sem falta, tenho que ir ali tratar de um assunto 


10 comentários:

Paulo Batista disse...

UJM,

Nos últimos tempos só tenho vindo aqui discordar... não me leve a mal por isso. É fome de debate e discussão franca sobre o tema do momento.
Mas deixe-me começar por concordar: acho Antonio Costa um bom político. E como bom político que é também é hábil e sabe muito bem ler as circunstâncias.
No entanto, essas leituras de curto prazo, também têm o problema de incentivar formas de política mais focadas na gestão do problema do que em tentativas honestas de o resolver.

O problema dos professores é uma história longa e cheia de nuances. E acompanhando até algumas declarações de membros do governo (e tenho muita simpatia por esta secretária de estado: https://www.jornaldenegocios.pt/economia/emprego/mercado-de-trabalho/detalhe/alexandra-leitao-mexer-na-idade-da-reforma-dos-professores-e-um-caminho-possivel), até se nota que têm consciência do problema de fundo mas a opção política é de tentar gerir a situação e procurar usa-la para retirar dividendos meramente politiqueiros de curto prazo.

Do que consegui apreender de várias leituras, em 2007 acordou-se uma restruturação da carreira dos professores na qual se aprofundou o abismo de remuneração entre aqueles que chegam ao topo e os que iniciam a carreira (sendo que no topo, nomeadamente aqueles que juntem essa posição com funções de gestão / administração escolar atingem uma remuneração que... talvez se possa classificar como exagerada... é, pelo menos, das mais elevadas da ocde). Ora... isto em 2007 foi implementado graças aos dividendos eleitorais de curto prazo que poderia gerar, quer porque era um aparente óptimo acordo (já que apesar de grande parte dos professores continuar a ganhar pouco a nova carreira dar-lhes-ia uma generosa atualização remuneratória em poucos anos, podendo depois reformarem-se "douradamente". No entanto, se se fizesse um simples modelo demográfico do quadro de professores, ver-se-ia que o acentuado envelhecimento conjugado com a tal carreira desproporcionalmente dispendiosa para o estado nos topos, ia explodir em despesa a breve prazo...
Ora, um bom político, não pode ignorar isso... mas compreendo... renegociar as carreiras ia ser muito duro e objetivamente as condições políticas eram escassas.

Paulo Batista disse...

(Cont.)

No entanto... com a crise e o congelamento... as promessas de 2007 de riqueza a rodos no finaal da carreira foram goradas... muitos ficaram estagnados nos patamares a meio da subida em flexa e durante tanto tempo que os novos que foram entrando os apanharam. O governo agora reiniciou ou relógio mas não quer reposicionar a malta nas posições relativas que corresponderiam aos seus anos de trabalho (note-se que os professores não estão a pedir a reposição das remunerações perdidas, ppr não terem ido para a posição x atempadamente, mas simplesmente que agora, com o relógio a andar, sejam colocados na posição relativa respetiva da carreira e que ela se desenvolva como tal estava acordado.
Mais, acontece que o governo utilizou uma formula sofisticada para garantir igualdade entre todas as carreiras especiais que tem naturais distorções... aparentemente relacionadas precisamente com os níveis remuneratórios (parece que a fórmula garante um salto.semelhante para as diversas carreiras, na posição / categoria, mas tal não é bem a mesma coisa do ponto de vista remuneratório).
Neste quadro, é natural que os professores tenham uma atitude mais aguerrida e talvez taal atitude não seja assim tanto dos sindicatos e do Mário Nogueira que a malta adora diabolizar (e terá os seus defeitos!).

Quero con isto dizer que todo este episódio é, para mim, só um espectáculo politiqueiro com pouca substância e com culpas em todo o espectro. Eu até compreendo que em política por vezes os fins justificam os meios e, pessoalmente, prefiro um governo de centro esquerda. Sei também que as soluções não são fáceis e que nem sequer há condições políticas para fazer o "mais correto". O António Costa é exímio a ler este contexto político e a safar-se nele. Mas não vou santificar o homem... o problema vai continuar por resolver e pode ser que faça alguma coisa por isso na próxima legislatura. Entretanto podia resfriar um bocadinho este seu lado de jogador de poker.

Abraço,

Paulo Batista

Lúcio Ferro disse...

Muito, muito bom, parabéns pelo seu olhar.

Um Jeito Manso disse...

Paulo, olá

Daqui a nada tenho que me pôr a caminho, para rumar a norte. Por isso, não tenho tempo para poder falar consigo.

Mas digo-lhe apenas: trabalho há muito tempo, tanto que já passei por empresas muito diferentes. E uma coisa lhe digo. Por onde andei, não conheci isso de 'carreiras'. A pessoa pode mudar de funções -- se calhar, se for escolhida, se tiver sorte. E aí pode acontecer que nas novas funções tenha outra categoria profissional ou outro ordenado. Caso contrário, pode ficar a vida inteira, ou quase, na mesma função, na mesma categoria, e apenas ver o ordenado ajustado pelo aumento possível. Quanto muito, se tiver sorte de estar numa empresa em que há avaliação de desempenho, pode ser que receba algum prémio no fim do ano e isto se houver lucros que sejam distribuidos. Mas nem isso é regrar geral.

Onde eu ouço falar em carreiras, em anuidades, diuturnidade, progressões, etc, é na administração pública. Aí é que se admite que há sempre dinheiro. E esquece-se que o dinheiro vem dos impostos que são cobrados a todos, mesmo àqueles que nunca são promovidos.

Por isso, todas essas reivindicações me parecem quase uma estultícia ao desprezarem as condições de tanta gente a ganhar ordenados paupérrimos em pequenas empresas, pequenas lojas, a trabalhar em casa, quase sem direitos, desempregados,... quanto mais regalias.

Um dia, as televisões deveriam fazer uma mesa redonda com pessoas nas mais variadas condições: agricultores, pescadores, artistas, empregados de empresas de vigilância, de limpezas, de call centers, da indústria têxtil, de fábricas, desempregados de longa duração -- e professores do ensino público, juízes, etc.

Só para se perceber onde é que estão as vidas difíceis, só para se ver onde estão as verdadeiras injustiças.

(E agora vou ver se ainda consigo dormir um par de horas)

Abraço, Paulo

Um Jeito Manso disse...

Olá Lúcio,

Gracias pela simpatia. Fiquei contente por revê-lo por aqui.

Um abraço.

Paulo Batista disse...

Eu sei o que refere. Poderia até falar da minha própria experiência pessoal e da minha família.
Mas acho que colocar esta discussão ao nível das comparações vamos para terrenos mais pantanosos... desde logo, um professor também não ganha assim nenhum balurdio obsceno. E depois a discussão do porquê de a função pública se organizar por carreiras daria pano para mangas... e basta pensar em funções flagrantes tipo justiça, polícia e tal. Também podemos colocar a questão ao contrário: porque não nivelar por cima as relações laborais no privado?
Ou podíamos olhar para os impostos... ganham mais? Mas num sistema de irs progressivo também são chamados a pagar mais (e aí, a progressividade do irs extra do tempo da paf até penalizava mais então a função pública...). Sim, há muita coisa a melhorar na função pública e no privado, mas a dicotomia assalariados no público vs no privado não me parece um caminho que beneficia ninguém.
Boa viagem aqui para terras no Norte!
Abraço,

Paulo Batista

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Continuo sintonizadíssimo com a UJM e continuo a dizer que o corporativismo é uma praga que teima em ser erradicada.
Tenho de ir ver o Jd8 do Miguel Sousa Tavares.

Um abraço.

Um Jeito Manso disse...

Paulo, olá

Apesar de estar a dormir em pé (ou melhor, sentada) explico-lhe porque é que no privado não se pode nivelar por cima: porque se os 'privados' o fizessem os seus produtos ou serviços ficariam mais caros e provavelmente deixariam de ser vendidos porque ou cá ou num outro país haveria de aparecer alguma empresa capaz de os fornecer mais baratos. ANo 'privado' impera a lei da oferta e da procura. Só se pode ir até ao ponto em que a empresa mantém a competitividade. Não se pode pedir aos contribuintes que metam lá dinheiro para fazer face aos custos.

E compare-se o que é comparável: ordenado horário entre pessoas com a mesma formação e a mesma antiguidade. Por exemplo se o horário de um professor é de 22h por semana só pode compará-lo com quem trabalha 40h se comparar valores horários e não valores mensais.

E hoje não desenvolvo mais porque tenho que ir descansar.

Uma boa 5ª feira, Paulo.

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

estou ferrada de sono mas só para dizer que o Jornal das 8 da TVI com alinhamento e intervenção do MST é só à 2ª feira (acho eu).

E fico contente pela sintonia!

E hoje não vou responder aos outros comentários senão nem consigo chegar ao quarto.

Abraço, Francisco.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Eu sei que é à só 2.ªf, estava a falar em ver "rebobinado"! Hehehe

Abraço!