Numa operação de zapping, comecei pela 1. E passei pela Fátima Campos Ferreira, naquele seu tom repuxado, quase gongórico, a entrevistar o José Luís Peixoto. Sei que é escritor renomado, um dos mais publicados e, se calhar, até lido.
Quem por aqui me acompanha saberá que, nesta como em muitas outras coisas, não sou flor que se cheire. Não é por mal nem para chatear nem para mostrar que sou diferente mas a verdade é que tendo a não gostar do que é consensual para a maioria das pessoas. Não gosto nem deste fofinho nem do fofinho Valter Hugo Mãe nem do fofinho em versão tentativamente alternativa Gonçalo M. Tavares. Não fazem o meu género nem como escritores nem como pessoas.
Mas, lá está, posso ser eu que vou em contramão na autoestrada. Se calhar estes fofos, simpáticos, que gostam de se fazer passar por simples, quase simplórios (e, se calhar, estão a ser genuínos), são como é suposto os escritores fofos serem e eu é que não atino pois toda a gente, menos eu, sabe que os escritores se querem fofos e que, os homens em geral, se querem também muito fofos. E se há algum Editor aí desse lado que não concorda pois que faça o favor de o dizer.
O que aconteceu é que o meu marido quase saltou da cadeira quando viu aquele dueto: 'Não vais pôr-te a ver estes dois pois não?'. Sosseguei-o, que não, mas que pacientasse durante dois minutos só para eu aferir a minha opinião. Não precisei de dois minutos. Mudei. Aquela pessoa que ganha a vida a ser escritor não faz o meu género. Agora com uma coisa fiquei eu estupefacta: apareceu de olhinhos azuis clarinhos. Ora juraria que é moreno de olho castanho. Ou não? Sempre foi fofinho de olho azul ou, para reforçar a fofura, resolveu aplicar lentes cor de olho de boneca?
Só isso. A quem puder esclarecer, agradeço.
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Aqui neste vídeo não se vê bem mas, no plano que calhei apanhar, eram azulinhos, azulinhos sem tirar nem pôr.
Fátima Campos Ferreira em Primeira Pessoa com José Luís Peixoto
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PS: Mas não sou só niquenta com os nossos fofos escritores-estrela. Tenho muito mais opiniões assim que fazem com que frequentemente me sinta carta fora do baralho. Quando meio mundo gaba a última obra ou a qualidade da escrita ou a honestidade da narrativa de vários outros eu salto fora, assumo-me como freak, digo logo que o mal é certamente meu. Por exemplo: Lídia Jorge. Prémios e mais prémios. E, no entanto, como escritora não tenho paciência para ela, acho-a uma maçadora. Portanto, estão a ver.
3 comentários:
Estou inteiramente consigo na classificação medíocre desses 3 senhoritos que se apresentam como escritores. Bem como na dona Fátima, garganta do império televisivo.
O problema é que sempre houve um défice enorme de sentido crítico nos portugueses e essas "cerzideiras" que têm blogues pagos e municiados de livros pelas editoras manhosas, também ajudam à multidão de leitores acríticos que os frequentam às manadas.
Fazem imensa falta Óscar Lopes, Gaspar Simões, Sacramento..., que procuravam manter um magistério crítico de qualidade e isenção sobre aquilo que se publicava.
"Não é por mal nem para chatear nem para mostrar que sou diferente mas a verdade é que tendo a não gostar do que é consensual para a maioria das pessoas. Não gosto nem deste fofinho nem do fofinho Valter Hugo Mãe nem do fofinho em versão tentativamente alternativa Gonçalo M. Tavares. Não fazem o meu género nem como escritores nem como pessoas. "
Mas este sentir é exatamente o meu! E sobre a entoação de voz e trejeitos da Fátima Campos Ferreira, sinto uma espécie de vergonha alheia. Parece-me ser uma boa senhora, mas nestas entrevistas é muito teatral. Acho que bem diferente daquele outro programa dela, em estúdio, e do qual já não recordo o nome.
Voltei atrás para acrescentar que também não gosto da escrita da Lidia Jorge! Insisti na leitura de alguns livros e que levei até ao fim, mas senti-me amorfa...
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