segunda-feira, maio 04, 2020

Quarentena com a Dona Helena - desta vez um vídeo clandestino sobre a ciência da coisa.
E, a propósito disto do teletrabalho, o Home do Office


Não que hoje esteja capaz de escrever, que não estou. E se algumas dúvidas fervilham dentro de mim. Por exemplo, isto do  corona. Dúvidas. Há coisas que gostava de ver melhor explicadas. Não cá em Portugal: no mundo. Gosto de perceber as coisas numa lógica de princípio, meio e fim. E aqui tudo está frouxo. Não gosto de me encaixar numa realidade que não compreendo. Sei que este corona é dos esquisitos, bicho novo e mal explicado. Se os cientistas andam à nora farei eu. Mas não é isso, é outra coisa. Não percebo o trilho por onde isto está a ser levado. No mundo.

Não percebo. 

Mas, com vossa licença, não estou com disposição para conversatórios (e talvez a palavra conversatório não exista mas não faz mal. É a palavra que melhor se me ajusta ao presente estado de espírito). 

Por isso, limito-me a partilhar mais um vídeo da bem informada Dona Helena que, da quarentena, nos vai brindando com alguns segredos bem cabeludos. Ou seja, úteis. Mais do que cabeludos, úteis. Hoje ela fala de ciência: descodifica a essência do bicho.



E agora o teletrabalho. As dificuldades, o stress, isto de se estar a trabalhar como se se estivesse no escritório mas, de facto, estar em casa, em ambiente familiar. Uma pessoa a tratar de um assunto sério, complicado, e ao mesmo tempo, alguém a fazer-nos sinal sobre um qualquer assunto doméstico. 

No outro dia, um jovem que trabalha comigo apareceu sentado na cama, a acomodar a almofada atrás da cabeça. Fiquei perplexa. Estava a digerir aquilo, a pensar em passar-lhe um raspanete, se eram maneiras de se apresentar no trabalho, mas felizmente contive-me. Entretanto, desfocou o fundo e eu achei melhor não aprofundar. Pensei: sei lá que condições têm as pessoas em casa. Dias depois, o fundo de novo desfocado, apareceu-lhe uma criança ao lado e ele, atrapalhado, a afastá-la. Intrigada, porque sei que não tem filhos, ia perguntar quem era. Mas ele antecipou-se: estava em casa da irmã, o cunhado tinha morrido, ele tinha ido para casa dela para ajudar em casa, com as crianças. Imagino, pois, a dificuldade em acomodar todas as emoções, todas as dificuldades. Fiquei a admirá-lo ainda mais. Como lhe deve ser difícil assegurar o trabalho nestas condições. E fiquei a achar outra coisa: esta coisa do teletrabalho tem algumas coisas boas. Muitas coisas boas. Por exemplo, faz-nos voltar à convivência em volta de nós, da casa, das tarefas mais normais da sobrevivência: cozinhar, arrumar, lavar, estarmos presentes.



3 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Sim, mas também tem coisas más. Tenho observado isso, pessoas que chegavam às sete e saiam da coisa, desligavam mentalmente, e agora se for preciso até ao fim de semana trabalham, porque a memória virtual da máquina que usam (quando tiveram a sorte de ser fornecida pela emnpresa) é lenta e os chefes estão a pressionar pelos tais dos indicadores e porque vais cheio de sorte de não estares em lay off. Também tenho visto pessoas a ter de usar os seus próprios equipamentos e até a ter de gastar dos saldos dos seus telemóveis. Outra e esta passou-se comigo ao vivo e cores: ficar eu voluntariamente sem net durante o dia porque a "banda" tinha de ser reservada para o amigo que trabalhava lá de casa, ou então ia abaixo. Isto já para não dizer que o teletrabalho aumenta ainda mais o individualismo dos trabalhadores o que, como se sabe, é ótimo para defender os direitos de todos.
Bom dia e bom trabalho, UJM.

Anónimo disse...

A palavra conversatória existe.
É o lugar onde se vai pastar a toura.
E é mais antiga que a petaloso, embora menos enternecedora:

https://www.cinquequotidiano.it/2016/02/24/petaloso-cosa-significa-e-da-dove-viene-questa-parola/

Um bom dia com alegria!

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

A realidade do teletrabalho, pros e contras, está muito bem resumida pela UJM e pelo Lúcio Ferro.

Uma boa semana.