De sexta para sábado, enquanto uns dormiam, outros conversavam e riam e bebiam, e outros faziam amor, enquanto eu aqui escrevia, ainda nem 1 da manhã era, uma mulher muito jovem, desterrada, oscilando na vida como uma jovem árvore assolada pela ventania, não querendo separar-se do seu filho de dois anos, certamente debaixo de um desgosto sem tamanho, certamente tomada pelo desespero mais profundo, agarrou no seu bebé e caíu no vazio. Morreu não sem antes querer ainda agarrar o bebé que se tinha soltado durante a queda. O bebé foi transportado para o hospital mas também já morreu. Ainda pouco se sabe mas admite-se que terá sido suicídio.
A jovem tinha-se mudado há poucos dias para Braga na sequência de divórcio litigioso e todo esse processo, nomeadamente o separar-se do filho, estaria a atormentar-lhe a vida, li que estaria com uma depressão.
Os jornais não divulgam o nome da mãe e do menino. De resto, não adianta. Também não sabíamos, quando ainda vivia, o sofrimento em que estava. Na maior parte das vezes, a dor da gente não sai nos jornais.
Notícia de Jornal por Nina Wirtti (Haroldo Barbosa e Luiz Reis)
O lar não mais existe, ninguém volta ao que acabou
Ninguém notou, ninguém morou
Na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal
2 comentários:
Terrível! Estas coisas angustiam-me.
P.Rufino
Sofrimentos, desesperos inimagináveis.
Tenho um profundissimo respeito por estas pessoas, lamentando que quem as acompanha - médicos, etc. - se é que estavam a ser acompanhadas, evite estas situações limite.
Abraço.
Enviar um comentário