O apagão de ontem demonstrou várias coisas.
A primeira é que não temos governo. Apareceu-nos um PM titubeante e impreparado que demonstrou uma enorme falta de liderança e de incapacidade para transmitir informações úteis e pertinentes ficando-se, como aliás é habitual, por generalidades ocas e sem qualquer utilidade face à situação que o País atravessava. Passou sempre ao lado daquilo que era importante e, ainda por cima, na intervenção que fez à noite, parecia que estava num comício, o que foi completamente despropositado. Os ministros que estão à frente dos ministérios que mais envolvimento teriam nesta situação nem apareceram. Claro que ninguém teve coragem para pôr a MAI ou a da Saúde a botar discurso porque seria mais que certo que ou entrava mosca ou saía asneira. A ministra do Ambiente apareceu em "pé de página" porque ninguém acreditaria que era moça para tomar qualquer tipo de decisão numa situação urgente. O Lentão Amaro, para não variar, não disse nada que se aproveitasse e o Castro Almeida, também para não variar, disse o que não devia dizer. Se tivéssemos esta malta no governo em tempos de COVID tinha sido bonito. Este é mesmo um governo sem cu nem pé nem bico.
Em segundo lugar tornou-se claro que as infraestruturas estratégicas deveriam ser acompanhadas pelo governo (e não estão a ser). E, ainda por cima, depois do que se passou ontem, somos levados a concluir que os contratos de venda da REN e da ANA feitos pelo Passos Coelho, ao preço da uva mijona, aparentemente não defendem os interesses de Portugal e dos Portugueses. Se defendessem, haveria instalações de produção de energia de reserva que permitiriam repor o fornecimento de energia num período muito mais curto. Identicamente, o caos instalado no aeroporto de Lisboa não teria acontecido. Assim se constata como o mais querido da direita se preocupou com os interesses dos Portugueses.
Em terceiro lugar, a Proteção Civil esteve mal. Do que soube hoje, terá sido o Governo a privilegiar a comunicação política (ainda por cima, oca e tardia) em detrimento de informação concreta, operacional, técnica, útil. Talvez por isso, a Proteção Civil não transmitiu aos Portugueses a informação que devia ter transmitido e que teria contribuído para acalmar a população e prevenido situações desnecessárias. Parece que só emitiu alertas quando a situação estava resolvida.
Em quarto lugar, os contratos de concessão com as operadoras de comunicações têm que definir garantias de fornecimento do serviço em situações de crise. Não é admissível que, poucas horas depois do apagão, as comunicações colapsem, não permitindo efetuarmos contatos quando é mais necessário. Terá havido outras situações inadmissíveis como no caso do INEM, em alguns casos de dificuldade no fornecimento de combustíveis para os geradores nos hospitais, o caos em que ficou o trânsito em artérias críticas, e a completa desorganização dos transportes públicos.
Com este panorama, ainda há um marmanjo, de seu nome Luís Montenegro, que vem a público dizer que correu tudo bem. É preciso ter lata! Mas, de facto, lata não lhe falta. Não nos esqueçamos do que disse sobre a Spinunviva, sobre o cimento para a sua casota, sobre a gasolineira, sobre o choque fiscal, sobre o plano dos 60 dias para a saúde,.... O que lhe sobra em lata, falta-lhe em ética republicana e em capacidade para ser PM.
3 comentários:
Eu, que não sendo anti progresso, tenho reservas sobre o uso que dele se faz, fui enquanto pude, renitente a deixar de ter telefone fixo, instalado na infraestrutura de cobre. Era garantia de que mesmo faltando a luz, podias ainda comunicar de uma cabine publica ou de casa.
A malta corre logo atrás de qualquer engenhoca nova sem pensar nos prós e nos contras.
Lamento, politiquice.
Em Espanha é a mesma conversa sobre o silêncio do governo. Só que lá o governo é PS e a oposição de direita. Como se dizia antigamente, vira o disco e toca o mesmo.
Infraestruturas estratégicas? Passos? E Pina Moura nada?
Protecção civil? Ao que tenho lido é gamela de partidos. Agora sais tu e entro eu. Quando eu for corrido tu voltas.
Se alguma coisa isto veio mostrar é como em situações destas os políticos mandam zero. Sem dúvida, Montenegro podia ter feito uma declaração paz, amor e esperança, mas a resolução do problema estava com os técnicos.
Gosto de ler este blog, também tiveram um apagão, então quem vendeu a Ren e a Ana foi o Passos? Parece que levaram Portugal à Bancarrota e chamaram a Troika e assinaram um memorando, o melhor é tomar memofante está a precisar
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