E já chegámos a quinta-feira. O tempo voa de uma maneira um bocado desconcertante. Parece que o fim de semana ainda agora acabou e, afinal, o que já estamos é quase no próximo.
Hoje, estive a trocar mails já sobre o ano que vem. Ainda estamos em 2021 e já estou a tratar de coisas relativas a 2022. Uma aceleração do tempo que me incomoda.
A hora da caminhada é variável, função do nosso programa de festas. Vamos sempre juntos (ou seja, eu e o meu marido; sem vacinas o bebé não pode andar na rua). Já fui uma vez andar sozinha mas fui o tempo todo a pensar que deveria ter levado um pau. Receei que alguém tivesse deixado o portão aberto e saltasse de lá um cão e eu sem ter quem me defendesse, ainda por cima eu sempre de perna ao léu, boa para ferrar. Puxa, só de pensar nisso até me encolho toda. Há com cada fera (das de verdade) do lado de dentro dos muros...
A minha ferazinha agora, mal se apanha no jardim, recusa-se a regressar a casa. Tento enganá-lo mas, mal vê que estamos a aproximar-nos do terraço da cozinha, pára e volta para trás a correr. Se vou atrás dele, foge, esgueira-se, anda em volta das árvores, esconde-se debaixo dos arbustos. As figuras que devo fazer a perseguir o animal devem ser um espectáculo. Hoje, numa das vezes, para conseguir que viesse, peguei-o ao colo. Revirou-se, rosnou, tentou morder-me. Tive que me zangar forte e feio. E ele nem aí, continuando a querer saltar para o chão, debaixo de um persistente rosnido.
Hoje o meu marido resolveu que ao fim da tarde seria uma altura para irmos à vacina (não a nossa, a do doggy). No carro já não quer ir aninhadinho ao meu colo, agora quer ir de pé a olhar a rua e, de preferência a inspirar o ar fresco da rua. Tenho que ir o tempo todo com ele assim, com as patas de trás apoiadas nas minhas pernas e as patas da frente apoiadas no meu braço, no ar. Só visto. E vamos no banco de trás. O meu marido vai à frente, por enquanto ainda não vestido de motorista. Como daqui a nada estamos no Natal, acho que um dia destes lhe vou dizer que me apetece algo -- a ver se ganho um bombom.
Quando chegámos à clínica, ele (o doggy) -- que, como antes referi, agora não quer estar ao colo nem por mais uma e que, mal apanha um braço ou perna minha, logo mordisca -- ficou no meu colo, dócil, imóvel, um cachorrinho sossegadinho. Nem parece ele.
A médica veterinária pegou-o, aninhou-o nela, chamou-lhe ursinho, disse que queria levá-lo para casa. Sorria, ela, enlevada, e sentia a macieza deste pêlo macio, mais macio que veludo e seda. 'Um ursinho...', não se cansava de dizer.
Quando lhe deu a vacina, o pobrezinho -- que estava deitado em cima da mesa alta -- ganiu de dor e veio aninhar-se em mim, todo encostadinho, todo a procurar protecção. Quentinho, macio, ultrafofo. Ao contrário da nossa boxer mais linda que era de pêlo curto e o largava por todo o lado, este ursinho peludo não larga pelo.
(Não havia uma anedota de um certo coelhinho que também não largava pêlo...? -- Adiante, mas é)
De volta, já tão tarde, resolvemos que fazíamos melhor era se nos abastecêssemos pelo caminho. Liguei a perguntar pelos pratos do dia. Bons, os dois. Encomendei. Portanto, ainda passámos por lá, a apanhar.
Entretanto, nós cheios de fome, cheios, cheios de fome.
Fui tomar banho e, depois, enquanto o meu marido também tomava, vim até à salinha de televisão ligar o computador e espreitar os mails de serviço. O big bear veio atrás de mim e quis comer-me os pés, depois as pernas e, depois, em desespero de causa, o cabo eléctrico do computador. Zanguei-me a sério, mandei-o embora, 'ai ai, ai ai, menino mais feio, assim a dona não gosta, ai ai, ai ai, vá, saia daqui, a dona assim fica zangada'. Ouvi a voz do meu marido: mas alguém leva essa voz a sério? metes-lhe cá um medo...
Mas a verdade é que parece ter produzido efeito. Desta vez não protestou e foi, saiu da salinha.
Quando o meu marido acabou o banho e fui buscar os pratos para irmos jantar, já depois das dez da noite, cheirou-me a cocó. Acendi a luz da zona central da sala. Um cocó em formato duplo, bem no meio da sala. O que vale é que foi no moleano e não em algum dos tapetes. Always look on the bright side of life.
Portanto, àquela linda hora, cansados e varados de fome, vá de apanhar cocó, lavar o chão. E o curioso é que, apesar de tudo, não me zanguei. Pelo contrário, até pensei: coitadinho, doeu-lhe a barriga e não encontrou nenhuma porta aberta, teve que fazer mesmo aqui. O meu marido pensou o mesmo. Ou seja, estômagos vazios e corações moles.
E, pronto, é isto. Nada mais tenho a reportar.
2 comentários:
E que tal comprar um osso para o cão?
Não um osso do talho, mas um dos que se vendem em casas de rações, supermercados com comida para animais, etc. ..
E por falar em (não ver) televisão, talvez possa recolher no 4º episódio do ”O Elogio da Luz” (RTP2, quartas à noite) umas dicas para ver melhor o ursinho, à noite, no jardim.
https://www.rtp.pt/play/p9267/e572979/o-elogio-da-luz
Santa tarde!
Olá Amofinado,
Sim, vamos comprar. Como andou mal da barriga, a recomendação era a de não dar nada a não ser a comida 'gastro' ou de convalescença. Mas, felizmente, já está regularizado e, portanto, vamos dar-lhe os 'snacks' e os ossinhos de roer. A ver se se entretém com eles e não com os meus pés, as minhas mãos, os meus chinelos, as franjas dos tapetes e etc. De resto, com o que come de relva, troncos, pinhões com casca e tudo, já deve ter o estômago preparado para tudo.
Não conhecia o programa de que falou. Já vi um episódio e, claro, gostei imenso. Sabe do que eu gosto, Amofinado... Acerta sempre.
Muito obrigada.
Um dia feliz!
Enviar um comentário