Sobre o dia de hoje muito haveria a dizer mas, hélas, noblesse oblige, não posso. Portanto, tendo estado fora do circuito e desconhecendo o que por aí vai, para ter tema de escrita fico limitada a contemplar o meu próprio umbigo.
Melhor: não o dito cujo [que, por sinal, é 'muito bem feitinho', o orgulho da minha mãe que se gaba de me ter trazido bem apertadinha durante um mês, até que não ficou vestígio de nada à vista, tudo recolhidinho] mas outro tipo de umbigo. Claro que nunca perguntei à minha mãe se o aperto não me terá causado cólicas porque o que lá vai, lá vai. Tentei que os umbigos dos meus filhos também ficassem perfeitinhos, e ficaram, mas nunca apertei muito, assumindo cá para mim que, se eles viessem a protestar, lhes diria que tinha sido para seu bem. Felizmente, saíram bem e, portanto, não tive que usar aquele argumento sobre o qual, de resto, não estaria muito convicta pois não sei bem o que é isso de ser para o bem de cada um. Na volta, um mês de cólicas vale bem o ter, para o resto da vida, um umbigo perfeitinho. Sei lá.
Tem a ver, isso sim, com as estatísticas do blog. Mais do que quantas visualizações ou a partir de que países me visitam, gosto de ver as coisas que alguns Leitores escreveram nos motores de busca que fez com que viessem direccionadas para cá. Hoje, uma das expressões foi esta: 'fantasias de uma mulher casada'. Fiquei admirada: porque é que a google -- ou seja o que for -- manda para aqui toda a gente que não sabe fantasiar sozinha?
Mas depois percebi que há uns tempos escrevi mesmo uma historinha sobre Dita, a mulher casada com umas explícitas fantasias sexuais. Reli-me e achei-me muito pãozinho sem sal. Nitidamente escrevi aquilo a despachar só para não me arreliar com as coisas da política doméstica.
Sexo com dois ou mais homens é daqueles clássicos que mimetiza um outro clássico: um homem a fantasiar ter duas ou mais mulheres de roda de si.
Contudo, nisto como para tudo nesta vida, para que as coisas produzam o efeito desejado, é preciso ciência. Ciência, imaginação and a touch of je ne sais quoi. Apenas improviso é bom às vezes, por acaso. Mas, se dá para o torto, é para esquecer.
A ménage, seja de duas para um ou de dois para uma é daquelas que, só por si, pode ser uma valente carga de trabalhos ou, ainda pior, um tédio.
Ou vem numa decorrência -- uma coisa que vai evoluindo, que começa por não ser nada para, aos bocadinhos, começar a desenhar-se qualquer coisa, uma coisa envolvente em que não são dois homens a servir uma mulher mas, antes, três pessoas que se desejam e que passam das intenções aos actos, tacteando, ousando, arriscando -- ou não vale um caracol furado, só serve para deixar todos desconfortáveis. Digo eu, claro.
É como aquilo do swing. Ir para um clube para experimentar um elemento de um outro casal é também daquelas que, em meu entender, só funciona com gente pouco exigente. Pode ser que, em idades pouco sofisticadas em que tudo o que vem à rede é peixe, a coisa possa parecer que funciona. Mas é treta. Fancaria. Claro que haverá quem garanta que poderá funcionar e ser um booster na boa disposição dos envolvidos mas, tenho para mim que, se não for bem gerido, pode é virar um belo pesadelo.
A ser, tem que ser na base do afecto entre todos, um afecto tão verdadeiro que resista ao experimentalismo, à desconfiança, às comparações. Também digo eu de que, claro.
Mas estou em crer que, se calhar, as fantasias de uma mulher casada são, na maioria, de uma outra natureza.Mas são coisas de natureza muito inconfessável, daquelas de que mais vale nem falar, que, se calhar, até é bom que não se materializem não vá dar-se o caso de se transformarem numa xaropada sem pingo de graça ou de sofisticação.
É que, também tenho para mim, coisas destas, para terem graça, devem vir envolvidas num mínimo de sofisticação. Deve haver romance, rêverie, bons modos (para além de uma boa pegada), demorada preparação e boa e cuidada execução -- deixando vontade de repetir (para aperfeiçoar).
Poderia aqui dar alguns exemplos mas receio que, por falta de talento (e de liberdade de expressão), ao transformar fantasias gostosas e privadas num conjunto de palavras normais, as calientes fantasias virem uma pornochanchada. E isso é que não, caraças.
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E estou a escrever isto e a pensar que os meus filhos lêem as macacadas que para aqui escrevo. Às tantas, a esta hora, estão preocupados. Daqui vai, para eles, o meu disclaimer: descansem que a mãezinha não é dada a aventuras, a ménages, a swings, a órgias, muito menos a coisas ainda mais ponteagudas ou cabeludas. Zero. A mãezinha o que tem é uma imaginação desbragada na ponta dos dedos. Ofereçam-lhe um título que a mãezinha logo escreve uma redação. E é isto que a mãezinha acabou de escrever: uma redação que saiu assim mas que poderia ter saído assado.
Nada a fazer, já sabem. A mãezinha é um caso perdido.
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PS: Claro que os meus filhos não me tratam por mãezinha. Haveria de ter graça...
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A primeira, a segunda, a terceira e a sexta fotografias são de Mario Testino que os sabe escolher a dedo. A segundo mostra os fotógrafos Mert Alas & Marcus Piggott, ao que parece com Miley Cyrus. A quinta mostra Jeanne Moreau no filme Jules et Jim. E a última, obviamente é de Robert Mapplethorpe
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Um belo sábado
Tudíssimo de bom
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