Tinha encontro marcado e nem pensar faltar: Amadeo de Souza-Cardoso no MNAC. Não faltei. Vim de lá feliz da vida.
Mas, com mil ocupações nocturnas e pouco tempo de sobra, antes de falar do Amadeo, a verdadeira pièce de résistance delineada para esta noite, feita imprudente, ainda me pus para aqui com amuse-bouches, consomés e rendas de espiguilhas e agora já não vou a tempo de reportar sobre o que lá vi e como as obras, o espaço e o deleite que se via no rosto dos admiradores desenhavam um encontro virtuoso. A questão é que o meu companheiro de jornadas faz tempo que se foi deitar avisando-me, bem avisada, que, se quero que ele alinhe no programa de festas que gizei para amanhã, é para me levantar cedo. Cedo. 'Por isso vê lá a que horas te vais deitar'.
E eu aqui, com montes de fotografias, a ter que escolhê-las, reduzir-lhes a definição, e a ver que já passa das duas e meia da manhã... Ai....
Palavras que constam de títulos e/ou de obras de Amadeo |
Por isso, meus Caros, com as minhas desculpas informo que as belas e felizes obras do não menos belo Amadeo terão que ficar para amanhã.
Por agora, deixo-vos com o delicioso casalinho que encontrei por lá, no Museu do Chiado, o tal que inaugurou as hostilidades disto tudo, pondo ela a cabeça dele às voltas. Ele não queria, não queria... mas ela tanto o convenceu que o pauvre, para não ficar muito mal visto, não teve outro remédio senão dar a trinca fatal.
E agora é o que se sabe: apaixonado, apaixonado até ao fim dos tempos. Agora é ela que se faz cara: Se queres, implora. De joelho em terra. Diz, diz que queres, diz que gostas, diz... que eu logo penso no teu caso.
E ele: Desculpa, desculpa o eu ter-me armado em esquisito naquela primeira vez. Isso já passou, já lá vai. Esquece. Agora quero, quero, quero. Agora sou todo teu. Vá la, dá lá um beijinho aqui ao teu Adãozinho....
- Prova... - Não quero. |
- Vá lá... - Não quero, já disse. |
- Uma trinquinha. Que mal faz...? - Ai...! Não quero. Afasta de mim essa maçã! Só se for mesmo só uma trinquinha. Coisa muito ao de leve. - Chato. Dá uma trinca e cala-te. Adão e Eva, 1929, Ernesto Canto da Maya |
E assim fala ele agora para a seduzir. Chame-se ela Valentina, Eva ou Mariazinha e ele Adão, John Fuller ou Casanova. Um poema de amor, sedução, malícia e sentido de humor na voz de Tom O'Bedlam.
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E queiram ser meiguinhos comigo se acharem que passei da conta ao depreciar a qualidade artística desses dois marcos da genialidade contemporânea das nossas artes plásticas que dão pelo nome de Julião Sarmento e Cabrita Reis. Gostos não se discutem, ok...?
Mais abaixo, a coisa compõe-se e aposto que vão gostar de algum dos posts que mais abaixo ainda encontrarão.
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1 comentário:
O diálogo entre os dois seres primeiros está menos mal (falso, está muito engraçado e faz pendant), e o poema Valentine tem tanto gosto, que é um gostar de tudo até do que, possivelmente, Valentine não tem e nem é.
A gente até desculpa a JM se promete que ainda escreve sobre o Amadeo, esse homem do futuro que o mundo só há pouco descobriu; não se entende porquê, que ele é o mesmíssimo de antes.
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