No outro dia um colega meu chamou-me ao gabinete. Pensava que ele era meu amigo mas não: afinal, é completamente inimigo. Avisa-me ele, Não se admire. Afinal são 12 anos. Perguntei-lhe o que era mas estava numa de me fazer sofrer, Já vai ver.
Suspense.
E põe um CD e começam a aparecer fotografias. Logo a primeira era eu e ele a conversarmos. Só não desmaiei logo ali porque sou uma mulher que não vai ao tapete com essa facilidade.
Esbelta, esguia, cabelo curtíssimo. Jesus! (ler em inglês que soa mais dramático). Não parecia ter menos 12 anos: parecia era ter 12 anos!
Não me dei por achada, ah pois não, Ei... olha para você... parecia o seu filho...
Não a avisei?, perguntou ele, pérfido, a fazer de conta que não percebia a alfinetadinha. Sim, avisou-me mas não me preparou psicologicamente, censurei-o. Não é que eu agora esteja uma velha caquética ou que pareça uma baleia. Visto o 40 ou 42 (há um ano vestia o 38 ou o 40, eu sei, seu sei) o que não é nada por aí além mas a questão é que vendo aquelas fotografias - em que parecia vestir o 36 - olho agora para mim como uma anafada. Aliás, acho que então vestia mesmo o 36. Onde isso já vai.
Depois o CD foi avançando e a coisa foi-se tornando dramática. Estávamos a passar um fim de semana na Urgeiriça, naquelas coisas de team building, em outdoor, provas de orientação diurna e nocturna (de tipo andarmos perdidos na serra às quinhentas da noite, a ouvirmos toda a espécie de barulhos suspeitos), atravessar um rio em jangadas feitas por nós, passar numa ponte de corda sobre um rio e coisas do género. Uma aventura. E eu ali no meio daqueles galfarros, toda desportiva, cabelo à rapazinho, jeans justinhos, uma adolescente. Mas lá fui disfarçando o meu desconsolo, Olha o Carlos, como ele estava! Todo cabeludo e agora quase careca! E o meu colega, Já viu? Doze anos, não disse? Mas não me dei por achada, Olhe você aqui, o que você mudou...!, e a rir, divertida. E depois ia dizer, Agora cabem dois do que você era dentro de si. Mas fui caridosa, não apliquei essa estocada.
Mas é.
Os anos passam e a família vai aumentando - e isso traduz-se em muitos aniversários. Como é que uma pessoa pode pesar o que pesava há doze anos quando é obrigada a comer bolos e mais bolos a toda a hora? Em menos de dois meses já lá vão 8 (oito!) festas de anos.
E depois os comes e bebes são de se lhe tirar o chapéu, petiscos dos bons, tudo gente com boa mão para o tempero (belas pizzas de todos os sabores, feitas na hora, quentes e boas, belas saladas, belos rissóis vegetarianos, belos panadinhos, belo arroz de pato, belo arroz doce, etc, etc, etc, etc, etc).
Mas cabe aqui uma palavra para uma das tias de duas das crianças. Já o ano passado aqui fiz a devida vénia e este ano repito. Compensa os neurónios esfalfados com trabalho intelectual (é advogada) com uma artística aptidão para fazer bolos, nos quais de resto usa também bastamente os ditos neurónios já que cada bolo é inteligentemente concebido à medida do aniversariante.
Cada um é um portento e até dá pena comer as obras de arte que ali se expõem. Mas o problema é que tudo o que há ali é para comer. Seja um bombeiro, seja uma médica, marcha tudo. Bons, bons.
Mostro-vos.
Para um menino que vibra com carros de bombeiros |
Outra visão do bolo dos bombeiros já sem o dito em cima, numa altura em que ia começar a ser devorado |
Para um dos avôs (que é médico), o estetoscópio |
Para a bonequinha mais linda, a Doutora Brinquedos e os seus amigos, aqui o dinossauro Valentim |
Com a Lãzinha e tudo (O nome da aniversariante estava escrito em cima dum penso rápido) |
Tudo deliciosamente saboroso. Mangueiras, pensos rápidos, estetoscópios: tudo. Comemos tudo.
Agora, ao escrever isto, lembrei-me de uma vez, andava eu ainda no liceu, ofereceram-me umas amêndoas da Páscoa de licor, umas figurinhas maravilhosas, miniaturazinhas delicadas. Havia de tudo, florzinhas, passarinhos e até um menino Jesus. Tudo tão bonito que as amêndoas mais pareciam pecinhas de porcelana fina, autêntico biscuit. À custa lá fomos comendo mas no Menino Jesus ninguém tocava. Até que um dia a minha mãe deu o alarme: Desapareceu o menino! Nem queria acreditar. Quis logo fazer averiguações, como se descobrir o culpado me trouxesse o menino de volta: Quem é que comeu o menino? A minha mãe dizia, Eu não fui. Terá sido o pai?, questionei. Não, não gosta disto, acha muito doce. Então quem? Quem teria comido o menino? Mal o meu pai chegou a casa, caímos-lhe as duas em cima: Comeste o menino? E o meu pai estarrecido, Comi o menino? Mas que estupidez de conversa é essa? Fui buscar o que restava das amêndoas, Estava aqui e desapareceu. Finalmente percebeu. Vocês são malucas. O menino... Sim, comi uma para provar, sei lá se era o menino. Ficámos esclarecidas.
Bem. Voltando à cold cow. Por causa disto que estou a escrever até me fui agora pesar. Há que tempos que não tinha coragem, já sabia que ia ter um dissabor. Sessenta. Já aumentei dois quilos desde a última vez que me tinha pesado. É o que dá andar a comer bombeiros. Muita farda, muita mangueira.
Adiante.
De resto quem é que disse que a beleza feminina tem que andar associada à magreza? Pois não é verdade que o calendário Pirelli 2015 até vai ter uma modelo XL, Candice Huffine? E se o Steven Meisel tem olho para elas...
[E só estou a falar dos quilos a mais que ganhei nestes doze anos para não entrar noutros detalhes pesarosos. Para que me hei-de fustigar? Até porque me olho ao espelho e não me apetece fugir. Sou auto-complacente, poupo-me. E depois há aquele estudo sobre a happinness que demonstra que isto da felicidade é simples, basta não elevar muito a fasquia das expectativas. Assim sou eu. Não espero muito, não quero demais. Por isso, com qualquer coisinha fico contente. Até com a minha imagem ao espelho.
Mas, de qualquer maneira, até à próxima festa de anos, que é daqui por 15 dias, vou fazer dieta, ah vou, vou.]
Candice Huffine for Swim Sexy 2013
(Ainda não existem as imagens do Pirelli 2015)
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A música lá em cima era 'Big girls (you are beautiful)' pelo Mika.
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Ricardo Salgado, um banqueiro excelentíssimo,
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Tinha outros assuntos para falar: o BES Banco Novo que me parece ser uma coisa virtual, uma coisa na qual quanto mais penso mais baralhada fico, e no Ricardo Salgado do qual soa por aí (assim foi publicado num outro país) que tem uma pequena conta calada nas Ilhas Caimão, e mais umas quantas minudências.
Também vinha com ideia de vos falar em correspondentes e no que eu, quando era adolescente, gostava de esperar pelas cartas que o carteiro trazia.
Mas comecei com isto dos bolos e agora já passa um bom bocado das duas da manhã e já mal consigo manter-me acordada. Cheguei outra vez a casa às quinhentas, depois ainda estive a passar fotografias para o computador... e depois dá nisto, não consigo concretizar o que trago na cabeça.
[Enquanto estou a escrever, estou a ouvir os comentadores futebolísticos (digo que são comentadores futebolísticos, embora um deles me pareça aquele que escreve livros, o Domingos Amaral, aquele que é o filho do Freitas do Amaral) a falarem do aperto em que o Benfica está: o BES novo fechou a torneira e é um ver se te avias de vender jogadores. Isto parece que voltámos aos tempos da escravatura, em que as pessoas são bens transaccionáveis. Uma vergonha. Aliás: uma vergonha, uma nojice tudo isto, não é só o futebol, é tudo, futebol, banqueiros, políticos corruptos e estúpidos, jornalistas papagaios. Vou mas é dormir, credo, para não ter pesadelos]
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Desejo-vos, meus Caros Leitores um belo sábado.
4 comentários:
bom , não pode haver melhor publicidade para pneus, só me ocorre a palavra - ESTABILIDADE
sabe ujm, um corpo assim mais para o forte, só tem que ter uma certa elasticidade, tipo tenistas, muitas são para o fortezinho, e no entanto são boas como o milho-))
Que curioso essa de ter estado em Urgeiriça. É que, sempre que vou até à Beira-Alta, naquele aldeia a cerca de uns 12 klm de Seia, uma das nossas “visitas obrigatórias” é ir, á noite, logo na segunda noite, até ao antigo, de gosto sóbrio, Hotel de Ulgeiriça, que toda a família muito aprecia, tomar uma bebida, a partir das 10 da noite e ali ficarmos num “paleio” saudável, a falar disto e daquilo, por vezes até com os funcionários do bar que já conhecemos. Ulgeiriça fica a cerca de uns 17 min de nossa casa. Durante o dia, preferimos o hotel das termas das Felgueiras, mas há noite optamos pelo de Ulgeiriça.
Quanto a aniversários, sempre fui muito avesso. Se puder fugo deles como Diabo da Cruz, mas é difícil, pois fere-se sensibilidades. Mas, confesso, não tenho grande paciência. Por exemplo, nunca comemoro, há décadas, o meu, quando muito, agora com o neto, temos um simples jantar só nós com filhos e neto e já está. O meu filho mais velho, como vive no estrangeiro, ainda é pior. Nunca comemora. Se não formos nós a telefonar, até se esquecia dele! Já o mais novo, acha alguma graça, sobretudo agora que é pai. Mas, deu mais importância ao dia do pai. E do do aniversário do garoto, claro.
Essa da idade é uma chatice, mas é a vida. Olhando para trás, vá lá, tive sorte de não ter aumentado muito de peso, talvez seja do meu metabolismo. Ou talvez porque nunca como bolos, ou sobremesas, por mais sofisticadas que sejam. Prefiro fruta a fechar a refeição, ás vezes antecidida de um bom queijo. Sempre que somos convidados para um jantar, se são pessoas que não conheço bem, fico numa posição delicada, pois só depenico um “cisco” da sobremesa, para não ofender. E depois como a fruta em casa. Mas, os anos notam-se, de há 12 anos a esta parte. Mais uma rugazitas e mais umas brancas no cabelo. Mas não me aborreço com isso. Penso que já vivi um número de anos razoáveis e se amanhã partir desta, esses já ninguém me os tira. Vejo a vida asssim. O que já vivi de anos e depois até quando gostaria de viver. A minha meta é os 90. Gostava de lá chegar – com saúde, claro. Recentemenete, decidi marcar como “relevantes” as datas de 25, 50 que já passei e depois 75 – que ainda falta! -, numa escala até aos 100. A partir dos 75 (se não houver algum azar e lá chegar), encararei a vida como já tendo vivido pelo menos 2/3 dela e isso reconfortar-me-á.
Sobre essa “gorduchinha sexy”, que até é bonitinha, acho-a atraente e prefiro-a a uma mulher demasiado magra e...sem peito. Não sou nada de gostar de belezas magras, ossudas e sem peito. O peito é fundamental numa mulher. Para mim. Mas, enfim, gostos! Tenho um amigo, porém, cujas namoradas foram todas magras e com pouco peito, assim como a mulher que veio a escolher. Gostos não se discutem, lá diz o ditado.
Bom fim de semana! Amanhã lá iremos a mais uma patuscada gastronómica em casa de amigos, ou seja, mais umas calorias!
P.Rufino
Olá Jeitinho,
Parabens pelos aniversários dos seus pequenitos.
Não lhe digo que engorde mais uns quilitos,embora seja devido a uma boa causa, mas que vá comemorando com saude e alegria, pois a falta destas tambem engorda.
Deixe-me brincar um bocadinho, como diria a minha avó, não seja garganeira. Resista a uma "bela farda", dispa-o primeiro (sempre como menos doce)
A propósito, o Sr.Seu Marido não usava uma bela farda da Marinha?
Um beijinho e um bom domingo.
Agradeço a todos.
Mas esta minha resposta agora vai em especial para a Pôr do Sol:
Já me fartei de rir com este seu comentário. É verdade, o meu maridão foi um belo tenente da Marinha. Ficava um gato que só visto, um gato barbudo. Quer vestidinho de branquinho, quer de azul escuro, boné, luvas, espada, um belo exemplar. Não havia bombeiro que se lhe comparasse, por muito fardamento com que se enfeitasse.
Até me está a dar uma ideia: para o ano, quando o meu marido fizer anos, encomendo um bolo com um marinheiro para lhe poder dar umas belas trincas, e com luvas, boné e espada e tudo.
Quanto aos bombeiros, vou seguir o seu conselho. Antes de lhes ferrar o dente, digo que façam antes strip tease. É que a farda deve ser coisa mesmo para muita caloria.
:)
Beijinhos, Sol Nascente, e haja alegria!
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