Só para dizer que o meu dia não teve nada de nada a ver com a fotografia que escolhi para o ilustrar e que está lá mais abaixo. Só talvez o céu estivesse parecido: pesado, carregado. Tirando isso, zero. Não andei por terras escalavradas, não passei perto de nenhuma árvore derreada e desfolhada. Nem usei vestido, muito menos de verão. Nem estive aluada, zombie nem sou tão magrelinhas. Aliás, apenas escolhi a fotografia porque sim.
Mas bora lá com uma musiquinha.
Gosto de escrever embalada por uma música que esteja in the same mood que eu.
Que entre Norah Jones com o seu Wintertime.
Que entre Norah Jones com o seu Wintertime.
Tive o pessoalzinho cá em casa e se há coisa de que goste é de os ter cá. Fico feliz da vida. Bem podem fazer barulho, jogar à bola, jogar às lutas -- que não me faz diferença. Gosto de os ter cá e gosto de ver como ficam felizes quando estão juntos. Ainda tentei que o meu marido pendurasse luzinhas a piscar no varão do cortinado da copa, onde almoçámos. Não quis, diz que não é maluco para em Novembro já estar a pôr iluminações de natal. Mas, lá está. Estamos todos carregadinhos de ortodoxias. Porque é que luzinhas pequeninas, ledezinhos amarelinhos, hão-de ser de Natal? - podem ser, simplesmente, luzinhas que dão bom ambiente à casa. Mas não quis. Pronto, também não vale a pena a gente ficar contrariada por isso. Mas não quero saber: dei um pai-natal pequenino de chocolate a cada um. A minha filha admirou-se: 'Mas então... afinal...?' ao que esclareci que eu tinha dito que andava a esforçar-me por deixar que o espírito natalício descesse em mim. Não vejo a hora de ter um pai natal a trepar para o tecto com luzinhas na escadinha, aquele pai natal que, quando cá apareceu, deixou o pessoal maluco por nos ver a alinhar em piroseiras e chinesices. .
Quando saíram, fomos dar um passeio à beira-rio. Uma maravilha. Muito tranquilo. Pouca gente. O rio muito bonito, um azul claro platinado, igual ao céu que anoitecia. Aliás, à volta, já tinha mesmo anoitecido e o rio começava a iluminar-se com as luzes do cais e da cidade. Gosto de andar à beira-rio quando o lusco-fusco vai escurecendo, envolto em névoa.
A seguir, ao chegarmos a casa, fiz uma máquina de roupa, uma panela de sopa e cozi ovos para os nossos pequenos-almoços. Não foi preciso fazer nada mais pois sobrou cozido do almoço.
Agora que aqui estou, já estive a ver as fotografias, já escolhi a toilette de amanhã, já arrumei roupa, já pintei as unhas.
E o pior é que, apesar da hora que é, me está a dar uma soneira para a qual não há explicação. Se fosse mais cedo ia ali para o cadeirão de relax e seria tiro e queda mas já são é horas de jantar, não de fazer a sesta.
A verdade é que até me está a custar estar de olhos abertos. Na volta foi por isso que escolhi esta fotografia.
Ah, sim, acho que a guilhotina do Banksy fez das dele aqui com o vestido da sleeping lady. E, como se vê, não dá jeiteira nenhuma pois as ripas de tecido ensarilharam-se nos ramos secos da árvore. Mas nada que lhe tenha tirado o sono. É como eu: nada me tira o sono.
E, para já, é isto. Se calhar vou jantar. Ou, então, vou encostar a cabeça e descansar durante uns minutos.
Mas ainda cá volto. Acho eu -- que isto do tapete é vício da pesada. Uma pessoa fica agarrada a sério.
Ah, outra vez sim, deixem que vos mostre os ramos de uma árvore agora ao anoitecer, iluminado por um candeeiro de rua. Achei bonito.
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