As flores emitem luz. Não a vemos porque é uma luz que não é visível a olho nu. No entanto, quem queira testemunhar a beleza que se oculta aos olhos dos incautos pode sempre procurá-la, ela está lá.
Quando assisto, perplexa, a alguns comentadores na televisão ou leio algumas crónicas jornalísticas, penso que eles se acham seres importantes, conhecedores da 'verdade', seres superiores. Isso é-me insuportável. Não consigo suportar quem se acha superior, quem acha que sabe tudo. Haverá alguém, alguma pessoa, que seja superior a uma árvore, a uma flor, a uma rocha? Um qualquer comentador é superior a uma flor em quê? É tão belo, tão frágil, tão perfeito como uma flor? Emite um brilho secreto que ilumina a sua beleza como acontece com as flores? Ou consegue tocar os céus como uma árvore? Ao fim da tarde alberga os pássaros que vão trinar enquanto a noite não chega? Ou tem a perene dignidade de uma rocha?
Alguém devia, num desses programas de televisão onde os comentadores parece que rebentam do chão para falarem dos conflitos da Síria ou dos desmandos juvenis em hotéis espanhóis, perguntar a um deles: 'olhe lá, desculpe lá, porque é que a gente tem que saber a sua opinião? o que é que ela interessa? ainda se agora as luzes do estúdio se apagassem e vossemecê fosse uma flor que se pusesse a brilhar no escuro,..'
A sério. Gostava mesmo de ver a reacção de um dessess intelectuais do acontecimento presente se alguém lhes disssesse uma maluquice assim, em directo.
A vida ensombra-se, acho eu, se não deixarmos espaço ao imprevisto, à súbita beleza, ao inexplicável, ao invisível, ao mistério, à luz, à cor, ao afecto.
Escrevo isto enquanto ouço, uma vez mais, a Lili Marlene, essa mulher que nunca existiu mas que aparecia todas as noites para fazer companhia aos soldados. Essa inexistência tão real fascina-me. Por ela os soldados voltavam a sentir ternura, por ela tinham vontade de sobreviver, por ela eles queriam de volta a vida livre. Sonhavam que a teriam nos braços, sonhavam que ela se materializaria para os fazer felizes.
Entre as flores que emitem uma luz brilhante que ninguém vê, entre estas minhas palavras que nenhum outro propósito têm que não chegar até vós, acho que só a Lili Marlene aqui ficaria bem.
A vida ensombra-se, acho eu, se não deixarmos espaço ao imprevisto, à súbita beleza, ao inexplicável, ao invisível, ao mistério, à luz, à cor, ao afecto.
Escrevo isto enquanto ouço, uma vez mais, a Lili Marlene, essa mulher que nunca existiu mas que aparecia todas as noites para fazer companhia aos soldados. Essa inexistência tão real fascina-me. Por ela os soldados voltavam a sentir ternura, por ela tinham vontade de sobreviver, por ela eles queriam de volta a vida livre. Sonhavam que a teriam nos braços, sonhavam que ela se materializaria para os fazer felizes.
Entre as flores que emitem uma luz brilhante que ninguém vê, entre estas minhas palavras que nenhum outro propósito têm que não chegar até vós, acho que só a Lili Marlene aqui ficaria bem.
Um dia feliz a cada um que aqui me lê.
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As fotografias de flores são da autoria de Craig Burrows
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(E queiram descer caso queiram conhecer o que o teste deu sobre os traços dominantes da minha personalidade)
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5 comentários:
Pois pode crer que a Lili Marléne não me faz falta , as também é verdade que não sou soldado e na minha guerra não lhe encontro lugar. Mas as suas palavras hoje estão muito inspiradas, são terapia. E as fotos das flores que brilham nocturnas e diurnas...é isso, brilham e fica a gente cativa desse brilho inodoro, inaudível e invisível, mas que existe. Quem sabe os gatos conseguem vê-lo. Ou as abelhas reagindo à frequência lumínica.
Foi um prazer. Escreva sempre.
As rosas emitem energia. isso tenho certeza. abraço
Olá bea,
E depois, quando não estou à espera, chegam palavras suas que me tocam pela simpatia. Agradeço-lhe.
E quando é que me diz se tem ou não um blog...?
Olá energizante Rosa!
Claro que as Rosas emitem energia, luz, alegria. Nós, que volta e meia temos o prazer de ler os seus comentários, aqui estamos para o confirmar.
Um abraço, luminosa Rosa.
...e por que hei-de ter, JM? Só porque gosto de mandar umas bocas? Porque as palavras que escreve - a JM e outra gente - me dão assim uma comichão nos dedos? saiba que, bloguisticamente falando, sou uma desinteressante e até meio desinteressada.
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