Cheguei tarde a casa depois de um duplo festejo: mais dois leõezinhos fizeram anos e, como habitualmente, a família inteira reuniu-se. Comes e bebes, animação, pistoladas de água, jogos de futebol, as crianças -- sete (seis pequenos entre um ano e picos e os oito recém-feitos e outra ligeiramente mais crescida, com doze acabados de fazer) -- trazem uma alegria vibrante e ruidosa. Mas eu, a precisar de férias, com muito trabalho e com tanto calor, depois de um dia assim chego a casa francamente sem energia.
Tentei, antes de almoço, andar ao longo da praia mas cá em cima, no passeio ou nos pontões.
Na praia mesmo não há sítio para se passear, o areal está cheio. E, em dias assim conseguir chegar às praias com menos gente é uma complicação, os acessos congestionados.Mas estava um calor opressivo, pouco andei.
A semana que me espera não me trará qualquer descanso mas, enfim, pelo menos durante os próximos dias, os leões darão tréguas. No inner-inner circle ainda há mais um leão por aniversariar (e, alargando um pouco o círculo, mais haveria) mas, durante agora uns dias, não haverá festanças. É bom festejar e estar em família mas melhor seria se eu já estvesse de férias ou se houvesse menos calor. Tudo junto é de uma pessoas chegar a casa, de noite, com o corpo a pedir descanso.
Estendidos, cada um em seu sofá, o meu marido vê um programa qualquer de televisão enquando eu descanso, indolentemente vendo vídeos que o youtube escolheu para mim.
Sabendo-me uma pro no estacionamento paralelo ao passeio, hoje trouxe-me uma proeza que acho que nem eu. Mas sei lá. Ainda me lembro de quando os miúdos eram pequenos e perguntavam tudo, atazando-me a cabeça, e o meu marido me fazia perder a tramontana. Eu desatinava, desconcentrava-me, ficava ainda mais artolas. Por exemplo, ia na autoestrada e o meu filho dizia ' Parece que o carro vai a fazer ondas' e a minha filha juntava 'também sinto, parece que não vai bem a direito, uma espécie de ziguezague'. O meu marido dizia 'eu já não digo nada para a vossa mãe não dizer que sou eu que a enervo'. Só por ele dizer isso já eu ficava doente, parece que nem conseguia segurar no volante a direito.
Uma vez, eram eles ainda pequenos, o meu marido estava fora do país. Eu tinha que os arranjar sozinha, dar-lhes o pequeno almoço, garantir que as mochilas tinham as coisas do dia, arranjar-lhes o lanchinho extra porque ia buscá-los só lá para as sete da tarde e arranjar-me a mim própria e conseguir estar no colégio antes das 8 e meia da manhã. Irrequietos, especialmente ele, a operação era complexa.
Um desses dias, o carro estava em cima do passeio, entre duas árvores. O estacionamento ali era escasso e durante a noite os passeios enchiam-de de carros. Lá os enfiei para dentro do carro, lá arranquei de marcha atrás. Mas o carro parece que não queria sair, qualquer coisa oferecia resistência. Lembro-me que pensei que se calhar era o rebordo do canteiro da árvore. Eu cheia de pressa e o diabo do carro ali preso. Cheia de pressa, acelerei a toda a força e lá consegui vencer a teimosia do carro. Desci o passeio, concluí a manobra e arranquei. Comecei logo a ouvir um barulho mas não tenho sensibilidade para perceber se o barulho vem do meu carro ou de outro qualquer. Mas o barulho persistia, os miúdos diziam 'mãe, não ouves o barulho?'. Acho que disse 'Se calhar estava alguma lata ao pé da roda, se calhar ficou presa'. E continuei. Quando ando de carro, torno-me indiferente a reacções alheias, não ouço nem vejo.
No outro dia, ia no carro e tocou-me o telemóvel. Era o meu marido 'Ia atrás de ti, dei-te luzes, gesticulei, até apitei -- e tu nada' De facto, nada, não tinha dado por nada.
Pois bem, naquele dia, os meus filhos já preocupados, 'mãe, as pessoas estão a fazer sinal para parares e a apontar para o carro'. Aflita não fossem os miúdos chegarem atrasados mas a perceber que devia ver o que se passava, lá encostei o carro e lá saí. Quando olhei, caíu-e tudo aos pés. Nem queria acreditar. O pára-choques de trás estava apenas preso de um lado, a outra ponta a arrastar pelo chão. Percebi então que, ao entortar o carro para sair de marcha-atrás, uma ponta do pára-choques deve ter ficado preso numa árvore. Quando acelerei, arranquei-o.
Fiquei ali, estarrecida, a olhar para aquele lindo serviço. Então lembrei-me que tinha uma corda no porta-bagagens e pus-me a tentar prender aquilo. Impossível, aquilo era pesado para burro. Isto enquanto os impedia de sair do carro, não fossem ainda serem atropelados ali no meio da estrada. A minha sorte é que de cada vez que arranjo uma encrenca destas me aparece um cavalheiro que me salva. O senhor já conseguiu levantar o pára-choques e segurá-lo com a dita corda. E eu lá consegui levar os miúdos à tangente.
Ainda me lembro quando, passado uns dias, fui buscar o meu marido, os miúdos numa excitação a mostrarem o carro raspado e com o pára-choques preso por uma corda e o meu marido espantado, a rir e a gozar 'É pá, e isto foi estando eu fora só dois ou três dias...!'
Portanto, esta minha aversão a manobras que envolvam estacionamento já vem de trás. Ou tenho um lugar à larga onde cabem dois ou três e, aí, entro de frente e ajusto-me, ou é um lugar em espinha e aí não há problema. Agora se é paralelo ao passeio, entre dois e, no intervalo, só cabe um, então, é para esquecer. Não atino.
Bom, mas isto por causa do carro que, no vídeo abaixo, ao estacionar, subiu para cima do outro. Olha-se e não se percebe.
Bom, mas isto por causa do carro que, no vídeo abaixo, ao estacionar, subiu para cima do outro. Olha-se e não se percebe.
No entanto, eu percebo a pobre condutora: às tantas ia desconcentrada com os miúdos e o marido a gozarem e, em vez de virar para um lado, virou para o contrário e, em vez de ir para a frente, foi para trás. Percebo-a.
Outra. Uma vez tinha um carro novo e fui buscar o meu filho ao remo ali para Belém. Teria menos de 18 porque mal fez 18 tirou a carta e eu, sempre que podia, passava-lhe o carro para as mãos. Íamos ali e o semáforo ficou encarnado. Quando virou verde, engatei a mudança e arranquei. Só que arranquei de marcha-atrás. O carro de trás deve ter apanhado um valente susto porque a buzina até guinchou e eu, com o susto, travei de tal forma que o carro deu um salto e foi-se abaixo. Ainda me lembro do meu filho: 'Uaauuuuu...'
Como não tenho paciência para ouvir instruções sobre carros nem ler manuais, nem tinha reparado que, no lugar onde estava a primeira do outro carro, estava, neste, a marcha-atrás.
Bem. Se me ponho a elencar nabices minhas ao volante nunca mais acabo e ainda vocês ficam a achar, erradamente, que sou um perigo ao volante.
(*) Palpita-me que, no título, trepar para cima é um pleonasmo mas não me está a sair melhor redacção; trepa para um Ferrari? Não sei, soa-me melhor como escrevi, redundante. As minhas desculpas por não me ocorrer uma forma de escrever com maior lisura.
(*) Palpita-me que, no título, trepar para cima é um pleonasmo mas não me está a sair melhor redacção; trepa para um Ferrari? Não sei, soa-me melhor como escrevi, redundante. As minhas desculpas por não me ocorrer uma forma de escrever com maior lisura.
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Bom, mas vejamos, então, o vídeo da desafortunada condutora.
Woman Driver Crashes Into A Rare Ferrari 458 Speciale
The female driver in the Mercedes-Benz 380SL Roadster attempted to parallel park, but failed miserably when she accidentally crashed into the Ferrari 458 Speciale. This happened at Katie's Cars And Coffee in Great Falls, Virginia
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As fotografias, com as cores puxadas ao máximo, foram feitas este domingo na Caparica.
Lá em cima Jasmine Thompson interpreta Fast Car (de Tracy Chapman)
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já po esta segunda-feira.
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1 comentário:
Olá jeitinho,
Tem a minha compreensão e apoio total no que diz respeito ao estacionar. Também eu preciso de espaço. Gostamos de fazer as coisas em grande!!
Beijinhos Ana
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