No post abaixo mostrei a evolução dos fatos de banho masculinos nos últimos 100 anos. Um pedaço de mau caminho faz o favor de vestir e despir vários modelitos para que possamos, com propriedade, apreciar os avanços da moda. E deve ter sido uma mulher a filmar, uma mulher com um certo eye for details, se é que me entendem. E mais não digo porque, caso queiram conferir, é descerem, por favor, até ao post seguinte.
Aqui, agora, rumo a um assunto sério, um assunto académico. Sou moça dada a temas científicos, gosto de ver o resultado de uma investigação a preceito -- e esta parece-me uma delas.
Um estudo publicado no American Anthropologist revela que a maioria da população do mundo não tem por hábito beijar na boca. Confesso que fiquei admirada pois pensava não ser possível o romance e o amor sem uma bela beijoca na boca. Afinal de contas, cerca de 54% da população passa bem sem isso.
O estudo a que me refiro é:
Is the Romantic–Sexual Kiss a Near Human Universal?
Autores:William R. Jankowiak, Shelly L. Volsche,Justin R. Garcia
[University of Nevada and Indiana University]
ABSTRACT
Scholars from a wide range of human social and behavioral sciences have become interested in the romantic–sexual kiss. This research, and its public dissemination, often includes statements about the ubiquity of kissing, particularly romantic–sexual kissing, across cultures. Yet, to date there is no evidence to support or reject this claim. Employing standard cross-cultural methods, this research report is the first attempt to use a large sample set (eHRAF World Cultures, SCCS, and a selective ethnographer survey) to document the presence or absence of the romantic–sexual kiss (n = 168 cultures). We defined romantic–sexual kissing as lip-to-lip contact that may or may not be prolonged. Despite frequent depictions of kissing in a wide range of material culture, we found no evidence that the romantic–sexual kiss is a human universal or even a near universal.
The romantic–sexual kiss was present in a minority of cultures sampled (46%).
Moreover, there is a strong correlation between the frequency of the romantic–sexual kiss and a society's relative social complexity: the more socially complex the culture, the higher frequency of romantic–sexual kissing.
Se para quem cresceu a ver filmes rematados com um belo beijo antes do The End ou a ler inflamados romances amorosos que não dispensavam o beijo apaixonado, as conclusões do estudo parecem estranhas, a verdade é que o estudo demonstra que há quem não inclua o beijo romântico como uma manifestação natural de afecto.
Mas, no mundo ocidental, o beijo é um must. Num estudo realizado junto do site de encontros extraconjugais, o Ashley Madinson, cerca de 115.000 membros do site foram questionados sobre as suas preferências sexuais.
Pois bem: 51% das mulheres preferem os beijos. Seguem-se as massagens sensuais (50%) e os abraços e carícias (49%). Ou seja, no sexo, para as mulheres, doçura e voluptuosidade rimam com beijos e carinhos. Apenas 28% referem os brinquedos sexuais.
Não sei se estão interessados em conhecer as respostas masculinas. Não as digo aqui porque são surpreendentes e sempre quero ver se as adivinham. Os interessados podem vê-las lá mais abaixo.
Por outro lado, outros estudos científicos têm provado que os beijos na boca fazem bem à saúde. A boca alberga cerca de 700 tipos de bactérias. Um beijo de 10 segundos favorece a troca de cerca de 80 milhões de bactérias. Mas isso não é forçosamente mau já que as bactérias preservam-nos de certas doenças. A diversidade de bactérias é, pois, uma coisa boa.
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Burt Lancaster e Deborah Kerr no filme "From Here To Eternity"
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Desvendemos então as preferências sexuais dos homens (segundo o inquérito acima referido).
Surpreendentemente os homens gostam mais de dar do que de receber. Cerca de 63% dos homens prefere fazer sexo oral enquanto 59% prefere que lhe façam. Também é um bocado surpreendente que 53% digam estar abertos a novas experiências. Já frescuras como banho de espuma a meias com o seu/sua companhia é coisa que não os entusiasma muito: apenas uns 31% dizem ser isso coisa importante.
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E, assim sendo, se o beijo na boca não faz o pleno junto dos humanos, então que saia uma poesia que se desvie da boca e que pouse num joelho.
Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.
('Joelho' de Maria Teresa Horta)
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Relembro que a seguir há um garçon vestindo e despindo maillots de banho ao longo de 100 anos
(e sem se fazer velho).
NB: Qualquer coisa é melhor do que falar de cartazes.
(e sem se fazer velho).
NB: Qualquer coisa é melhor do que falar de cartazes.
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Esperando que não estejam para aí a protestar comigo (mas este post não devia ter uma bola vermelha no canto superior esquerdo?), desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira, cheia de alegria, esperança e saúde.
E, se possível, com uns belos beijos pelo meio.
E, se possível, com uns belos beijos pelo meio.
E, se as coisas, a qualquer nível, não estão agora muito famosas, saibam, meus Caros, que melhores dias virão.
Virão mesmo.
Boa sorte a todos.
Boa sorte a todos.
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2 comentários:
Esta do beijo é novidade.
O beijo (e não se pensa em bactérias) é obrigatório e é tão bom!
Verónica Franco, uma “cortegian” italiana do Séc. XVI, uma mulher culta e muito bonita, os seus belos cabelos longos e loiros ficaram na memória, que veio a ser pintada por Tintoretto, cobrava caríssimo por um beijo! Já o “Beijo” de Toulouse-Lautrec, exibido em Paris e 1890, provocou um escândalo à época, visto retratar uma relação lésbica, que era assunto tabu. E a artista Carol Rama, natural de Turim, ficou conhecida pela suas aguarelas eróticas que na altura, entre 1936-46, foram consideradas bastante perturbadoras, visto o sexo oral e anal, pénis, cenas de masturbação femininas com objectos, etc, aparecerem com frequência nas suas obras. A sua primeira exposição a solo, em Turim, em 1945, acabou por não ser autorizada mesmo antes de ser aberta ao público e os trabalhos ali expostos foram confiscados. Só muito mais tarde a sua arte, ousada, veio a ser devidamente reconhecido. E deixo um pequeno conto:
“Naquele jantar, em casa de amigos comuns, debaixo de um agradável telheiro, Raquel ficou sentada do outro lado da longa mesa de madeira, diante Diogo. A noite estava cálida, sensual. O jantar foi animado, com os diversos convivas em alegre e divertida cavaqueira. Tinham-se conhecido há pouco tempo, mas a atracção que já sentiam um pelo outro era evidente. Sabiam-no, mas adiavam uma relação, como que a torná-la mais apetecível e excitante, quando decidissem entregar-se um ao outro. Era um jogo de sedução e tentação, que ambos aceitaram. Sentiam, sobretudo, uma forte atracção física. Como que magnética, incontrolável. Antes do jantar, Diogo tinha-lhe dito que naquela noite tinham de acabar a fazer amor. Raquel segredou-lhe então ao ouvido, atrevida e meiga: terás de me tentar antes, para melhor me convenceres. E dando-lhe um beijo na boca, deixou-o, com um sorriso malicioso. A meio do jantar, Diogo elevou uma das pernas e com o pé abriu devagar os joelhos de Raquel, que não ofereceu resistência, ainda que, no início, revelasse alguma surpresa. Mas acabou por sorrir-lhe, como que a estimulá-lo. Como a mesa era relativamente estreita e Diogo era um homem alto, aquele jogo erótico foi deste modo facilitado. Raquel chegou-se um pouco mais à frente da mesa para permitir uma maior aproximação aos movimentos de Diogo. Com as suas pernas ligeiramente abertas, deixou que Diogo lhe tocasse no sexo. Suspirou discretamente. Olhou-o. Um olhar que revelava desejo, um olhar a provocá-lo. Com uma mão, retirou, cuidadosamente, as suas cuecas e depositou-as no pé de Diogo, que as guardou consigo. E, até ao fim do jantar, aquele roçar do pé de Diogo no sexo de Raquel, sem que ninguém se apercebesse, foi sucedendo a espaços. Já quase ao fim do jantar, Raquel inclinou-se para trás, fechou os olhos por um momento e deixou que Diogo a acariciasse no meio das penas. Quando acabou a refeição os convidados levantaram-se e foram passear pelo jardim da casa, enquanto esperavam que um digestivo lhe fosse servido. Discretamente, os dois afastaram-se. No meio de tanta gente, quem se iria lembrar deles? E, deitados no relvado, por detrás de um arbusto frondoso, entregaram-se um ao outro, indiferentes ao barulho das conversas e risos, que se ouviam mais ao fundo. Passado algum tempo, voltaram para junto dos restantes convidados, sem que ninguém se tivesse apercebido da sua ausência.”
P.Rufino
PS: quanto aos beijos, felizmente que ainda há quem goste. Já no que respeita a preferências, “manda o decoro guardar reserva…”
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