Uma vez resolvi que havia de fazer algum exercício dentro de casa e lembrei-me de uma passadeira, como aquelas de ginásio. Pelo Natal ou pelos anos foi isso que pedi de presente ao meu marido.
Como frequentemente acontece, o que recebi não foi bem o que tinha pedido. Que a passadeira era uma coisa monstruosa e mais não sei o quê e que uma bola grande é que era, que dava para fazer montes de exercícios. Eu nem queria acreditar. Uma bola!? Eu a ver-me a fazer marcha, corrida, subidas... e aparece-me uma bolona?
Mas pronto, numa tentativa de ser bem educada, ainda me esforcei por usar a dita. Mas qual quê?, aquilo parece coisa para brincar. Usualmente para ali está num canto a ver se não estorva demais, e nem me lembro de tal apetrecho. A grande utilização dela acontece quando as crianças cá estão. Mal chegam, aí andam eles com a big bola: arrastam-na casa fora, deitam-se em cima dela, caem, fartam-se de rir. O ex-bebé que tem espírito de estivador, tenta pegar nela em peso, enquanto a prima se parte a rir com as peripécias do Kokokas, como ela lhe chama. No outro dia, sentei-me nela com um dos miúdos ao colo e comecei a saltar para simular que estávamos a andar a cavalo. A bicha deu um pinote mais forte e dei por mim a rebolar em câmara lenta com a criança ao colo. A minha filha assistia à cena perdida de riso e eu caída, estendida no chão com a criança em cima de mim, todos perdidos de riso.
Tal como ontem vos contei, este fim de semana é daqueles de farra, non stop: ora são horas de fazer o almoço, ora já estão todos desertos de fome que mal dá tempo a pôr a mesa, ora já estão na brincadeira e é preciso acorrer a um e a outro e a cozinha para arrumar, ora são horas de ir aqui ou ali, e depois já estão com fome, ou vontade de fazer chichi, ora já está tudo de volta, e já são horas de comer, e saltam e correm e agora à noite já andava o Kokokas com uma floreira enfiada na cabeça, e a prima perdida de riso e ele na palhaçada e todos a rirem que o Kokokas parecia um cozinheiro.
Como dois deles e a respectiva mãe acabam de sair de um período de varicela consecutiva, primeiro a little bonequinha, depois a mãe, finalmente o bebé, para não contagiarem o ex-bebé que ainda não teve, há já umas três semanas que não estava a tropa toda reunida. Por isso, este fim de semana, mais do que uma alegria, tem sido uma euforia.
Claro que ainda nem consegui pegar no Expresso nem vi televisão nem coisa nenhuma. Há bocado, ligou-se a televisão no canal Panda e, a certa altura, o meu marido que queria ver um resumo do jogo, fez zapping (isto, claro, depois de ter andado a fazer caça ao tesouro, isto é, a ver se descobria o comando da televisão) e démos com a Helena Sacadura Cabral, jovem e colorida, e a Margarida Rebelo Pinto, ar envelhecido e mal encarado. Estava esta última a dizer uma das suas palermices quando um coro de protestos retirou logo o Herman do ar. E, tirando isto, mais não sei dizer sobre o que hoje se terá passado no mundo.
A esta hora os mais pequenos já dormem (ufff.....!) e a casa está virada do avesso. Mas nem vale a pena pôr-me agora com arrumações porque daqui a nada já estão a pé a continuar a devastação.
Os dois manos são o fim da picada, uns terroristas de primeira, muito bem dispostos e parece que ainda ficam mais doidos por verem o que a prima se desfaz a rir com as coisas que eles fazem.
O bebé anda, corre tudo, e todos tememos bem que seja o pior de todos. Aqui nesta fotografia até pode parecer que é um intelectual dado que está ao pé de uma estante mas só se vier a sê-lo quando for grande. Agora os livros são um desafio para apenas porque são pesados e, por mais que lhe digamos que não os tire do sítio, o desporto é andar a levá-los de um lado para o outro.
Os primos passam por ele a correr, atiram-no ao chão, caem-lhe em cima e ele ri, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Uma das vezes em que estavam em fila em cima de umas almofadas para darem um salto para o chão, como o bebé não se despachava, os outros empurraram-no e o bebé caíu de borco, assarapantado. A irmã de dedo em riste, qual pequena fräulein, aí saíu em defesa do irmão e com aquela vozinha a que a minha mãe chama voz de formiguinha, zangou-se 'ai! não façam isso ao meu maninho!'. Mas o maninho já não estava nem aí.
De tarde, durante um curto espaço de tempo, puseram-se a ver filmes no computador e escusado será dizer (aliás é visível na fotografia) que parte das pilhas de livros que estão aqui na mesa foram parar ao chão - nada que os incomode.
Há bocado queríamos encontrar os sapatos e foi outra caça ao tesouro para achar um deles.
A chucha do bebé foi outra saga. Desistimos. Só há bocadinho é que apareceu.
Mas, quando são coisas inteiras, a gente, quando as encontra, ainda percebe o que é. Mas quando são peças separadas? Hoje andava um com uma coisa que eu não fazia ideia do que seria. Foi um outro que disse que era a parte de dentro de uma lanterna. Nem sei onde foram eles desencantar a lanterna pois tenho ideia que a que temos está ao pé do quadro da electricidade, onde eles não chegam. Mas como isto há mais. Tampinhas, coisinhas que eu olho e nem sei onde guardar pois não sei se são partes de brinquedos se alguma parte de algum objecto de outro tipo.
Enfim. O que importa é que são uma alegria e que se adoram uns aos outros e que estarmos todos juntos é do melhor que há. O resto não interessa para nada.
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E por aqui me fico porque a alvorada com eles cá em casa é bem cedo.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo domingo!
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