Não vou conseguir escrever nada. Um dia cheio como um ovo, sem tempo para extras. Cheguei ao hotel em cima das 8 da noite, fiz o check in a correr porque a combinação era às 8 à porta para irmos jantar perto do rio, vim a correr deixar a mala no quarto, depois queria pentear-me e tirar um casaco mais quente e não consegui descobrir o interruptor da luz. A sério. Acendi a luz da casa de banho, a do corredor, a do closet, tudo a correr, mas, a do quarto, népias. Um hotel de 5 estrelas fantástico e eu nem tive tempo para descobrir o raio do interruptor (que um arquitecto sem sentido prático fez o favor de esconder). Com a pressa, lá me amanhei a correr, quase às escuras, depois espreitei no espelho da casa de banho e lá fui.
Depois foi o jantar, muito bom, bela comida e bela bebida, animado, um grupo bem disposto, contaram-se histórias, fartei-me de rir, discutimos política, acho que sou a única pessoa de esquerda ou centro esquerda, o resto vai da direita para a direita mais à direita que é possível. Mas, sendo gente civilizada, simpática, inteligente, dá gosto. Felizmente o número de mulheres vai aumentando: hoje éramos 3 mulheres e 9 homens. Não há muito tempo era sempre eu a única mulher. Assim como assim, a coisa agora já está mais equilibrada.
Há bocado regressámos, o hotel deve ser uma maravilha pelo que vejo da entrada e já não é a primeira vez que cá fico, mas nunca vi mais do que o quarto que me destinam, a sala do pequeno almoço e a entrada. Não tenho ideia de das outras vezes ter este problema com o interruptor da luz do quarto, isto deve ter sido alteração recente.
Uma das minhas companheiras disse que também tinha andado no quarto dela às apalpadelas às escuras e que o tinha descoberto numa fiada escura encostada à mesa de cabeceira (que também é escura). Os outros, tamanha a correria, nem se tinham dado ao trabalho de o descobrir.
Aqui estou, portanto, já de luz acesa. Depois quis ligar o PC à corrente mas estou reclinada na cama e não descobri nem uma única tomada. Há uma zona de saleta, com um belo cadeirão reclinável e uma secretária junto à janela e aí há tomadas. Mas aqui junto à cama? Nada. Tudo do mais moderno que existe mas, caraças!, nem uma tomada à vista. Como sou teimosa, e não queria ir sentar-me à secretária, andei por aqui às voltas de rabo para o ar, quase de gatas.
E não é que descobri umas maganas? Uma vez mais, todas camufladas, disfarçadas debaixo das mesas de cabeceira. Tive que me pôr mesmo de gatas para ligar a ficha. Acham isto normal? Eu não acho. Tenho aqui ao lado da cama uma parede totalmente espelhada, estou a escrever e a ver-me em landscape, mobiliário sofisticado, requintado mesmo, umas casas de banho todas modernas (a casa de banho está dividida em duas divisões separadas) mas depois há destas coisas... andar de gatas à procura de uma tomada ou ter que andar a tactear as paredes à procura do interruptor. Enfim.
Tenho a televisão ligada e tirando a sarrafusca que alastra no Brasil pouco mais despertou a minha atenção. Por isso, vou ficar-me por aqui, para ver se durmo um bocado porque amanhã a alvorada é antes de cedo, para começarmos a reunião ao raiar da manhã. Mais um dia completo de reunião, parte da qual falada em inglês, depois, ao fim do dia, mais umas centenas de quilómetros. Mas não me queixo. Tenho trabalho, gosto do que faço, gosto da empresa onde trabalho, gosto de viver dentro da parte da economia que ainda mexe. Tenho sorte e sinto-me agradecida por isso.
A ver é se, ao menos, tenho tempo para tomar o pequeno almoço porque isto é tudo marcado com agendas tão apertadas que nunca consigo aproveitar minimamente os locais fantásticos onde estou, nem as cidades, nem os hotéis. Nada a fazer. Há anos que é assim, não vai mudar.
««»»
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma sexta feira muito feliz!!!!
9 comentários:
Adoooooooooooooooooooooooooooooooooro hotéis.
Boa noite, bom trabalho.
:)
E estou aqui tão perto de si, Margarida. Se estas programações dessem uma folgazita, dizia-lhe para vir aqui ajudar-me a descobrir este hotel por dentro que acredito que deve ser uma maravilha. Mas qual quê...? É sempre uma corrida contra o tempo. Enervante isto. Lá vi um niquinho da cidade enquanto andamos de carro de um lado para o outro mas é quase o mesmo que nada. A zona junto ao rio está linda. Acho que terei que meter férias para rever a cidade com algum tempo.
Beijinhos, Margarida!!!!
PS: E venho sempre com ideia de voltar a comer tripas enfarinhadas mas só me levam para sítios onde não há... que saudades tenho delas.
Wow! E eu bem gostaria de descobrir isso...! Lá está, para uma gauchiste, o parque de campismo da Prelada servia, carago! Mas noooooooo, é um five stars cheio de guéri-guéri..., ai que inveja...
As tripas enfarinhadas já se vendem nos supermercados (pelo menos, por aqui). Podem comer-se assim, mas são melhores fritinhas num azeitinho..., miam, miam...
A cidade está cheia de novidades e algumas óptimas, a questão é que, paralelamente, surgem decadências e falências e o equilíbrio está complexo...
Rain check?
:)
Olá UJM!
Obrigada pelo esforço que terá feito para, depois de tantas reuniões , certamente estafada e com sono, adivinhando uma sexta-feira extenuante,para ainda vir dar dois dedos de conversa com os seus leitores!!!E que conversa mais engraçada!!! Como se pode escrever algo interessante sobre...nada. Faz-me lembrar uma série de êxito na TV , o Seinfeld!!!
Boa Sexta e obrigado mais uma vez!
Cara UJM,
Esteve, ou está no Porto?
Que bela e encantadora cidade (não só por ser "a minha cidade, onde nasci e vivi uns anos)!
Proponho-lhe que um dia com mais calma faça uma das excelentes reportagens dessa serena e belíssima cidade á beira Douro.
A Margarida já em tempos fez algo assim, com bonitas fotografias.
Um abraço tripeiro,
P.Rufino
PS: numa próxima vez, com tempo, aproveite e dê um salto a Guimarães e até ao Gerez de seguida.
Não há dúvida de que os interruptores não distinguem as pessoas de esquerda das outras e deixam às escuras toda a gente.
É por isso que o país está como está!... ;)
Bom fim-de-semana
Abraço
Tive que me rir! Adorei o seu texto!
Ah... e tripas enfarinhadas, bem fritinhas (sem estarem queimadas, claro!) com um bom molho de francesinha é um pitéu!
Não diga que veio ao Porto e foi comer comida gourmet. Isso não se faz!
Um abraço e boa estadia. :)))
Olá UJM,
Mesmo com essas dificuldades todas em localizar as fichas, ter pouco tempo para descansar, reuniões, etc. etc. não deixou de nos dar conta da sua estadia no five stars... e fê-lo com muita graça! Também gosto de ficar bem instalada!
Desejo-lhe uma boa viagem de regresso e bom fim de semana.
Um beijinho!
A Todos,
Estive no Porto, sim. Cheguei há bocado. De vez em quando vou lá mas, tal como desta vez, por incrível que possa parecer, não tenho ocasião para dar uma volta pela cidade nem sequer para dar uma volta dentro do hotel.
Tal como quando venho de outros sítios depois de maratonas destas, chego cansada. São dois dias de quase 24 horas seguidas de trabalho, sendo que, até durante as refeições, não se consegue desligar. Nada que umas horitas descansadas não resolvam.
Durante muitos anos ia, a passeio, muitas vezes por ano. Por vezes o meu marido ia a trabalho e eu até metia dias de férias para andar por lá a passear. Depois o hábito foi passando. O trânsito lá foi-se complicando e eu, a conduzir por lá, não atinava.
Agora há algum tempo que não vou a passeio. Tenho ideia que a última vez foi quando, à saída de Serralves, entrámos no carro e o meu marido arrancou antes de ter apertado o cinto. Nem 1 metro depois, estava a preparar-se para o fazer, apareceu um polícia à nossa frente, a pé, que se pôs à frente e lhe passou uma multa por não ter cinto. Ele disse, 'mas se está aqui, viu que arranquei agora mesmo e que estava a pô-lo'. Mas o sujeito foi implacável. Uma cena estranha, quase parecia para os apanhados.
Quanto às tripas enfarinhadas, pelas minhas bandas, não as há.
Eram fritinhas, sim, que eu as comia no Porto, adorava. Nunca mais as comi. Havia um restaurante numa rua ali entre Sta Catarina e os Aliados, seria Sá da Bandeira?, um restaurante que tinha um piso em baixo e, em cima, era uma espécie de galeria. Gostava de lá ir comer essas tripas. O meu marido comia polvo no forno ou rissóis de polvo, coisa de que também gosto imenso.
Não comi comida gourmet mas não havia tripas. Ontem a comida era óptima. Comi de entradas uns bolinhos de alheira que estavam fabulosos (havia também de bacalhau e de carne, mas esses eram mais normais). Depois comi linguadinhos fritos com açorda de coentros. Estavam óptimos e a açorda uma delícia.
No que diz respeito ao hotel imagino que seja óptimo mas mal o conheço. Uma pena, pois dizem que tem um bar no último piso que é muito bom e que tem isto, aquilo e o outro. Não sei...
Também não sei o preço mas imagino que seja caro mas não fui eu que paguei. Fomos pela empresa, foi a empresa que o pagou. Quando vou à minha conta não pago tanto por um hotel. Quando ficamos em hotéis deste tipo, fazemos reservas em sites de desconto (Rates to Go, por exemplo) e apanhamos hotéis destes por preços acessíveis.
Quanto ao passeio sugerido, acho que será mesmo o próximo. Andamos para ir a Guimarães, disseram-me que está muito bonito e eu gosto muito de Guimarães. Estive no Gerês não há muito tempo, ia na mira dos cavalos selvagens, para os fotografar mas ir ao Gerês nunca é de mais.
Quando for, peço-vos sugestões de sítios a visitar nesse percurso.
Obrigada a todos!!!!
Enviar um comentário