sexta-feira, setembro 09, 2011

Annie Leibovitz, a fotógrafa que retrata a alma daqueles que se entregam à sua visão através da lente

Cate Blanchett, uma das preferidas de Annie Leibovitz pela versatilidade, pela total entrega


Nicole Kidman outra das preferidas: divina, sublime, etérea - quando se entrega à lente ocupa o espaço de forma radiosa


Scarlett Johanssen, a menina normal que vira cinderela


Sarah Jessica Parker e Chris Noth (Carry e Mr. Big): glamour, charme, sedução

Kate Moss, a versátil, a rebelde, a diva


James Gandolfini, ou Tony Soprano, o magnífico macho man

Annie Leibovitz está quase a fazer 62 anos, é americana e é uma das grandes mulheres fotógrafas. Mais conhecida por trabalhar para a Vanity Fair e com estrelas do cinema e da moda, Annie é muito mais que isso, é uma retratista ímpar.

São dela fotografias célebres como a de John Lennon em posição fetal junto a Yoko Ono (John foi assassinado cinco horas depois daquela fotografia ter sido feita) ou a Demi Moore grávida e tantas, tantas outras.

Dizem que estabelece um relacionamento de tal proximidade e de tal empatia que a encenação que prepara para traduzir o ambiente adequado ao modelo flui naturalmente e que as expressões que captura não são estudadas, dizem que os fotografados se entregam à sua câmara. O livro Life Through a Lens, um belíssimo livro, dá-nos conta do que é o método de trabalho desta mulher invulgar.

Apesar de ser uma fotógrafa célebre, disputada, muito bem paga, tem-se visto envolvida em graves problemas financeiros que têm vindo a ser discutidos e reestruturados sempre sob os holofotes dos media. Tem havido dificuldade em perceber como chegou a um tão avultada dívida. Aparentemente sempre foi negligente sobre matérias financeiras, ou enfrentou perdas familiares que, também aparentemente, a abalaram demais (ou a tornaram vulnerável a oportunismos de quem geria as suas contas). Contudo, como é sabido, não é caso inédito nos EUA. Muitos 'famosos' se têm visto envolvidos em graves problemas de solvência na sequência da crise financeira que abalou fortunas assentes em colaterais voláteis.

Mas, se esse é um dos aspectos sobre os quais se tem falado de Annie Leibovitz, é o de somenos importância. A sua arte está para além de tudo isso.

A nível sentimental, esta mulher carismática foi também a companheira amorosa de Susan Sontag, a ensaista, romancista, estudiosa de literatura, e vigorosa activista de várias causas meritórias.

Annie não escondeu a relação entre ambas: publicamente afirmou, sem reservas, que Susan era mais que amizade, mais que companheirismo, que era mesmo amor e disse: 'call us lovers'. Annie acompanhou-a carinhosamente ao longo da sua doença, até ao fim e foi carinhosamente que a foi fotografando.

E é também amor e entrega que vemos sempre no olhar de Susan.

Susan Sontag, Annie Leibovitz lover


Tal como amor e sobretudo orgulho maternal é o que vemos no olhar da mãe de Annie

Marilyn Leibovitz, instrutora de dança moderna, a mãe de Annie

Long live Annie Leibovitz, uma mulher fotógrafa que muito admiro, claro está. Já aqui falei várias vezes dela mas nunca será demais.

8 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Duas mulheres fabulosas - Annie e Susana -, que me lembram muito Yourcenar e Grace!
As fotos são um prodígio e o seu texto faz-lhes justiça!

Um Jeito Manso disse...

Cara Helena,

Muito lhe agradeço a sua visita que me honra.

Tem graça que, quanto a Annie e a Susan, também faço essa associação de ideias. Mulheres fortes, de fibra, inspiradas.

Justamente este verão, em férias no meu recanto (a que eu aqui no blogue chamo 'heaven') e escrevendo tarde, quando havia algum sossego (com parte da prole também lá a férias) escrevi dois textos sobre Yourcenar que, se tiver oportunidade, talvez goste de ler:

http://umjeitomanso.blogspot.com/2011/07/de-olhos-abertos-com-marguerite.html

http://umjeitomanso.blogspot.com/2011/07/de-olhos-abertos-com-marguerite_31.html

E obrigada pelas suas palavras elogiosas.

Volte sempre, Helena, é muito bem vinda.

margarida disse...

Sabem o que acho, minhas senhoras?
Que começam a existir blogues cujas autoras são mulheres, com muito mais interesse, beleza, pujança, sensibilidade, ideais, horizonte e magia, do que os masculinos.
Não faço ideia se isto é "p.c."; é o que sinto.
Como as de pedra e cal, são casas mais acolhedoras, detalhadas, mimosas, perfumadas e coloridas, nas quais nos sentimos especialmente bem e regressamos sempre cheias de alegria.
Linda evocação a uma artista fenomenal, cuja trabalho é sempre, sempre, magnífico.

-pirata-vermelho- disse...

Não sei...

há um belo 'permanente' nas imagens que a Annie Leibowitz fixa; qualquer coisa de comum, misturada com a 'beleza' dos modelos e ligada aos enquadramentos. Qualquer coisa de gasto, usagé...

(que não aparece nos seus 'bonecos', par exemple e passem as diferenças)

Um Jeito Manso disse...

Pirata-Vermelho,

Tem razão, as fotografias da Leibovitz têm qualquer coisa de transcendente e, muitas vezes (nem sempre), há uma patine.

Penso que estava a referir-se às minhas fotografias, as que eu coloco nos outros dois blogues, no Street Photo ou no Ginjal e Lisboa.

Essas fotografias são fotografias de rua, em que apanho o que vejo e, quando são pessoas, de modo 'furtivo', sem que as pessoas se apercebam e isso é uma fracção de segundo. E gosto de apanhar o quotidiano, sem encenação, as pessoas 'normais' na sua vida 'normal'.

Mas também gosto de fotografar paredes gastas, o efeito do tempo nas coisas (e isso aparece muita vezes no Ginjal e Lisboa).

E gosto de fotografar recantos em que observo o desfilar das estações no mesmo local ou recantos que têm 'a minha mão' e em que gosto de estar como é o caso do que se vê na fotografia ue encabeça agora o Um Jeito Manso.

Mas vou ficar a pensar no que disse e vou tentar incorporar essa vertente já que é um aspecto que me fascina.

Obrigada!

Um Jeito Manso disse...

Margarida,

Fico sensibilizada com as suas palavras, tão queridas, tão simpáticas.

(O que é 'p.c.'?)

E fico contente que este sítio seja como uma casa a que apetece voltar.

Sabe que eu, especialmente aqui 'in heaven', gosto de fazer coisas, modificar, ter recantos novos e as pessoas quando aqui vêm já chegam com curiosidade, sempre à espara que haja alguma novidade.

Tomara que essa curiosidade e vontade de voltar aconteça também aqui porque, embora eu escreva porque gosto de escrever e de dar largas á minha imaginação, também gosto de partilhar e de saber que as pessoas que recebo, se sentem bem, descontraídas, bem dispostas.

Muito obrigada, Margarida.

margarida disse...

'p.c.' - "politicamente correcto"
:)

Ah, parabéns pelo new look! Adorei!

Um Jeito Manso disse...

Margarida, obrigada pelo esclarecimento. Tão óbvio (não sou muito perspicaz para siglas, como dá para ver).

Obrigada quanto ao new look. Acho que o verão já era, já me estava a apetecer as belas cores de outono e isto é aqui, um recanto muito 'of my own'.