Perguntam-me o que quero eu para o Natal. Não consigo responder. Não quero nada. Bens materiais não chamam por mim. Penso: colares, brincos, perfumes, blusinhas, echarpes, bolsinhas. Gosto de tudo isso. Mas já tenho que me chegue. Puxo pela cabeça. Não me ocorre nada.
Estando agora por aqui a preguiçar, pus-me a percorrer alguns sites. Aparecem sugestões de natal. Contudo, o que desperta a minha atenção não é o que eles recomendam mas a envolvente.
Mostro. Aqui abaixo, sugere-se a oferta de livros de fotografia mas, para ilustrar, usam a imagem de uma livraria, da Les Arpenteurs. E, ao vê-la, o que me ocorre é que podia ganhar de presente uma casa com uma sala gigante ou com um sótão amplo e todas as paredes cobertas de estantes e tudo organizado e tudo à larga para caberem sempre mais livros em cada prateleira.
E até podia ter uma salamandra a meio. E uma mesa gigante para eu não conseguir enchê-la completamente de livros. E um sofá macio para eu poder reclinar-me a ler, sentindo o sono a chegar devagar.
Agrada-me a ideia. Mas há mais.
Contudo, se estiverem de acordo, vamos com o Smile da Lisa Lovbrand. Condiz com o meu estado de espírito. Nem tanto pela interpretação mas, mais, pelo vídeo que acho bonito.
Mas, então, falava eu de uma biblioteca imensa. Gostava muito. Sonho com uma casa onde caibam todas as estantes que possam acolher, à larga e bem visíveis, todos os meus livros.
E gostava que junto com essa casa -- com uma biblioteca muito ampla -- viessem também diseurs a la carte. Eu punha a água a ferver para fazer chá, punha o pão a torrar para ficar um cheiro bom a pão quente, dispunha queijos, compotas, frutos secos, ginjinha de óbidos, chocolates, e um dia queria alguém que me viesse dizer poesia em francês, outra vez o Cumberbatch a ler-me uma carta de amor em inglês. Em alemão duvido que quisesse. Mas em espanhol sim. E italiano, certamente. Até em grego. E o Pedro Lamares a dizer poesia portuguesa. Como a casa seria grande, convidaria os meus leitores. Todos. Teria camas de balouço suspensas do tecto, almofadas espalhadas pelo chão, cadeiras baixinhas e bancos altos e que cada um se acomodasse a seu gosto.
Mas também vi a sugestão de um espelho. No entanto, o que me seduziu foi o quarto no seu conjunto e a perspectiva de me deitar assim a ler. Gosto de ler deitada de pernas levantadas, assim mesmo como abaixo se vê. Talvez com uma almofada debaixo da cabeça.
Dos espelhos também gosto. Gosto de espelhos. Reflectem a luz. Criam ilusões. Gosto de camas largas, macias, lençóis frescos e bons ao tacto, almofadas boas, cobertas leves, suaves na pele.
A tal casa com uma biblioteca gigante podia ter um quarto assim. Com uma janela grande a dar para um jardim. E nesse jardim devia haver uma árvore grande cheia de pássaros. E três laranjeiras para, quando floridas, inundarem o quarto com o seu perfume fresco. E a janela teria umas cortinas de um tecido muito fino para esvoaçar ao vento, porque a janela estaria sempre aberta.
E vi, num desses sites por onde andei a flanar, este recorte aqui abaixo e pensei que, na casa, poderia haver um recanto onde me sentaria a bordar. E teria uma arca com bocados de tecido e linhas de muitas cores e pedras e lantejoulas para poder inventar bordados de pássaros, de borboletas, de ocasos e nascentes, de mares e montanhas, de figuras inventadas, de paisagens nunca vistas. Ou simplesmente flores cor de rosa com o olhinho cheio de pérolas rosadas.
E depois vi a Olivia Palermo a chegar ao desfile da Schiaparelli e pensei que eu me vestiria assim da cabeça aos pés, incluindo os óculos. Gosto, gosto, gosto. Claro que se tivesse uma toilette assim teria que perder uns três ou quatro quilos mas teria motivação mais do que suficiente para isso.
Mas reparando bem, a blusa é muito subida. Melhor se tivesse decote, talvez decote em bico. Mas as calças, os padrões de tudo, os bordados do casaco. Une petite merveille. E se eu pudesse bordar um tecido de lã e depois alguém pudesse transformá-lo num casaco ou numa capa -- ah o que eu gostaria disso.
E agora pensei que também gostava de outra coisa: de ter onde usar um chapéu assim como este, lindo, lindo. Dior. Dioríssimo.
Claro que não me maquilharia como a modelo que aqui o usa. Nem me pentearia assim. Não. Usaria cabelo solto, maquilhagem leve. E um vestido simples neste tom, de seda macia. Por cima uma capa preta, esvoaçante. Saltos altos.
Não é o chapéu que eu desejo, reparem. O que desejo é ter a oportunidade de usar um chapéu assim. Sempre gostei muito de chapéus. Mas onde usar uma orquídea lilás entrelaçada no cabelo? Não estou a ver.
Claro que se eu tivesse uma casa com uma biblioteca gigante onde pudesse receber todos os meus leitores, os receberia condignamente, certamente com um chapéu maravilhoso como este ou com um casaco bordado por mim, como o da Olivia Palermo.
E só mais uma coisa. Um pormenor. Un petit rien. Lá em casa. no corredor largo que me levaria da biblioteca para o quarto, gostava de ter pinturas que ilustrassem o silêncio. O silêncio da luz. O silêncio do mar. Como esta pintura de Hai Ja Bang, por exemplo.
E é isto.
Acho que não é pedir muito.
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E recomendo vivamente que não desçam ao post abaixo.
Depois não digam que não avisei.
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