(...) Louçã revelou que não queria negociar com o PS, teria de ser o PS a negociar com o BE – isto é, os socialistas teriam de capitular, arrependerem-se, converterem-se à esquerda verdadeira. Jamais Louçã, depois da fulgurante ascensão, iria perder a possibilidade de tentar realizar o que a sua megalomania delirava. Caso os socialistas não lhe depusessem as armas capitalistas aos pés, pagariam o preço de serem derrotados as vezes que fossem precisas. E assim foi, em 2011 Louçã preferiu oferecer a Passos, Relvas e Portas a oportunidade para brincarem à reengenharia social enquanto vendiam mais empresas públicas. E, em 2021, Catarina Martins preferiu meter o País em eleições no meio de uma pandemia alegando que o Orçamento mais à esquerda de sempre não era de esquerda o suficiente – e com essa hipócrita e abstrusa opção garantindo que a extrema-direita vai crescer na Assembleia da República, quiçá ficando com força suficiente para levar a direita a governar. (...)
Preferem o risco e prejuízos da interrupção da legislatura para ir a eleições a aceitarem negociar de forma a viabilizar o que fosse melhor para o conjunto mais alargado dos portugueses.
Donde, esta votação igualmente irá aferir quantos votos recolhe a soberba de um homem para quem a terra queimada e a aliança com a direita decadente é preferível ao bem comum.
Mais um grande texto do grande Valupi in Aspirina B
[Nunca tenho curiosidade em saber quem é ou como é quem escreve. Neste caso, confesso, tenho curiosidade. Quem será? Ou melhor: como será o Valupi? Tenho mesmo curiosidade. É que ele escreve aquilo que eu gostava de escrever (já o contei). E escreve bem, caraças. Gosto mesmo do que ele escreve. Escreve como se estivesse sempre numa de chutar à baliza. Não perde cá tempo com bolas de efeito ou conversa da treta. Vai straight to the point. Gosto.]
7 comentários:
Já lhe ocorreu que Valupi pode ser anagrama feminino de Plúvio?...
:)
É uma narrativa apenas. Não tenho um dom da oratória do valupi. Mas tenho a minha narrativa também. Diferente, claro. 😂
Não percebo é o atestado de incompetência aos eleitores, acusando o Bloco de não compreender que eles são estúpidos o suficiente para que passem a votar na extrema direita como uma espécie de punição da esquerda. Ou, noutra leitura, são tão burros e manipuláveis (os eleitores) que para concretizar a punição desejada pelo BE vão votar na extrema direita como forma de punir o PS. É um exercício um bocado reboscado e delirante, não? :)
Credo, Plúvio...
De facto... Que coisa... Não tinha reparado...
Mas não pode ser. O Valupi é um macho alfa, qual menina... Não venha cá com isso... Que ideia... Nem pensar!
Ai...
Olá Paulo,
Tenho para mim que, populista como o Bloco é, tem entre os seus eleitores um conjunto de pessoas mal informado (e, por vezes, mal formado) que gosta é de ser do contra. Contra os gulosos, contra os corruptos, contra esses que se andam a encher, contra os ricos e poderosos. Gente que tanto vota do Bloco como no Chega.
Não serão todos: haverá também alguns trotskistas saudosistas e deslumbrados consigo próprios.
Mas o Bloco ao fazer o que fez, abre espaço para aquela gente que diz que isto na política é tudo igual e que, assim como assim, bora mas é votar no Ventura ou dar uma oportunidade ao Rio (como ouvi há pouco a sumidade Clara Ferreira Alves dizer).
Os eleitores não são todos burros, claro, mas lá que os há burros, lá isso é capaz de haver...
E hoje não comento o seu post sobre o SNS pois vamos a caminho das 3, levantei-me com as galinhas e daqui a nada tenho que estar a pé... Mas há ali pano para mangas.
E vai para uma mesa de voto, é?´Proteja-se bem, ouviu...? Ou já teve covid?
E, sobretudo, vote bem...
Abraço, Paulo.
Pus sexo no anagrama, não no Valupi.
Sim, Valupi é homem e, estou consigo, redige inacreditável e sadicamente bem; do melhor que anda por aí.
Sucede que quase nunca concordo com ele.
Olá Plúvio...
Ah bem...
Faz-me rir, Mestre Plúvio. Apesar de ser sadicamente implacável, acho-lhe imensa graça.
Por exemplo, as razões da sua opção de voto fizeram-me rir de gosto. Não há explicação... a não ser pelas razões hormonais que divertidamente invoca.
E algumas das suas observações a propósito de algumas das figurinhas da nossa política, apesar de politica e socialmente muito incorrectas, são do melhor que há. Não apenas frequentemente concordo com elas como lhes acho um piadão. É preciso ser-se do mais desbocado que há para, por vezes, escrever tais coisas. Nunca ninguém lhe quis dar uma coça...?
E totalmente de acordo consigo: o Valupi tem uma escrita extraordinária. Acresce que quase sempre concordo com ele...
Uma luminosa e sorridente sexta-feira para si, Mestre Plúvio.
Olá UJM,
Essa percepção (de que o eleitor do BE facilmente vota nos partidos de direita - e já estou a ser benévolo, considerando toda a direita e não só a extremista e populista...) é completamente desajustada daquilo que os dados, mais ou menos fiáveis, dizem.
É uma narrativa sedutora (e a comunicação social adora: basta ver como vendeu a falsa narrativa de que havia uma transferência de voto da CDU para o CHEGA no Alentejo; é falso!).
Algumas sondagens (as da Aximage julgo, para o DN/TSF) costumam estudar a quesão da transferência de voto e não detetam em nada esse padrão. Mas se preferir trabalhos científicos mais sólidos, sugiro que dê uma olhadela nos estudos eleitoriais feitos por reconhecidos cientistas políticos da nossa praça (Marina Costa Lobo, Pedro Magalhães, Carlos Jalali, ...): em nenhum esse femómeno é visivel. Dê uma olhadela por si própria nos dados: https://dados.rcaap.pt/handle/10400.20/2080
Onde existe essa oscilação do eleitorado é (naturalmente) no PS! (e PSD, claro).
De qualquer forma, participo, ocasionalmente, em iniciativas de "auscultação da sociedade civil" realizadas por vários partidos à esquerda. Tive numa, recente, do PS por exemplo (recolha de contributos da sociedade para o programa). Fiquei impressionado: com o facto de terem lá aparecido pessoas que talvez se tenham enganado e pensaram que seria uma iniciativa da IL... (foi lá um senhor empresário dizer que é urgente derrubar as barreiras da legislação laboral à liberdade de dispensar "colaboradores"; argumentava o senhor que dispensar um "colaborador" numa pequen empresa pode ser um fardo tão grande que mata a própria empresa). Este exemplo foi interessante não pela ideia pouco refletida do senhor empresário mas pelo facto de não ter existido uma única palavra pedagógica por parte dos representantes do PS (onde se incluiam senhores deputados, recandidatos) procurando rebater, com cuidado, porque provavelmente não é esse o problema do negócio do senhor. Conto isto por ser paradigmático daquilo que mais critico no PS: há uma falta de consistência programática, sobre as opções políticas que o partido representa. Talvez seja isso um partido do centro: um pouco uma espécie de "catavento" que permite bolir um pouco mais direita ou mais à esquerda, consoante a direção do vento dominante.
PS 1: Ainda assim, compreendo o atrito com uma certa tendência para o discurso populista que possa ser percepcionado à direita. A questão é que o discurso ao centro também o é muitas vezes populista, só que como são usados "termos" e "formulações" e "chavões" mais "entranhados" na cultura da sociedade parecem verdades insofismáveis.
PS 2: Até ao momento não fui infetado (pelo menos, que eu saiba); Estou vacinado (inclusive com dose de reforço, que não recebi por causa de ir para a mesa de voto mas sim por ter sido vacinado inicialmente com a vacina da Janssen, que se veio a verificar muito ineficaz). E vou participar nas mesas (tal como o fiz no ano passado nas presidenciais) essencialmente porque tem havido dificuldade dos partidos para mobilizarem cidadãos para estas funções (por causa da CoVid naturalmente). Quem se quiser inscrever/voluntariar (para futuras eleições): https://www.eueleitor.mai.gov.pt/pt/Pages/Default.aspx
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