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sábado, janeiro 20, 2024

A moda das calças justas

 

Por mais que eu veja à venda ou em uso calças largas, é moda para cujo peditório já dei. Se é que dei. No outro dia, quando resolvi soltar a franga e me atirei aos saldos, provei umas. Não, decididamente não é a minha praia. Eu sou mais de calças justas. O que me vale é que a moda de verdade já não é a ortodoxia de há uns anos, agora a moda, a verdadeira moda é sobretudo estilo, o estilo a que cada um adere ou adopta como seu. Mas não me admirava nada que, a continuar a moda das calças largas, qualquer dia eu fosse a única a andar com calças justas na cidade.

"Tight Pants" with Matthew McConaughey | The Tonight Show Starring Jimmy Fallon


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[E a minha família que não venha dizer-me que não estou a esforçar-me, mas a esforçar-me mesmo, para não me deixar afogar em preocupação e perturbação....]

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quarta-feira, dezembro 14, 2022

Se tamanho não é documento, imagina quando o 'documento' é fake...
[Agora com o vídeo explicativo]
Não sei, pois, se é caso para avisar sobre imagens explícitas ou para colocar bolinha (ou melhor: bolona) vermelha

 


Já o disse: não sou de perder tempo com ilusões nem com mercearia fina que não seja para o meu bico. Acresce que de platónica pouco ou nada tenho. Portanto, posso ver pitéu com ar de fazer crescer água na boca que não passo disso, de um mero olhar apreciador. Não fico esgalgada como se não comesse há anos ou como se fosse uma adolescente retardada que acredita que tudo é possível.

Mesmo quando me deparo com aparições dignas de beatificação, dou desconto. Posso até pensar cá para mim: 'Eh lá...' mas não passo disso. Poderia até pôr-me a fazer medições remotas e contas de cabeça, mas não me dá para isso. Para quê? Quero lá eu saber da galinha do vizinho, quero é saber da minha.

E depois, nestas coisas, já se sabe que não interessa tanto a coisa em si mas o que se faz com ela. 

Por isso, mal o aparatoso órgão saiu de cena, saiu-me também da cabeça. (Refiro-me a uma cena que anda a dar que falar e que não passa do que acima se vê.)

Até que vi a explicação no Jimmy Fallon. Aí, confrontado com a celeuma, Theo James confessa: aquilo não é nada o legítimo pirilau, claro que não! Alguma vez...? Que descansem os cavalheiros que ficaram a sentir-se uns minions ou, à sorrelfa, a espreitar a sua gaitinha ao espelho. Aquilo ali, naquela cena, é fake, fake, fake, uma prótese, um disparate de tamanho.

Theo James Dishes on His Nude Scene in The White Lotus 

| The Tonight Show Starring Jimmy Fallon

Portanto, não há tema. Corações ao alto.

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Agora uma coisa é certa. Theo James é uma obra prima. 

Mas igualmente uma obra prima é a abertura de cada episódio desta série. A música é fantástica, as imagens são fantásticas. 

Como sei que muitas pessoas não têm o HBO não vou alongar-me. Posso apenas recomendar o White Lotus a quem tem. Ou a Mildred Pierce. Por exemplo. 

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Quanto ao mais, o que posso acrescentar é que esta noite, de novo, durante a caminhada, o dog pôs-se em guarda. Dava saltos, punha-se de pata no ar, punha-se quase de pé. O meu marido disse: algum bicho. Mas de noite todos os bichos são pardos. Não vimos nada. Quando estávamos a avançar, algo saltou à nossa frente. Quase saltei também. Outro sapo. Mais pequeno e num lugar muito longe do outro, aliás agora até não muito longe da nossa casa. Ao contrário do outro que andava com ar snob, este saltava. Não sei de onde vieram. Terá a ver com as chuvas. Certo. Mas onde estavam em tempo de seca?

Posso ainda acrescentar que à hora de almoço fui a um chinês comprar um alguidar de plástico. E acabei por trazer uma cortina de estrelas de luz piscante. Já está no varão da sala lá de cima, podendo ver-se do exterior. E eu, vendo as pipilantes estrelinhas, só penso que deveriam lá ficar todo o ano. Gosto mesmo de luzinhas. Fiz um vídeo e enviei para a família.

Também filmei a árvore de natal. A ver se amanhã a fotografo para vos mostrar. É tal e qual o que eu queria. Parece que finalmente o espírito natalício começa a aproximar-se de mim. Um dia destes tenho que me deixar impregnar um pouco mais para ir às compras. Parecendo que não é já para a semana que a coisa começa a atacar.

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E, pronto, fico-me por aqui para a bagunça não ser ainda mais irresponsável: comecei com a pseudo-mega-pila do Theo e, sem dar por isso, fui desaguar no natal, tema que deve ser abordado com alguma elevação, não assim, com este desnível. As minhas desculpas.

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Uma boa quarta-feira

Saúde. Serenidade. Paz.

segunda-feira, outubro 11, 2021

O rabo da Madonna e a atrapalhação de Jimmy Fallon
[Os vídeos aqui estão para que possam formar a vossa própria opinião]

 



Devo dizer que gosto da Madonna. Lembro-me de o dizer ao princípio e de ouvir os entendidos a torcerem o nariz, como se eu estivesse a ceder ao facilitismo dos passos de dança, dos corpos de baile, dos espectáculos de luz. Diziam-me: pode ser muita coisa mas boa música não é. E diziam que cantava pouco, que aquilo era só fogo de vista. Não sei. Mesmo que Madonna fosse sobretudo uma performer, eu gostava das performances dela. Gosto do descaramento e da energia. Sempre houve nela vontade de virar a mesa, de partir a louça, de provocar.

Discos propriamente ditos sou capaz de ter só dois. Mas gostava dos espectáculos. Um fogo e uma irreverência que valem por muitos acordes afinados.

Mas das canções, tirando umas quatro ou cinco (assim de repente, acho que não me lembro de muitas mais), penso que são boas se a gente estiver a vê-la a dançar naqueles seus espectáculos mirabolantes.

E achava-a uma mulher interessante. Ainda é interessante mas modificou-se de uma maneira que é difícil prestar atenção ao que diz ou faz sem que a gente, mesmo sem querer, tente perceber se há algum ângulo em que a coisa pareça razoável. Confesso que acho que as plásticas não lhe têm feito bem à cara. Isto das plásticas é sempre uma questão. 

À medida que o tempo passa é impossível que não apareçam algumas rugas. Podem eliminar-se -- mas isso à custa de quê? De enchimentos que deixam as pessoas quase sem feições? Ou alguma flacidez. Combate-se a flacidez enchendo as maçãs do rosto? Se calhar sim. Mas não fica mais feio do que se tivesse rugas? Não fica um rosto insuflado, artificial?

Eu acho que sim mas, lá está, isto do gosto é muito discutível. Com todo o dinheiro que tem, ela pode pôr-se como quer e, no entanto, parece que é assim que se gosta de se ver.

E há ainda o cabelo. Longe vão os tempos em que o tingia por igual, ou toda de louro platinado, toda Marilyn, ou toda morena.  Agora não: o cabelo está comprido, amarelo, grandes raízes pretas. 

Bem sei que está na moda aparecer com as raízes por pintar. Mas só posso dizer que acho horrível, parece desmazelo. 

Comparando com a forma como se arranjava antes (por exemplo, aquando das fotos que se podem ver neste post que podem ter alguns apontamentos mais polémicos mas em que se via uma certa harmonia e cuidado estético), agora olho-a e nem sei o que me parece. Ou melhor, saber eu sei, não quero é dizer.

E depois está muito roliça. Claro que isso não tem nada de mais. As mulheres, em especial depois da menopausa, aumentam de volume. Parece que tudo aumenta: a largura das costas, o perímetro abdominal, o tamanho dos seios. Mesmo que se faça dieta e se fique bem, esse 'bem' já não é o 'bem' que era antes. Acho que, depois, a coisa regride. Lá para os setentas e muitos ou oitentas, a julgar pelo que vejo acontecer à minha mãe, volta-se a ficar com a dimensão (3d's falando) dos verdes anos.

Portanto, com sessenta e três anos, a Madonna está como estão muitas mulheres da idade dela: a transbordar dos soutiens, a transbordar dos vestidos. 

Só que eu, se me sinto a tender para a opulência, em especial em algumas partes do meu corpo, procuro alguma coisa que me vista com alguma discrição e um mínimo de elegância, tentando que nenhuma parte do meu corpo dispute a atenção às restantes partes. A Madonna não: sai-lhe tudo por fora e tudo ela exibe na maior insolência. Dir-se-ia que uma mulher quando chega àquela idade deveria adaptar o seu outfit às circunstâncias do seu corpo. Mas ela não, ela faz o contrário. Toda ela ao léu. E marimbando-se para a idade. Deitada em cima da secretária do pobre do Jimmy Fallon, depois a mostrar o rabo. Ou seduzindo-o à descarada, Madonna é aos 63 o que sempre foi: Madonna.

Já passou aquele patamar do decoro e das boas maneiras que se respeita até certa idade ou dentro de certos contextos, e, portanto, tal como tem os namorados que lhe apetecem, tal como tem as casas ou os cavalos que lhe apetecem, tal como tem as roupas e os cabelos lhe apetecem, assim pratica os actos ou tem as conversas que lhe apetecem, no tom mais provocador ou tentador que lhe apetece.


Nestas coisas há sempre aquela linha que não sei se é vermelha se é o quê: a que separa a saudável irreverência do mau gosto. É aquela linha em que quem sabe e gosta de provocar e por isso era admirado se torna, simplesmente, patético, uma caricatura do que foi, digno de comiseração. Tenho alguma esperança que a Madonna ainda não tenha saltado essa fronteira e que as pessoas, em geral, ainda olhem para ela como a mulher de fogo que quebra tabus e a que, nem a idade, coloca freios.

E depois, pensando bem, se é o que lhe apetece fazer, porque haveria de não o fazer? Só temos uma vida. Para quê desperdiçar um dia que seja a tentarmos ser quem não somos?


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Mas aqui estão os vídeos (recentes, quase a escaldar): de antologia

Madonna on Madame X and Getting Into Good Trouble  | 
 | The Tonight Show Starring Jimmy Fallon





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Desejo-vos uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.

domingo, outubro 11, 2020

Please, please, please... têm mesmo que ver. Mesmo, mesmo, mesmo...

 

Em dia de record numérico de covid em Portugal, sabendo que pode estar para vir uma situação muito complicada (e se eu não sou assustadiça...) e depois de, ao fim da tarde, ter recebido uma notícia que teve tanto de surpresa como de injustiça e tristeza, refugio-me no YouTube tentando animar-me.

E eis que, primária confessa, dou por mim a rir de estupefacção e divertimento. Vê-se e ouve-se e mal se acredita. A coisa está a atingir proporções impensáveis. O narcisista-mor não está apenas demente, está também encharcado em esteróides e, portanto, está a bombar à força toda, delirando, alarveirando. Ia acrescentar 'enterrando-se' mas a realidade prova-nos que a estupidez é infinita e que há sempre um estúpido mais estúpido do que outro estúpido. Portanto, não sei se, perante, situações hilariantes que quase nos levam a ter pena do desgraçado por não haver uma mão amiga que o impeça de se expor em todo o seu ridículo, não haverá broncos ainda mais broncos que aplaudam e o queiram seguir.

O mundo está um lugar cada vez mais perigoso. A democracia já não é exactamente aquele espaço de liberdade em que podemos confiar mas, sim, como se vem a constatar, também um espaço de permissividade onde têm lugar doidos varridos armados em bons, vígaros profissionais, criminosos da pior espécie, perigosos populistas narcísicos.

Mas vejam, por favor, este vídeo. Um momento para rirmos de gosto. E, a seguir, ficarmos a curtir a mais legítima perplexidade sobre tudo isto.


domingo, agosto 11, 2019

A dormir; felizmente muito bem acompanhada


Por vezes penso que hoje vai ser o dia. E hoje esteve quase a sê-lo. Quem me lê, lê que eu estou sempre com sono. E é natural que esteja porque apenas escrevo à noite e as minhas noites são sempre tardias. Como hoje.

Levantei-me cedo e foi todo o dia, primeiro in heaven com parte da família e, já se sabe, com companhia e, ainda por cima, companhia bem animada, não dá para uma retemperadora sesta. Depois de virmos de lá, fomos para casa de outra parte da família, e houve festa de leões e leõezinhos. E a família vai crescendo, em especial porque os mais pequenos estão cada vez maiores e não apenas comem que nem gente grande, como ocupam mais espaço e falam pelos cotovelos. Os três que eram bebés o ano passado já ocupam agora lugar à mesa, já falam, já têm vontade própria, põem e dispõem e brincam uns com os outros. Os outros cinco estão grandes, fortes, brincalhões. E, por último, o mais crescido está um homem. Já mal couberam na mesa dos 'pequenos', essa é que é essa. E não estava hoje a menina que também já adolescente está e que é também é leoa de mão cheia. E comeu-se e bebeu-se bem e cantou-se e brincou-se e viémos de lá tarde e eu, ao cair aqui no sofá, pensei: 'Não dá, é hoje, vou dormir'. Até parece que sentia um formigueiro na pele das pernas. Estive para aqui meio a dormir, meio acordada, a ganhar coragem para abrir o computador ou, então, resignar-me a ir dormir.

Optei pela segunda, vou dormir.

Lamento se vinham à espera do lençol do costume ou de algumas palavras que acrescentassem alguma coisa à qualidade de vida do mundo em geral ou de cada um em particular. Não senhor, isto aqui não é espaço no qual se possam esperar aforismos, axiomas ou tiradas poético/filosóficas, choradinhos puxadinhos como o trinado de um belo fado ou revoltas adubadas pelo conhecimento das tragédias gregas. Aqui, nada disso. Nem se engana ninguém. Aliás, devia escrever lá em cima um disclaimer sem o qual não há coisa que possa ser considerada credível. O meu seria: não me levo a sério e espero que vocês ainda menos. É que acho que nisto, como em tudo na vida, deve haver franqueza, não tentando vender gato por lebre. Quem aqui vem deve saber ao que vem: de tudo um pouco e pouco de tudo. Ou seja, pouco mais que nada de quase tudo. Portanto, se isto já não passa disto quando estou quase acordada imagine-se quando estou pouco mais que a dormir. Uma lástima. Ou seja, para nada dizer mais vale que nada diga.

So, let's go.

But, before, para que não fique a total sensação de foi para isto que aqui vim...?, deixem que tente compensar, partilhndo convosco um vídeo que mostra o acrobático encontro de dois belos exemplares, um em toda a linha e outro no ramo da apresentação, dança e entretenimento.

Brad e Jim /  Pitt e Fallon. Dois breakdancers da ponta da unha.


 Vocês podem ficar com o Jimmy. O Brad fica para mim, ok?

E um belo dia de domingo a todos.

sábado, abril 27, 2019

Que mundo é o de Sophia?
[Sophia, a robot humana]





Já não gotejo. Em contrapartida, estou como se estivesse sedada. Um comprimido por dia, ainda por cima de ínfima dimensão, e fico assim, neste estado. E esta noite vou tomar a terceira dose a ver se deixo de estar congestionada como ainda estou. Quero voltar ao normal. Nem tenho dormido com o vidro da janela completamente aberto pois receio que o frescor da noite, que me sabe tão bem, me faça pior. Tenho ideia que é à terceira que isto se cura. Não tive febre pelo que deve mesmo ser coisa de nada, só resfriado, influenza benigna, coisinha de gente retardada que se constipa quando os outros já curaram meia dúzia. O pior é que me diminui a energia a um ponto que não se imagina. Ainda eu estava apenas a sentir-me doente, sem ter tomado nada, e já estava inerte. Imagine-se agora, com um comprimido letal por dia. Para que se perceba: cheguei a casa e nem me despi. Vá lá, descalcei-me. Mas vim para o sofá com a roupa do dia. Quando dei por mim, estava o meu marido a perguntar-me o que jantávamos. E eu a querer acordar para lhe responder e só a adormecer. Quando o ouvi dizer que podíamos comer atum lá arrebitei: fiz um esforço e, ao fim de um bocado, consegui abrir os olhos. Arrastei-me até ao quarto, troquei de roupa e lá consegui chegar à cozinha. Liguei o forno no máximo. Descongelei salmão. Num tabuleiro coloquei pera aos quartos, depois os lombos de salmão em cima, temperei-os com sal, orégãos e azeite e levei ao forno. Nessa altura, baixei a temperatura. 

Regressei à sala e adormeci de novo. 


Acordei com ele a chamar-me. Felizmente o salmão não ficou esturricado. Mas também não se queimaria pois deixei a temperatura nos 150º. Quanto muito, secaria. Mas não secou. 

Lá fui. A mesa estava posta. Havia também arroz e salada. Comi um poucode salmão com salada. Também consegui lavar os pratos. Mas, mal cheguei de novo ao sofá, voltei a adormecer.  Já passava das dez, acordei de novo: era ele a perguntar-me se já tinha falado com os filhos. Liguei ao meu filho e, logo a seguir, tocou o telefone e era a minha filha. Não sei se voltei a adormecer mas sei que acordada não estou.

E agora aqui estou. 


Porque será? Porque estou aqui? É esta coisa de os meus dedos quererem dançar no teclado,  dançar mesmo que seja sozinhos, escreverem palavras que nem eu sei o que vão ser. Pois que seja, não me importo. É como se fosse outra, alguém que não sei quem é e que escreve sem me pedir autorização. Só sei o que escreve quando vejo escrito.

E isto faz-me pensar. Deve ser o primeiro pensamento que tenho hoje: e se eu não fosse eu mas 'alguém' que tivesse sido clonado e que se fizesse passar por mim? 'Alguém' não: uma coisa.

Pensamento meio delirante.

E se, num salto quântico, o tornar completamente delirante, vou parar lá onde todos os caminhos vão convergir.


Ao mesmo tempo que temo o uso perverso e desregulado da inteligência artificial, atrai-me muito. Pode ser uma ajuda potentíssima. E pode ter utilizações múltiplas e cada uma mais insólita que a outra.

Estive a ver a Sophia a conduzir uma sessão de meditação.

Cada vez vão humanizando mais o objecto. Sorri, tem rugas de expressão, semicerra os olhos, abre-os, diz piadas. Não tardará o dia em que conversará connosco de uma forma tão inteligente e sensível que preferiremos a sua companhia à dos humanos. Virá o dia em que as pessoas se apaixonarão pelos seus robots. O Her deixará de ser ficção. A inteligência das coisas será cada vez menos artificial. 


E chegará o dia em que poderei accionar uma opção no computador ou numa pequena coluna em que eu digo aqui uma coisa e, do outro lado, um robot escreverá outra ou eu direi, com esta minha voz, alguma coisa e, do lado de lá, daí, chegar-me-á alguém que lerá os vossos pensamentos e mos dirá com uma voz estranhamente humana. E quando eu disser maluquices ouvirei alguém a rir ou a querer corrigir-me. A emocionar-me. Chegará o dia. E não faltará muito.

O mundo está a caminhar rapidamente e quando percebermos que estamos a ser ultrapassados... só espero que não seja tarde demais.


Mas, enfim, não é dia para conversas dessas. Precisaria de ter grande parte dos neurónios activos e o que se passa é que nem um, único, deve estar em condições.

Vou, pois, introspeccionar-me de olhos fechados, a pensar na lua a banhar o rio, esteja ela como estiver, loura, esbelta, gélida, esquálida, promissora, fugidia. Tanto faz. O rio é tolerante, sempre uma boa cama.


Mas, antes, vou partilhar convosco um vídeo em que se vê como Sophia tem aprendido umas coisas. Jimmy Fallon até fica desconcertado.  Até já canta, ela, a coisa.


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sábado, julho 21, 2018

Sobre Luana Piovani nada.
Sobre Trump e Putin tudo
(Com Jimmy Fallon a ilustrar)


Já cá estou. O dia já virou, já é sábado. Sentei-me no sofá e caí a dormir. Foram dois dias a transbordar. Muito. E, por vim, no regresso, ainda o trânsito. 

Mas antes de cair, passada de canseira, desfiz a valise, falei com a família. Depois caí, mudei de hemisfério mental, caí num buraco negro.

Agora, despertei um pouco, ao de leve, coisa ligeira.

Vontade de férias e elas tão longe. Vontade de não ter com que me ralar e a agenda cheia de coisas. 

A vida está flauteada para uns e outros mas para mim é sempre esse forró que vai de cabo a raso. Mas é o que é. De resto, sei que de barriga cheia quer a gente lá saber de razões. Nem eu quero.

Portanto.

Adiante.

Penso que não aconteceu nada de especial por cá excepto todas as coisas boas de que a comunicação social nunca dá notícia. Por isso, nada.

Só que Luana Piovani vem morar para Portugal. E eu, que não sabia quem era e porque era isso notícia, fui ver.


E, agora que sei, continuo sem ter nada a dizer. Só que seja bem vinda e que goste de estar cá. Não faz tanto calor por cá como por lá, mas whatever. E que os meninos gostem e que o marido surfe todas as ondas com bué de boas vibes.


E quem diz ela, diz todas as outras pessoas de bem que venham para cá ajudar a combater a quebra de população activa e contribuinte.

Tirando isso, só a petite histoire do momento: parece que, de entre os que receberam dinheiro para reabilitações de casas, houve aproveitadores. Não admira: sempre há. O mundo não é perfeito. E pode ser que, desta vez ou por uma vez, os que pisaram a bola, sejam punidos. Mas que sejam punidos, pu-ni-dos, e não que se vão juntar a todos os outros que ficam a aguardar a decisão da justiça durante anos e anos e anos, vendo a vida a desandar sem que a decisão aconteça.

Tirando isso, no mundo, o que me chama a atenção é o festival de anormalidades que cresce desordenamente em volta ou de dentro de Trump. Tudo aquilo é do domínio do inacreditável 

Campo fértil para a paródia. Por exemplo:


quarta-feira, novembro 01, 2017

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho -- a violência doméstica, o alcoolismo.
Kevin Spacey -- a homossexualidade, os excessos de uma noite regada a álcool.
[Dramas privados de quem vive exposto ao público]


Não sou dada a moralismos e, muito menos, gosto de pisar quem está na mó de baixo. Custa-me saber de sofrimentos vividos em carne viva, à vista de todos. Por isso, custa-me saber da intransigência e maldade de quem se apressa a puxar o tapete que resta a quem já escorregou.

Da mesma forma, por oposição, faz-me alguma impressão o deslumbramento cego que, algumas pessoas demonstram nos momentos de sucesso, como se não se apercebessem de que tudo é efémero, de que tudo é relativo e que a exposição excessiva esvazia a alma. Pensam que compram a estima eterna quando, afinal, estão a empenhar a sua liberdade individual junto de um público que, na realidade, em momentos de fraqueza dos seus ídolos, não conhece a tolerância, a piedade, ou, sequer, a empatia.

Bárbara Guimarães foi, em tempos, uma jovem bonita e talentosa, que transmitia uma imagem de alguma ingenuidade embora, desde logo, fosse notória a sua sensualidade. Foi progredindo na carreira de figura mediática e a sua imagem de mulher carnal com um corpo sinuoso foi encurtando a sua carreira profissional.


No auge da fama, institucionalizou a sua beleza glamorosa, casando com um ministro. Mas...  afinal... o casamento não foi bem um casamento porque... afinal... já era casada, e afinal o casamento que não era casamento também não foi bem uma cerimónia privada porque... afinal... tudo foi fotografado para uma revista (coisa que hoje é banal mas que, à data. foi relativa novidade). 

E assim foi avançando a sua vida. Com uma imagem cada vez mais sensual, por vezes já brejeira, foi também muleta para a campanha eleitoral do marido, um filósofo com um temperamento também sinuoso.

As emoções expostas ao público, a necessidade de aparecer sempre bonita e sorridente, o marido ciumento e numa fase mais complexa da sua vida profissional e política, as tensões crescentes mas sempre tudo disfarçado, o casal perfeito e sorridente. As revistas sempre por perto. As poses, os sorrisos, os olhos nos olhos, só amor.

Até que um dia a casa veio abaixo e, de novo, tudo às escâncaras: afinal já não havia amor, apenas violência, álcool. E vieram as difamações espalhadas pelas revistas, as vinganças, os insultos graves. As crianças metidas no meio da crise. Tudo exposto ao público, num perigoso crescendo.

Soubemos agora de mais um triste incidente: Bárbara alcoolizada a sair de um hotel de madrugada, o seu carro a bater em dez carros estacionados e ela, confrontada com os factos, a assumir publicamente os seus problemas e a necessidade de tratamento. 


Depois Manuel Maria Carrilho a pedir a guarda da filha, invocando riscos e a referir um recente acidente que a menina terá sofrido supostamente numa briga mal explicada com a mãe e do qual terá resultado uma sutura com mais de 30 pontos. 


Agora saíu a sentença de um dos processos dele: condenado por violência doméstica, 4 anos de pena suspensa. Diz que vai recorrer. Um ministro, professor, antes com algum prestígio e agora isto. Saíu do julgamento a espezinhar ainda mais a ex-mulher, como se os problemas que atravessa no presente fossem desculpa para as suas agressões no passado. E, claro, tudo isto perante as câmaras de televisão, os flashes das revistas, os sempre presentes e cúmplices microfones. 


E, quase em tempo real, nas revistas, jornais online e televisões, vamos sabendo do que se passa na vida privada destas pessoas -- e é com tristeza que penso na situação dramática que estes dois estão a viver, eles que antes viviam uma vida de glamour e que agora parecem quase uns corpos exangues, consumidos pelo mediatismo.

Foi também esta semana que o actor Anthony Rapp contou que, quando tinha 14 anos,  foi assediado sexualmente por Kevin Spacey, então com 26. 


Confrontado com a notícia Kevin pediu desculpa e , de caminho, ganhou coragem e assumiu que é homossexual. 

E meio mundo caíu-lhe em cima pois o que estava em causa, dizem, era um episódio de pedofilia. Ser homossexual não é desculpa para se atirar a um jovem adolescente. 

E as consequências não se fizeram esperar. Kevin Spacey não mais continuará a dar corpo ao inesquecível Francis de  House of Cards.


E eu, que sou admiradora do seu trabalho, fico também com pena. Ao saber do sucedido, não me ocorreu sentir-me com direito a censurá-lo ou a dar-lhe lições de moral. A percepção da gravidade de certos actos é diferente agora do que era há cerca de 30 anos e o que hoje é um crime grave, era, até não há muito tempo, tolerado. Tolerado à boca pequena. Melhor: silenciado. Ainda me lembro de ouvir a um empresário que um certo ministro gostava de meninos. Dizia-se assim, em privado. E sorria-se. Gostos inconfessáveis de que os outros sorriam com alguma comiseração ou complacência. Ninguém denunciava às austeridades.

Seja como for, não me custa admitir que um jovem que, há 30 anos, vivesse a sua sexualidade com alguma ambivalência e escondesse as suas tendências, vivendo num ambiente de representação, filmagens, festas, num momento de embriaguez, e, portanto, com a libido não reprimida, tivesse tido uma atitude destemperada. Eu que tanto (tanto, tanto!) me choco com a pedofilia, não consigo crucificar alguém que, há 30 anos, naquelas circunstâncias e num momento de irreflexão, tenha perdido a tramontana. Não aplaudo, não fico confortável -- mas não crucifico.

Mais. Em situações assim, em que a opinião pública perde o sentido de compreensão e compaixão para com quem se encontra exposto e, talvez, desamparado, sinto que há na natureza humana uma crueldade que me assusta. Mais do que ter vontade de destruir quem esteve mal, eu, pelo contrário, sinto vontade de tentar perceber o que se teria passado.

Tal como me repugna ver as capas das revistas a expor a situação triste pela qual Bárbara Guimarães está a passar também me custa saber que Kevin Spacey passou de um momento para o outro de bestial a  besta, sem que ninguém se levante para estar ao seu lado neste momento de assumpção do erro, de pedido de desculpas -- e de assumpção pública da sua homossexualidade, coisa que deveria ser normal e isenta de riscos mas que, sabemo-lo bem, pode comportar toda uma avalancha de reacções, muitas das quais desagradáveis, que podem fragilizar quem passou uma vida inteira a querer preservar a sua intimidade.


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Bárbara: a exposição sem defesas



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Kevin Spacey: um excelente actor.

Aqui com as suas conhecidas imitações


E a graça com que canta: no The Tonight Show Starring Jimmy Fallon


Ragtime Gals - Talk Dirty



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Um dia feliz a todos quantos por aqui passam.

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sábado, fevereiro 18, 2017

Enquanto por cá os alcopafinhas* andam à nora atrás do seu (deles) excelso rabo,
nos States a Trumjoke em forma de gente atinge os píncaros da carnavalada.
A 1ª conferência a solo do palhaço Trump revela os riscos reais da democracia
ou como a democracia pode incubar um perigoso anormal


Quando vejo a falta de preparação, a falta de educação, a falta de decoro de Donald Trump penso sempre que não é possível que uma anedota destas se aguente muito tempo como presidente dos Estados Unidos. Mas o drama não é a falta de maneiras ou de conhecimentos: o drama é tudo isto associado a um registo de imprevisibilidade, de caos. Pior se vier condimentado com arrogância, com prepotência, com desprezo pelos outros. Dramático se vier envolto em incultura geral (política, histórica, social, etc).

Uma mistura explosiva. 

Ao fim de poucos dias o mundo assiste, aterrado, ao absurdo a que se chegou. De um país que consta ser uma das mais mediáticas democracias (.... e que, reconheça-se em abono da verdade, tão obnóxios presidentes já tem parido e que tanta porcaria tem espalhado pelo mundo...) emanou a maior besta de que há memória. E, ao contrário do que seria expectável -- ou seja, que fosse escorraçado pela força de um voto racional --, eis que a besta quadrada foi eleita.

Não sei se Nosso Senhor se distraíu e deixou que o mafarrico viesse aqui pôr um pauzinho na engrenagem, se Nosso Senhor se cansou desta tropa fandanga e foi pregar para outra freguesia ou quê. O facto é que alguma coisa anda a correr mal: o mundo parece que começou a andar em loop, em contra-loop, às arrecuas, de patas para o ar. Volta e meia, alguém me lembra que os gregos, os antigos, é que eram, que esses é que a sabiam toda. Não sabiam. Se soubessem tinham feito as coisas de maneira que o seu saber não se perdesse. Perdeu-se. A sabedoria desses tempos... onde é que isso já vai...? 
Se bem que também admito que aquilo, às tantas, também eram mais as nozes que as vozes. Uns quantos inspirados, uma escola organizada, uma elite jeitosa mas, às tantas, era mas era uma minoria... e agora os deslumbrados benzem-se como se fosse toda uma população a poemar, a filosofar, a teatrar. Ora, está bem, está.
Mas também não interessa. O que interessa é que tantos séculos de conhecimento, luz, desenvolvimento e consciência social deram nisto: gente estúpida a ser eleita por todo o lado. Dantes a gente ria-se dos estafermos das Áfricas, gente perdida no cu de judas governada por anedotas armadas em ditadores, ou os das Américas do Sul, os das repúblicas das bananas, o maluco da Coreia, o tresloucado das Filipinas. Gente longe da civilização, terceiro, quarto, quinto mundo. Gente escafundida em lonjuras bem longe de nós. Nada que nos dissesse respeito. Material bom para o Borat fazer filmes. 

E, no meio da confusão, enquanto íamos elegendo nódoas ou fechando os olhos aos montes de enxúndia administrativa e burocrática que se iam formando em Bruxelas (e por ai fora) e onde medravam alforrecas, vermes, galinhas histéricas e outros inúteis, devagar, sem que ninguém lhes prestasse atenção, iam renascendo nazis, populistas de baixa estirpe, gandulagem bem falante. E a comunicação social acompanhando a linha descendente, a comunicação social que é bem o espelho da segunda derivada do crescente lúmpen moral, a moldar as percepções, a legitimar a cambada.

Chegámos aqui. Onde antes eram ilustres tribunos e cidadãos exemplares que representavam o povo, agora é a escória da sociedade, os mais oportunistas, os mais promíscuos, os mais desavergonhados que lá se vêem.

Felizmente, apesar da escória estar no poder ou à sua babugem, ainda há algum contraditório. E nos Estados Unidos a imprensa e, curiosamente, os programas de entretenimento mantêm-se como um poderoso bastião na defesa do que resta da democracia.

A 1ª conferência de Trump é uma comédia. Uma tragédia. Um disparate do princípio ao fim. Ver para crer. E ver o que Colbert, Fallon ou Noah gozam. Bonito de ver. Ter cavalgaduras destas à mão de semear é do melhor que há para quem tem sentido de humor. Valha-nos isso.


Donald Trump Wows At First Solo Stress Conference The Late Show with Stephen Colbert






Trump Press Conference Cold Open The Tonight Show Starring Jimmy Fallon




President Trump's Bats**t Press Conference: The Daily Show The Daily Show with Trevor Noah



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*al·co·fi·nha
substantivo de dois géneros
Alcoviteiro; alcoviteira.

* alcopafinha = alcofinha da linha PàF

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E agora queiram, por favor, descer e seguir para o rectângulo tuga onde um grupo de deputados se consola a cheirar o rabo uns aos outros.


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sábado, setembro 17, 2016

Donald Trump e o conhecido Dr. Oz -- comentado pelo impagável Stephen Colbert
- [E se o palhaço Trump ainda acaba em Presidente dos EUA...? ....Medo...]
E Colbert fala ainda sobre um estudo universitário que revela que a grande maioria dos homens americanos está satisfeita com os seus pénis
(quanto a comprimento, perímetro, forma e... cheiro)


Se Jimmy Fallon não faz muito o meu género como entrevistador -- e agora ainda se afastou mais ao levar o palhaço Trump ao seu programa fazer uma gracinha com o seu cabelo, fazendo-o ser visto com alguma simpatia e esquecendo as suas alarvidades -- já Stephen Colbert consegue manter-se no meu top de preferências televisivas (e não tanto pelos entevistados que, em geral, terão impacto lá mas não tanto cá, mas pelos seus momentos a solo em que patenteia, com frontalidade com e um fantástico sentido de humor, as suas posições políticas).

Sempre que posso vejo o seu programa e, agora que tenho tempo, vejo-o no youtube antes do programa ser emitido cá (na Sic Radical).

Partilho hoje convosco a entrada do seu último programa. Um gosto ver uma pessoa inteligente e divertida como ele.



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sábado, junho 11, 2016

Somos o que queríamos ser quando éramos pequenos?


No post abaixo já mostrei um vídeo espectacular com Obama, uma coisa deliciosa de bom humor. Se ainda não viram, não deixem de ver. Bom, bom, bom.

Mas isso é a seguir. Agora a conversa é outra. Eu sei que, dado que foi o 10 de Junho, deveria ter mostrado imagens alusivas ao dia e aos festejos -- e até as tenho. Mas estou preguiçosa que só visto, não me apetece levantar-me deste lugar confortável em que me instalei para arrancar a máquina fotográfica das mãos do meu marido que anda aqui à minha volta a fotografar-me. De cada vez que considero fazê-lo, diz-me que me deixe estar sossegada, a escrever, e apanha-me de outro ângulo. Sempre estou para ver o que sai dali. 

Adiante.


O tema agora é outra coisa: o que somos hoje e o que queríamos ser.

Já escrevi sobre isso, não vou alongar-me: funcionária administrativa, depois cabeleireira. Já adolescente, psiquiatra. 

Não ando longe disso.
Trabalho numa empresa e o que faço não é bem o que me atraía -- carimbos, pastas com separadores, impressos -- mas, enfim, a realidade tem qualquer coisa a ver, devidamente adaptada aos tempos modernos. 
Cabeleireira ainda sou, embora para um grupo de clientes muito privados. Ainda hoje cortei o cabelo ao meu fotógrafo exclusivo. 
E psiquiatra não sou bem, talvez mais psicóloga, já que as pessoas me procuram para me contar o que lhes vai na alma e depois vêm dizer que a vida delas melhorou. Se não fosse, sem querer, poder violar a confiança dessas pessoas por não conseguir omitir completamente informação real, contava-vos alguns desses casos, um deles bem recente. Coisas do além. Muitas vezes, eu a deitar por fora de trabalho e entra-me alguém numa dessas. Como o gabinete tem paredes de vidro e se vê tudo, um colega meu, ainda um dia destes me perguntou se deteminada pessoa já lá tinha ido à consulta. De facto, tinha. A terapia tem-lhe feito tão bem que se reaproximou do marido e embarcam amanhã numa escapadinha romântica para uma das cidades europeias mais dadas ao amor. Só para que saibam. Por mail também tem funcionado. Gosto. Só que não posso dizer que isso seja profissão já que exerço pro bono.
Se fosse hoje que tivesse que escolher, acho que continuava a não saber bem. Provavelmente iria fazer testes vocacionais. 

Arquitectura é um fascínio, gostava muito de desenhar cidades, jardins surreais, edifícios nunca vistos. Editora também gostava de ser, de livros com belas encadernações, mas isso talvez como hobby. Se fosse muito rica, teria um espaço amplo aberto ao público, uma coisa de tipo loft, com vista sobre o rio, com obras de arte expostas para venda, música ao vivo, leituras em voz alta, tertúlias, bar com bebidas boas, tapas gostosas, bolinhos de ir ao céu. Digo que teria que ser muito rica porque acho que isto seria para perder dinheiro,
E tenho uma outra ideia em mente mas essa não vou dizer aqui porque tenho mesmo vontade de pô-la em prática e, meus Caros, como sabem, o segredo é a alma do negócio. É uma coisa completamente fora da minha actividade normal, numa área profissional que desconheço em absoluto mas que, a ser concretizada com competência, será sucesso garantido, realização pessoal garantida e dinheiro em caixa também garantido. Para além disso, tenho o apoio entusiástico do meu marido que, por vontade dele, eu me despedia já do meu actual trabalho, para mergulhar de cabeça nisto. Mas eu, nestas coisas, gosto de dar passos seguros. Agora uma coisa vos digo: se isto for adiante, vos garanto que ouvirão falar de mim.
Bom, mas não era para falar de mim que aqui estou porque não tem graça nenhuma.

Vi no Bored Panda uns papelinhos escritos por crianças nos quais eles exprimem o que querem ser quando crescerem -- e achei um piadão. São os que espalhei pelo texto.

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E, já agora, na continuação do post que se segue e para que ninguém fique a pensar que, naquele casal, só ele, o Barack, é que tem sentido de humor e presença em palco, deixem que partilhe um vídeo em que Michelle contracena com o mesmo Jimmy Fallon. Uma graça.


Evolução da Dança da Mãe

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Lá em cima, outro momento delicioso: Jimmy Fallon, Sia, Natalie Portman & The Roots interpretam "Iko Iko"

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E, caso ainda não tenham visto, desçam, por favor, até ao post que vem já a seguir.


A diferença que faz a inteligência e o sentido de humor.
É entrar, Senhores e Senhoras:
Barack Obama e Jimmy Fallon estão aqui para darem show!


Lembremo-nos daquele de quem todos já nos esquecemos: Cavaco.

Saíu como entrou, desnecessário. Dele não sobrou uma boa lembrança, um bom momento. Como se durante dez cinzentos anos o Palácio de Belém tivesse estado habitado por uma múmia e por uma dona Cavaca, no dia seguinte a terem saído já ninguém se lembrava de tão inútil casal.

Entrou então o hiperactivo Marcelo. Até ver, tiro-lhe o chapéu. Frenético e inovador, parece estar a ser a alavanca de optimismo e civilização de que o País estava ávido.

O discurso deste 10 de Junho foi inteligente, elegante e justo para com os portugueses. Com as suas palavras, Marcelo devolveu Portugal aos portugueses, ao povo português.


Se conseguir manter manter este estonteante ritmo e, sobretudo, a lucidez, dele se guardarão bons momentos.

Mas dificilmente igualará o charmoso, inteligente e bem disposto Obama.

O que se vê no vídeo abaixo é notável. É certo que fala em temas não consensuais como, por exemplo, o tema TIPP (em que fica claro como água que tudo aquilo serve para abrir os caminhos e olear os mecanismos para venda, sem restrições, de produtos americanos na Europa). Mas fiquemo-nos pelo restante, e pelo estilo, descontracção, pelo extraordinário sentido de humor e pela disponibilidade para alinhar em tudo o que é irreverência.

Se Marcelo se quer inspirar numa personalidade civil (já que, notoriamente, se tem inspirado numa religiosa: o Papa Francisco), que ponha os olhos em Obama. Claro que não tem aquele swing, aquele sorriso que destila charme, mas, enfim, se se ficar pelo inteligente sentido de humor, pela criatividade e determinação, e pela vontade de não se quedar por actuações tradicionalistas e protocolares já será bom.

A vossa atenção, por favor, porque vale mesmo a pena. Desemprego, sistema de saúde, reatamento das relações com Cuba, próximas eleições, etc, tudo é passado em revista - mas, ó céus, com que graça... Isto é política nos tempos modernos e no seu melhor estilo.


"Slow Jam the News" - Jimmy Fallon com o Presidente Obama


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E um pequeno bónus: um cheirinho da Lemonade da Beyoncé que não escapou ao balanço de fim da era Obama 


(e nada de segundas leituras daquilo que escrevi porque não me refiro à Beyoncé mas à Lemonade -- além disso, é preciso não esquecer que a Michelle com ciúmes não é pêra doce).



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E, claro está, viva Portugal que ainda é 10 de junho.

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sexta-feira, fevereiro 19, 2016

A ausência da gravidade, um perfume que cheira a xixi de gato, um poison especial, uns rapazes de pernas para o ar, umas hospedeiras a fazer a espargata por cima da cabeça dos passageiros e dois cavalheiros com as calcinhas muito apertadas


Uma vez, há uns anos, há bastantes mesmo, ofereci Fahrenheit ao meu marido. O perfume é característico, persistente. Notoriamente não ia com ele e não o usou até ao fim. Os meus filhos também não gostavam. Uma vez o meu filho chegou a casa com uma novidade. Um gato tinha comido umas bagas e, depois, feito xixi numa árvore do recreio da escola e tinha lá ficado um cheiro igual ao perfume do pai. Dissemos que era um disparate mas ele insistiu. A partir daí, quando ele usava o Fahrenheit, diziam que o pai cheirava a xixi do gato. Deve ter sido nessa altura que ele o pôs de lado.

Até que um dia conheci uma pessoa. Logo às primeiras aquele cheiro. Sendo quem era, longe de mim dizer-lhe que cheirava a xixi de gato. Já lá vão para cima de uns dez ou mais anos: mantém-se fiel ao Fahrenheit. E nele eu gosto. Pode ele apenas ter passado por um determinado sítio que eu pergunto logo se ele lá esteve, e nunca me engano. 

Gosto dos filmes publicitários dos perfumes. O novo Dior Fahrenheit Cologne não desilude -- e estou a referir-me ao vídeo. Quanto ao perfume, como digo, é apenas para alguns.

O desafio às leis da gravidade



Da apresentação do vídeo:
A new encounter between men and elements. A new experience that defies the laws of gravity. A new degree of freshness. Discover Fahrenheit Cologne, the elegance of a Cologne with all the power of Fahrenheit.
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E, por falar em perfumes Dior, claro que também experimentei o Poison. Sobretudo pelo nome. Penso que a embalagem também me atraíu. Mas, lá está, é intenso. E eu sou mais de subtilezas do que de tchammm! cá estou eu!. Usei-o todo que eu, nisto (e em tudo), não gosto de desperdiçar, mas não voltei a comprar. Decididamente não faz o meu género. Mas, claro, com um nome destes, os vídeos promocionais têm muito pano para mangas. Neste caso opto por partilhar convosco o making-of. Uma graça.

Dior Poison Girl - Making-of


I am not a girl, I am Poison  (com Camille Rowe)




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E, como comecei de pernas para o ar, deixem-me que vos mostre estes moços de que gosto tanto. Gosto de gente assim, 'fora da caixa', divertidos, insolentes. Estes Ok Go fazem muito o meu género. Não posso dizer que seja pela música, acho que é mais por eles mesmo, pela forma como a interpretam, é a alegria, o descaramento, a irreverência. Se me perguntassem quem é que eu gostaria de ter nalgum encontro de colaboradores ou nalgum dos nossos encontros temáticos (por exemplo em algum dedicado à Inovação) eu diria que gostava de os ter a eles. Imagino o que seja a conversa de uns malucos destes num encontro com gente maioritariamente betinha, a nata dos executivos, todos cheios de nove horas. Deve ser do caraças. Juro que adoraria.

OK Go - Upside Down & Inside

(Gravidade zero)




Realizado por Damian Kulash, Jr. & Trish Sie; 
S7 Air Hostesses/Acrobats: Anastasia Burdina, Tatyana Martynova

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Mas agora que falei dos meus colegas betinhos, lembrei-me que, às vezes, estes são os mais malucos. No outro dia, num desses nossos big encontros, aconteceu o impossível. À noite havia uma banda a actuar para nós. Pois não dá para acreditar: aos poucos, o pessoal começou a levantar-se, os engravatados tiraram a gravata, e, num ápice, foi um soltar de franga que nem dava para acreditar. Toda a gente a dançar mas a dançar à séria. Novos e velhos, toda a gente cantava e dançava como se não houvesse amanhã. Parecia uma disco party. Gravidade? Zero! Se alguém, minutos antes, me dissesse que haveria de ver alguns daqueles circunspectos homens (e mulheres) de negócios a dançar como frenéticos teenagers, eu juraria a pés juntos que jamais em tempo algum. Pois. A vida tem destas coisas. Claro que também me fartei de dançar. Ora não. 

E, portanto, para agora acabar em beleza, deixem-me que partilhe este belo vídeo com dois cavalheiros cujo estilo não tem nada a ver com o dos meus colegas mas, ainda assim, ao vê-los dei por mim a pensar que, depois daquela cena dançante, já não me admirava nada se visse alguns deles a protagonizar uma rábula destas.

(E as fotografias que tirámos uns com os outros... uns estarolas perdidos de riso, abraçados uns aos outro. No dia seguinte, manhã cedo, lá estávamos todos concentrados nos EBITDAS e nos cashflows e nessas coisas boas, como se até às tantas da noite não tivesse havido aquele forrobodó. Portanto, retiro o que disse lá em cima. Ou seja, se trouxesse os Ok Go, às tantas, toda a gente acharia uma coisa banal.)


Will Ferrell and Jimmy Fallon Fight Over Tight Pants

(Late Night with Jimmy Fallon)



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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.

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segunda-feira, novembro 30, 2015

Peter Van der Veen, o guarda-costas de Adele que toda a gente gostava de ter. Mas, azarinho, 'toda a gente' não é Adele nem é capaz de cantar com acompanhamento musical de instrumentos infantis.


Adele protegida pelo estonteante Peter Van der Veen



O homem chama-se Peter Van Der Veen, é holandês e é mil vezes melhor vestido do que despido. Já foi antes bodyguard da Lady Gaga.



Como CV, isto estava a parecer-me curto e, portanto, lá fui em busca do seu rasto. Preguiçosa como sou, ou o que quero está na primeira página de selecção da google ou desisto. Acresce que, como não tenho conta no twitter, no facebook ou no instagram, não consegui saber nada mais que se aproveitasse. Que já foi Mr. Europe daquilo de body builder e que todo ele é músculo - mas não era disso que eu estava à procura, que isso a mim diz-me pouco. Queria sabê-lo amante de Borges, a saber montes de poemas de cor, queria sabê-lo com formação de base em matemática ou em física, queria sabê-lo a participar em conferências sobre o buraco do ozono - coisas assim que fazem com que a minha consideração por um homem bonito suba ligeiramente. Mas não, não descobri nada disso. Vi-o foi todo descascado, todo músculo, armado em bom. Não gostei. Gosto de homens normais, com alguns defeitos para que a gente possa desfeiteá-los quando nos sentimos menos poderosas e com necessidade de nos vingarmos de alguém, ou seja, homens com corpinhos na base do dad bod.

Mas, se despido fica desinteressante, já vestido tem muito que se lhe diga. 


Na minha actividade profissional ou na minha vida social, não existem motivos que me levem a contratar um guarda-costas deste calibre pelo que vou ter que sonhar que me saia o euromilhões e que, portanto, para me defender de quem tente assaltar-me, eu precise de protecção extraordinária; ou sonhar os riscos que vou correr quando me transformar em empresária de sucesso numa área com que ando para aqui a congeminar. 

Mas, enquanto isso não acontece, quem anda a desfrutar da beldade e a causar uma inveja galáctica é a Adele. Por onde ela passa, lá vai a beldade atrás. Prefiro vê-lo de fato, todo giraço, mas também não sou esquisitinha: até de cãozinho ao colo ele fica bem.

De resto, a Adele merece. No outro dia, deu outra vez um show danado. Com o Jimmy Fallon and the Roots interpretou o seu êxito Hello tendo, como acompanhamento musical, instrumentos musicais infantis. 


A canção deixa de ser sentimental e torna-se uma animação, todos em ambiente de festa, balançando e fazendo coros, e ela, alinhando na brincadeira, com aquele seu vozeirão, a transformar também este momento num imediato hit que, apesar de ter sido divulgado apenas no dia 24 de Novembro, à hora a que escrevo, já vai com 13 951 080 visualizações no Youtube.


Jimmy Fallon, Adele & The Roots interpretam "Hello"
 (com instrumentos musicais infantis, de sala de aula)


 
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Desejo-vos, meus Caros leitores, uma bela semana, a começar já por esta segunda-feira.
Sejam felizes, está bem?
A vida é curta - não dá para não aproveitarmos tudo o que ela tem de bom (mesmo que seja pouco)

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segunda-feira, setembro 14, 2015

O tempo dos comediantes na política.


Há coisas em política que parecem impensáveis. Um palhaço ser eleito como deputado propondo-se, tão só, fazer palhaçadas; um empresário de canais comerciais de tv estar à frente de um país, a tudo se assiste neste mundo em que, cansadas, mal informadas ou alienadas, as pessoas votam em qualquer coisa.

Os Estados Unidos são terreno fértil e à sua frente tem havido de tudo, desde uns que, para sempre, serão uma referência positiva até outros que o serão pela negativa, anedotas que têm espalhado desastres de toda a espécie um pouco por todo o mundo.

Este agora, que quer ser candidato pelos Republicanos, mais parece um Alberto João - espalhafatoso, amigo de uma bela farra, provocador. É dos que mais congrega sobre si o tempo dos media e, portanto, está com sondagens assustadoramente favoráveis: Donald Trumpo.

Mas uma coisa eu aprecio nesta gente: o sentido de humor. 

O vídeo abaixo é um piadão. Jimmy Fallon transforma-se em Donald Trump para que pareça que o narcisista Donald Trump se auto-entrevista -- e a coisa prossegue num registo de paródia, ambos à altura do desafio, entrevistador e entrevistado.


E não é que seja mau pessoas assim terem um sentido de humor à prova de bala, é até saudável (Obama é um dos que mais goza consigo próprio e fá-lo sempre com uma graça desconcertante); mau é que sujeitos com ideias perigosas e estapafúrdias tenham um tão elevado grau de aceitação junto do eleitorado. E, se os eleitores mais evoluídos conseguirão reconhecer que um sujeito pode ter poder de encaixe e sentido de humor mas como presidente não, nunca na vida!, já pessoas menos informadas, escolherão votar nele por andar sempre na televisão e ser tão divertido.
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Por acaso seria engraçado sujeitar Passos Coelho a uma destas. Com a falta de jeito, falta de cabeça e de sentido de humor que o caracteriza, havia de ser a maior barracada de todos os tempos: piadolas secas atrás de piadolas secas, perdido na sua desconformidade. 

Parece que foi o único que não aceitou ir aos Gato Fedorento (porque será...?) mas, se fosse, bem que o Ricardo Araújo Pereira poderia ver como é que o láparo reagiria a uma cena destas pois uma coisa se poderá, à partida, garantir: a ele nunca uma destas beneficiaria. Aliás, deixá-lo em campo aberto é desastre certo para a coligação. Paf, Paf, tiro nos pés um atrás de outro. 
E, aliás, também já em tempos aqui o disse: uma arma imbatível contra o láparo é o humor (vide o trabalho do magnífico Luís Vargas): deixar a nu a burrice de tudo o que o láparo tem feito e de tudo o que se propõe fazer. É certo que, de cada vez que o paf-láparo põe em prática uma das suas burrices, mais uma data de portugueses fica pior e é um bocado doloroso parodiar uma má governação quando tem tão nefastas consequências. Mas nada como, pelo humor, mostrar que aquela lápara criatura e o seu vice-irrevogável ajudante de campo não atinam, são anedotas que a história tuga um dia pôs à frente de um governo.
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Mas, enfim, eis o vídeo

Donald Trump Interviews Himself In the Mirror 


[antes da entrevista a sério (se é que é possível fazer uma entrevista a sério a um performer como o descabelado Trumpo) no The Tonight Show Starring Jimmy Fallon]



 

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[Agora não vem a propósito, pelo que desculpem lá o à parte mas não é que vi há bocado aquele descarado mentiroso - depois de ontem ter garantido ao senhor lesado do BES que sim senhor, iria ele mesmo organizar uma subscrição para os ajudar a custear os processos e que ele seria o primeiro subscritor, e o senhor insistindo, mas o senhor garante?, e ele que garanto, sim senhor, garanto - agora a fazer-se distraído, que há mecanismos para tratar dessas situações e que não falava mais no assunto...? A sério. Ouvi-o mesmo a chutar a bola para canto como se não fosse nada com ele. Descarado e destrambelhado, o homem.

E agora fui ver se o super-eficiente Luís Vargas já tinha novo vídeo e, pumba!, já cá está e que nem de propósito. Lindo menino.]

Requiem para uma governação


PaF - Portugal em Fanicos



Confutatis maledictis, flammis acribus addictis
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