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sábado, agosto 23, 2025

Montenegro & Companhia
-- Uma vez mais, a palavra ao meu marido --

 

Depois do desastre que está a ser a atuação do governo nos incêndios (a manchete do Expresso é demolidora não só para o governo como também para a "coordenação espetacular" do Marcelo), o Montenegro vem com a única solução que conhece que é atirar dinheiro para cima dos problemas. E assim tem "torrado" e vai continuar a "torrar" dinheiro que devia ser gerido de forma diferente , equilibrada e conducente a desenvolver o País. 

Mas o Luís e a rapaziada do governo não sabem nem aspiram a tanto. Quando perceberam que a 'malta" estava irritada com as festejos laranja no Pontal, com a permanência a banhos do Luís e com a ligeireza, o distanciamento e a falta de discernimento com que o Luís & Companhia (entende-se por Companhia os membros do governo e a malta do PSD de onde se destaca o dono deles todos, o Hugo Soares) encaram o problema dos incêndios, reuniram um conselho de ministros e anunciaram 45 medidas obviamente escritas em cima do joelho. 

Até conseguiram inserir no pacote (sem segundo sentido, obviamente), que se saiba até agora, uma medida já em vigor desde 2022 (serão mais?). É obra! 

Basicamente as medidas são dar dinheiro a rodos sem justificativos e não se percebendo quais os critérios. Assim, se  tentam acalmar os ânimos, fazendo chegar dinheiro à população através das câmaras (vamos ter autárquicas, certo?) na esperança de que a coisa funcione e o voto vá parar ao laranjinha lá do sítio. 

Hoje também ouvi que o governo vai adiantar às associações humanitárias até cinquenta mil euros sem qualquer justificativo. O argumento é que têm tido muitos gastos. As perguntas são: então não fazem orçamentos? Não preveem os gastos? Também fazem tudo em cima do joelho? O dinheiro público deve ser gerido com parcimónia e parece-me muito duvidoso que o mesmo seja gasto sem justificativos. Veremos a quantos processos judiciais vai dar este forrobodó.

Outro tema. Tenho aqui criticado ferozmente o Luís e a Ana Paula (parece um duo de malabaristas) pela política de saúde que têm praticado. Gastos e mais gastos, serviços de saúde cada vez piores com o objetivo de aumentarem o mais possível a participação (e faturação) dos privados. Hoje venho apoiar a medida que vão tentar por em prática para pôr cobro ao que aqui já referi várias vezes: os médicos abandonarem o SNS para trabalharem como tarefeiros ou acumularam o contrato com o SNS com a prestação de serviços como tarefeiros. Pode ser uma medida que garanta alguma transparência na contratação dos médicos. No entanto, ninguém se deve esquecer que o enorme aumento dos custos com os tarefeiros (com este caminho ainda temos o Gaspar de volta) resultou do enorme aumento no valor do pagamento das horas aos tarefeiros que a ministra decidiu para tentar tapar o sol com uma peneira, isto é, não ter urgências fechadas. Mais um dinheirão "torrado"!

Tenho dúvidas e vou deixar algumas sobre o objetivo da ministra e do Luís. Depois de aumentar tanto os valores pagos aos tarefeiros (tanto que puseram os cabelos em pé aos privados, a quem os ditos tarefeiros pressionam para que os privados também subam a parada), agora de repente quer tirar o tapete aos doutores? Será que os médicos vão acatar esta medida, tipo cordeirinhos, ou vão para a "luta"? Será que os amigos da ministra que foram colocados em lugares de chefia (e que, se calhar, alegadamente, também complementam os salários com o serviço de tarefeiros -- assunto que deveria ser averiguado) vão achar piada a esta história? Será que mais uma vez o objetivo da ministra e do Luís é dar mais uma machadada no SNS, "correndo" com os médicos para os privados?

Bom seria esclarecer e moralizar estas "cenas".

sexta-feira, abril 11, 2025

Um bom médico de família.
As virtudes do SNS

 

Num comentário ao post de ontem, o Leitor António refere que estranhou eu não formular o meu louvor em relação ao meu médico de família e aos serviços prestados pelo SNS, no caso, o Centro de Saúde a que vou.

Pensei que estava implícito mas, tem razão, António, o que é bom é para ser louvado, e louvado com todas as letras.

Por isso, aqui estou, voltando ao tema.

Durante toda a minha vida recorri à medicina privada. As empresas em que trabalhei tinham médico para os funcionários e, desde há bastante tempo, para além de médico nas instalações, disponibilizavam generosos seguros de família. E o mesmo sucedeu com o meu marido. Portanto, que me lembre, apenas recorria ao então chamado SAP, Serviço de Atendimento Permanente, quando os meus filhos eram pequenos e era preciso ir com eles ao médico fora de horas. E também, durante algum tempo, ia lá a Pediatria pois a a médica ('particular') que os acompanhava deixou de trabalhar e fiquei sem saber onde ir. E, nessa altura, gostei bastante da médica do Centro de Saúde. 

De resto, a realidade do SNS era algo que apenas conhecia pelas idas ao hospital com o meu pai e, depois, com a minha mãe (pois, para além de maioritariamente 'frequentar' hospitais privados, também foi várias vezes ao público, chegando a estar lá internada).

Quando eu e o meu marido nos reformámos, subscrevemos ambos um seguro de saúde que, apesar de ser razoável, fica a anos luz do que tínhamos nas empresas para as quais trabalhávamos. De qualquer forma, até por alguma influência de familiares médicos, resolvemos 'experimentar' o SNS. 

De início, confesso, estranhei muito. Mas estranhei a nível de organização, de eficiência a nível de marcações e da demora na obtenção de uma consulta. Mas gostei bastante do médico de família.

Habituada a médicos até de algum renome no privado, não achei que este jovem médico ficasse minimamente aquém. Aliás, com o meu espírito crítico, quando um médico não me inspira muita confiança, fico logo de pé atrás. E tem razão o Leitor que diz que é difícil arranjar um bom médico de Medicina Geral. É verdade: passei por alguns, e também por alguns de Medicina Interna, e com alguns nunca me sentia totalmente segura. Mas deste gostei: é perspicaz, ouve com atenção, explica bem, é persistente. A nível administrativo já se despistou algumas vezes (por exemplo, passou um medicamento sem código pelo que, na farmácia, era como se não tivesse prescrito e tive que pagar por inteiro, prescreveu um exame num formulário errado pelo que não o aceitaram, etc). Mas dou desconto. Provavelmente o sistema informático não é famoso, queixam-se sempre que é lento, se calhar estava cansado. De qualquer forma, no que é relevante, sempre foi muito certeiro.

Com o meu marido aconteceu a mesma coisa. A ser seguido há anos e anos por um médico no 'privado' e a seguir religiosamente uma medicação, concretamente para hipertensão, ao chegar lá, o médico, ao observá-lo, questionou e questionou e não ficou convencido, prescrevendo um outro exame. E esse exame veio a revelar que o meu marido tem uma outra questão que não era atendida pela medicação que seguia. Ou seja, havia que adicionar um outro medicamento. Não muito certo dessa reviravolta nas suas 'convicções', o meu marido foi ouvir uma segunda opinião que atestou totalmente a abordagem do médico de família. E a verdade é que desde então não voltou a ter alguns picos de tensão que, apesar da medicação, tinha. E tinha pois a medicação que tomava destinava-se apenas a uma parte do problema. 

Portanto, estou muito confortável com este médico, sinto-me confiante. 

E já precisei de uma receita e foi fácil pedir sem ter que lá ir e, quando agora queremos marcar consulta, ligamos e, quando não atendem, recebemos, ao fim do dia, uma chamada a perguntar o que queremos e marcam o que for preciso.

O que é mais difícil ainda é encontrar clínicas que façam exames tendo protocolo com o SNS. Poucas o têm. E o Centro de Saúde (ULS) não tem uma lista das clínicas protocoladas, o que também não ajuda. Estes pormenores de organização facilitariam.

Li agora uma notícia a confirmar que dado não serem actualizados os valores, há cada vez menos clínicas a fazerem exames para o SNS. E isso é uma limitação um bocado chata a que o SNS deveria atender. Esta ministra incompetente ter 'despachado' o competente e experiente Fernando Araújo foi uma machadada no SNS. Estou convencida que o SNS, com um bom gestor à frente, um gestor do calibre de Fernando Araújo, poderia ser bem melhor.

E penso que também daria jeito que houvesse uma camada intermédia de atendimento de especialidades que não tivesse que passar pelo hospital. Por exemplo, oftalmologia, saúde oral ou mesmo cardiologia, deveriam estar mais acessíveis. Para uma consulta de oftalmologia tem que se ir a uma consulta com o médico de família, ele tem que referenciar para o hospital e depois tem que se esperar (cerca de 1 ano) para o hospital chamar. Penso que seria interessante, eficiente e lógico que as ULS dispusessem desses serviços. 

Seja como for, apesar de durante anos não ter sido utente, sempre fui e sempre serei ferreamente defensora do SNS. E, por isso, luto para que seja gerido com eficiência, com cabeça, por quem sabe gerir. Por isso, fico indignada quando se põem grandes hospitais, que mexem com centenas de milhões de euros, com milhares de funcionários, unidades que requereriam gestores de mão cheia, na mão de gente inexperiente e que apenas é nomeada por ser do PSD.

Que há muitos profissionais muito competentes e dedicados no SNS, profissionais que dedicam toda a sua vida ao serviço público. Tenho vários amigos assim. Por isso, não é por falta de qualidade dos profissionais de saúde. Quando há problemas eles situam-se sempre (ou quase sempre) a nível de gestão, de organização. 

Mas, Caro António, não tenha dúvidas: estou muito contente com o meu médico de família e com o acompanhamento que tenho tido na minha ULS. 

domingo, janeiro 19, 2025

[Em actualização] - O propositado desgoverno do SNS
- a palavra ao meu marido

 

O Mentenegro vai conseguir concluir antes da data prevista o objetivo que tinha/tem de acabar com o SNS. 

Nomear a Ana Paula Martins para ministra da Saúde -- a sua incompetência para o cargo é demonstrada dia sim, dia sim -- foi uma peça do puzzle. O objetivo é passar os processos lucrativos da Saúde para os privados e deixar ao cuidado dos serviços públicos os casos que os privados não querem. É esta a politica do Governo.

O caso Gandra d´Almeida é exemplar. Primeiro o Governo correu com o Fernando Araújo que manifestamente tinha  a competência suficiente para o cargo de diretor executivo do SNS,  e nomeou um incompetente. 

E quando me refiro ao Governo é porque não acredito que o processo que conduziu à demissão de FA e à nomeação de GdA não tenham tido o beneplácito do PM. 

"Acertaram" na escolha do novo diretor executivo do SNS porque a incompetência do d´Almeida conseguiu piorar  a prestação dos serviços do SNS em todos os aspetos, e todas as medidas que tomou foram um desastre. Obviamente que a Ministra é corresponsável por este estado de coisas. 

Mas tiveram azar: o d´Almeida não conseguiu levar o trabalho até ao fim. A comunicação social  descobriu que o d`Almeida, para além de incompetente, é um tipo cheio de chico espertezas. Era diretor do INEM Norte e, embora seja proibido, prestava serviços remunerados como tarefeiro em Hospitais no Algarve. 

Devia ser esclarecido como, sendo diretor a tempo inteiro, viajava 500 km e conseguia prestar serviços durante o número de horas suficientes para ganhar cerca de 200 mil Euros em pouco mais de dois anos. 

Mas, aparentemente, a ser verdade a suspeição que veio a lume, a chico esperteza pode não se ter ficado por aqui. Segundo notícias e ainda em investigação, há desconfianças de que tenha ultrapassado filas de espera para uma cirurgia no SNS e, pasme-se, embora tivesse uma atividade profissional muito acima da media, parece que conseguiu que lhe fosse atribuído um grau de incapacidade de 60%. 

Entretanto, criou uma empresa com a mulher para faturar os serviços que prestava, empresa essa onde provavelmente "meteria" todas as despesas que podia para não pagar IRC. E, simultaneamente, como tem uma incapacidade de 60%. tem desconto no IRS. O d`Almeida não brinca em serviço ou não fosse ele militar. 

Realmente é preciso descaramento! 

Mas também é preciso fazer algumas perguntas: o governo não sabia do "esquema" do d`Almeida? Ou a ministra saberia e "assobiou" para o lado? 

Que tipo de escrutínio é feito quando são nomeados dirigentes? 

O critério é apenas o cartão do PSD, não sendo relevante a competência? 

Se as nomeações do Governo/Ministra para o SNS e para o INEM foram os dois incompetentes que conhecemos, provavelmente os novos administradores das ULS serão igualmente incompetentes nomeados por critérios apenas partidários, ou não? É o mais provável.

Será que as ressalvas da CRESAP na escolha dos futuros administradores e directores são tidas em conta ou basta apenas a assinatura do PM para eles serem nomeados, independentemente de não terem competência para  a função? 

Também seria interessante sabermos quantos médicos saíram do SNS para o privado mas, de facto, continuam a prestar serviços ao SNS como tarefeiros. O valor pago definido pela atual ministra potencia este estado de coisas. 

Só mais uma coisinha: tem sentido os médicos formarem empresas para prestarem serviços como tarefeiros ao SNS unicamente porque, assim, conseguem pagar menos impostos? Eu diria que não!

O objetivo do Montenegro e da Ana Paula Martins parece ser darem cabo do SNS e, passo a passo, parece que estão a caminho de o conseguirem. 

Contudo ainda tenho alguma esperança que não sejam bem sucedidos.

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Já agora

Já agora: quando é que arranjam alguém competente que queira e tenha competências para ir para a frente do INEM? É que, do que depreendi das notícias, o Major Sérgio Dias Janeiro, que está a prazo, tendo concorrido à vaga, não foi considerado apto para a função. 

E, também já agora: quando é que são conhecidos os resultados do inquérito às circunstâncias da morte de 11 pessoas durante a greve do INEM? Já tardam, não?

domingo, novembro 03, 2024

O que anda Ana Paula Martins, Ministra da Saúde, a fazer com as Administrações dos Hospitais do SNS?
É tudo legal? Alguém sabe se o supremo interesse do País está a ser tido em consideração?
Pergunto. Apenas pergunto.

 

Tenho ouvido com perplexidade e apreensão que agora uma, depois outra, as administrações dos hospitais públicos estão a ser varridas, tudo corrido. 

Um dos casos foi notícia no outro dia, mas muito en passant. No verão, depois da contestação que tinha havido em Almada e no Seixal com a demissão, por parte da Ministra, da administração do Hospital Garcia de Orta, ouvi que já havia substituto. Para meu espanto, ouvi agora que o administrador indigitado afinal tinha desistido e que a anterior administração tinha recusado apresentar a demissão (não seria de saber ao certo o que está a passar-se?). E ouvi que a Ministra já tinha escolhido outro, tendo agora a sua opção recaído num outro, dizia o jornalista que 'filiado no PSD'. 

E, ao que parece e confirmado pela própria Ana Paula Martins, a onda de 'saneamentos' não se fica por aí. Se calhar, e isto já sou eu a dizer, para lá pôr mais PSDs.

E o que eu gostava de saber é se tudo isto está a obedecer a todos os critérios legais, quer nas demissões quer nas contratações.

Gerir um hospital como o Garcia de Orta mais os vários Centros de Saúde abrangidos é como gerir uma grande empresa. Li que o Hospital tem cerca de 2.900 funcionários. Se somarmos a isso os indirectos que lá estão através de prestadores de serviço, se calhar chegamos ao dobro. Uma coisa em grande. A gestão de pessoal de uma coisa desta dimensão deve ser do mais difícil que há. 

Os potenciais 'clientes', li também, são 350.000 e só isso também inspira respeito.

A ser verdade o relatório que vi, o Orçamento anual de funcionamento é da ordem dos 200 milhões de euros. 

Provavelmente, como este vários outros.

Gerir uma realidade assim requer um gestor competente e exterior. Isto já corresponde a uma grande empresa. Não é uma chafarica que possa ser gerida por curiosos, com amadorismo.

Os médicos pensam que gerir um hospital é coisa para um médico. Mas isso é muito errado pois os médicos podem e devem estar nas áreas clínicas (bloco, ambulatório, internamento, etc.). Mas não a gerir as finanças, as compras, a área jurídica, a de auditoria, a área de manutenção, etc. Isso é matéria para especialistas das áreas (financeiros, advogados, engenheiros, informáticos, etc.)

Por isso, para saberem lidar com esta realidade complexa e saberem geri-la bem -- e não deixar os doentes sem médicos e não infectar os doentes nas cirurgias e ter equipas escaladas de forma planeada e ter os investimentos programados e bem executados e ter a informática a funcionar de forma eficiente e segura, e ter os contratos bem executados e controlados e para evitar que haja roturas de tesouraria e etc, os administradores têm que ser gente criteriosamente escolhida. 

Ou seja, admito que haja regras para o preenchimento dos lugares de gestão nos Hospitais, em especial os que têm este grau de exigência: devem ter experiência, competências, etc, Mas alguém está a verificar isto? Os jornalistas, as oposições, os deputados, sei lá..., alguém está a controlar minimamente o que anda a passar-se?

Ou toda a gente já está a aceitar, na boa, que, por provável má gestão, esta gente que a ministra Ana Paula anda a escolher para gerir as unidades do SNS vá ainda enterrar ainda mais o que todos deveríamos exigir que fosse gerido profissionalmente, com rigor, com extrema qualidade? Um volume brutal dos nosso impostos (que é dinheiro nosso) vai para a Saúde e só por isso já devia haver uma observação atenta, sistemática, pormenorizada sobre o que os governantes fazem com ele. Mas sobretudo, os 'clientes' dos hospitais somos nós, nós os que talvez um dia precisemos de cuidados médicos, quem sabe para nos salvarem a vida, nós os que precisamos que lá haja médicos competentes, que talvez precisemos de exames médicos em máquinas que alguém tem que saber manusear e que têm que ser cuidadosamente mantidas, nós os que talvez precisemos de instrumentos que têm que estar devidamente esterilizados, nós que queremos que as instalações estejam limpas, desinfectadas.

E, note-se, não estou a apontar o dedo em particular a esta ou àquela das escolhas da Ministra: estou apenas a alertar em abstracto, de forma geral. Mas sentir-me-ia mais tranquila se soubesse que as oposições e a comunicação social estão atentas.

quinta-feira, outubro 31, 2024

Será que é desta...?

 

A solução para retardar o envelhecimento estará mesmo a caminho...?

Creio que sim, que está mesmo a caminho. E só gostava era que chegassem a tempo de eu poder usufruir de alguns dos desenvolvimentos que vierem a mostrar-se efectivos, sem efeitos secundários, económicos, para uso geral. Admito que a cosmética venha a beber aí conhecimentos. 

Pelo que parece, o que está a descobrir-se abre caminho não apenas ao retardar do envelhecimento da pele mas também dos órgãos, nomeadamente o coração.

Notícias fantásticas. 

Daqui por não muito tempo a esperança de vida aumentará e creio que, por essa via, a qualidade de vida será incrementada (e as pessoas parecerão mais jovens até mais tarde). Assim a sociedade saiba adaptar-se (o que pode ser um desafio e tanto...). 

Aliás, as investigações em curso nas mais diversas áreas parecem abrir portas a um mundo novo. Sempre assim foi, mas agora, com as investigações em rede, com a partilha de informação disponível em qualquer lugar, a qualquer hora, com as sinergias que se criam, os avanços são mais rápidos, podem ser facilmente potenciados e, talvez por isso, parecem mais significativos.

E, no entanto, vejo estas boas notícias ao mesmo tempo que leio que morreu André Freire, pessoa que ouvia sempre com atenção. Segundo a notícia, foi operado a um ombro, supostamente uma operação pacífica, arranjou uma infecção na sequência da cirurgia e, num ápice, morreu. Fez-me muita impressão. Com tantos avanços científicos, tanta sofisticação e depois acontece uma coisa destas. Li que ainda na segunda-feira tinha estado a lançar um livro, certamente muito longe de pensar que estava a viver um dos seus últimos dias de vida. Por vezes a vida é ingrata, traiçoeira. E isso pode ser assustador.

Li ainda que André Freire foi operado na Luz mas que, face ao quadro, foi transferido para o São Francisco Xavier. 

Quando a coisa dá para o torto a valer, ainda bem que há o SNS. Infelizmente, neste caso, pelo triste desfecho, já não terá sido possível reverter o quadro. 

Lamento muito.

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New skin research could help slow signs of ageing | BBC News

Researchers have made a scientific discovery that could be used to slow the signs of ageing. 

The Human Cell Atlas project has discovered how the human body creates skin from a stem cell, and even reproduced small amounts of skin in a lab. 

As well as combatting ageing, the findings could also be used to produce artificial skin for transplantation and prevent scarring.

sexta-feira, agosto 09, 2024

À atenção de Lentão Amaro, Ministro da Presidência:
"Ninguém de boa-fé poderia supor que problemas na Saúde seriam resolvidos em meses", diz agora V. Exa.
Ah é...? Muito me conta...
Mas quem o supôs e disso fez bandeira de campanha eleitoral foi a AD!
A AD, então, não estava de boa-fé. É isso?

Mais depressa se apanha um demagogo que um coxo!

 

O Ministro da Presidência, o Lentão (em boa hora assim apodado por Ricardo Araújo Pereira), disse mais:

A situação encontrada na saúde "é muito difícil e muito delicada" em termos de organização, de escassez de recursos e incapacidade de resposta e insistiu que a resposta "não se faz, infelizmente, num dia"

Ah sim? Descobriu agora, foi?

Fizeram campanha, prometendo uma resposta eficiente e a cura de todos os males em 60 dias e agora vêm com esta conversa?

Que não conseguiriam fazer nada em meia dúzia de dias já qualquer pessoa com dois dedos de testa o sabia.

Mas como há sempre gente ainda mais burra que os burros que julgam que todos são mais burros que eles, houve quem caísse e, com esse e outros engodos, conseguiram a unha negra que lhes permitiu cantar de galo.

Mas como, na maioria, só conseguiram rebotalho para o governo (como disse na altura, eu e algumas pessoas que me são muito próximas, sabemos de casos que são de bradar aos céus) não admira que não consigam fazer mais nada que não powerpoints e anunciar ou coisas feitas ou preparadas pelo governo anterior ou coisas que são apresentadas que são para agora mas que, efectivamente, só se concretizarão quando Deus Nosso Senhor assim quiser.

E, portanto, ou sabiam que era impossível resolver em meia dúzia de dias problemas complexos e estiveram de má fé a enganar os eleitores ou falaram por falar, inconscientes e irresponsáveis, que não sabem o que andam a fazer. Nenhuma das duas é recomendável.

E o artista que era da Ordem dos Médicos e que agora é deputado do PSD é um dos que tem mais culpas no cartório. Com a visão corporativista que a Ordem tem, impondo o que quer ao País sem que ninguém os apeie, conseguiu que se chegasse ao estado de bagunca organizativa que reina na Saúde. Os médicos ganham o que querem, trabalham em vários sítios -- e não me venham com conversas pois só não ponho aqui números para não me virem pedir que os prove (e, para os provar, teria que envolver médicos que estão bem, muito obrigado, a ganhar pipas de massa, trabalhando as horinhas que querem).

Se houvesse mais vagas nos cursos de medicina (deixando a Ordem de meter o bedelho nisso de uma vez por todas), se os médicos estivessem sujeitos às regras normais no mercado de trabalho, e se os hospitais fossem geridos por gestores capazes (e não gentinha dos aparelhos), deixando a medicina para os médicos e retirando-lhes de cima a gestão (pois, já se viu, o estado em que os hospitais estão quando geridos por eles) a ver se outro galo não cantaria.

Depois de criarem as falsas expectativas que criaram, ainda por cima põem como ministra uma criatura que mais parece uma incendiária, uma sarrafeira, uma intriguista, que a primeira coisa que fez foi fazer a cama ao director do SNS, Fernando Araújo, arranjar problemas com o INEM, atrasar os concursos e sei lá que mais, o que é que esperavam?

Mentirosos, demagogos, trumpistas é o que esta gente da AD é. 

sábado, junho 15, 2024

Urgências noturnas de obstetrícia todas encerradas na Margem Sul de Lisboa na próxima semana
Este, pelos vistos, é o lindo serviço que a AD andava a apregoar para resolver os problemas da Saúde em Portugal
Este é o lindo serviço que a Ministra Ana Paula, mais uma das arruaceiras contratações de que Montenegro se rodeou, tinha para resolver os problemas da Saúde em Portugal?
E, na Educação, vamos ver como corre a grande solução de recontratar professores reformados que já não podem ver alunos nem pintados ou reter outros até estarem a cair da tripeça...
Só anedotas.

 

Transcrevo do Público: 

Na margem sul do Tejo, só há uma urgência de obstetrícia aberta até 5ª feira e nenhuma durante a noite

A maior parte das grávidas e algumas das crianças da margem Sul do Tejo terão que atravessar a ponte e deslocar-se aos hospitais de Lisboa e arredores para serem atendidas em serviços de urgência de ginecologia/obstetrícia e de pediatria, entre esta sexta-feira e a próxima quinta-feira, porque as unidades de saúde da região estão quase todas com as urgências destas duas especialidades fechadas ao exterior ou abertas apenas durante algumas horas por falta de médicos em número suficiente para assegurarem as escalas. No caso das urgências de ginecologia/obstetrícia, nenhuma das três da margem Sul vai estar aberta durante a noite. (...)

A senhora começou por hostilizar o Director do SNS, Fernando Araújo, pessoa cuja competência era geralmente reconhecida, até levá-lo à demissão. 

Contudo, pasme-se, não sei quanto tempo depois, aparentemente ainda não conseguiu substitui-lo pois, ao consultar o portal do SNS, ainda aparece Fernando Araújo. Para uma área tão crítica, pelos vistos a dita senhora ainda não conseguiu arranjar ninguém.  

Ana Paula Martins, farmacêutica, é incansável a mandar bocas para tudo o que é canto e esquina e a eficientíssima a desestabilizar as áreas que tutela. 

Não sei se percebe alguma coisa de medicina ou de administração hospital mas receio bem que não. Como também parece carecer de bom senso e de civismo, penso que é de se temer o pior.

E nem me apetece falar na estupidez de andar a apregoar mais de 9.000 cirurgias oncológicas atrasadas quando afinal pouco passam das 2.000. Era bom que fossem zero mas são números que nada têm a ver com o exagero da falsidade da ministra. Ou é uma embusteira, e é grave, tanto mais que é um embuste relacionado com uma realidade dolorosa, ou anda mal informada, o que não é menos grave.

Agora, a última é que agora levou à demissão da Comissão Directiva do Hospital de Viseu depois de mais umas das suas tiradas ofensivas e mal educadas. 

Parece ser típico do seu comportamento: quando confrontada com os problemas, sacode a água do capote e, à bruta, atira para cima dos administradores hospitalares. 

Tem em comum com a colega do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, a igualmente inqualificável Maria do Rosário Palma Ramalho, o serem mal educadas, trauliteiras. Quando se sentem apertadas, não olham a meios, revelando uma constrangedora deselegância.

Resolverem problemas não é com elas. Pelo contrário parece que os agudizam. Entram com espalhafato, fazem e acontecem. Mas, vamos ver o que fizeram, e não há uma que se aproveite. 

É isto o Governo do Montenegro, outro chico-esperto que desafia a paciência e o sentido democrático da Oposição (perante o olhar apatetado de um Marcelo, de boca aberta, que agora quer à viva força que a malta toda apare todos os golpes da Pestenegra).

Aliás, Montenegro mostrou logo ao que vinha com aquele perfeito nonsense, coisa à Monty Python, da primeira medida tomada, coisa que viria a revelar-se divertidamente simbólica: retirarem o logotipo do Governo (herdado, pois, do Governo de António Costa), um logo moderno, estilizado, que tem ganhos prémios de design. Só o facto de darem prioridade a esta mudança já é de gargalhada. Mas mais de gargalhada é o que se tem seguido, Logótipo do Governo sofreu várias trocas em poucas horas no portal do Executivo

Só chico-espertices, más criações, parvoíces, coisas sem ponta por onde se lhes pegue. Cá para mim, o destino deste Governo está traçado. 

quarta-feira, maio 01, 2024

Estes gajos não têm jeito para serem ministros
-- A palavra ao meu marido --

 

Manifestamente os tipos que estão a governar-nos não sabem o que é ser ministros. Comecemos pelo Luís. Para além de desdizer o que afirmou e reafirmou sobre os impostos na campanha eleitoral ouvi-o dizer, com a maior ruralidade, na sessão de apresentação do júnior Bugalho “que está mesmo  a gostar de governar” como se governar fosse uma espécie de play station que se joga quando dá gozo e se põe para o lado quando já não temos paciência. E quando o Luís deixar de gostar de governar, pira-se? Se assim for, espero que se farte depressa. Mas, entretanto, vai fazendo umas diabruras e contradizendo-se em cada frase. Então não é que para  justificar o saneamento da Provedora da Santa Casa, após dizer que não estávamos perante um caso de saneamento, referiu. para justificar a exoneração, “que é normal que quem não está politicamente alinhado com a política do governo seja exonerado”...?  Não restarão dúvidas que as palavras ditas pelo Luís são a definição de saneamento. E nem falo na deselegância da forma. É até quase inédita a forma abrutalhada e pouco civilizada como estão a agir. 

E já vão dois: primeiro, o diretor executivo do SNS, que não foi corrido directamente mas, inequivocamente, levado a isso, e, agora a Provedora da Santa Casa. 

O Nuno Melo, apoiado pela MAI, veio dizer que o castigo a aplicar aos jovens delinquentes era “metê-los” na tropa. Esta “tirada” é uma falta de respeito e um desprestigio para a instituição militar e nem consigo entender como pode ser dita pelo Ministro da Defesa. Espero que os militares mostrem o seu desagrado como, aliás, já começaram a fazer. 

Mas existem outras duas dimensões que vale a pena relevar: 

  • Primeiro, esta ideia, completamente reprovável, é estupidamente próxima do que aconteceu na Rússia para recrutarem soldados para a guerra da Ucrânia, o que naturalmente nenhum País civilizado gostaria de  copiar.  

  • Em segundo lugar, é bafienta e recorda o que acontecia no Estado Novo. Muitos jovens estudantes portugueses que andavam nas faculdades antes do 25 de Abril, porque protestavam contra o regime. eram incorporados compulsivamente e mandados combater nas colónias e, assim, eram castigados. E estes Ministros conseguiram ter esta ideia na semana em que se comemorou o 25 de Abril e centenas e centenas de milhares de pessoas vieram para a rua festejar a Liberdade, a Democracia e gritar “fascismo nunca mais”. Lastimável!

Finalmente, vamos ao inqualificável Hugo Soares que, apesar de não ser ministro, merece, pelos piores motivos, uma referência. Não sei se o PR pensa que ele também é rural mas eu penso é que ele mal educado e arruaceiro. Tem sentido e é razoável um líder parlamentar que, “para inglês ver”, de vez em quando fala em diálogo, chamar “histéricos” aos deputados do PS? É este o clima que o PSD quer criar ou estão a “trabalhar” para serem corridos porque pensam que em novas eleições conquistam mais votos? Não sei, mas acho que acima de tudo esta direita não é educada, na verdadeira acepção do termo, não sabe estar, é arrogante e arruaceira. 

quinta-feira, novembro 16, 2023

Quem é que anda a fazer de tudo para que voltemos aos tempos (AC) em que se dizia haver, por aqui, um povo que nem se governava nem se deixava governar?

 

Na sequência da última inventona, no outro dia, no balneário da piscina, uma senhora que, quase de certeza, não paga um cêntimo de IRS e que, do que percebo, também nunca deve ter descontado um cêntimo para a Segurança Social, queixava-se dos governantes, que são todos uns corruptos, uns ladrões, que só lá estão para encher os bolsos enquanto ela e 'nós' (leia-se, as presentes no balneário) não temos direito a nada.

Na sequência desta conversa, e em total incoerência, relatou que há uns três ou quatro anos teve um enfarte e que esteve num hospital público e que foi muito bem tratada e acompanhada, que não tem nada a apontar.

Chamei-lhe a atenção: mas era um hospital público e foi bem tratada... (isto sem nunca ter contribuído com um cêntimo). Portanto, de que se queixa? Disse-me, taxativamente, que se fosse hoje deixavam-na morrer à porta. Respondi-lhe que não, que o nosso SNS até funciona bem, como ela constatou, e que não há notícia da população andar toda a morrer à porta dos hospitais. Falou-me das notícias. Um caso de alguém que teve essa pouca sorte entre centenas de casos (senão milhares) por dia é uma infelicidade mas é uma insignificância estatística.

Dir-me-ão que, se a senhora não pagou impostos, é porque tinha baixos rendimentos ou, mesmo, zero rendimentos. 

E eu responderei que talvez não. Neste caso em concreto, do que nos conta, passeia pela Europa, faz cruzeiros, etc. Não vou entrar em pormenores mas posso dizer que, do que percebo, terá sido mais um daqueles infinitos casos de 'pequena' economia paralela. Agora percebo que o marido já não trabalha mas, do que vou ouvindo, intuo que devem ter vivido à margem das suas reais obrigações.

Uma outra dizia que tinha tido um cancro, que se tinha tratado no IPO e que tinham sido impecáveis, amorosos, atenciosos. Não tinha pago um cêntimo. E, no entanto, fazia coro com a outra, quanto à 'ladroagem que por aí anda nos governos e no parlamento' fazendo com que 'nós' tenhamos que pagar tudo, e tudo cada vez mais caro, e 'eles' nada, só a ficarem ricos. Quando a interpelei: mas os tratamentos no seu caso, com cirurgias, tratamentos, etc, devem ser bem caros e não pagou nada. Ficou a olhar para mim muito admirada como se tudo aquilo tivesse caído do céu, ou seja, como se nunca lhe tivesse ocorrido que usufruiu de dinheiro que outros descontaram e que os ditos governantes (e respectiva máquina administrativa) administraram.

Num outro dia, era uma outra que dizia que não ia levar vacinas, que estava farta de levar vacinas (gripe e covid) e que o que corria nos grupos de facebook de que fazia parte era que isto das vacinas é só para uns quantos se andarem a encher de dinheiro à nossa custa e que já estava farta de dar para aquele peditório. Perguntei-lhe se alguma vez tinha pago alguma coisa e ficou também admirada com a minha pergunta. Que não... E eu disse-lhe que levar vacinas era uma questão de saúde pública e, ao mesmo tempo, de defesa individual e que era um serviço gratuito para todos os utentes, que saía do orçamento do SNS. Vi que estava espantada e quase aposto que concluiu que eu devia estar 'feita' com os que só querem roubar. Isto quando usufrui gratuitamente dos serviços.

Num desses dias, cansada de ouvir tanta alarvidade, falei-lhes nas estradas, nas esquadras, nas escolas, nos hospitais e centros de saúde, por exemplo, em que se usufrui de vias de comunicação,  de saúde e de ensino gratuitos e que temos muita sorte em que assim seja e ainda mais porque mesmo as pessoas que não pagam impostos ou que não descontam para a segurança social, ou descontam muito pouco, tenham todos os seus direitos assegurados.

Ora, o que constato é que muitas pessoas, sendo usufrutuárias líquidas de benefícios não negligenciáveis, em vez de estarem agradecidas, mostram-se revoltadas como se alguém estivesse a roubá-las.

E isto, creio eu, deve-se a esta campanha orquestrada (deliberada ou não) entre o Ministério Público, os populistas como o Chega, as franjas mais ignorantes, embrutecidas e fundamentalistas do BE e do PCP,  alguns trogloditas do PSD e a comunicação social que, de manhã à noite, convocam para o palco da maledicência toda a espécie de jornalistas/comentadores que parece que, para assegurarem a sua avença, apostam no bota-abaixo, no discurso da desgraça e da fatalidade. Isto, exponenciado, pelas redes sociais. Vejo pelos grupos de whatsapp de que agora faço parte como cai lá todo o lixo possível e imaginário. Notícias falsas, truncadas, memes ridicularizando e caluniando políticos e governantes -- em permanência.

Há pouco, uma jornalista falava do 'caso' Data Center de Sines. Tudo o que ela dizia eram banalidades sem um pingo de suspeição. Tudo o que ouvi tinha a ver com aquelas pessoas quererem resolver encalhamentos, entraves, descoordenações, tretas irrelevantes. Contudo, ela lia a notícia com um tal ênfase e com um gesticular de mãos que, quem não conseguisse descodificar o que ela dizia, julgaria que ela estava a destapar uma caldeira de corrupção ou a desvendar uma perigosa teia. 

Sobre a deriva paranoica, persecutória e justicialista do Ministério Público quer o meu marido quer eu já aqui falámos bastamente (post anteriores). Cinjo-me agora à divulgação noticiosa da 'inventona'. Ora, desde quem escreveu a notícia que ouvi, a quem a aprovou e a quem a leu apenas revela que não fazem ideia do que é gerir investimentos. É que é isto mesmo que se espera de quem tem prazos e orçamentos a cumprir: que, dentro do respeito pela lei e pelos bons costumes, não descanse, que escave debaixo dos pés, que levante pedras, que salte muros, que vá atrás de tudo o que permita que se chegue com o projecto a bom porto. 

Tudo o que ouvi neste 'caso' foi gente que lutou pela prossecução de objectivos e não de vantagem pessoal. Ninguém ali, que se tenha ouvido, recebeu um tostão.

Fala-se em almoços ou jantares como se fosse obtenção de vantagem ou lá que treta é que é. Disparate. Toda a minha vida presenciei os meus colegas a tratarem do que calhava durante refeições. Quando se tem uma agenda cheia, por vezes encaixam-se novas reuniões no espaço livre para o almoço ou jantar. Por acaso, eu sempre fugi disso a sete pés mas não foi por achar que alguém me iria corromper ou que eu poderia ser acusada de querer corromper alguém, foi apenas porque não tenho pachorra para tratar de assuntos de trabalho durante o que considero ser um direito meu a um período de descanso. Mas, note-se, eu era vista como uma excêntrica por precisar de intervalar e precisar de descansar a cabeça enquanto como.

Mas pela cabeça de que tarado ou fora-de-lei é que passa que alguém, tendo que tratar de projectos de milhões, se deixa influenciar ao tratar de assuntos de trabalho durante um almoço de vinte ou cem ou duzentos euros? 

Que procuradores, que inspectores, que agentes e que jornalistas temos que não saibam discernir tais evidências e que, para cúmulo dos cúmulos, achem por bem destruir, na praça pública, reputações... por nada?

É absurdo, ridículo.

A que ignorantes e a que gente mal intencionada estamos nós entregues?

O que me chateia é que é isto que está por aí instalado. E não venham dizer-me que estou a exagerar ou que, sendo todos gente tão bronca, são inócuos. Não são. Foi este ambiente e estes agentes -- que medram no clima malsão que criam -- que conseguiram interromper uma legislatura, deitar abaixo um governo de maioria absoluta, insinuar infâmias, atirar lama para cima de pessoas que estavam apenas a zelar pelo bom andamento dos projectos (o que, diga-se, só beneficia o País).

Não falei até este ponto no nosso Presidente. Mas muita da responsabilidade disto tem o cunho de Marcelo. Ao comentar tudo a toda a hora, ao 'mandar bocas', ao estar sempre a insinuar remoques ao Governo, ao ameaçar durante meses com a dissolução da Assembleia, banalizando esse gesto, ao colocar-se frequentemente ao lado dos baderneiros, ao não fazer a pedagogia da análise séria, ao não se demarcar das análises cegas e populistas dos assuntos, alimentou este ambiente.

Tenho pena. 

Aquilo de Portugal ser uma terra em que a gente não se governa nem se deixa governar parece que está outra vez na ordem do dia. E está-o pela mão dos acima referidos.

sexta-feira, setembro 22, 2023

Ida ao hospital.
E umas little consideraçõezitas sobre o SNS

 


Quando se vai a um lugar assim, a gente vê de tudo. Os mais novos que, fruto de doença ou de circunstâncias infelizes, se veem debilitados. Os velhos que, fruto da idade avançada ou da má sorte, se veem a caminhar por uma via com cada vez mais escolhos. Os de meia idade que, quase envergonhadamente, se apresentam diminuídos no meio de uns e outros, como se não fosse ali o seu lugar, que se mostram tímidos por saberem que os outros os vão olhar com estranheza, como se não pertencessem ali, como se não tivessem o direito a estar ali a ocupar o lugar destinado a outros.. 

Depois há os que, como eu, acompanham. Há os empregados, os que são pagos para estar ali a acompanhar os que não conseguem ir sozinhos. E há os familiares. Há os que, como eu, tratam o doente quase de igual para igual, relação entre adultos, cada um com a sua vontade. E há os que tratam os doentes, em especial os velhos, como se fossem crianças, usando diminutivos e rebuçadinhos em cada frase.

E há depois o pessoal clínico. Também tratam uns doentes como se fossem uns seres infantilizados. Mas, se calhar são. Há os que não ouvem quase nada, não sabem responder, estão confusos. Se calhar faz sentido que as enfermeiras os tratem com carinho, quase como se fossem bebés. Mas depois há os doentes que são tratados de igual para igual, com respeito. E eu penso, de vez em quando, em determinadas situações: 'Deveria ter sido mais assertivo, deveria ter dito que é assim porque é assim e ponto final.'. Mas não, explicam e deixam à consideração. 'Eu acho isto mas a senhora fará como entender'. Fico a pensar que fizeram mal, deixaram solta a ponta que a minha mãe irá agarrar.

Mas tento sempre pôr-me nos sapatos dos outros, quer do médico que sente que deve deixar margem para o paciente decidir, quer do paciente que se sente com o direito a tomar decisões, mesmo que perceba que não é a que os médicos aconselham.

Portanto, resumindo, mais um dia daqueles. Horas. 

Tenho que dizer: tendo ela adse e um bom seguro de saúde, prefiro que se trate no sns onde há um serviço de apoio transversal. Ali é monitorizada, faz análises, é vista por enfermeiros e médicos. E há atendimento todos os dias úteis. O pior é mesmo o de sempre: a organização. O tempo que lá estamos. A impossibilidade de telefonar para a parte administrativa, por exemplo para mudar o dia da consulta. Um conjunto de pequenos bottlenecks que seriam fáceis de resolver e que trarim grande qualidade aos serviços.

E depois outra situação. No outro dia a minha mãe teve que ser vista por um médico. Não era caso de hospital. No centro de saúde havia greve, não havia consultas. Médicos ao domicílio já não havia para este mês. A hipótese seria ir com ela para o centro de saúde no dia seguinte logo de manhã a ver se arranjávamos vaga. Ora não estava em condições para se meter em tal aventura. Conclusão: para não ir horas para filas de espera imensa para o hospital público, foi para um hospital privado. 

Mas, mesmo que fosse fácil obter vagas para o dia, em especial em casos complexos de idosos, não haverá, no Centro, maneira de fazer análises e um rx. 

Para tudo isto funcionar bem teria que haver um enorme investimento em meios de diagnóstico simples para as unidades locais, e mais pessoal. E, não menos importante, gestão. 

Os Centros ou os Hospitais devem ser geridos por gestores e não por médicos. Estes devem ser os directores clínicos, não os gestores.

Agora que já não tenho o belo seguro de saúde que tinha através da empresa, estou por minha conta. Gostaria de me bastar com o sns. Mas se precisar de uma consulta de cardiologia, o que faço? Espero que o médico de família me referencie para uma consulta no hospital? E vários meses depois chamam-me? E, entretanto?

E depois esta forma abstrusa de trabalharem. Em vez de ligarem às pessoas e escolherem uma data/hora consensual, não senhor: prepotentemente, enviam uma carta a dizer o dia e a hora. Se uma pessoa não pode, azarinho.

Coisas simples que poderiam ser melhoradas.

Espero que tudo isto leve uma grande volta mas com optimização de recursos, boa gestão.

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E estou cansada. Levantei-me muito cedo. Foi dose. Isso e mais lidar com a situação que, toda ela, vai evoluindo, por vezes de forma desconcertante. O que me valeu foi ir passear para a praia ao fim da tarde. Foi bom. Mas estou um bocado esgotada.

Portanto, fico-me por aqui.

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Uma bela e happy friday

Saúde. Tolerância e compreensão. Paz.

sexta-feira, março 24, 2023

Carpir ou dançar. Ou rir.

 

Os dias não têm andado fáceis. Mantém-se a situação de que ontem falei, agravada pelo vazio comunicacional. Ninguém informa sobre nada e, se ligamos para lá, ninguém atende.

Acresce que, com a carga da bateria a esvair-se, o contacto com ela tornou-se diminuto.

E assim foi o dia até que, ao fim da tarde, finalmente, depois de inúmeras, longas e pacientes tentativas, alguém atendeu e aí, ao dizer o nome dela, aconteceu o milagre. Informação: que estava a fazer outro exame e que ia pedir ao doutor para me ligar. Fiquei de boca aberta. Duvidei até que acontecesse.

Mas, na realidade, ele ligou-me e combinou falarmos in loco.

Quando cheguei, senha tirada, eis que chega a minha vez. A senhora do atendimento muito admirada, o médico combinou uma conversa? Duvidou e duvidou como se eu estivesse a querer dar algum golpe. E eu que sim, que ele me tinha ligado e que tínhamos combinado. Ela fixa em mim -- marcou? com esse doutor? -- perscrutando-me, antevendo o momento em que eu ia vacilar. Mas aguentei firme. 

Então deu-se por vencida: foi ao sistema, depois disse que ia lá dentro. Desapareceu. Apareceu algum tempo depois, dizendo que não sabiam desse médico mas que eu esperasse que, quando ele aparecesse, logo me chamavam.

Mas eis que uma funcionária, fardada, que ali estava para tratar de outra situação, me disse que era médica e que podia falar comigo sobre a minha mãe. Perguntou-me se eu era filha dela. Fiquei admirada. Admiradíssima, melhor dizendo.

Fomos para um espaço mais privado. Simpatiquíssima, estava ao correntíssimo, conversámos, uma conversa tranquila, e, entretanto, referiu o contacto que um colega tinha recebido de um familiar nosso ligado ao sector.

Abro um parêntesis para enquadrar o ambiente de hoje. Podendo parecer impossível, a verdade é que aquilo estava ainda mais cheio. Dir-se-ia que ingerível. As urgências a deitar por fora, desde a rua à sala de espera. Ambulâncias, gente em macas, gente em cadeiras de rodas, feridos, achacados, gente estranhamente obesa com ar infeliz e muito doente, gente encolhida -- um pouco de tudo. 

Levaram-me, então, ao pé da minha mãe. Até lá chegar, passei por corredores lotados de macas, umas a seguir a outras, e gente doente ou acidentada em cadeiras. 

É o grau zero da dignidade: uma pessoa doente, numa maca, num corredor, por onde passa um e outro. E uma pessoa dependente, vulnerável, ali exposta. Uns choram, outros chamam. Os outros não ligam. Cada um está entregue ao seu próprio sofrimento.

Até que cheguei ao espaço onde estava a minha mãe. Uns tossem, afogados em expectoração, outras gemem e gritam, uns dizem maluqueiras e querem arrancar tubos, outros com ar sofredor e infeliz.  

Contudo, pelo menos connosco, os funcionários amabilíssimos. O médico foi lá ter e conversámos, ele com tranquilidade e extrema simpatia. A enfermeira e as assistentes técnicas também amorosas. As auxiliares atentas e delicadas.

E eu fiquei a pensar se esta disponibilidade e simpatia teriam um pouco a ver com o contacto referido ou se, portas adentro, são sempre assim, amorosos, dedicados, competentes. E, para que não fiquem dúvidas, o contacto foi apenas para saber o que se passava com a minha mãe pois eu não sabia o que se passava para ela lá continuar. Não foi para pedir o que quer que fosse, apenas uma informação. Temos também lá um familiar muito próximo com um cargo de direcção e a quem não falámos na situação da minha mãe para que não ficasse a ideia de que queríamos algum tratamento diferenciado.

Ou seja, pode acontecer que, vencendo aquela caótica barreira da multidão da urgência, lá dentro haja dedicação, atenção, cuidado.

A minha mãe ainda lá continua e para onde foi não deixaram que levasse telemóvel. Por isso, não sei se amanhã terei alguma informação ou se vai ser outra luta para conseguir saber alguma coisa.

E volto a dizer o que ontem referi: há ali um nítido problema de organização. Horas e horas e horas. Há muito doente impaciente, muito familiar cansado e desinformado. Tudo se atrasa, tudo se acumula, todo o ambiente se degrada.

Não há dúvida que deveria voltar a haver Serviços de Atendimento Permanente (SAP) para ficarem com muitos doentes a montante e não irem todos cair nos hospitais. Se calhar deveriam estar equipados com alguns meios de diagnóstico mais simples (recolha de sangue e urina que fossem enviados para laboratórios, 24 horas x 7 dias ou raios X).

Contudo, apesar de isso me parecer vantajoso, admito que não é indispensável pois até poderia, por uma questão de sinergias, não se optar por descentralizar os serviços. Mas, então, deveria haver uma triagem que segregasse para instalações distintas, com equipas distintas, tudo o que fosse mais simples e tudo o que fosse caso grave. Assim, como está, tudo ao molho e fé em deus, se aparecem mais casos graves, ficam os outros a penar por horas infindas, gerando o nefasto efeito de acumulação.

Além disso, deveriam ter um sistema humanizado, sistemático e atempado de informação aos familiares. Senão, por cada doente, há pelo menos um familiar desagradado. Isto quando não se junta toda a numerosa família, armando uma barulheira que incomoda.

Enfim, não há como negar que há na Saúde um problema complicado. Contudo, penso que as soluções não serão forçosamente nem muito complexas nem muito dispendiosas. Há em gestão um conceito que dá pelo nome de quick wins, ou seja, ganhos rápidos, ou seja, medidas fáceis que trazem ganhos quase imediatos. Seria bom que, antes de se pensarem em grandes soluções e grandes investimentos (antes ou, pelo menos, ao mesmo tempo), se enveredasse por uma abordagem mais modesta, tentando obter quick wins. Envolvam-se as equipas, peça-se que avancem com sugestões, peça-se ajuda a outros que noutras unidades (públicas ou privadas) já façam melhor. É que não há dúvida que é preciso arregaçar as mangas e deitar mãos à obra.

E é isto. Vou descansar.

Mas para que isto não fique uma pessegada difícil de tragar, deixem que partilhe convosco um vídeo de dança que talvez anime quem se sinta desanimado com estes temas.

James Last - La Cumparsita


Um dia bom
Saúde. Força. Paz.

quinta-feira, março 23, 2023

Horas e horas e horas e horas nas urgências de um hospital (público).
Ou seja, não acontece apenas aos outros.

 

Ouve-se nas notícias, percebe-se que é do caraças mas parece que é coisa que está longe. Não está. Estamos todos sempre perto de tudo.

Não vou entrar em pormenores. Não apenas não me dizem directamente respeito como são irrelevantes para o caso que aqui me traz. Mas quero dizer que chegámos ao hospital às duas da tarde e saí de lá à 1 da manhã. É fazer as contas. E é isso que aqui me traz.

E saí porque, à meia noite e tal, a senhora da segurança me sugeriu que fosse bater à porta da triagem e pedisse ao enfermeiro que fizesse o favor de me informar. Senão, se calhar a esta hora ainda lá estaria.

Um enfermeiro bem simpático percebeu a minha preocupação e impaciência, foi ao sistema e disse-me que ela estava a ser medicada, que ia lá passar a noite e que amanhã reavaliariam. Perguntei porque é que não tinham informado antes. Disse-me que, sim, eu tinha razão, deviam tê-lo feito pois já um bom bocado sabiam disso, mas que não deveriam ter conseguido mas que eu, se estivesse com o médico, de manhã, o questionasse. Provavelmente já será outro e a justificação já não servirá de nada.

Entretanto, a minha mãe (tal como eu) estava praticamente sem carga no telemóvel. Perguntei ao gentil homem da triagem se não haveria por lá carregadores. Sorriu, encolheu os ombros, disse-me que aquilo são as Urgências... como poderiam ter carregadores...?

Não disse nada mas pensei: poderiam, sim, é barato e resolveria muitos problemas e evitaria muita ansiedade. Quando eu tive um episódio cardíaco há ano e picos e fui de charola para as Urgências, numa ambulância com luz azul e um ti-nó-ni a atravessar os ares, tendo lá passado a noite e a manhã, também sofri horrores a ver o telemóvel a ficar sem bateria, o meu marido, os meus filhos e os meus netos a ligarem ou a mandarem mensagens e eu a ver-me a ficar incomunicável. E, claro, carregador que pudessem emprestar, nicles.

Agora é a minha mãe que está na mesma. Aflita com medo que a carga se esgote.

Eu, entretanto, já estou em casa, já tomei banho, já comi um iogurte e uns frutos secos e já tenho o telemóvel a carregar. Mas ela provavelmente vai ficar sem conseguir ligar ou atender chamadas ou mensagens e toda enervada.

Durante toda a tarde estive sem perceber o que se passava. Tentava saber, telefonando-lhe ou trocando mensagens, e nada de concreto, apenas um sistema empastelado. O médico viu-a pouco depois de chegar. Vinha com uma carta do centro de saúde, foi logo para a chamada sala aberta. Depois ao longo da tarde foi fazendo exames e depois até às onze da noite esteve à espera dos resultados. Pelo meio houve mudança de turno, nova equipa. Depois parece que apareceram reanimações, outras e compreensíveis prioridades, e o médico esteve desaparecido. Perto da meia noite apareceu, perguntou-lhe como estava, auscultou-a, e disse-lhe que se calhar podia ir para casa. Depois disse que se calhar não porque a filha se tinha ido embora. A minha mãe disse que achava que eu não me tinha ido embora, que não iria sem lhe dizer. Depois o médico foi ver e disse que era confusão. E que ia falar com outro médico e já lhe dizia.

E voltou a desaparecer. 

Eu trocando mensagens com ela ou telefonando, e nada, o médico desparecido e a enfermeira que, pouco tempo antes também tinha dito que se calhar ela ia para casa, depois também não sabia.

Até que à meia noite e tal, sem saber se deveria ali continuar à espera, horas e horas e horas, lá fui bater à porta da triagem e lá soube o que contei acima, que ela lá ia ficar.

O que é isto? Desorganização? Falta de consideração pelos doentes e pelas respectivas famílias? Isso tudo mais falta de sentido de gestão na equipa que dirige o hospital?

E porque levam tantas horas a ter os resultados dos exames? Há algum estrangulamento no laboratório ou na imagiologia que esteja a causar tamanhos atrasos? Será que, se resolvessem isso, não resolveriam muitos problemas a jusante?

Tenho experiências de idas a urgências e internamentos no Público e no Privado e uma coisa é certa: há um problema severo de (des)organização e de comunicação no Público. Não vejo que haja diferenças a nível de competência ou de qualidade de serviço. Mas na organização e na disponibilização de informação há uma terrível diferença.

Uma coisa que o Ministério da Saúde poderia fazer seria tentar replicar o modelo de organização e gestão de um hospital privado num hospital público. A CUF pode ser um bom modelo pois já teve inclusivamente a responsabilidade pela gestão de hospitais públicos. Num hospital privado não há mais recursos nem se ganha mais. Do que sei o que há é um foco na boa gestão, com indicadores internacionais que o comprovam. 

Bem, são quase três da manhã, estou cansada, foi uma tarde e uma noite stressantes. Fui lendo os comentários e tenho pena de não responder, mas não consigo. Pode ser que esta quinta-feira a tarde seja tranquila e consiga. 

Enfim. É a vida..., como dizia o outro.

domingo, março 05, 2023

Assinalar o 3º aniversário Covid em grande estilo
[Digo assinalar porque me parece que festejar não é lá muito bem o caso...]

 


E, portanto, na semana em que se assinalam os três anos de Covid em Portugal, para marcar a data em grande estilo, quando já começava a convencer-me que a minha genética para sempre me levaria por entre os pingos da chuva, fui caçada pelo corona.

Nada de extraordinário. Tinha dormido com ele, tinha convivido de perto com ele durante dois dias... como não...?

A dúvida é como é que o meu marido o apanhou... No supermercado? 

Mas não interessa. O que interessa é como é que, depois de três anos de informação e alertas, fomos atingidos connosco na maior descontração.

Na segunda-feira o meu marido falou que andava com pingo. Nada de mal.  Nem ele nem eu ligámos. 

De tarde estava com dores de garganta. Estávamos a passar perto de uma farmácia pelo que ele parou e foi comprar um spray. Tranquilo. Continuámos na levezinha.

Na terça-feira disse que achava que estava a constipar-se. Espirrava, tossia, doía-lhe a garganta e... tudo ainda na boazinha. À tarde achou que era melhor comprar uns comprimidos para estes sintomas gripais. Começou a tomar.

Para mim era uma carraspana das antigas. Para ele também.

À noite pediu-me para eu ir buscar o termómetro porque se sentia febril mas estava cansado para o ir buscar. Achei aquilo estranhíssimo. Nem protestei, fui logo buscar. E aí já comecei a desconfiar. Cansado? Tão cansado que me pedia para eu ir buscar o termómetro...? Quando constatámos que estava com febre alta e quando o vi com os olhos muito encarnados fui logo buscar um teste. Óbvio. Imediato. 

Positivo.

Por isso, na quarta-feira fui à farmácia comprar-lhe medicamentos conforme contei aqui.

Mas, portanto, teste positivo na terça à noite. Já dormimos separados. 

Os seus sintomas acentuaram-se: cansado, cansado. E tosse. E febril. Mas, sobretudo, cansado. 

Quando ia levar-lhe a comida ou ia buscar roupa para mim, volta e meia esquecia-me da máscara. Ele corria comigo, aborrecido com a minha falta de cuidado.

Na quarta-feira mantinha-me bem. Na quinta também. Mas à noite estava com um frio um pouco suspeito. Mas as temperaturas têm estado baixas, as casas frias. Portanto, nada de mais. Não tinha quaisquer sintomas. Continuei a alimentar a esperança de que, pelo tipo de sangue, por não me faltar apanhar sol (dizem que a vitamina D é importante), por qualquer outra coisa e, também, por ter sido vacinada com a dose de reforço e a da gripe em meados de novembro, talvez escapasse.

Mas m sexta acordei com algumas dores meio atípicas: nos pulsos, nas costas, nas pernas, na cabeça. Mas desapareciam assim como apareciam. Fiquei a tentar perceber o que se passava. Levantei-me, sem vontade de me levantar, e sentia-me esquisita. Cansada, cansada. Percebi que estava doente. Fui fazer o teste... e, claro, branco é, galinha o põe. Positiva.

Passei o dia deitada. Tive febre, dores de garganta, dores um pouco por todo o lado. cansada, sem energia, sono.

A noite passada dormi que me fartei. Foi o meu marido que me foi acordar pois devia estar preocupado. Acho que nem sonhei nem mudei de posição. 

Este sábado não tive febre mas continuo cansada, congestionada, dorida, sem qualquer apetite (o que não é mau). 

Temos monitorizado o oxigénio, o que é importante. Temos feito repouso e bebido líquidos.

O meu marido está melhor, já se mexe, já não se sente tão apanhado.

Ontem pensei que não ia conseguir escrever aqui nada. Estava KO de todo. Mas, ao ver o De Ornelas a fugir com o colectivo e eclesiástico rabo à seringa arranjei energia para o zurzir, a ele e aos que o rodeiam e apoiam. 

E agora que aqui estou, meio azamboada, a ver a Semifinal do Festival da Canção, cheia de peças de roupa, congestionada como se estivesse com uma gripe das antigas, com dores nas costas, com os olhos a modos que a arder, sem comer nada desde a saladinha do almoço, pensei o mesmo: hoje não vai dar.

Mas isto já se sabe: a força do vício é tramada. Neste caso o vício de escrever.

E, portanto, por hoje nada mais que isto. Sei que abuso da vossa paciência pois ninguém merece ter que gramar com o boletim clínico de outro. Mas não tenho energia para falar da ridícula moda de alguns intérpretes que se apresentaram com naperons na tola ou véus colados à cara ou de alguns outros, masculinos, vestidos de matrafonas como se o Festival fosse um franchising do Carnaval de Torres Vedras.

E não quero que me achem maledicente pois até gostei de algumas canções. Por exemplo, gostei da 7, da 8 e da 10. Mas não consigo dissertar sobre isso. Passaram à Final e isso é que importa.

Só mais uma palavra. Estando já medicados, ficámos na dúvida se deveríamos ligar para a Saúde 24, sobretudo para uma estatística mais actualizada. Ligámos. E fiquei muito agradavelmente surpreendida pela atenção, pelo cuidado. E há pouco ligaram para fazer o acompanhamento. E com mais recomendações. Serviço público de qualidade.

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Esculturas de Su Blackwell feitas com livros em segunda mão 

na companhia dos bem dispostos Voodoo Marmalade com Tormento,  10ª canção da semifinal.

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Um bom dia de domingo 

Saúde. Boa disposição. Paz.

sábado, agosto 14, 2021

SNS 24

 

Dizia eu ontem que todo os dias aprendo alguma coisa. Hoje cumpriu-se a regra. Provavelmente vou fazer papel de totó ao falar nisto pois, às tantas, toda a gente sabe e usa e eu é que, distraída como sou, fiquei banzada qual campónia que vê o mar pela primeira vez.

Ainda assim, para o caso de haver entre os meus Leitores outros totós como eu, vou falar nisto pois considero que, para mim, foi uma descoberta virtuosa.

Algures no tempo, certamente tempos não muito remotos, alguém disse ao meu marido que se pode consultar o boletim de vacinas na internet. No outro dia, quando andava a ver como obter o certificado digital da vacina covid, pesquisou e foi parar a um portal que o surpreendeu. No capítulo das vacinas descobriu que dentro de algum tempo deve renovar algumas vacinas.

Macaquinha de imitação que sou, não poderia ficar só a ouvir e hoje pus mãos a caminho e aí vai ela à procura do mesmo.

Fiquei pasmada.

Não apenas tem as vacinas que devo renovar e todas as que levei desde pequena até às últimas (e lá está a da Janssen que tomei no início de Junho) como, logicamente, conformei que também tenho para levar, daqui por algum tempo, as mesmas que o meu marido. Jamais me ocorreria. Se calhar vou marcar na minha agenda senão, como ainda vem longe, acabo por me esquecer. Contudo, se calhar, na altura, receberei um aviso...

É que o que mais me surpreendeu é toda a informação que lá está sobre mim.

Estive a dar mais autorizações do que as que lá estão por defeito (por exemplo, dei acesso a médicos ou enfermeiros na clínica privada para que consultem o meu processo), a actualizar os meus dados e a identificar contactos de emergência. 

Mas também escolhi a opção de ser informada quando alguém aceder ao meu processo.

E andava para aqui a pensar que já estava a precisar de uma receita quando dou com uma opção que é, justamente, pedir receitas de medicamentos que estejam declarados no processo como medicamentos recorrentes. Tomo (quando me lembro) glucosamina, um suplemento que, supostamente, previne o desgastes das articulações. Ora bem, lá estava ela no meu processo. Cliquei em pedir receita. Ainda não recebi nada mas presumo que venha a receber ou por mail ou por sms.

Há uma outra opção que tem a ver com o percurso de saúde (e lá vi, por data, os estabelecimentos de saúde a que fui nos últimos tempos, os exames e receitas que me prescreveram), o resumo de saúde, o cálculo de risco de diabetes, etc. Ou seja, tudo muito útil, de consulta muito intuitiva.

Não sei porque não é isto mais divulgado pois não apenas nos pode ser da máxima utilidade como nos pode facilitar muito a vida.

Para entrar, pode digitar https://servicos.min-saude.pt/utente/

Terá que se autenticar. Eu autentiquei-me com o meu Número de Utente (que vem no Cartão de Cidadão). Depois recebemos um código via sms e colocamos esse código no portal. E entramos na nossa área.


E aí é só navegar.

Se tudo isto já era de vosso total conhecimento, relevem a revelação da minha total totozice nesta matéria ao estar a falar em descoberta quando já não há cão nem gato que não usa este portal todos os dias.

Mas, a quem não conheça, recomendo. A malta gosta de dizer mal de tudo e não gosta de elogiar o que há de bom e que tanto nos pode ajudar. Pela parte que me toca, aqui fica a diga: espreitem, experimentem. E divulguem...

sexta-feira, dezembro 13, 2019

Corbyn, a lástima que abriu caminho a Boris.
O número máximo de dias que se deve usar um soutien sem o lavar.
E o SNS: um caso em Espanha e outro com a minha mãe.
[E, se isto parece que não liga a bota com a perdigota, a culpa não é dos cogumelos]





Só posso concluir aquilo que já concluí há muito tempo: o Corbyn é uma nulidade. Bem podem dizer-me que são as circunstâncias ou que sei lá o quê. Não vou nesse. Nunca fui e agora está à vista no que deu. Não há conjunturas que expliquem que, perante políticas tão erradas, estratégias tão desastrosas e atitudes tão inaceitáveis como são as dos Conservadores e, mais recentemente, potenciadas pelo descaminho que é o trafulha do Boris Johnson, o principal partido da oposição não tenha via verde para o tirar de lá. Devia ter sido piece of cake, canjinha de galinha. Já dizia o outro: até o rato Mickey teria conseguido melhor.

Jeremy Corbyn sempre se mostrou um frouxo, pouco claro, nunca conseguiu traçar um rumo claro e pòr-se em cima dos carris, nunca explicou, de forma inequívoca, o que se propunha fazer caso ganhasse. E veio agora com propostas que lançaram a confusão na classe média, ameaçando-a com medidas que poderiam fazer sentido se fossem para classe alta, altíssima e não para a grande maioria da população contribuinte; e isso e mais um banho de nacionalizações e mais um punhado de medidas desfasadas do tempo. Os eleitores votam não em princípios abstractos mas em pessoas que inspiram confiança e relativamente às quais se sabe o que farão quando se virem com o poder nas mãos. Portanto, o resultado dos Trabalhistas não terem resolvido o problema da sua liderança deu no que deu: um desastre para o Reino Unido. E uma machadada na União Europeia. Mas, se ganhasse o totó do Corbyn, a coisa não seria melhor. Portanto, vou ali e já venho.

E eu, perante esta fatalidade anunciada, não consigo dizer mais nada. Só que tenho pena.

E, se não for sobre isso, nem sei de que fale. Não estou em minha casa. A febre dos jantares e almoços de Natal alastra imparavelmente. Hoje estou a fazer baby sitting pois temos que ser uns para os outros. 
E isto porque me baldei a mais um. Melhor: a dois. Pode parecer mentira mas é verdade. De manhã, quando disse a um que hoje não ia, franziu o nariz, fez-se de desconfortável. Limitei-me a dizer: 'Pois. Mas é assim mesmo. Não vou. Ia ser a tarde em viagem, amanhã a manhã em viagem. Dois meios dias perdidos. Não dá. Ao outro, tinha dito logo de início que comigo não, violão. E ainda não fica por aqui. Isto são modas que vão alastrando. Não tenho ideia nenhuma de há uns anos haver esta moda dos almoços e jantares de natal em tão grande número. Ou, então, era eu que estava mais circunscrita. Não faço ideia. 
Os meus meninos já dormem. Foram cedo para a cama. Contei-lhes uma história e, estafados como estavam, foi tiro e queda. Por isso, nem é que me estejam a distrair. Não, não é isso. A questão é que, quando estou desenquadrada e fora do meu sofá, escrevo mas é o que se vê, a coisa parece que não flui. É como quando cozinho sem ser na minha casa. 

Parece que a intuição se me esvai, parece que a coisa perde a espontaneidade. 

E, assim sendo, uma vez mais fora do meu habitat, sem tema que puxe por mim, só me ocorre referir um artigo que li sobre a lavagem dos soutiens. Ao que parece, é frequente algumas mulheres usarem tempos a fio o soutien sem o lavarem. Sendo de cor não se notará a falta de limpeza. Li o artigo com aquela minha perplexidade de quando percebo que vivo num mundo paralelo. Então alguns especialistas pronunciaram-se: um soutien não precisa de ser lavado de cada vez que se usa mas não deve ser usado mais do que três vezes sem ser lavado. Exceptua-se, claro, a situação em que a dona pratica desporto, transpira, etc. Nesse caso, obviamente, deve ser lavado de cada vez.

Isto há com cada uma.

Ah, lembrei-me agora de um tema sobre o qual ando para falar há algum tempo. Serviço Nacional de Saúde.

Há pouco tempo almocei com uma espanhola que tinha vindo há umas semanas da Tailândia onde tinha estado a passar férias com a família. Uma das filhas contraíu uma bactéria esquisita e ela teve que a levar às urgências de um hospital público em Madrid. A miúda fez uma série de exames, foi medicada e foi para casa onde deveria ficar praticamente em isolamento a tratar-se. Disseram-lhe que em princípio ficaria bem e que telefonariam a vigiar. E assim foi. A miúda não voltou nem ao hospital nem foi a outro médico. Telefonavam, perguntavam pelos sintomas, pela temperatura, etc. Até que a miúda ficou livre de cuidados e teve ordem para voltar à escola. Uma semana depois, quando ela já nem se lembrava, recebeu novo telefonema do hospital a fazer um ponto de situação sobre o estado de saúde da filha. Estava óptima. Ela ficou muito bem impressionada pela eficiência e cuidado. Disse que na saúde, em Espanha, não há crise, não há tempos de espera, não há descontentamento, não há tema. 

Fiquei a pensar que, de facto, vai-se a tanta consulta, entopem-se hospitais e centros de saúde, quando, na volta, uma vez diagnosticada a maleita e medicado o paciente já não haverá mais a fazer a não ser vigiar o bom andamento da recuperação.

E, que nem de propósito, a semana passada constatei que esse bom método não vigora só em Espanha, já também por cá está em uso. No outro dia a minha mãe contou-me que estava com um sintoma bizarro. Vi no google e pareceu-me que não seria nada de grave mas que, pelo sim, pelo não, deveria se acompanhado. Sugeri que ligasse para a Saúde 24. Assim fez. E em boa hora. A senhora que a atendeu foi atenciosa, fez recomendações, validou algumas situações. E ficou de voltar a ligar por volta da hora de jantar. E ligou. E voltou a validar alguns aspectos, a aconselhar. E, para surpresa da minha mãe, no dia seguinte, voltou a ligar. Está tudo bem, os conselhos foram úteis, não foi não teve que ir ao médico, ficámos mais descansadas. E surpreendidas.

Portugal o que tem é um problema de organização, não é de dinheiro. 

Infelizmente, não é só no SNS, é em todo o lado. Se há área em que Portugal tem um longo caminho pela frente é o da organização. E a organização só se consegue com uma boa liderança e com inteligência. Tenho esperança que estejamos a começar a trilhar esse caminho.

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Entretanto, já estou em minha casa e, como sempre, perdida de sono. Estou com a leve sensação que o tema da lavagem do soutien está aqui a despropósito. Mas também não é agora que vou fazer purgas no texto. Vocês relevem, está bem? Façam de conta que isto é apenas uma conversa sem guião, em que vamos falando das coisas que nos vão ocorrendo. Quantas vezes, quando estamos a conversar, na maior informalidade, os temas vão surgindo em mão e em contramão. Por isso, se estou aqui na conversa convosco, não vou rasurar o que saíu, vou é contar com a vossa tolerância.

Também me apeteceu juntar ao texto as belíssimas fotografias de Alison Pollack que vê de perto, como ninguém, a hipnótica beleza destes seres misteriosos, irreais. Não têm nada a ver com nada mas a beleza não precisa de ter a ver com nada.

E também me apeteceu ter aqui a voz tranquila de Sissel. Gosto muito de ouvi-la. Espero que também gostem.


E, por ora, é isto.

Uma boa sexta-feira para si que aí está a aturar esta conversa desconexada.