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quinta-feira, agosto 25, 2022

O algoritmo de Patrícia Gaspar, a Serra da Estrela que vai ficar melhor segundo Mariana Vieira da Silva e, já agora, a ciência dos incêndios florestais

 

Com os fins de semana passados no campo, com a família toda de férias, com o trabalho a continuar, tentando retomar o hábito da leitura e estando em fase de dar início a uma nova actividade, ando como que em suspenso sobre a realidade. Pouca televisão tenho visto e o interesse que 'as gordas' me despertam é muito relativo.

Entretanto. hoje a temperatura baixou um pouco e disseram-me uns familiares que, de tarde, entre Coimbra e o Porto, apanharam alguma chuva. Menos mal. Nada do que é preciso mas, pelo menos, não agravou a triste situação de seca prolongada.

Claro que a situação dos incêndios melhorou. Mas houve dias em que se olhava para o mapa dos fogos e havia chamas por todo o lado.

No meio desta situação dramática, em que parte do país arde, duas coisas parece terem provocado uma excitação colectiva, pelo menos junto da oposição mas, estou em crer, também junto das redes sociais: a Secretária de Estado Patrícia Gaspar ter revelado que, de acordo com os algoritmos, seria expectável que a superfície ardida fosse maior em cerca de 30% e a afirmação de Mariana Vieira da Silva sobre as melhorias que espera que ocorram depois do plano que o Governo tem para a recuperação da Serra da Estrela.

Quando leio algumas reacções, geralmente por parte de gente muito burra que fala como se fosse muito inteligente, fico irritada. 

Explico porquê.

Sobre o algoritmo: 

  • Mal fora que, perante a avassaladora progressão de sinais de que as alterações climáticas já cá estão e vieram para ficar, com consequências muito complicadas, ninguém tivesse criado modelos de previsão e análise de impactos. Mal fora. O que se espera é que geógrafos, biólogos, zoólogos, matemáticos et al se juntem em equipas de trabalho e criem algoritmos que apoiem os decisores. Com medições localizadas e linhas de tendência para temperaturas, para níveis de humidade no ar, no terreno, na vegetação, índices de florestação, homogeneidade das culturas, com indicadores reais e previstos para a velocidade do vento, etc., não será difícil prever a extensão e velocidade de propagação dos incêndios caso se verifique a pouca sorte de haver a primeira chama, a infeliz faísca, a inoportuna brasa.

O facto de Patrícia Gaspar falar nisto apenas me tranquiliza. Não estou tranquila quanto ao desastre das alterações climáticas nem quanto à dificuldade de aceder a alguns locais em que os fogos avançam imparáveis. Estou tranquila é com o facto de haver algoritmos para modelizar esta triste e perigosa realidade e termos governantes que valorizam os bons algoritmos como ferramenta de apoio à decisão.

Sobre a afirmação de Mariana Vieira da Silva:

  • Mal fora que, perante a destruição a que se assistiu na Serra da Estrela, havendo a oportunidade de mitigar os riscos e melhorar as condições de prevenção e combate aos incêndios, tal não fosse aproveitado. Introduzir espécies vegetais mais resistentes, florestar de forma racional, criar caminhos, adoptar a sério a prática dos rebanhos sapadores, ter postos de vigia melhor localizados e preparados, ter sistemas de detecção e ataque primário mais rápidos e mais eficazes -- é o que se espera. E fico mais tranquila ao ouvir a ministra dizer que a Serra da Estrela vai ficar melhor preparada para resistir a esta tendência de haver cada vez fogos florestais mais difíceis de controlar.

Por isso, penso que só gente mentecapta ou com a mente deformada pela prática da maledicência pode achar que a afirmação de Patrícia Gaspar conflitua com a de Mariana Vieira da Silva ou que alguma delas se 'espalhou' ao dizer o que disse.

Há algum tempo, recebi um mail de alguém que dizia que eu, quando falo de gente burra, pareço arrogante. Lamento que isso aconteça pois a mim própria não me vejo como arrogante. Contudo, claro, a forma como me vejo de pouco servirá se for diferente como  maioria das outras pessoas me vir. Gosto de pensar que sou humilde, que estou sempre disposta a aprender e a ouvir os argumentos dos outros. Mas há um mas, reconheço. Quando falo nos outros com quem estou sempre disposta a aprender excluo os burros, aqueles ignorantes inconscientes da sua ignorância que juntam ao seu desconhecimento das coisas de que falam o vício da maledicência.

Patrícia Gaspar e Mariana Vieira da Silva são duas pessoas competentes, preparadas para as funções que exercem, inteligentes, fortes, abnegadas na forma como se dedicam ao que fazem. Temos sorte em ter pessoas assim no nosso Governo.


Acresce que só gente com palas de lado e por cima dos olhos é que pensa que o problema dos incêndios florestais é um problema português com causas atribuíveis ao governo português. Melhor fora que assim fosse. Mas não é. É um problema que atravessa várias regiões do mundo e que, infelizmente, já entrou naquele loop em que as coisas são ao mesmo tempo causa e consequência.

Recomendo a visualização do vídeo abaixo. Tudo está muito bem explicado.

The climate science behind wildfires: why are they getting worse?

We are in an emergency. Wildfires are raging across the world as scorching temperatures and dry conditions fuel the blazes that have cost lives and destroyed livelihoods.

The combination of extreme heat, changes in our ecosystem and prolonged drought have in many regions led to the worst fires in almost a decade, and come after the IPCC handed down a damning landmark report on the climate crisis.

But technically, there are fewer wildfires than in the past – the problem now is that they are worse than ever and we are running out of time to act, as the Guardian's global environment editor, Jonathan Watts, explains

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Um dia bom

Saúde. Paz.